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PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO AULA 6 Prof. Everton Luiz Vieira 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos estudar os conceitos relacionados ao lançamento do produto no mercado, que é uma das últimas etapas do PDP. Nessa fase, o produto é apresentado ao mercado e acompanhamentos são feitos pós- desenvolvimento para monitorar sua aceitação por parte dos consumidores. Também vamos falar sobre a importância da sustentabilidade no projeto de produtos, para que sejam amigos do meio ambiente. As lições aprendidas durante todas as etapas do PDP serão apresentadas para entendermos todos os pontos fortes e fracos durante o projeto do produto. Nesta aula, vamos abordar os seguintes temas: 1. Lançamento do produto; 2. Acompanhamento pós-desenvolvimento; 3. Administração de marca do produto e da embalagem; 4. Sustentabilidade no desenvolvimento de produtos; 5. Registro das lições aprendidas. Ao final desta aula, você deverá estar apto a utilizar os conceitos de lançamento do produto no mercado. Bons estudos! TEMA 1 – LANÇAMENTO DO PRODUTO O projeto de produtos tem como objetivo principal lançar bens ou serviços no mercado, e o processo tem inter-relações necessárias ao sucesso do lançamento do produto. Na Figura 1, podemos observar as fases do lançamento do produto. 3 Figura 1 – Fases do lançamento do produto Fonte: Vieira, 2020, elaborado com base em Rozenfeld e Amaral, 2006. Muitas dessas fases ocorrem simultaneamente durante a produção, pois, com isso, a empresa pode reduzir o tempo para preparar o lançamento do produto no mercado. Segundo Seleme e Paula (2013), a fase de lançamento ocorre em conjunto com a fase de preparo da produção, ainda que o lançamento somente aconteça depois de se encerrar a fase de preparo, quando a empresa está pronta para atender ao mercado. Pode-se afirmar que, antes da apresentação efetiva do produto no mercado, planeja-se seu lançamento, cuja função é avaliar as variáveis que concorrem para o sucesso do produto. 1.1 Vendas Na configuração das vendas, algumas ações devem ser desencadeadas a fim de analisar e potencializar sua aplicabilidade. A Figura 2 mostra as ações que devem ser executadas para cumprir cada uma das fases. 4 Figura 2 – Ações do processo de vendas Fonte: Vieira, 2020. A seguir, temos as etapas apresentadas por Seleme e Paula (2013) para o processo de vendas: • O desenho do processo de vendas consiste em planejar as estratégias para colocar o produto no mercado. Nesse processo, devem ser observadas ainda diversas variáveis, como os canais de venda, os vendedores e os recursos a utilizar. • Na aquisição de recursos, cabe à empresa desencadear estratégias que viabilizem a entrega dos produtos oferecidos para venda dentro dos prazos estabelecidos. • A documentação comercial é representada pelos catálogos que contêm as especificações e os esquemas técnicos do produto. Esse material deve fornecer ao cliente uma considerável base de conhecimento sobre o produto. • O sistema de apoio às vendas tem como base a estrutura da documentação elaborada e, como o próprio nome já indica, serve de suporte para as vendas. • Se a empresa realizar as vendas diretamente, precisa contar com uma eficiente estrutura de pessoal. Se as vendas forem terceirizadas, é necessário avaliar se os prestadores de serviço estão adequadamente preparados para a atividade. 5 • O treinamento da força de vendas e pessoal de apoio consiste em fornecer aos vendedores o detalhamento do produto e dar a conhecer quem são os concorrentes. • A implantação do processo de vendas acontece quando todos os planos são colocados em prática, o que ocorre de forma gradual, a fim de minimizar os impactos dos eventuais ajustes necessários. 