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CONTROLE QUALIDADE 3

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Controle de Qualidade de 
Produtos Farmacêuticos
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.a Dr.a Mirela Cardoso Garcia
Revisão Textual:
Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Everton Carlos Gomes
Validação de Métodos Analíticos
Validação de Métodos Analíticos
 
 
• Aprender a validar equipamentos, matérias-primas, etc.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Metodologia de Análise.
UNIDADE Validação de Métodos Analíticos
Introdução
Validação é um processo no qual o método analítico utilizado atende às exigências 
de análise.
Por exemplo, para identificar determinadas impurezas, é melhor usar o espectro-
fotômetro ou HPLC (High Performance Liquid Chromatography). Depois de feita a 
escolha, faz-se a validação desse método.
A validação é feita a fim de diminuir os custos, quando se tem novos insumos, novos 
equipamentos, novo processo e novo produto. 
Após a validação da metodologia, faz-se a padronização do método, que será utiliza-
da sempre.
Estabelecer 
necessidade
Selecionar
método
Validação 
do método
Padronização
do método Análise
Figura 1
Especificações = requisitos (representam o nível de erro aceito)
Sempre deve se fazer em triplicata e obter uma média de valores.
a) Exatidão
 Capacidade de obter resultados próximos ao valor verdadeiro. É calculada pelo mé-
todo de recuperação.
Recuperação = [ ] média experimental x 100
[ ]real
São desejáveis valores próximos a 100%. Entretanto, são aceitos valores en-
tre  80–  120%.
b) Precisão
 Valores repetidos que estão próximos entre si e calculados pelo coeficiente de 
variação em %.
Existem dois tipos:
• Intracorrida: resultados obtidos no mesmo dia, com 3 soluções diferentes, no mes-
mo equipamento e pelo mesmo analista;
• Intercorrida: resultados em três dias diferentes, com 3 soluções diferentes e feita 
por outro analista.
100(%) DPCV
CMD
×
=
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Nos quais:
• CV = Coeficiente de Variação;
• DP = Desvio Padrão;
• CMD = Concentração Média Determinada.
São desejáveis coeficientes de variação abaixo de 5%.
Exemplos de precisão e exatidão:
1 2 3 4
Figura 2
• 1 = Não preciso e não exato
• 2 = Preciso e não exato
• 3 = Exato e não preciso
• 4 = Preciso e exato 
c) Limite de detecção
É a menor concentração da substância a ser analisada que seu método pode detectar.
( )3,3DPLD
IC
×
=
Nos quais:
• LD = Limite de Detecção;
• DP = Desvio Padrão;
• IC = Inclinação da Curva Analítica.
d) Limite de quantificação
É a menor concentração da substância a ser analisada que o método consegue quan-
tificar com exatidão e precisão.
( )10DPLQ
IC
×
=
Nos quais:
• LQ = Limite de Quantificação;
• DP = Desvio Padrão;
• IC = Inclinação da Curva Analítica.
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UNIDADE Validação de Métodos Analíticos
e) Especificidade 
Capacidade do método analítico em medir o composto de interesse, independente-
mente da presença de substâncias interferentes.
f) Sensibilidade
Descreve quanto a resposta varia de acordo com a variação de concentração do 
analito.
Exemplo: em métodos sensíveis, uma pequena diferença na concentração do analito 
causa grande variação do resultado.
g) Linearidade
Capacidade dos resultados analíticos serem diretamente proporcionais às concentra-
ções da substância analisada. 
Deve-se utilizar um mínimo de 6 concentrações diferentes e conhecidas dentro da sua 
faixa de trabalho e em triplicata.
A equação da reta (r2) deve ser próxima a 1,0.
h) Robustez
Capacidade do método de não ser afetado por uma pequena modificação de parâme-
tros (exemplo: troca de equipamento, troca de analista).
Deve ser feita uma análise estatística dos resultados, como teste T.
