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Instrumentos de cognição social e sua contribuição para o diagnóstico da DFTvc Mônica S. Yassuda Gerontologia - Escola de Artes, Ciências e Humanidades EACH USP Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento – FMUSP Gerontologia - UNICAMP EACH Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo Critérios Internacionais para DFTvc Doença Neurodegenerativa DFTvc possível (3 ou mais) DFTvc provável (todos) Deterioração progressiva do comportamento e/ou da cognição Desinibição Atinge critérios para DFTvc possível Apatia Declínio funcional significativo Perda de empatia Resultados de imgem consistentes com DFTvc Perseveração, comportamento estereotipado ou compulsivo Hiperoralidade e mudanças na dieta Deficits em função executiva e preservação da memória e funções visuoespaciais Rascovsky et al. Brain, 2011 Jornal of Alzheimer´s Disease, 2013 Lima-Silva et al., 2015 Contribuição da Avaliação Neuropsicóloga para o diagnóstico de DLFT Funções executivas Memória Linguagem Funções visuo-espaciais Pesquisas recentes sugerem a importância da avaliação da: Cognição social É questionável se a dissociação entre desempenho em memória episódica e FExs pode ajudar no diagnóstico Cognição Social • Área da Psicologia Social que investiga o modo como as pessoas processam, armazenam e usam informações sobre as outras pessoas e sobre situações sociais. • Habilidade de identificação, manipulação e adequação do comportamento de acordo com informações socialmente relevantes detectadas e processadas em determinado contexto ambiental (Adolphs, 2001). Principais Domínios da Cognição Social • Reconhecimento de emoções • Percepção social e conhecimento de regras sociais • Teoria da Mente – Cognitiva – Afetiva • Empatia – Cognitiva – Afetiva Couture et al., 2006 Reconhecimento de emoções Capacidade de perceber e interpretar informações emocionais a partir de expressões faciais, corporais, e das inflexões vocais e/ou prosódia. Couture et al., 2006 Felicidade, surpresa, neutro, tristeza, nojo, raiva, medo The Ekman 60 Faces Ekman and Friesen series of Pictures of Facial Affect (Ekman & Friesen, 1976) Felicidade, surpresa, neutro, tristeza, nojo, raiva, medo The Ekman 60 Faces Ekman and Friesen series of Pictures of Facial Affect (Ekman & Friesen, 1976) Emotion Hexagon (Sprengelmeyer et al., 1996) Emotion Evaluation Test (The Awareness of Social Inference Test – TASIT, McDonald et al., 2003) • 20/28 videos curtos de 15 a 60 segundos sobre situações sociais corriqueiras. • O participante deve escolher de uma lista a emoção principal do ator. Cena: Uma pessoa atrasada que corre para pegar um ônibus e ao se aproximar o motorista não espera e a deixa para trás. Felicidade, surpresa, neutro, tristeza, nojo, raiva, medo É mais ecológico pois envolve expressões corporais, modulações na fala, etc. É possível aplicar sem a fala. 15 vídeos de conversas cotidianas com 2 atores seguidas de 4 perguntas sobre o que os atores tinham feito, dito, sentido, pensado. • Afirmações sinceras (o ator disse o que sentia) • Afirmações sarcásticas (o ator disse o aposto do que sentia ou queria dizer) • Afirmações paradoxais (só fazem sentido se o sarcasmo for notado) Escores: sinceras, sarcásticas, paradoxais Informações paralinguísticas são essenciais: expressões faciais e tom da voz. Social Inference – Minimal Test (The Awareness of Social Inference Test – TASIT, McDonald et al., 2003) Percepção social Habilidade de extrair pistas do comportamento manifesto dos outros dentro de um determinado contexto social. Inclui a habilidade de compreender regras e convenções sociais. Questionário de Normas Sociais 22 questões com respostas Sim x Não Comportamentos seriam adequados na presença de um conhecido de acordo com a cultura geral. Possin et al., 2013; Baez et al., 2013 Aqui está uma lista de comportamentos. Decida se seria aceitável/ apropriado fazer estas coisas durante a interação com um estranho ou conhecido (não um amigo ou familiar). 1. Dizer que você não gosta do seu corte de cabelo. 2. Cuspir no chão. 3. Assoar o nariz em público. 4. Perguntar a idade de um colega de trabalho. 5. Chorar no cinema. 6. Furar a fila quando você está com pressa. 