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1 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana (Referência para estudo: Consolaro, M.E.L; Maria-Engler, S. S. Citologia Clínica Cérvico-vaginal) OBJETIVOS: • Descrever os principais componentes da microbiota vaginal; • Descrever as alterações que ocorrem na microbiota vaginal; • Descrever as principais causas de vaginose citolítica; • Descrever os principais agentes causadores de vaginose bacteriana e os principais sintomas clínicos; • Descrever os principais achados colpocitológicos associados à vaginose bacteriana. MICROBIOTA VAGINAL • A vagina e o colo uterino formam um ecossistema complexo que contém numerosas bactérias aeróbicas, anaeróbicas e facultativas. o Estreptococos; o Estafilococos; o Enterococos; o Escherichia coli; o Coliformas; o Difteroides; o Gardnerella vaginalis; o Mobiluncus spp; o Lactobacilos de Döderlein: mantém o pH ácido – 3,8 a 4,2. • As microbiotas vaginal e cervical são diferentes mas se superpõe no ambiente vaginal. FATORES QUE FAVORECEM A MUDANÇA DA MICROBIOTA • Clima hormonal: Gravidez e menopausa. • Fatores locais: Variação de pH, traumatismos, DIU. • Idade, pH e taxas hormonais do hospedeiro: o Recém-nascida no primeiro mês de vida: Lactobacillus spp. o Após o 1º mês de vida até a puberdade: Cocos. o Após a puberdade e na idade reprodutiva (Menacme): Lactobacillus spp e cocos. o Após a menopausa (epitélio atrófico): Cocos – pH alcalino. • Uso de contraceptivos orais; • Desequilíbrios hormonais; • Uso de drogas; • Doenças como desordens hepáticas; • Doenças metabólicas (Ex.: Diabetes mellitus); • Uso de antibióticos; • Exposição sexual (pode ter alteração transitória de pH). DESVIO DE MICROBIOTA Microbiota mista ou cocoide: pré-menarca, pós- menopausa ou pós-parto imediato. • Nessas fases, as mulheres apresentam epitélio vaginal predominantemente constituído por células profundas, que são células pobre em glicogênio, isso favorece o desvio da microbiota, de lactobacilar para mista ou cocoide. • A MICROBIOTA MISTA é caracterizada por uma ampla variedade de espécies bacterianas, principalmente cocos e bacilos. Portanto, no esfregaço cérvico-vaginal pode ser observado uma mistura de cocos e bacilos. • Na imagem a seguir é possível observar essa microbiota mista. Por ocorrer por um reflexo de mudanças hormonais, a presença dessa microbiota não é acompanhada de manifestações clínicas ou inflamatórias nesses esfregaços. 2 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV • A MICROBIOTA COCOIDE também ocorre em decorrência de situações nas quais o epitélio escamoso é pobre em glicogênio. Os cocos gram- positivos, como, por exemplo, o estafilococos, estreptococos e enterococos estarão presentes apenas como parte da microbiota, também não sendo responsáveis por alterações clínicas. • Já os cocos gram-negativos, assim como os gram- positivos, também podem estar presentes como parte da microbiota, com exceção de um coco gram-negativo, a Neisseria gonorrhoeae, agente etiológico da cervicite gonocócica. • Quando se tem suspeita de gonorreia por Neisseria gonorrhoeae, recomenda-se fazer a bacterioscopia, coloração de gram e cultura, para obter um diagnóstico mais certeiro. • Na imagem a seguir é possível observar a microbiota cocoide representada pela presença dos cocos (seta preta) que podem estar em grupos, cachos, correntes ou cadeias. • Nas duas imagens de esfregaço cérvico-vaginal é possível observar o epitélio trófico acompanhando a microbiota, ou seja, há células intermediárias. Portanto, apenas pela imagem não se pode inferir se é ou não uma mulher na menopausa, porque acompanhando essa microbiota vaginal espera-se células profundas. MICROBIOTA VAGINAL NORMAL • Lactobacilos de Döderlein: o Se alimentam do glicogênio armazenados no citoplasma das células intermediárias; o Convertem o glicogênio das células em glicose que posteriormente é convertida em ácido lático, mantendo o pH entre 3,8 e 4,5. o Manutenção do pH ácido; o Inibem a adesão, crescimento e proliferação de outros microrganismos; o Secretam ácido orgânicos e produzem substâncias antimicrobianas. o Estão aumentados durante: ▪ Fase secretora; ▪ Gravidez; ▪ Uso prolongado de anovulatório a base de progesterona; ▪ Terapia hormonal a base de progesterona. o As células intermediárias sofrem ciólises. • Lactobacilose: Causa de corrimento vaginal o Proliferação exagerada de Lactobacilos – gravidez, fase lútea. o Prurido vaginal, ardor, irritação (hiperemia). o Corrimento espesso, esbranquiçado, tipo coalhada – pH ± 4,5. o Diagnóstico diferencial: Candidíase. o Vaginose citolítica: Causada por intensa proliferação de lactobacilos, condição que pode ser confundida com candidíase por ter manifestações clínicas semelhantes, no entanto, o tratamento é diferente. ▪ Tratamento: elevar o pH vaginal. 