Método Robustez
Exatidão
Precisão
Faixa de trabalho
Linearidade
Método validade
Estabilidade
Especi�cidade
seletiva
LD e LQ
Figura 3 – Fluxograma de validação
Metodologia de Análise
• Não destrutivos: Espectrofotometria UV-visível, Espectrofotometria IV, Espectro-
metria de RM ‘-, Fluorimetria, Colorimetria, efelometria, Turbidimetria; 
• Destrutivos: Espectrometria de Massas, Espectrometria de Absorção Atômica, 
Fluorescência Atômica, Fotometria de Chama, Difratometria de Raios X; 
• Emissão: Fluorimetria, Fluorescência Atômica, ICP; 
• Absorção: UV-visível, Infravermelho, RM, Absorção atômica; 
• Identificação: Massas, Infravermelho, RMN, Rx, Polarimetria, Raman; 
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• Quantificação : UV-visí vel, Fluorimetria, Absorção Atômica, Refratometria; 
• Espectrofotométricos : UV-Visí vel, Infravermelho, Fluorimetria, Colorimetria; 
• Não espectrofotométricos : Massas, RMN, ESR. 
Cromatografia
Método físico-químico de separação, identificação e quantificação dos componentes 
de uma mistura homogênea, porém distribuídos em duas fases, na qual uma permanece 
estacionária e a outra móvel.
Foi realizada pela primeira vez em 1906, para separação de extratos vegetais por um 
russo, mas, em 1938, começaram a utilizar na área farmacêutica.
Tipos de cromatografia
Quadro 1 – Tipos de cromatografi a
Pelo estado físico 
da fase móvel
• Gasosa: fase móvel é um gás (N2, He, Ha e Ar) armazenado sob 
alta pressão, que impulsiona a amostra;
• Líquida: fase móvel é líquida, podendo ser de alta performance 
(HPLC ou CLAE);
• Supercrítica: fase móvel é vapor pressurizado com temperatura 
acima da crítica e viscosidade menor que do líquido.
Pela fase 
estacionária
• Sólidas;
• Líquidas;
• Quimicamente ligadas (líquido sobre um suporte sólido) e é 
mais apolar que a fase móvel (fase reversa).
Pelo método 
de separação
• Adsorção ou absorção: fase estacionária é um líquido e ocorre 
absorção ou partição por diferença de solubilidades;
• Troca iônica: fase estacionária é um suporte de grupos ioni-
záveis que retém grupos positivos e negativos, na qual a fase 
móvel é uma solução iônica;
• Bioafinidade: grupos específicos biologicamente ligados ao 
suporte (antígenos, substratos, lecitinas) e a fase móvel é com-
plementar (anticorpos, enzimas, açúcares);
• Exclusão: fase estacionária é seletiva. Por exemplo, algumas 
moléculas pequenas passam pelos poros da fase estacionária e 
as grandes ficam retidas.
Classificação dos Métodos Cromatográficos
Centrífuga
Planar Coluna
Super crítica Gasosa
Normal Alta resolução
Líquida
Clássica HPLC ou CLAE
Papel
Camada delgada
Cromatogra�a
Figura 4
Fonte: Adaptada de PENTEADO; MAGALHAES; MASINI, 2008
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UNIDADE Validação de Métodos Analíticos
Cromatografia Planar
• Papel: técnica simples e pequena quantidade de amostra. Separa e identifica com-
postos polares (antibióticos hidrossolúveis, ácidos orgânicos etc.);
• Bastante utilizada na bioquímica;
• Água como fase móvel e papel (celulose) como fase estacionária;
• Técnica líquido-líquido;
• Camada delgada: técnica líquido (fase móvel) – sólido (fase estacionária);
• Fase estacionária sílica e fase móvel solventes polares, apolares ou mistura;
• Baixo custo, fácil preparo e rápido.
Utilizada para reações orgânicas, purificação de substâncias, e para compostos in-
colores, usam-se reveladores, como a luz ultravioleta. Também é utilizada para encon-
trar dopping.