1.2 Distribuição Esse processo contempla o modo como o bem ou serviço será fornecido ao cliente. A distribuição pode envolver recursos próprios, como frota particular, ou ser terceirizada, utilizando-se diversos modos de transporte e formas de distribuição encontradas no mercado (Irigaray, 2015). Na Figura 3, podemos observar um exemplo de distribuição de produtos. Figura 3 – Exemplo de distribuição Crédito: DMI T/Shutterstock. Ao desenhar o processo de distribuição, a empresa deve avaliar as condições e especificidades do produto, observando se é necessário algum cuidado especial, como refrigeração, entre outros. A distribuição pode ser feita de modo direto ou terceirizado, podendo ser centralizada ou descentralizada, a 6 depender do produto oferecido ao cliente. Nessa fase é importante a constante medição de controle, a correção e o ajuste do processo sempre que for necessário (Seleme; Paula, 2013). 1.3 Atendimento ao cliente Essa etapa é uma das mais delicadas do projeto, pois é nela que o cliente efetivamente entra em contato com a organização. Sabemos que a primeira impressão do cliente se torna uma variável muito importante, podendo levar ao sucesso ou ao fracasso do empreendimento. Na Figura 4, podemos observar um exemplo de atendimento ao cliente. Figura 4 – Exemplo de atendimento ao cliente Crédito: Nestor Rizhniak/Shutterstock. Segundo Matta et al. (2015), o atendimento adequado faz desse processo um poderoso canal de marketing, compreendendo os canais de comunicação entre a empresa e o usuário final do produto. Aliado aos outros processos, um adequado e eficiente atendimento pode ser a chave para o sucesso do produto no mercado e sua consequente adoção por parte do consumidor. 1.4 Assistência técnica Esse processo corresponde à qualidade dos bens ou da execução dos serviços oferecidos ao consumidor. Quando se trata de assistência técnica, é importante se atentar a certas particularidades, como o fato de algumas 7 empresas desenvolverem produtos que exigem manutenção frequente e relativamente cara, de modo que a própria assistência técnica passa a ser um negócio muito lucrativo (Rozenfeld; Amaral, 2006). Segundo Seleme e Paula (2013), as empresas devem considerar os sistemas de monitoramento de assistência técnica, que envolvem a contratação e o treinamento de pessoal qualificado para prestar esses serviços, pois, se não for assim, a empresa corre o risco de ter seu produto reprovado pelo cliente, em virtude da má condução da assistência técnica. 1.5 Monitoramento da viabilidade econômico-financeira Nessa etapa é feita a avaliação econômico-financeira dos recursos gastos no lançamento do produto no mercado, principalmente no que se refere aos custos de campanha. O comportamento dos custos e da demanda de mercado deve ser analisado detalhadamente, a fim de que as análises sejam traduzidas em resultados positivos ou negativos. Geralmente, as ações são parciais, pois assim permitem que a empresa, se achar necessário, corrija os rumos do processo. Se durante o processo for necessário executar ações de correção, estas deverão ser objeto de avaliação e aprovação por parte da empresa. É igualmente importante que ela mantenha um histórico das ações desenvolvidas para consultas futuras (Matta et al., 2015). 1.6 Promoção de marketing de lançamento De acordo com Seleme e Paula (2013), esse processo é responsável pela divulgação adequada do produto, feita por um mix de marketing, que compreende a elaboração do plano de lançamento, o qual, por sua vez, faz parte de um plano maior, em que constam as considerações sobre o prazo de fornecimento, preço do produto, locais de promoção e distribuição. Na Figura 5, podemos observar um exemplo de reunião de planejamento de marketing e lançamento. 