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Eletroterapia Paralisia facial de Bell

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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,
Agrárias e da Saúde
ISSN: 1415-6938
editora@uniderp.br
Universidade Anhanguera
Brasil
Freire Vieira Lima, Nubia Maria; Lima Cunha, Eliane Rosa
EFEITOS DA ELETROTERAPIA NA PARALISIA FACIAL DE BELL: REVISÃO DE LITERATURA
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 3, 2011, pp. 173-182
Universidade Anhanguera
Campo Grande, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26021120014
 Como citar este artigo
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Sistema de Informação Científica
Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
173 
Ensaios e Ciência 
Ciências Biológicas, 
Agrárias e da Saúde 
Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 
Nubia Maria Freire Vieira Lima 
Faculdade Anhanguera de Campinas 
unidade 3 
nubiavl@yahoo.com.br 
Eliane Rosa Lima Cunha 
Faculdade Anhanguera de Campinas 
unidade 3 
likacoracao@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA ELETROTERAPIA NA PARALISIA 
FACIAL DE BELL: REVISÃO DE LITERATURA 
 
RESUMO 
A Paralisia Facial Periférica é uma lesão do neurônio motor inferior, que 
consiste no acometimento do nervo facial em todo o seu trajeto ou parte dele, 
sendo que a Paralisia de Bell (PB) é a sua forma mais comum e de etiologia 
desconhecida. A eletroterapia tem como objetivo a regeneração neural e 
redução da atrofia muscular. Contudo, há controvérsias sobre os benefícios 
da sua utilização e o surgimento de sincinesias. O objetivo deste estudo foi 
revisar e descrever o uso da eletroterapia e seus efeitos no tratamento da PB. 
As correntes de baixa e média freqüência foram eleitas para o tratamento, 
contudo ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre o tempo de 
aplicação da terapia, a contra-indicação da eletroestimulação e o 
aparecimento de sincinesias faciais. A corrente galvânica também foi 
utilizada na reabilitação. Preconizou-se o uso da eletroterapia nas primeiras 
semanas da PB. 
Palavras-Chave: paralisia facial; terapia por estimulação elétrica; paralisa de 
Bell; reabilitação. 
ABSTRACT 
The palsy is a lower motor neuron lesion, which consists of the involvement 
of the facial nerve in its entire course or part thereof, and the Bell's palsy (BP) 
is the most common and of unknown etiology. The electrotherapy promotes 
neural regeneration and prevents muscle atrophy. However there is 
controversy about the benefits of their use and the emergence of synkinesis. 
The aim of this study was to review and describe the use of electrotherapy 
and its effects in the treatment of facial BP. The currents of low and medium 
frequency were elected to the treatment; however there is still no consensus 
among researchers about the time of application of therapy, the 
contraindication of electrical stimulation and the appearance of facial 
synkinesis. The galvanic current was also used in rehabilitation. It’s 
advocated the use of electrotherapy in the first weeks of BP. 
Keywords: peripheral facial palsy; electrical stimulation therapy; Bell’s palsy; 
rehabilitation. 
 
Anhanguera Educacional Ltda. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 2000 
Valinhos, São Paulo 
CEP 13.278-181 
rc.ipade@aesapar.com 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Revisão de Literatura 
Recebido em: 23/7/2010 
Avaliado em: 4/4/2011 
Publicação: 22 de dezembro de 2011 
174 Efeitos da eletroterapia na paralisia facial de Bell: revisão de literatura 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
1. INTRODUÇÃO 
O nervo facial é formado pelo nervo motor, que inerva os músculos da face, e pelo 
intermediário de Wrisberg, que contêm as aferências sensitivas e as parassimpáticas 
(LEITÃO, 2006). O nervo facial é o nervo mais comumente paralisado, por sua estrutura 
não ser constante em todo seu trajeto e em virtude de sua peculiar situação de 
enclausuramento em canal ósseo (CARLYLE; RAVAGNANI; MOURA, 2007). Quando 
ocorre o comprometimento parcial de axônios e da bainha de mielina, com neurilema 
íntegro, o axônio lesado poderá ter recuperação excelente e, muitas vezes, completa 
(CARLYLE; RAVAGNANI; MOURA, 2007; ROWLAND, 2007). Deve considerar-se a 
intensidade das lesões neurais (leve, média ou grave), tendo em vista, de um lado, a 
capacidade regenerativa do tecido nervoso e de outro as condições existentes nas porções 
proximal e distal do nervo no sítio da lesão. (LEITÃO, 2006). 