Cromatografia em coluna
• Líquida clássica: utilizada para substâncias principalmente naturais. Fase móvel se 
desloca sob a estacionária pela força da gravidade;
• Líquida de alta eficiência: aprimora a clássica. Analisa compostos não voláteis, 
de alta polaridade, termicamente estáveis e compostos que, por outras técnicas, se-
riam demoradas ou impossíveis (determinar esteroides à base de cortisona, separar 
componentes de um analgésico).
Fase móvel
(solventes grau HPLC)
Bomba Injeção da amostra
Coluna
cromatográ�ca Detector
Dados
Resíduos
Figura 5 – Quantidade pequena de amostra
Fonte: Adaptada de PENTEADO; MAGALHAES; MASINI, 2008
Cromatografia gasosa
• Separa e quantifica mistura de substâncias voláteis, que possuem ponto de fusão de 
até 300°C e termoestáveis;
• Fase estacionária pode ser sólida ou líquida, pouco volátil;
• Associada ao espectro de massas;
• Dividida em 3 tipos:
• Gás-sólido ou de partição;• Gás-líquido ou de adsorção;
• Gasosa de alta resolução.
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Cilindro de gás Regulador
de �uxo
Injeção 
da amostra Coluna
Detector
Dados
Resíduos
Figura 6
Fonte: Adaptada de PENTEADO; MAGALHAES; MASINI, 2008
Espectroscopia (Ondas Eletromagnéticas)
Grande parte dos fármacos foram obtidas ou desenvolvidas a partir de produtos na-
turais e, após anos, quiseram isolar substâncias para saber a forma, utilidade e, a partir 
dela, sintetizar novas substâncias.
Como?
• Determinação da fórmula molecular;
• Caracterização de grupos funcionais;
• Degradação da molécula;
• Síntese de derivados.
Atualmente, utilizam-se métodos espectroscópicos infravermelhos, ultravioletas, de 
massas ou Ressonância Magnética Nuclear (RMN).
Espectroscopia do Infravermelho
Ela nos dá os grupos funcionais (amostras não polares ou semissólidas), ocorre a inte-
ração de uma amostra com uma luz (radiação) que responde em forma de picos (ondas), 
pois dá-se energia para a molécula que se movimenta e cada grupo funcional absorve 
essa energia num determinado ponto. 
A região do infravermelho entre 2,5 e 14,9 1-lm (670 a 4000 cm –1).
São feitas pastilhas de KBr prensadas em aparelho específico, em dias mais secos 
para não absorver água do ambiente e são colocadas no aparelho para fazer a leitura.
Exemplo
• C = 0 tem um pico entre 1670 cm –1 até 1750cm –1;
• NH/NH2 tem um pico entre 3100cm 
–1 até 3500cm –1.
Espectroscopia Ultravioleta (UV-Visível)
Ela nos dá o comprimento de onda crítico, no qual sua amostra absorve calor e é 
muito importante na área de fotoproteção.
Por exemplo:
• Facilidade de manuseio ou operação; 
• Boa sensibilidade (10 –4 a 10 –7 molL –1); 
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UNIDADE Validação de Métodos Analíticos
• Boa exatidão;
• Seletividade moderada;
• Ampla aplicabilidade. 
Espectroscopia de Massas
É bastante sensível, dá-nos a massa molecular, na qual as amostras podem ser pola-
res, iônicas, não polares, macromoléculas etc. e identifica misturas. 
Ela, em si, não quantifica, mas nos dá o peso molecular, pois é colocada no aparelho, 
é quebrada e são medidas todas as pessoas moleculares dos fragmentos.
Exemplo do espectro de massas da água:
massa
Abundância
relativa
1 16
17
18
Figura 7
Fonte: Adaptada de iq.usp.br
No qual:
• 18 = H2O
• 17 = OH
• 16 = O 
• 1 = H
A abundância relativa é a probabilidade de quebra naquele ponto.