8 Figura 5 – Reunião de promoção de marketing e lançamento Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock. O desenvolvimento do plano de lançamento requer que sejam definidas as estratégias de comunicaçãoadequadas à compreensão do cliente-alvo. Nessa fase também são estabelecidos os objetivos da comunicação, o formato da mensagem e os canais de comunicação a serem utilizados com o cliente (Rozenfeld; Amaral, 2006). Foi possível visualizar as ações necessárias à etapa de lançamento do produto no mercado, evidenciando que todas elas fazem parte do projeto de produto e, assim como as outras fases de implementação, essa etapa deve ser cuidadosamente analisada, para que o bem ou serviço oferecido ao cliente seja aprovado por ele, e o produto, por fim, possa ser mantido no mercado. TEMA 2 – ACOMPANHAMENTO PÓS-DESENVOLVIMENTO De acordo com Rozenfeld e Amaral (2006), uma vez que o produto foi lançado no mercado, a empresa tem como objetivo alcançar as metas de seu desempenho, principalmente em relação ao lucro e à participação no mercado. Esse período pode ser longo e a empresa deve ter a meta mínima de desempenho bem estabelecida para o produto lançado até o final do seu ciclo de vida. Ela também deve saber como integrar as possibilidades de continuidade do produto por mais tempo – caso o desempenho justifique isso – com as iniciativas de novos projetos e decisões relacionadas ao portfólio de produtos. É nessa fase que a empresa começa a se beneficiar dos lucros esperados, 9 tornando assim a gestão das atividades pós-desenvolvimento um fator-chave para que problemas sejam solucionados em prazos adequados e com base em análises bem fundamentadas. 2.1 Acompanhar produto e processo A fase acompanhar produto e processo corresponde a um conjunto de atividades que, com a fase descontinuar produto no mercado, garantem que o PDP compreenda todo o ciclo de vida do produto. O principal objetivo é garantir o acompanhamento do desempenho do produto na produção e no mercado, identificando necessidades ou oportunidades de melhorias e garantindo que a retirada cause o menor impacto possível aos consumidores, empresa e meio ambiente (Seleme; Paula, 2013). Essa fase tem quatro atividades. Não existe uma atividade inicial única, e há pouca interdependência entre elas, conforme ilustra a Figura 6, que também mostra as entradas e saídas dessa fase. Figura 6 – Informações principais e dependência entre as atividades da fase acompanhar produto e processo Fonte: Rozenfeld; Amaral, 2006. Podemos perceber que existem diferentes informações envolvidas nessa fase, que são originadas de diversos processos, conforme a Figura 7. 10 Figura 7 – Fontes de informação para a fase acompanhar produto e processo Fonte: Rozenfeld; Amaral, 2006. Não é muito comum encontrar um conjunto estruturado de atividades de acompanhamento nas empresas em geral. Essas atividades costumam ser exercidas sem planejamento, principalmente porque os setores mais próximos do desenvolvimento de produtos priorizam novos projetos, considerando o antigo projeto encerrado ao final da macrofase de desenvolvimento. Dessa forma, a produção acaba assumindo, internamente, o controle do produto comercializado, ficando o controle externo sob a responsabilidade da área comercial. De acordo com Rozenfeld e Amaral (2006), a importância do planejamento e a realização desse conjunto de atividades buscam: • Identificar as necessidades de alterar o produto; • Facilitar a gestão das atividades do pós-desenvolvimento, promovendo uma visão sistêmica do que significa lidar com um produto e seu ciclo de vida, desde seu lançamento, regime de produção e descontinuidade; • Garantir a integridade e atualização das informações do produto para serem utilizadas por todos os interessados durante seu ciclo de vida; • Gerar oportunidades para melhorar o processo de desenvolvimento como um todo. 11 Assim, o acompanhamento assume grande importância. Em face da maior concorrência e da importância do pós-vendas, esse trabalho valoriza e diferencia o produto da empresa em relação aos produtos concorrentes. 