As lesões do nervo facial são freqüentes e de grande importância clínica 
(MACHADO, 1993), podendo ocorrer nos níveis seguintes: no núcleo do nervo facial no 
tronco cerebral, causando paralisia de todos os músculos faciais; entre o gânglio 
geniculado e a corda do tímpano, gerando abolição das funções gustativas e motoras, sem 
alterar secreção lacrimal; próximas à origem do nervo facial ou região do gânglio 
geniculado, acarretando disfunções gustativas e motoras associadas à alterações na 
secreção lacrimal; lesões dos ramos superficiais por ferimentos cortantes, por traumas do 
parto, neuromas do nervo acústico, operações da mastóide ou por armas de fogo; e na 
região do forame estilomastóideo, causando apenas paralisia da musculatura facial 
(LEITÃO, 2006). 
A Paralisia Facial Periférica (PFP) do tipo idiopática, também conhecida como 
paralisia facial de Bell ou frigore, consiste no acometimento do nervo facial em todo o seu 
trajeto ou parte dele, de forma aguda, causando paresia ou paralisia unilateral dos 
músculos da face. Estima-se que a incidência da paralisia de Bell seja de 20-30 casos por 
10.000 habitantes, com predileção para mulheres (VALENÇA et al., 2001), pode ocorrer 
em todas as idades, sendo mais comum da terceira à quinta década e afeta igualmente a 
hemiface direita e a esquerda. A PFP não escolhe raça ou condição social (BARROS et al., 
2004). Os fatores de risco não foram totalmente definidos, embora muitos pacientes 
relatem exposição do lado afetado ao ventilador por várias horas ou uma brisa constante 
antes do seu início (ROWLAND, 2007). A instalação dos sinais e sintomas é rápida e 
geralmente acontece durante a noite e podem ser precedidos de dores mastoideanas 
(BARROS et al., 2004). 
 Nubia Maria Freire Vieira Lima, Eliane Rosa Lima Cunha 175 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
Os sinais de lesão periférica do nervo facial são variáveis, sendo os mais 
característicos: apagamento das pregas fisionômicas, desvio da comissura labial para o 
lado sadio, falta de enrugamento da fronte, lagoftalmo e alargamento da fenda palpebral 
(LEITÃO, 2006). Em lesões completas do nervo facial, observa-se perda das rugas faciais, 
flacidez muscular e ausência de movimentação. Em lesões incompletas, o grau de paresia 
é variável e os sinais e sintomas conseqüentes dependem de quais músculos estão mais 
comprometidos. Uma lesão mais grave produz paralisia facial evidente em repouso, com 
perda de força dos músculos da face ipsilateralmente (ROWLAND, 2007). O quadro 
clínico varia de acordo com a localização e a gravidade da lesão do nervo facial e alguns 
casos não apresentam evolução satisfatória. A dificuldade ou a incapacidade de realizar 
expressões faciais e atividades funcionais adequadas podem afetar negativamente a auto-
estima e a interação social do individuo com PB, gerando problemas como depressão e 
ansiedade (VALENÇA et al., 2001). 
A estimulação elétrica neuromuscular, ou eletroestimulação, é uma técnica que 
favorece o fortalecimento muscular baseada na estimulação dos ramosintramusculares 
dos motoneurônios, que induzem a contração muscular (ZINEZI, 2005). Através da 
eletroterapia são produzidas mudanças nos músculos semelhantes àquelas produzidas 
pelas contrações voluntárias – a membrana nervosa despolarizada gera potenciais de ação 
nos motoneurônios que resulta na contração muscular, aumento do metabolismo 
muscular, liberação de metabólitos, maior oxigenação, dilatação de arteríolas e aumento 
da irrigação sangüínea no músculo (CARLYLE; RAVAGNANI; MOURA, 2007). 
Existem evidências que a musculatura facial desnervada pode responder a 
estimulação elétrica e produzir resultados significativos (GOULART et al., 2002), inclusive 
na fase crônica da reabilitação (TARGAN, 2000). O estímulo elétrico é importante na 
recuperação da PB, pois os músculos faciais têm poucas fibras por unidade motora, são 
delicados e fibrosam com maior rapidez que outros músculos maiores. Atualmente, tem-
se utilizado correntes pulsáteis, de baixas e médias freqüências e com duração de pulsos 
larga; a corrente direta interrompida tem como função excitar diretamente as fibras 
musculares desnervadas (CARLYLE; RAVAGNANI; MOURA, 2007). 
