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WB Última atualização app: 02/12/2020 Vaginose Bacteriana Definição: É a causa mais comum de corrimento vaginal em mulheres com idade fértil. A ausência de inflamação é o motivo para o termo "vaginose", em vez de "vaginite". Fisiopatologia Gardnerella vaginalis é o elemento-chave na patogênese. Alterações na microbiota vaginal que resultam na vaginose bacteriana incluem: redução nos lactobacilos normalmente dominantes; aumento na concentração de outros organismos, especialmente gram-negativos anaeróbios, tais como: Gardnerella vaginalis, Atopobium vaginae, Prevotella species, Porphyromonas, Bacteroides, Peptostreptococcus, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluncus e Streptococcus agalactiae (grupo B). A vaginose bacteriana eleva o risco de aquisição de infecções sexualmente transmissíveis e pode trazer complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (ex.: ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea). Quando presente nos procedimentos invasivos, eleva o risco de doença inflamatória pélvica (DIP). Apresentação Clínica Anamnese Quadro clí nico: 50-75% das mulheres com vaginose bacteriana são assintomáticas. Mulheres sintomáticas: Corrimento vaginal e/ou odor vaginal. A leucorreia é esbranquiçada, fina e homogênea; o odor é um desagradável "cheiro de peixe", que pode ser exacerbado após a relação sexual e durante a menstruação. Fatores de risco: - Atividade sexual; - Presença de outras IST's; - Tabagismo. Abordagem Diagnóstica Critérios de Amsel – escolha ao menos três das opções: ● Corrimento homogêneo, fino, branco-acinzentado; ● pH vaginal > 4,5; Whiff-Teste (teste das aminas) positivo, definido como a presença de um odor de peixe quando uma gota de hidróxido de potássio 10% (KOH) é adicionada a uma amostra de secreção vaginal; ● Clue cells ou “células-alvo” em microscopia a fresco. São células epiteliais vaginais que têm suas bordas circundadas por cocobacilos. Para um resultado positivo, pelo menos 20% das células devem ter essa característica. Utilizando a coloração de Gram, a sensibilidade é maior. Não utilizar a colpocitologia oncótica para o diagnóstico. Caso o exame sugira vaginose bacteriana, o tratamento deverá ser realizado apenas em pacientes sintomáticos. Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres assintomáticas (a não ser que tenham que ser submetidas a cirurgias ginecológicas ou no fim da gravidez – essas devem ser tratadas). O padrão-ouro é a coloração do fluido vaginal por Gram. Quantifica-se o número de bactérias e lactobacilos patogênicos, resultando em um escore que determina se há infecção, segundo o sistema de Nugent. A vaginose bacteriana se caracteriza por um escore de 7 ou mais; um escore de 4-6 é intermediário (microbiota alterada) e de 0-3 é normal. Acompanhamento Complicações: ● As mulheres grávidas com vaginose bacteriana estão sob maior risco de parto prematuro; ● Vaginose bacteriana pode ser a causa de colonização bacteriana endometrial, endometrite de células plasmáticas, febre no pós-parto; celulite vaginal pós-histerectomia; infecção pós-aborto; ● É fator de risco para a aquisição e transmissão do HIV e para aquisição de vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2), gonorreia, clamídia e infecção por tricomonas. Abordagem Terapêutica Indicada para mulheres com infecção sintomática e para prevenir a infecção pós-operatória em pacientes assintomáticas antes de cirurgias pélvicas. Gestantes assintomáticas com história prévia de parto prematuro também podem se beneficiar do tratamento. O Metronidazol