2.2 Avaliar a satisfação do cliente O cliente, cuja satisfação se busca detectar, no que se refere a algum produto ou serviço da empresa, faz parte de dois possíveis grupos ou tipos: os intermediários, ou seja, clientes dos setores do mercado em que o produto é comercializado, e os clientes finais, os consumidores, que efetivamente usarão o produto. As avaliações de satisfação do cliente servem também, de certo modo, para avaliar o quão precisos foram os resultados das atividades de detalhamento do ciclo de vida do produto, de definição de seus clientes e, principalmente, da identificação dos requisitos dos clientes de cada fase do ciclo de vida do produto, ambas das etapas iniciais do PDP (Rozenfeld; Amaral, 2006). Na avaliação da satisfação dos clientes, pode-se considerar como entradas de informação: • Relatórios de acompanhamento do desempenho do produto; • Reclamações e problemas percebidos pelo cliente com o uso do produto; • Objetivos específicos do produto. Normalmente, boa parte das informações sobre o desempenho do produto com os clientes provém dos serviços de 0800, da página da internet da empresa, redes sociais, pesquisas de satisfação e assistência técnica. Analisadas as informações advindas dessas entradas, a avaliação do cliente gera as seguintes saídas: • Relatórios de avaliação da satisfação do cliente; • Propostas de necessidades para modificar o produto ou os serviços a ele relacionados; • Propostas de oportunidades de melhoria. 2.3 Auditoria pós-projeto Segundo Seleme e Paula (2013), a auditoria pós-projeto é uma atividade que tem estreita relação com a melhoria do processo de desenvolvimento, e 12 também é uma prática que facilita a aprendizagem organizacional no desenvolvimento de produtos nas empresas, podendo gerar informações e indicar ações para melhorar o produto, tratadas no apoio de gerenciamento de mudanças. De modo geral, a auditoria pós-projeto é uma sequência de esforços sistemáticos para: • Adquirir, filtrar, interpretar e analisar informações a respeito de eventos críticos; • Disseminar e compartilhar os resultados da análise; • Utilizar essas informações para gerar proposições à gerência do PDP, visando corrigir erros e mudar a sistemática de desenvolvimento e as ações de capacitação; • Capturar, armazenar e disseminar o conhecimento gerado. O resultado da auditoria deve ser comunicado formalmente, durante uma reunião específica. Essa reunião deve ter representantes de todas as áreas relacionadas ao projeto direta ou indiretamente, incluindo principalmente a alta direção, marketing, produção, engenharia, vendas e assistência técnica (Rozenfeld; Amaral, 2006). TEMA 3 – ADMINISTRAÇÃO DE MARCA DO PRODUTO E DA EMBALAGEM Segundo Seleme e Paula (2013), todo cuidado que a empresa deve ter ao conceber, desenvolver e lançar o produto no mercado também vale para a marca, que está intimamente atrelada ao produto. Atualmente, muitos produtos são identificados por sua marca, embora existam produtos genéricos, os quais se caracterizam justamente por serem destituídos de marca e, por isso, mais baratos. Atualmente a concorrência entre as empresas tem sido acirrada, o que impulsionou as organizações a não se concentrar apenas em seus produtos, mas também – e principalmente – em sua identidade empresarial, simbolizada pela marca, que atua como um dos mais fortes elementos estratégicos no nosso tempo. Sabemos que criar uma nova marca demanda grande investimento, aplicado em promoção, publicidade, embalagem, entre outros quesitos. O nome 13 da marca garante à empresa direitos exclusivos e vitalícios, diferente do que ocorre com patentes ou direitos autorais, que têm data de expiração (Kotler, 2000). Na Figura 8 podemos observar algumas marcas famosas internacionalmente. Figura 8 – Exemplos de marcas conhecidas internacionalmente Crédito: Bloomicon/Shutterstock. As marcas, alémde significar garantia de qualidade ou status, mobilizam o interesse de investidores e asseguram a não depreciação patrimonial. 3.1 Decisões de marca As decisões de marca permitem ao gestor confrontar as diversas situações em que se encontra para potencializar o uso de uma marca em benefício da organização. Na Figura 9, observamos a visão geral das decisões de marca. 