Pesquisas têm utilizado estimulação elétrica na PB crônica, com resultados 
favoráveis, enquanto outros relatam que um programa de eletroestimulação pode reverter 
parcialmente os déficits motores e as seqüelas da PB, se combinados com exercícios de 
alongamento e massoterapia (GARANHANI et al., 2007). Há controvérsias sobre a 
associação entre a eletroestimulação facial e aparecimento de sincinesias (MORGANI, 
176 Efeitos da eletroterapia na paralisia facial de Bell: revisão de literatura 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
2007). O objetivo deste estudo é revisar e descrever as formas de aplicação de eletroterapia 
e seus efeitos no tratamento da Paralisia facial de Bell. 
2. MÉTODO 
Trata-se de uma revisão de literatura. Foram revisados nove artigos científicos 
encontrados nas bases de dados Scielo, Medline e Lilacs nos idiomas português, inglês e 
espanhol, publicados de 1958 a 2007 e dentre estes selecionadas informações de maior 
relevância para esta revisão. As palavras-chave utilizadas foram: terapia por estimulação 
elétrica, paralisia facial, paralisa de Bell, reabilitação e suas traduções em inglês e 
espanhol. Foram revisados dois livros sobre eletroterapia e quatro livros sobre 
neuroreabilitação. Foram também revisadas uma tese de mestrado, uma de doutorado e 
quatro monografias de graduação. Os artigos foram selecionados de acordo com os 
critérios de inclusão e exclusão e divididos em quatro grupos: 
I. Anatomia do Nervo Facial. 
II. Eletroestimulação facial e tempo de lesão do nervo facial. 
III. Uso e parâmetros na paralisia facial de Bell. 
IV. Efeitos terapêuticos e adversos da eletroestimulação na Paralisia de Bell e 
Neuroplasticidade. 
Critérios de Inclusão: 
• Artigos ou capítulos sobre a reabilitação na Paralisia Facial de Bell, tendo 
como método a eletroestimulação. 
• Artigos ou capítulos sobre a neuroanatomia do nervo facial. 
Critérios de Exclusão: 
• Artigos com outras abordagens como atuação de outras áreas que não 
Fisioterapia, podendo ser citadas: atuação fonoaudiológica e 
odontológica. 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1. Eletroestimulação facial e tempo de lesão do nervo facial 
Segundo Lucena (1993), a fisioterapia deve ser iniciada 10 a 12 dias após a PFB, sendo 
desaconselhável iniciá-la na fase aguda, pois o nervo facial encontra-se isquêmico no 
momento da instalação da paralisia e edemaciado. Acredita-se que a sobrecarga de 
estímulos levará alteração na camada de mielina, provocando reinervação em locais 
indesejáveis e conseqüentemente espasmos e sincinesias (SOARES et al., 2002). Um 
 Nubia Maria Freire Vieira Lima, Eliane Rosa Lima Cunha 177 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
protocolo de eletroterapia combinado a exercícios faciais específicos pode contribuir para 
a reinervação facial em pacientes com paresia facial crônica e redução das suas 
complicações (TARGAN, 2000). 
A estimulação elétrica é recomendada após vinte dias da lesão do nervo facial e, 
após o início da paralisia, pode ser aplicada durante as seis primeiras semanas (SOARES 
et al., 2002). Para Carlyle, Ravagnani e Moura (2007), a eletroestimulação é recomendada 
após oito semanas após a instalação da PB, realizando propriocepção que se encontra em 
déficit e a manutenção do trofismo muscular, após esse período podem ocorrer alterações 
neuromusculares. Para Lucena (1993), aplicações diárias da eletroterapia aumentam as 
chances de êxito. 
A estimulação elétrica estudada em dois casos de PB por Shrode (2003) 
apresentou resultados benéficos, e foi indicada em estágios precoces da lesão, com a 
finalidade de acelerar o progresso da função muscular normal. Para Caropreso (2000) a 
eletroestimulação pode ser utilizada na fase aguda da PB, pois a musculatura facial ainda 
se encontra flácida, porém à medida que reaparecerem os primeiros movimentos 
voluntários, a mesma deve ser interrompida. 