ou a Clindamicina administrados por via oral ou vaginal apresentam uma boa eficácia e são recomendados pelo Ministério da Saúde brasileiro. A via oral é mais conveniente, entretanto é associada a uma taxa mais elevada de efeitos colaterais sistêmicos do que a via vaginal. Na ausência de resposta ao tratamento, o Tinidazol ou o Secnidazol podem ser considerados como uma alternativa oral razoável. Não é necessário tratar os parceiros sexuais do sexo masculino e parceiras do sexo feminino devem ser avisadas para ficar atentas aos sintomas. Guia de Prescrição Prescrição Ambulatorial Ambulatório Orientações ao Prescritor ● Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres assintomáticas; ● Não se recomenda tratamento para o/a parceiro(a) rotineiramente; ● O tratamento é recomendado para mulheres sintomáticas e assintomáticas quando grávidas, especialmente aquelas com histórico de parto pré-termo e que apresentem comorbidades ou potencial risco de complicações (previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames invasivos no trato genital); ● O tratamento deve ser simultâneo ao procedimento, não havendo razão para sua suspensão ou adiamento; ● Observação: O Ministério da Saúde do Brasil recomenda apenas Metronidazol e Clindamicina como opções terapêuticas, e a dose oral de Metronidazol corresponde a 500 mg/dose (2 comprimidos de 250 mg). Tratamento Farmacológico Escolha um dos esquemas abaixo. ● Esquema A: Tratamento empírico com monoterapia . Escolha uma das opções: Metronidazol (250 mg) 2 comprimidos VO (dose máxima: 500 mg/dose) de 12/12 horas, por 7 dias; Metronidazol ginecológico (100 mg/g) 1 aplicador intravaginal (5 g) do gel de 24/24 horas, por 5 dias; Clindamicina 300 mg VO de 12/12 horas, por 7 dias; Tinidazol 1-2 g VO de 24/24 horas, por 2 dias. ● Esquema B: Tratamento empírico com monoterapia: Alternativa para recorrências. Escolha uma das opções: Metronidazol 500 mg VO de 12/12 horas, por 10-14 dias; Metronidazol ginecológico (100 mg/g) 1 aplicador vaginal (5 g) 2x/dia, por 10 dias. Seguido de tratamento supressivo com óvulo de Ácido bórico intravaginal 600 mg ao dia, por 21 dias. Seguido de Metronidazol ginecológico (100 mg/g) com 1 aplicador vaginal (5 g) 2x/semana, por 4-6 meses. Guia de Antimicrobianos Definição: Vulvovaginite bacteriana. Agentes: Gardnerella vaginalis, Gardnerella mobiluncus, M. hominis, Prevotella sp., Atopobium vaginae. Tratamento Específico Primeira linha - opções (incluindo gestantes e lactantes): ● Metronidazol 400 mg VO 1 comprimido de 12/12 horas, por 7 dias; OU ● Metronidazol 250 mg VO 2 comprimidos (total: 500 mg/dose) de 12/12 horas, por 7 dias; OU ● Metronidazol ginecológico (100 mg/g) 1 aplicador intravaginal (5 g) do gel de 24/24 horas, por 5 dias; OU ● Clindamicina 300 mg VO de 12/12 horas, por 7 dias; OU ● Tinidazol 2 g VO de 24/24 horas, por 2 dias; OU ● Tinidazol 1 g VO de 24/24 horas, por 5 dias. Alternativas para recorrência - opções: ● Metronidazol 500 mg VO de 12/12 horas, por 10-14 dias; OU ● Metronidazol ginecológico (100 mg/g) 1 aplicador vaginal (5 g) 2x/dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com 1 aplicador vaginal (5 g) 2x/semana, por 4-6 meses. Idosos e Gestantes Igual ao Adulto. Crianças Primeira linha - opções: ● Metronidazol: - < 12 anos: 7,5 mg/kg VO de 8/8 horas, por 7 dias; - > 12 anos: 500 mg VO de 12/12 horas, por 7 dias; ● Metronidazol ginecológico (100 mg/g) 1 aplicação intravaginal de 24/24 horas, por 5 dias. Alternativa: ● Clindamicina 20-40 mg/kg/dia VO em 3-4 doses diárias, por 7 dias.
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