14 Figura 9 – Visão geral das decisões de marca Fonte: Kotler, 2000. As empresas passaram a usar marcas quando entenderam que elas não são meras imagens; elas agregam outros valores, como tecnologia, personalização e capital intelectual, que permitem, em último caso, que a empresa eleve o preço de seus produtos, pois já existe a aceitação por parte do cliente, que reconhece e se beneficia do que a marca representa para ele (Seleme; Paula, 2013). Segundo Kotler (2000), o uso de marcas traz muitas vantagens para a empresa: • As marcas fortes constroem imagem corporativa, facilitando o lançamento de novas marcas e ganhando a aceitação dos distribuidores e consumidores; • O nome da marca da empresa oferece proteção legal aos aspectos exclusivos do produto; • Um nome de marca ajuda a empresa a processar pedidos e solucionar problemas; • O uso de marca ajuda a empresa a segmentar seus mercados; • O uso de marca permite à empresa atrair um grupo de clientes fiéis e lucrativos, e a fidelidade da marca oferece à empresa alguma proteção em relação à concorrência. 15 A marca oferece uma série de vantagens competitivas, como o poder de elevar os preços – já que tem qualidade reconhecida –, reduzir custos de marketing e lançar extensões de linhas da marca, pois o cliente já se fidelizou, e a marca representa a credibilidade de estabelecer poder de negociação com distribuidores e varejistas, argumentando que os consumidores esperam encontrar a marca disponível com facilidade. 3.2 Embalagem Segundo Carpes Junior (2014), a embalagem, apesar de representar um objeto independente do produto, é de grande importância. Portanto, a melhor embalagem pode ser o próprio produto, ou seja, o produto que não necessita de embalagem. A ausência de embalagem reduz os custos de produção e distribuição e a necessidade de mão de obra para projetá-la e produzi-la, além de reduzir o impacto ambiental. Na Figura 10, podemos observar um exemplo de embalagem de produto. Figura 10 – Embalagem de produto Crédito: Sensvector/Shutterstock. 16 Nem sempre é possível distribuir e comercializar o produto sem embalagem, pois ela tem funções que podem ser necessárias, conforme o Quadro 1: Quadro 1 – Funções da embalagem Conservar A embalagem garante a conservação do produto. Isso é facilmente percebido em biscoitos e derivados. Em máquinas e equipamentos, a embalagem evita a deterioração do produto por agentes externos, como a maresia. Conter A embalagem contém as partes do produto, que poderia estar disposto em pedaços ou a granel. O produto pode ser de natureza gasosa, líquida ou sólida, ou ainda liberar vapores ou líquidos e apresentar partes soltas. Proteger A embalagem protege o produto contra possíveis danos ocasionados por quedas, impactos e cargas. Facilitar o transporte A embalagem pode facilitar o transporte do produto, possibilitando o empilhamento sem causar danos. Facilitar a utilização ou o consumo Em alguns produtos, a presença da embalagem facilita a utilização ou consumo, como os cigarros, em que os maços possibilitam o armazenamento mesmo após a abertura. Fazer propaganda A embalagem também pode fazer propagando do produto. Muitas vezes o produto é similar à concorrência, então, a embalagem pode ser um diferencial. Informar sobre o produto A embalagem deve informar o fabricante, os meios de comunicação com o consumidor, instruções de consumo e de conservação, data de validade, ingredientes e demais informações necessárias para um uso adequado e seguro. Fonte: Vieira, 2020, elaborado com base em Carpes Junior, 2014. 