3.2. Uso e parâmetros da eletroestimulação facial na PB 
Não há certeza, para vários autores, sobre os parâmetros ideais de estimulação elétrica 
(LOW; RED, 2001). A estimulação elétrica de baixa freqüência (abaixo de 100 Hz) tem sido 
utilizada nos músculos faciais para facilitar suas contrações voluntárias (KITCHEN, 1998). 
Esta forma de estimulação elétrica não necessita da cooperação ativa do sujeito 
(KITCHEN, 1998). A corrente galvânica também é descrita na literatura como componente 
da reabilitação da PB e visa acelerar o retorno da contração muscular (SHRODE, 1993). 
Nos casos da PB crônica e de difícil recuperação, tem sido aplicada a eletroterapia 
com objetivo de melhorar o trofismo. Na estimulação trófica, o músculo apropriadamente 
estimulado com pulsos elétricos de freqüência baixa podem ocorrer, cronicamente, 
adaptações com um resultante aumento em sua resistência e força. A freqüência média de 
disparo da unidade motora utilizada nos músculos faciais foi de 5 a 8Hz de pulsos 
retangulares de 0,08 ms aplicados ao nervo facial, com 2 segundos de terapia e 2 segundos 
de descanso, durante várias semanas. Foi observada melhora objetiva considerável (LOW; 
RED, 2001). 
Targan et al. (2002) elaboraram um protocolo para eletroestimulação em 
pacientes que sofreram paralisia facial de Bell (Tabela 1). 
178 Efeitos da eletroterapia na paralisia facial de Bell: revisão de literatura 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
Tabela 1. Características do programa de treinamento (TARGAN et al., 2002). 
Parâmetros Características 
Tipo de corrente Pulsátil 
Amplitude estimulação Motora 
Duração da Fase 80 ms 
Forma de onda Monofásica 
Freqüência estimulação 200 ms 
On/Off time 6 s on/6s off 
Tipo contração Isométrica 
Número contrações/sessão 10 contrações por região 
Freqüência sessões 2× por semana 
O conforto do paciente e a sua tolerância em relação à estimulação elétrica são 
imprescindíveis, pois, o desconforto e dor resultantes podem, muitas vezes, limitar a 
aplicação da terapia. Os pacientes se adaptam de modo rápido a essa experiência de 
estimulação sensorial, o que pode desenvolver aumento de sua tolerância em relação a 
todos os tipos de estimulação após algumas sessões de fisioterapia (KITCHEN, 1998). O 
tempo de variação, duração e freqüência dos estímulos devem ser definidos para a 
escolha do estímulo mais adequado. O fisioterapeuta deve se certificar que tudo que 
precisar para a aplicação da eletroterapia esteja disponível: álcool, algodão,cabos para 
ligar os eletrodos ao eletroestimulador, esparadrapo (se possível antialérgico), tubo de gel 
condutor (se for utilizado eletrodo de material borracha siliconizada), recipiente com soro 
fisiológico, caneta exploradora com a ponta coberta de algodão e eletrodo indiferente, 
coberto com feltro ou borracha siliconizada. Esse tratamento é longo e delicado, portanto 
o paciente deve permanecer em um local fresco, bem iluminado e limpo e o fisioterapeuta 
e paciente devem ficar em posições confortáveis (LUCENA, 1993). 
Para iniciar o tratamento da eletroterapia, deve-se instruir o paciente sobre a 
técnica de tratamento, as possibilidades de melhora e a finalidade. Inicia-se a 
eletroestimulação pelo músculo frontal. A ponta da caneta exploradora deve estar bem 
umedecida com soro fisiológico, deve-se manter um bom contato da mesma com o ventre 
muscular. No músculo frontal, manter a caneta exploradora na posição lateral, para tornar 
a aplicação mais confortável e aumentar a superfície de contato. Aumenta-se lentamente a 
corrente através do botão de intensidade e pára-se de aumentar a intensidade quando 
notar que o músculo já está contraindo (LUCENA, 1993). 
O fisioterapeuta estabelece o tempo de terapia necessário antes que o músculo 
comece a mostrar sinais de fadiga (por exemplo, um minuto para cada músculo), ou 
estabelece um número de contrações (10 contrações musculares, por exemplo). O paciente 
 Nubia Maria Freire Vieira Lima, Eliane Rosa Lima Cunha 179 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
pode tentar acompanhar a contração muscular com um esforço consistente no 
movimento. Não se deve deixar os músculos entrarem em um processo refratário relativo, 
ou seja, a redução da amplitude para um mesmo estímulo. O fisioterapeuta deve proceder 
de forma igual para os demais músculos, podendo aplicar duas séries de estímulos sobre 
a musculatura. As chances de melhoria serão maiores se o paciente colaborar através de 
exercícios de mímica em casa e se as estimulações forem realizadas diariamente 
(LUCENA, 1993). 