Exercícios de verificação
1) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) e grife a parte falsa:
a) ( ) As indústrias fabricantes de medicamentos podem, a seu critério, retirar dos lotes 
fabricados amostras de produtos terminados considerados críticos, para que possam ser 
feitos exames futuros do produto e, nesse caso, as amostras devem ser mantidas em suas 
embalagens finais e nas condições de armazenamento estabelecidas. 
b) ( ) Nos casos de identificação, por parte de uma Indústria Farmacêutica, de desvios de 
qualidade em qualquer dos lotes fabricados e já distribuídos, a Empresa deve comunicar 
o fato imediatamente às autoridades sanitárias responsáveis pela retirada do Mercado do 
referido lote de produtos. 
c) ( ) Validação é o ato documentado que atesta que qualquer procedimento, processo, 
equipamento, material, operação ou sistema conduz realmente aos resultados esperados. 
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Resposta
V, V, F.
2) Correlacione os requisitos de uma validação de método analítico a suas definições:
A - Capacidade de um método conseguir manter-se linear mesmo com pequenas variações.
B - Capacidade de um método determinar um analito na presença de outros componentes 
potencialmente semelhantes. 
C - Define a concordância, para um parâmetro determinado, entre um valor médio e um 
valor real. 
D - É a capacidade de um método de análise, em um intervalo determinado, obter sinais 
analíticos diretamente proporcionais à concentração de analito na amostra. 
E - Expressa o grau de agrupamento dos resultados quando se determina uma série de me-
didas com alíquotas distintas da mesma amostra. 
F - É a menor quantidade de analito na amostra que pode ser determinada com precisão e 
exatidão. 
 G- É a menor quantidade de analito na amostra que pode ser detectada.
1 Exatidão ( )
2 Precisão ( )
3 Especificidade ( )
4 Limite de detecção ( )
5 Limite de quantificação ( )
6 Linearidade ( )
7 Robustez ( )
Respostas
A, C, B, G, F, D, E.
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UNIDADE Validação de Métodos Analíticos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Aplicações de Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (Ftir) para Caracterização 
de  Complexos
https://bit.ly/3qPlMaz
Controle de Qualidade da Indústria Farmacêutica
https://bit.ly/39jdguk
Experimento didático sobre cromatografia gasosa: uma abordagem analítica e ambiental
https://bit.ly/3pklR5A
Validação de Processos Farmacêuticos
https://bit.ly/2KT3V3i
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Referências
ANDRADE, F. A. M. et al. Análise microbiológica de embalagens para o acondiciona-
mento de medicamentos e Cosméticos. J. Pharm, n. 5, p. 757-761. 2008. Disponível 
em: <http://www.latamjpharm.org/trabajos/27/5/LAJOP_27_5_2_2_21IV5TFT0H.
p>. Acesso em: 06/12/2018.
ANDRADE, F. R. O. et al. Análise microbiológica de matérias-primas e formulações 
farmacêuticas magistrais, Revista eletrônica de Farmácia, n. 2, p. 38-44. 2006. 
Disponível em:  <http://www.scielo.br/pdf/rbc/v26n3/a16v26n3.pdf>. Acesso em: 
06/12/2018.
BUGNO, A.; BUZZO A. A.; PEREIRA T. C. Avaliação da qualidade microbiológica de 
produtos saneantes destinados à limpeza. Revista Brasileira de Ciências Farmacêu-
ticas. n. 3, p. 332-240. 2003. Disponível em:  <http://scholar.googleusercontent.com/
scholar?q=cache:sxKKEsLtCIJ:scholar.google.com/controle microbiol%C3%B3gico de 
medicamentosanvisa&hl=pt-BR&as_sdt=0,5&as_vis=1>. Acesso em: 06/12/2018.
FARMACOPEIA BRASILEIRA: PARTE II. Farmacopeia brasileira, v. 1. 6.ed. 
São Paulo: ANVISA, 2019. Disponível em:  <http://portal.anvisa.gov.br/docu-
ments/33832/259143/Volume+I+Pronto.pdf/4ff0dfe8-8a1d-46b9-84f7-7fa9673e-
1ee1>. Acesso em: abr. 2020.
OLIVEIRA, A. R. M.; GAITANI, C. M. Controle de qualidade. Rio de Janeiro: Atheneu, 
2019. v. 11 . ( e-book) 
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