17 Romeiro et al. (2013) citam que, durante o projeto da embalagem, além dos aspectos considerados no projeto do produto – como estética, funcionalidade e segurança –, deve-se prezar também pelos seguintes aspectos: • Comunicação: informação e conscientização do consumidor sobre as características do produto, como tempo de uso, data de validade, características físico-químicas, quantidades, marca, fabricante, condições de fabricação, consumo de energia ou combustível e reciclagem da embalagem e do produto. • Economia: boa relação custo-benefício, com a disponibilização do produto em níveis de qualidade, diversas quantidades ou tamanho, adequados às características do consumidor. • Novidade: informação sobre as novidades ou inovações do produto, de forma a torná-lo mais atrativo que a concorrência. Além da embalagem, também é importante considerar alguns aspectos da distribuição no projeto do produto, como o mercado a que se destina, a comercialização ou distribuição, o meio de transporte utilizado e o volume de massa a ser transportado. TEMA 4 – SUSTENTABILIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS De acordo com Magnago, Aguiar e Paula (2012), desenvolver produtos é um processo comum nas empresas de manufatura, e isso invariavelmente impacta o ambiente. Esse processo traduz informações de mercado num novo produto disponível para comercialização. Nas fases iniciais, até a formalização de um conceito, o impacto gerado é pequeno. No entanto, a materialização do conceito, a produção do produto, seu uso e seu descarte transformam e movimentam insumos, o que modifica o ambiente. Segundo Peneda e Frazão (1995), todos os produtos afetam o ambiente em maior ou menor grau nas diversas fases de seu ciclo de vida, poluindo o ar, a água e o solo por emissões e resíduos, eventualmente trazendo efeitos nocivos à saúde humana. Na Figura 11 observamos o fluxo do processo de sustentabilidade de produtos e serviços. 18 Figura 11 – Fluxo de sustentabilidade Fonte: Vieira, 2020. De acordo com Platcheck (2003), uma solução ultrapassada é esperar pelo fim do projeto para pensar no ambiente e recorrer exclusivamente às tecnologias de fim de linha, em detrimento ou ignorando as vantagens da prevenção e dos instrumentos de gestão. Melhorar a eficiência ecológica dos produtos e os benefícios de menor carga de poluição ambiental é um parâmetro cada vez mais dinâmico da competitividade entre as empresas. Segundo Azevedo e Nolasco (2009), a sustentabilidade de produtos exige a aplicação de sete princípios: 1. Reduzir a quantidade de material necessário; 2. Diminuir a quantidade de energia necessária; 3. Reduzir a dispersão tóxica; 4. Aumentar a reciclabilidade dos materiais; 5. Maximizar o uso de fontes renováveis; 6. Aumentar a durabilidade dos produtos; 7. Aumentar a possibilidade de manutenção dos produtos para evitar o descarte antecipado. 19 4.1 Recomendações ao utilizar materiais Embora os projetistas focalizem as formas e as funções do produto, a fabricação é, sem sombra de dúvidas, a etapa na qual os maiores impactos ambientais ocorrem. São problemas causados principalmente pela extração e processamento da matéria-prima, além da poluição causada pelos subprodutos dessa atividade (Carpes Junior, 2014). Os materiais utilizados na produção são cíclicos, portanto, deve-se utilizar ciclos que afetem menos a natureza. A primeira preocupação do projetista deve ser selecionar materiais de baixo impacto ou produzidos por processos também de baixo impacto, renováveis, recicláveis ou reciclados, evitando materiais naturalmente limitados e a produção de lixo. O projetista também deve utilizar o mínimo de material requerido para um produto, o que implica reduzir a massa de produtos, minimizando a necessidade de extrair matéria-primae reduzindo os gastos de transporte e a quantidade de material a ser reciclado. 4.2 Recomendações para usar energia Quando se fala em sustentabilidade, a energia é outra questão importante. Os produtos devem utilizar o mínimo de energia para executar suas funções, devendo o projetista buscar o aumento da eficiência energética. Na Figura 12, temos um exemplo de etiqueta de consumo de energia utilizada em produtos. Figura 12 – Etiqueta de consumo de energia Crédito: Davidhirjak/Shutterstock. 