3.3. Efeitos terapêuticos da eletroestimulação na PB e neuroplasticidade 
Existem três tipos de lesões neuronais: neurotmese, axonotmese e a neuropraxia. A 
neurotmese é a lesão mais grave. Em certos casos, não há interrupção do nervo, podendo 
supor sua continuidade preservada. Entretanto, através de um exame mais apurado pode-
se confirmar a secção completa do nervo, ocorrendo perda da condução de impulsos 
aferentes e eferentes e tendo um bloqueio da regeneração axonal e uma fibrose intraneural 
devido à cicatrização. A axonotmese ocorre com a interrupção dos axônios, pois foram 
rompidos ou fragmentados. As bainhas que protegem o nervo – o perineuro e o 
endoneuro encontram-se intactas. Nesta lesão podem ocorrer regeneração e uma 
recuperação funcional quase completa (LEITÃO, 2006). 
Por ação do agente causador da PB, a neuropraxia é o mecanismo lesional mais 
comum e caracteriza-se por interrupção localizada da condução nervosa com preservação 
da integridade das estruturas (SOARES et al., 2002). A neuropraxia é considerada o grau 
mais leve de lesão neural, por ter bloqueio transitório da condução nervosa. Neste caso o 
axônio conserva sua continuidade e não ocorre ruptura da membrana celular (LEITÃO, 
2006). Targan et al. (2002) observaram a facilitação da reinervação facial em pacientes com 
paresia facial crônica após eletroestimulação elétrica. Por sua vez, Carlyle, Ravagnani e 
Moura (2007) verificaram a excitação direta das fibras musculares desnervadas durante 
esta técnica. 
A Tabela 2 exibe as características e os efeitos da eletroestimulação dos estudos 
revisados. A musculatura facial desnervada pode responder a uma estimulação elétrica, 
pois, esta apresenta um efeito maior nos pequenos grupos musculares do que nos grandes 
grupos. A eletroestimulação tem sido realizada com grande sucesso no tratamento da PB 
(CARLYLE et al., 2007). Um estudo retrospectivo com pacientes com pós-PFP, atendidos 
em um ambulatório de Fisioterapia e submetidos a recursos terapeuticos, entre eles a 
eletroterapia, evidenciou que esta causou melhora funcional em 26,1% dos pacientes. O 
180 Efeitos da eletroterapia na paralisia facial de Bell: revisão de literatura 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
recurso eletroterápico utilizado foi a estimulação nervosa elétrica transcutânea, com o 
objetivo de analgesia (GARANHANI et al., 2007). 
Tabela 2. Características e variáveis dos estudos revisados. 
Autor, ano N (amostra) Tipo de corrente e parâmetros 
Nº sessões / 
duração Efeitos da eletroterapia 
LUCENA, 1993 Revisão 
bibliográfica 
Baixa freqüência Se realizadas 
diariamente as 
chance de êxito 
são maiores 
A eletroestimulação é a terapia 
mais próxima da natureza do 
nervo facial 
FLORES 
et al., 1998 
149 Eletroestimulação 
neuromuscular com 
corrente farádica 
Revisão 
bibliográfica 
Recuperação funcional rápida 
KITCHEN 
et al., 2003 
Revisão 
bibliográfica 
Baixa freqüência 
(menor que 100 Hz) 
Revisão 
bibliográfica 
Facilitação da contração 
voluntária 
SHRODE 
et al., 2003 
2 Corrente galvânica de 
alta tensão pulsada de 
80 picos 
10 minutos, duas 
vezes por semana 
Aceleração da contração 
muscular e o progresso em 
direção à função normal do 
músculo facial após 2 dias do 
início dos sintomas da PB 
SOTTOMAIOR 
et al., 2004 
27 Corrente de baixa 
freqüência, pulsátil e 
monofásica 
Duas vezes por 
semana 
Redução das complicações; 
mais eficaz na progressão do 
grau 4 para 3 e grau 3 para 2 
pela Escala de House-
Brackmann 
CARLYLE 
et al., 2007 
Revisão 
bibliográfica 
 
Correntes de baixas e 
médias freqüências, 
pulsátil, com larga 
duração de pulsos 
Revisão 
bibliográfica 
Excitação direta das fibras 
musculares desnervadas 
SOARES 
et al., 2002 
1 Diadinâmica e 
corrente russa 
Três primeiros 
dias de tratamento 
Redução do edema no ramo do 
nervo facial e fortalecer os 