7. Comer macarrão com a mão. 8. Usar a mesma camiseta todos os dias. Total 24 perguntas: escores quebra de regras e super adesão às normas sociais 22 bvFTD 26 AD 31 HC Idade e educação equivalentes Neurology, 2013, Teoria da Mente (ToM) Capacidade de compreender que as pessoas possuem estados mentais diferentes dos nossos e fazer inferências relativas aos conteúdos desses estados mentais. – O que o outro sabe, pensa, sente, deseja. – Natureza cognitiva • Primeira ordem • Segunda ordem – Natureza afetiva Sanvicente-Vieira et al., 2012 TOM Histórias 1ª e 2ª Ordem Frith & Corcoran. Psychol Med. 1996;26:521-30. Premissa: Pessoas usam dados das expressões faciais para inferir estados mentais em outros. Instrumento desenvolvido por Baron-Cohen et al., 1997 O que esta pessoa está pensando ou sentindo? 36 expressões Reading the Mind in the Eyes Test BRAIN 2015 Porto Alegre Teste de Faux Pas Stone, Baron-Cohen & Knight, 1998 • 20 situações sociais – 10 com GAFES. • Perguntas: 1 e 2 - perguntas identificam se houve gafe 3. Compreensão da situação? 4. Qual a intenção/ motivação? 5. Crenças do personagem? 6. Empatia 7 e 8 – perguntas sobre dados da história Teste de Faux Pas Empatia • Reações cognitivas e emocionais de um indivíduo ao observar a experiência de outros. – Empatia cognitiva : compreensão do estado mental e dos pontos de perspectiva de outros. Esse subitem envolve a Teoria da Mente. – Empatia emocional: a observação de determinada emoção em outros pode ativar o mecanismo neural da mesma emoção e a resposta motora correspondente no observador. • Geralmente avaliada por questionários (Rankin et al., 2005; 2006) ou tarefas mais ecológicas. Empathy for Pain Task (Decety et al., 2012) Avalia empatia no contexto de uma lesão intencional, acidental ou neutro. Avalia 1. A compreensão do contexto intencional x acidental da lesão (empatia cognitiva). 2. Preocupação empática e o grau de desconforto da vítima (empatia afetiva) 3. Quão correta foi a ação do causador da lesão e grau de punição (aspectos morais) 25 cenários com 3 fotos cada (11 intencionais, 11 acidentais e 3 neutros), sem mostrar o rosto dos atores. Baez et al., 2014. SEA: The Social Cognition and Emotional Assessment • Identificação de emoções • Aprendizagem reversa • Controle comportamental: Teste dos 2 quadrados • Teoria da mente: Faux- pas • Escala de apatia MINI-SEA: Mini-Social Cognition and Emotional Assessment • Identificação de emoções (35 faces) • Faux-pas (10 vinhetas) • Total = 30 pontos Funkiewiez A, Bertoux M, de Souza LC, Levy R, Dubois B. The SEA (Social Cognition and Emotional Assessment): A clinical neuropsychological tool for early diagnosis of frontal variant of frontotemporal lobar degeneration. Neuropsychology 2012;26:81–90. Bertoux M, Delavest M, de Souza LC, Funkiewiez A, Lepine JP, Fossati P, et al. Social cognition and emotional assessment differentiates frontotemporal dementia from depression. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2012;83:411–6. DFTvc=20, DA = 20, CN idosos = 30, Adultos jovens = 16 AUC: Mini-SEA = 0,93; Number of Reversal = 0,78; Go/No-Go (FAB) = 0,74; IGT = 0,67 Reversal-learning test FCSRT AUC AD x vcFTD = 0.773 mini SEA AUC AD x vcFTD = 0.949 Bertoux et al., 2016 Bertoux et al., 2016 J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2015 Jul;86(7):714-9. 30 estudos DFTvc = 273 DA = 511 CN =671 Teoria da mente esteve alterada na DFTvc (d = 1,79) e na DA (d = 1,15) versus CN. Os testes que mais diferenciaram DFTvc x DA foram: Faux pas (d=1.75), teste de Sarcasmo (d=1.57) e o RMET (d=1.27) foram Os pacientes com DFTvc poderiamdemonstrar expressão intacta na TD e obter desempenho similar aos CN em testes de TD clássico, como o IGT. Os pacientes com DFTvc teriam dificuldade em adaptar seu comportamento para se envolverem em condições de enquadramento social, uma vez que estes requerem a integração dos fatores contextuais sociais. Tomada de decisão e Cognição Social Ultimatum Game O´Callaghan et al., 2016 Conclusões • Testes NP usuais não têm diferenciado pacientes com DFTvc de DA. • Testes de cognição social como a mini SEA e novos instrumentos como o Ultimatum Game têm se mostrado promissores. • Estudos deverão avaliar as características psicométricas e a acurácia diagnóstica destes instrumentos na população brasileira. • Novos paradigmas também devem ser desenvolvidos a partir da realidade cultural do Brasil.
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