20 No Brasil, temos o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), que promove o uso eficiente da energia elétrica e o combate ao seu desperdício. Suas ações contribuem para aumentar a eficiência dos bens e serviços, desenvolvendo hábitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente de energia. De acordo com dados do órgão, a economia de energia foi de 23 bilhões de KWh no ano de 2019, devido à utilização do programa. 4.3 Recomendações para o ciclo de vida De acordo com Kimura (2000), o ciclo de vida dos produtos deve ser adequado ao meio ambiente. Porém, algumas vezes ocorrem alguns problemas que comprometem essa adequação. Algumas das principais causas são: • Não utilização dos produtos já adquiridos pelos consumidores; • Descarte antecipado e inesperado; • Necessidade de manutenção e uso de produtos descartáveis, como máquinas fotográficas de uso único; • Uso de produtos ineficientes por muito tempo. O ciclo de vida dos produtos é fechado: as matérias-primas são retiradas da natureza e, ao final da vida do produto, retornam a ela; e a Terra é uma fonte limitada de matérias-primas. Os fabricantes devem compreender que, por causa disso, os produtos devem ser reciclados e reutilizados. Na Figura 13, podemos observar o ciclo de vida dos produtos, mostrando que aqueles reutilizáveis inteiramente (ou em partes) têm uma vantagem ecológica: não necessitam ser reciclados para a obtenção de materiais, economizando energia para a reciclagem e o transporte correspondente. 21 Figura 13 – Fluxograma do ciclo de vida de um produto Fonte: Vieira, 2020, elaborado com base em Carpes Junior, 2014. Créditos: xtock/Shutterstock; hudhud94/Shutterstock. Outro modo de tornar os produtos mais ecológicos é aumentar sua vida útil, pois produtos que podem ser utilizados por mais tempo evitam o descarte antecipado. Com uma durabilidade maior, os produtos tornam-se “ecoeficientes”, proporcionando menor utilização de materiais e energia para produzir, transportar e embalar os produtos, reduzindo rejeitos em determinado período (Carpes Junior, 2014). A solução para os impactos ambientais é sua prevenção, e aqui cabe um importante papel dos projetistas, engenheiros e designers, visto que é precisamente na fase de projeto que se decidem as principais características ambientais do produto e os impactos ao longo de seu ciclo de vida. O design de produto pode desempenhar um importante papel na competitividade sustentada das empresas, ao enfatizar a mudança progressiva dos controles de fim de linha para estratégias de prevenção, já nas fases iniciais do projeto, e o uso de tecnologias de produção mais limpa. TEMA 5 – REGISTRO DAS LIÇÕES APRENDIDAS O PMBOK (2017) define as lições aprendidas como o conhecimento obtido durante um projeto, expondo como os acontecimentos durante seu ciclo 22 de vida foram tratados e como devem ser abordados no futuro para melhorar seu desempenho. As lições aprendidas podem incluir impacto, recomendações e ações propostas associadas à situação, além de dificuldades, problemas, riscos e oportunidades percebidas. Segundo Pereira, Pinheiro e Mendonça (2015), as lições aprendidas só devem ser consideradas quando de fato a organização aprende com o acontecimento, aperfeiçoando o método de trabalho. Durante o período do projeto, o verdadeiro processo ocorrido é a identificação das lições, que se tornará uma lição aprendida se a organização como um todo adquirir tal conhecimento. É comum que as lições aprendidas sejam ignoradas em projetos bem- sucedidos, mas estes também têm lições das quais podemos extrair aprendizados. Outro fator observado em algumas empresas é a raridade da ocorrência de reuniões de encerramento de projetos, pois, apesar de ser um conhecimento que pode ser adquirido em qualquer etapa, é o principal meio para identificar as lições aprendidas (Boas, 2014). Na Figura 14, podemos observar uma representação do feedback. Figura 14 – Feedback Crédito: Faithie/Shutterstock. 