músculos da face 
GARANHANI 
et al., 2007 
23 Estimulação nervosa 
elétrica transcutânea 
Sessões de 45 
minutos durante 
12 semanas 
Analgesia 
TARGAN 
et al., 2002 
12 Estimulação elétrica 
monofásica e pulsada 
Período de um 
mês ao sexto mês 
pós-PB com 
freqüências 
variáveis mensais 
da aplicação 
Facilitação da reinervação facial 
em pacientes com paresia facial 
crônica e redução de 
complicações 
Um estudo comparativo com 149 pacientes com Paralisia de Bell demonstrou 
recuperação da função muscular mais rápida e completa em 77 pacientes tratados com 
eletroestimulação neuromuscular com corrente farádica comparado a um grupo de 72 
pacientes tratados com prednisona (FLORES et al., 1998). Em estudo de Sottomaior (2004) 
foram analisados métodos fisioterapêuticos na PFP aguda e foi concluído que os pacientes 
submetidos à eletroestimulação elétrica transcutânea, com corrente de baixa freqüência, 
pulsátil e monofásica e com intensidade motora, com freqüência de duas vezes por 
semana, realizaram menos sessões de fisioterapia e apresentaram menos complicações ao 
final do tratamento, em relação a outras técnicas. 
 Nubia Maria Freire Vieira Lima, Eliane Rosa Lima Cunha 181 
Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 173-182 
3.4. Efeitos adversos da eletroestimulação na PB 
Caso ocorra exagero na intensidade da corrente aplicada, podem ocorrer danos na 
estrutura neuromuscular ao longo do tratamento. Dessa forma, a intensidade da corrente 
aplicada deve ser suficiente para a contração muscular visível (LUCENA, 1993). Há 
discordânciasquanto ao uso da eletroterapia, pois se alega que esta seja responsável pelo 
aumento de tetanias, contraturas, hipertonias e espasmo hemifacial, o que, pode 
desencadear sincinesias (CARLYLE et al., 2007). 
Mangabeira (1981) e Almeida (1992) defendem que a estimulação elétrica pode 
produzir alterações de placas mioneurais, causando espasmos desagradáveis. Foi 
observado que pacientes que não foram submetidos a qualquer tratamento 
fisioterapêutico podem apresentar contraturas, sincinesias e tiques (CARLYLE et al., 
2007). As sincinesias podem estar relacionadas aos recursos fisioterapêuticos e 
eletroterapia sem supervisão (GARANHANI et al., 2007). Segundo Soares (2002), a 
eletroestimulação pode ser prejudicial, pois, ao contrário de outros músculos do corpo, os 
músculos da face não perdem seu tônus, portanto não há necessidade de contraí-los 
eletricamente (SOARES et al., 2002). 
Para Soares (2002), o tratamento com corrente galvânica é ineficaz. Um estudo 
realizado com pacientes de PB com bloqueio de condução e desnervação utilizou a 
estimulação elétrica com corrente galvânica pulsada associada a uma série de massagens 
por dia. Como resultado não houve prejuízos para o pacientes, como também não houve 
benefícios terapêuticos e a eletroestimulação, neste estudo, representou um custo 
adicional em termos de tempo e utilização de recursos clínicos (MOSFORTH, 1958). 
4. CONCLUSÃO 
As correntes de baixa e média freqüência foram as comumente eleitas para tratamento da 
paralisia de Bell, contudo ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre o tempo de 
aplicação da terapia e a contra-indicação da eletroestimulação no que concerne ao 
aparecimento de sincinesias faciais. A corrente galvânica também foi utilizada na 
reabilitação da PB. Preconizou-se o uso da eletroterapia nas primeiras semanas da PB. 
Estudos prospectivos mais amplos devem ser implementados, com a finalidade de 
comprovar os efeitos da eletroestimulação. 
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Nubia Maria Freire Vieira Lima 
Fisioterapeuta especialista em Neurologia adulto 
pela Unicamp e Mestre em Ciências Biomédicas 
pela FCM/Unicamp. 
Eliane Rosa Lima Cunha 
Fisioterapeuta pela Faculdade Anhanguera de 
Campinas.

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