Prévia do material em texto
ASMA GRAVE INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES • A asma é uma doença inflamatória crônica e intermitente das vias aéreas, caracterizada por exacerbações de dispneia, tosse, sibilos, obstrução variável do fluxo aéreo e hiperresponsividade das vias aéreas. É uma doença reversível, mas se não tratada pode ser grave e fatal. • As exacerbações são episódios de piora dos sintomas de forma progressiva ou de forma abrupta que podem necessitar de tratamento no departamento de emergência ou mudança do tratamento domiciliar. FISIOPATOLOGIA/ETIOLOGIA • É complexa e envolve diversos mecanismos. É uma doença causada por uma resposta TH2 exagerada, mediada principalmente por IgE. Exposição a alérgenos, poeiras, agentes químicos, infecções virais e fatores não identificados podem precipitar a inflamação da submucosa, com hipereatividade da musculatura lisa das vias aéreas. • O processo inflamatório crônico pode, a longo prazo, provocar remodelamento das vias aéreas com fibrose e hipertrofia da musculatura lisa. • O fator precipitante mais comum de exacerbação aguda é a infecção viral (80% dos casos). ACHADOS CLÍNICOS • Asma é caracterizada pela tríade clássica DISPNEIA, OPRESSÃO TORÁCICA E SIBILÂNCIA, sendo pelo menos 1 desses sintomas relatado em 90% dos pacientes. A tosse é outro sintoma comum. • A história deve ser direcionada em gravidade dos sintomas, velocidade de aparecimento, possíveis fatores precipitantes, história de anafilaxia e atenção aos fatores associados com risco de evolução desfavorável. • No exame físico devemos avaliar a ausculta pulmonar, sinais de esforço respiratório, frequência respiratória, nível de consciência, presença de cianose, capacidade de falar da criança. CASO CLÍNICO Você e sua equipe estão na UPA e irão atender Emanuele, 2 anos, 12 kg, que apresenta dificuldade respiratória hoje. Ela tem episódios de falta de ar recorrente quando entra em contato com mofo e tinta. Não faz acompanhamento ambulatorial pois mora longe da unidade de saúde. Sua mãe relata que ela está cansada, com tosse e vômitos há 18 horas. Não está em uso de medicação. Frequenta a escola. Imunizações em dia. EF: FR 50 irpm, uso de musculatura acessória (batimentos de aletas nasais), satO2 82%, sibilos difusos (insuficiência respiratória aguda baixa). MANEJO • A primeira medida a ser realizada é a avaliação do TAP da criança. E no caso acima estava pouco colaborativa, sinais de desconforto respiratório (taquipneia, uso de musculatura acessória e afundamento de fúrcula) e cianótica. • Apresentou vômitos → devemos lateralizar a cabeça da criança, aspirar a secreção e passar uma sonda nasogástrica. • Iniciamos o atendimento realizando o MOV: monitorização, oxigênio e acesso venoso. • No caso da paciente, como está grave, devemos iniciar a oxigenioterapia antes mesmo de fazer a oximetria. Oferecer em máscara não reinalante de alto fluxo. • O uso de beta-2-adrenérgicos inalatório de curta ação é a pedra fundamental do tratamento. Deve ser feita imediatamente. Para pacientes em exacerbação grave devemos dar preferência para o uso no nebulizador. • Se paciente conseguir inalar, podemos fazer com a bombinha, elevar a cabeceira da cama e posicionar o paciente. • SALBUTAMOL → dose padrão é de 1 puff para cada 3kg ou dose máxima de 1 puff para cada 2kg. Devemos acomplar a bombinha ao espaçador e máscara, agitar na vertical durante 10 segundos, disparar 1 puff, aguardar 10 segundos e após 01 minuto repetir outro puff. No caso da criança, podemos fazer 06 puffs por ciclo e realizar ciclos a cada 20 minutos. • No caso, como o paciente estava com exacerbação grave, ao invés de fazer O2 em máscara + Salbutamol em bombinha, devemos fazer juntos em nebulizador contínuo. Temos o Fenoterol 10 – 20 gotas + 3 – 5ml de SF 0,9% e nebulizar. • Caso o paciente não melhore, devemos usar 20 gotas de BROMETO DE IPRATRÓPIO + O2 em máscara + Salbutamol. o O Ipratrópio é um anticolinérgico e promove dilatação dos brônquios. A dose recomendada é de 500ug para obter máxima broncodilatação. 20 – 40 gotas repetidas em todas as inalações oferecidas. • Os corticosteroides são indicados para maioria dos pacientes com exacerbações que precisam do tratamento no departamento de emergência. o Prednisona: dose inicial é de 40 – 80mg ao dia em dose única ou dividida em 2x. o Metilprednisolona: dose é de 20 – 60mg a cada 6/6 horas ou 12/12 horas. Tem melhor penetração pulmonar e é preferível entre os corticoides endovenosos. • Em pacientes que não respondem podemos tentar o sulfato de magnésio (relaxante muscular). A dose recomendada é de 1,2 – 2g diluídos em SF 0,9% 100 – 500ml, com infusão em 20 minutos. • Devemos considerar a VNI para manter o alvéolo aberto. Nesse caso, podemos fazer uma sedação leve (preferência pela quetamina – pois tem efeito broncodilatador leve). • Adrenalina é usada em casos de anafilaxia com broncoespasmos.