23 De acordo com Weber, Aha e Becerra-Fernandez (2001), as lições aprendidas podem ser divididas em cinco subprocessos: 1. Coletar: coletar as lições aprendidas; 2. Verificar: a equipe especializada valida as lições coletadas, avaliando sua relevância e redundância; 3. Armazenar: estruturar e gerir lições, escolher a mídia utilizada, a forma de organização e indexação; 4. Disseminar: promover a lição a ponto de ser possivelmente reutilizada num projeto futuro; 5. Reutilizar: reutilizar ou não a lição aprendida. Além disso, as lições aprendidas devem ser sistemáticas, possibilitando que a empresa as compare com seus diversos projetos e documentando seu mecanismo mais eficiente para resolver problemas. Essa externalização geral ajuda a atenuar os riscos dos projetos futuros (Schindler; Eppler, 2003). 5.1 As sessões de lições aprendidas As sessões de lições aprendidas identificam aquelas geralmente obtidas nas reuniões e que são seguidas durante todo o ciclo de vida do projeto. Nas sessões, normalmente se utiliza um modelo de documento para registrar as lições constatadas. Esse arquivo pode ser uma cópia semelhante ao que será armazenado e disseminado. Depois deverá ser entregue a todos os presentes para que registrem o que acharem importante; ressaltamos que só deve ser armazenado na base de conhecimento o que for relevante para a equipe do projeto (Xavier; Chueri, 2008). Na Figura 15, podemos observar um modelo de formulário para registrar as lições aprendidas em projetos. 24 Figura 15 – Exemplo de formulário de lições aprendidas Fonte: Ruegg, 2020. Segundo Xavier a Chueri (2008), quando se registra uma lição aprendida, é preciso entender que a pessoa que for utilizar essa informação no futuro não conhece a história do projeto, por isso deve ser externalizada como uma história para alguém que não esteve presente naquela situação. 25 FINALIZANDO Chegamos ao fim de mais uma aula! Nesta disciplina, estudamos o lançamento de produtos no mercado. Também vimos que lançar um produto no mercado não é tão simples quanto parece: demanda muito esforço e planejamento em todas as etapas do PDP. Na Figura 16, podemos relembrar todas as etapas do desenvolvimento de um produto. Figura 16 – Fases do desenvolvimento de um produto Fonte: Vieira, 2020. Lançado o produto, é necessário acompanhar seu desempenho no mercado por meio de relatos do time de vendas, informações coletadas de clientes e assistência técnica – caso alguma melhoria seja necessária, essas são as principais fontes de informação e feedback. Vimos também que a empresa precisa administrar sua marca no mercado para fortalecer seu desempenho em termos de posicionamento e vendas. Desenvolver produtos sustentáveis é um grande desafio para as organizações, pois a sociedade está cada vez mais exigente nesse quesito, e as empresas precisam se adaptar a essa realidade ao conceber novos produtos. Para finalizar, estudamos a importância das lições aprendidas durante o projeto e desenvolvimento de produtos. Esse aprendizado fica registrado para corrigir falhas que ocorreram durante o processo, e também para enaltecer os pontos fortes, que poderão servir como subsídio em novos projetos. 26 REFERÊNCIAS AZEVEDO, P. S.; NOLASCO,A. M. Fatores de incorporação de requisitos ambientais no processo de desenvolvimento de produtos em indústrias de móveis sob encomenda. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 8, p. 2422-2427, 2009. BOAS, R. V. A importância das lições aprendidas no GP. PMKB, [S.l.], 10 abr. 2014. Disponível em: <https://pmkb.com.br/artigos/a-importancia-das-licoes- aprendidas-no-gerenciamento-de-projetos/>. Acesso em: 10 set. 2020. CARPES JUNIOR, W. P. Introdução ao projeto de produtos. Porto Alegre: Bookman, 2014. IRIGARAY, H. A. Gestão e desenvolvimento de produtos e marcas. Rio de Janeiro: FGV, 2015. KIMURA, F. A methodology for design and management of product life cycle adapted to product usage modes. In: CIRP INTERNATIONAL SEMINAR ON MANUFACTURING SYSTEMS, 33., 2000, [S.l.]. 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