3 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV VAGINOSE BACTERIANA Desequilíbrio do ecossistema vaginal, caracterizado por substituição da microbiota lactobacilar normal por concentrações relativamente grandes de outras bactérias: Gardnerella vaginalis, Mobiluncus spp., Bactreoides spp. e Mycoplasma hominis. • Gardnerella vaginalis: o Agente etiológico mais comumente associado com a vaginose bacteriana. o Cocobacilo com propriedade de se aderir ao citoplasma das células superficiais e intermediárias. o “Clue cells”, célula guia, célula indicadora, célula chave – cocobacilos supra citoplasmático. o Esfregaço com fundo de aspecto arenoso. Garnerella vaginalis – “Clue cells” Manifestações clínicas da Gardnerella vaginalis: o Corrimento vaginal esbranquiçado ou cinza- esbranquiçado, homogêneo e mau cheiroso (odor de peixe podre) aderente no colo e na parede vaginal. o Putrecina de Cavaderina – Aminas derivadas do metabolismo responsáveis pelo mau cheiro. o 40 a 60% são assintomáticas. 4 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV • Mobiluncus spp – Vaginose bacteriana o São bacilos curvos com extremidades afiladas, em forma de vírgula, anaeróbios estritos, móveis. o M. curtisii e M. mulieris. o Comma cells são células escamosas maduras, principalmente intermediárias, com microrganismos aderidos a sua superfície, recobrindo as bordas celulares – aspectos de “tapete de pelo”. o Diagnóstico diferencial com Gardnerella vaginalis. (Do ponto de vista de manifestação clínica é idêntico) Link para aula: https://youtu.be/iqGenG3JQKo https://youtu.be/iqGenG3JQKo 5 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV Alterações Celulares (Referências: Introdução a Citopatologia Ginecológica – KOSS, L. G., GOMPEL, C.; Sistema Bethesda para Citopatologia Cervicovaginal – SOLOMON, D. N.; Tratado de Ginecologia FREBASGO; Citologia Clínica cérvico-vaginal: texto e atlas – CONSOLARO, M. E. L.) OBJETIVOS: • Conhecer os aspectos gerais no processo inflamatório e reacionais dos esfregaços citológicos cérvico-vaginal; • Conhecer a morfologia das alterações celulares citoplasmáticas; • Conhecer a morfologia das alterações celulares nucleares. CARACTERÍSTICAS GERAIS: • Reação vascular. • Migração leucocitária. • Modificações estruturais do epitélio. • Alterações morfológicas citológicas (citoplasmáticas e nucleares). • Presença eventual do fator causal. ALTERAÇÕES CELULARES CITOPLASMÁTICAS: • Pseudoeosinofilia: Visualização de célula com citoplasma muito vermelho que não seja superficial. • Metacromasia: Célula com duas cores no citoplasma. • Halo perinucleares: Presença de halo em volta do núcleo. Área clara, sem cor emvolta do núcleo. • Acetólise: Lise do citoplasma. • Vacuolização: Formação de bolhas no citoplasma. • Formas aberrantes: Formas anormais das células. • Apagamento de bordas: Célula com limite entre células não nítido. • Coilocitose: Área clara muito grande ao redor do núcleo, geralmente com alteração nuclear também (muito comum no HPV). • Ceratinização: Acúmulo de proteínas no citoplasma, lembrando o que acontece nas escamações do epitélio queratinizado. 6 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV ALTERAÇÕES CELULARES NUCLEARES: • Cariopicnose/pinocitose: Sinal de que a célula está morrendo, condensação do núcleo. • Cariorrexis: Fragmentação do núcleo. • Cariolise: Células somente com o citoplasma, sem núcleo. • Cariomegalia: Núcleo grande. • Binucleação e multinucleação: Dois núcleos ou mais, respectivamente. • Amoldamento nuclear: Divisão de núcleos e posterior falta de espaço na célula gera mudança no formato do núcleo. (Comum no Herpes). • Hipercromasia: Núcleo com coloração mais escura que o normal. 7 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV Tipos Celulares Elementos não epiteliais Alterações Celulares Estruturas: o Muco o PMN o Cel. Endocervical o Cel. Superficial o Cel. Intermediária. Sem alterações. Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Cel. Profunda o Cel. Intermediária Alterações: o Cariopicnose o Metacromasia Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Histiócito o Cel. Metaplásica o Cel. Superficial Alterações: o Formas aberrantes o Metacromasia o Cariopicnose Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Histiócito o Cel. Metaplásica o Cel. Superficial o Cel. Profunda Alterações: o Formas aberrantes o Metacromasia o Cariopicnose o Cariólise 8 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Histiócito o Cel. Superficial Sem alterações. Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Cel. Superficial o Cel. Intermediária o Cel. Profunda Alterações: o Vacuolização o Metacromasia Estruturas: o Muco o PMN o Cel. Intermediárias Alteração: o Vacuolização o Metacromasia Estruturas: o Muco o PMN o Cel. Superficial o Cel. Intermediaria o Cel. Profunda Alterações: o Metacromasia o Vacuolização o Cariólise 9 Microbiota Vaginal e Vaginose Bacteriana Gabriella Almeida XXIV Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Cel. Metaplásica o Cel. Intermediária o Cel. Superficiais Alterações: o Formas aberrantes o Pseudoeosinofilia o Cariomegalia o Multinucleação o Amoldamento nuclear Estruturas: o Muco o PMN o Lactobacilos o Cel. Intermediária o Cel. Metaplásica Alterações: o Halo perinuclear o Metacromasia o Citólise Estruturas: o Hemácias o Muco o PMN o Cel. Superficial o Cel. Intermediária Alterações: o Metacromasia o Multinucleação o Amoldamento nuclear o Cromatina Fosca o Cromatina Condensada na Periferia do Núcleo Para ver todas as lâminas: Parte 1: www.youtu.be/ozE4bgg2Jk8 Parte 2: www.youtu.be/S7iownPR14I http://www.youtu.be/ozE4bgg2Jk8 http://www.youtu.be/S7iownPR14I
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