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Hipertensão Arterial Sistêmica 1 Hipertensão Arterial Sistêmica REVISÃO 💡 Definição: PAS 140mmHg e/ou PAD 90mmHg. HAS primária: não se consegue identificar uma causa específica para o aumento dos níveis pressóricos. Maioria dos casos. HAS secundária: causa de base para a elevação da PA. Situações que sugerem causas secundárias: Início precoce 30 anos) em pacientes sem obesidade ou história familiar de HAS. Piora aguda da PA em hipertensos controlados. Hipertensão resistente. Emergência hipertensiva. LOA desproporcional ao nível de PA. Principais causas: doença parenquimatosa renal (principalmente), doença renovascular, SAOS (ativa SNA simpático), hiperaldosteronismo primário, síndrome de Cushing, feocromocitomas (produtor de catecolaminas), coarctação da aorta. HA resistente: PA persistentemente elevada em pacientes em uso de três anti- hipertensivos de diferentes classes de primeira linha IECA, BRA, BCC e Tiazídico). HAR controlada: controle com 4 ou mais medicamentos anti-hipertensivos. HA refratária: sem controle mesmo em uso de 5 ou mais classes de anti- hipertensivos. Crise hipertensiva: elevação significativa da PA sintomática. Urgência hipertensiva: sem LOA. Emergência hipertensiva: com LOA e risco iminente de morte. Situações clínicas relacionadas incluem AVEi e EAP. Entre as LOA mais comuns, Hipertensão Arterial Sistêmica 2 estão a insuficiência renal, retinopatia hipertensiva e anemia hemolítica microangiopática. Hipertensão sistólica isolada HSI PAS aumentada e PAD normal. Hipertensão maligna: níveis elevados de PA (geralmente 180/110mmHg) + retinopatia hipertensiva graus III ou IV. Alto RCV e evolui com LOA. DRC é a principal causa de morte na evolução. Achados típicos incluem necrose fibrinoide da arteríola aferente (renais, cerebrais e retinianas) e lesão em casca de cebola. 💡 Os principais órgãos-alvos lesados na HAS são o coração, cérebro, rins, retina e aorta. Fisiopatologia: multifatorial. Mecanismo hormonal: SRAA retenção de Na e H2O vasconstrição periférica. Mecanismo neural: SNA simpático → vasoconstrição periférica, ↑ RVP e pós-carga. O SNA simpático estimula a liberação de renina → ativação do mecanismo hormonal. Mecanismo renal: algumas pessoas são mais “sensíveisˮ ao sal. Quadro clínico: geralmente, os sintomas só se tornam evidentes quando há LOA ou elevações significativas da PA 180/110mmHg). Sopros abdominais estão relacionados à hipertensão renovascular. 💡 Hipotensão ortostática: redução da PAS 20mmHg ou da PAD 10mmHg em comparação com a PA do paciente sentado ou deitado. Medição residencial da PA MRPA) e medição ambulatorial da PA MAPA) são indicadas quando há divergência entre a PA aferida no consultório e em domicílio, além da avaliação da HA resistente. Valores normais no consultório e elevados em casa → hipertensão mascarada. Hipertensão Arterial Sistêmica 3 Valores normais em casa e elevados no consultório → síndrome do jaleco branco. Classificação Diretriz Brasileira de HA/2020 CLASSIFICAÇÃO PAS PAD ÓTIMA 120 80 NORMAL 120 129 80 84 PRÉHIPERTENSO 130 139 85 89 HAS ESTÁGIO 1 140 159 90 99 HAS ESTÁGIO 2 160 179 100 109 HAS ESTÁGIO 3 180 110 HIPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA 140 90 HIPERTENSÃO DIASTÓLICA ISOLADA 140 90 Fatores de RCV na avaliação do hipertenso: Sexo masculino. Idade: homens 55 anos ou mulheres 65 anos. Dislipidemia: CT 190mg/dL. LDL 115mg/dL. HDL 40mg/dL para homens ou 46mg/dL para mulheres. Triglicerídeos 150mg/dL. Obesidade: IMC 30kg/m². CA 102cm para homens ou 88cm para mulheres. Tabagismo. DCV prematura em parentes de 1º grau: homens 55 anos ou mulheres 65 anos. RI: Glicemia de jejum 100 125mg/dL. TOTG 140 199mg/dL em 2 horas. Hipertensão Arterial Sistêmica 4 HbA1c 5,7 6,4%. Exames complementares de rotina para pacientes hipertensos: Análise de urina. Potássio sérico. Glicemia de jejum. Creatinina para cálculo do ritmo de filtração glomerular. Colesterol, HDL e triglicerídeos. Ácido úrico. Eletrocardiograma ECG. Estadiamento: considera-se os níveis pressóricos, a presença de LOA, o RCV global estimado pela presença dos fatores de risco e comorbidades associadas. PRÉ HIPERTENSOS HAS ESTÁGIO 1 HAS ESTÁGIO 2 HAS ESTÁGIO 3 SEM FATOR DE RISCO Sem risco adicional Risco baixo Risco moderado Risco alto 12 FATORES DE RISCO Risco baixo Risco moderado Risco alto Risco alto 3 FATORES DE RISCO Risco moderado Risco alto Risco alto Risco alto PRESENÇA DE LOA, DCV OU EQUIVALENTE Risco alto Risco alto Risco alto Risco alto 💡 Pacientes com DCV estabelecida ou equivalente são considerados de alto risco. AVEi, AVEh, AIT, DAOP, retinopatia avançada, DM1 ou 2, DAC, DRC estágio 4 ou 5, IC e hipercolesterolemia familiar. Em relação ao tratamento, temos que: O tratamento não farmacológico deve ser indicado para todos os pacientes pré-hipertensos e hipertensos. Hipertensão Arterial Sistêmica 5 Consiste em: perda de peso, mudanças na alimentação, prática de atividades físicas, controle do estresse, cessar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool. O tratamento farmacológico objetiva valores entre 14090 e 12070mmHg e deve ser iniciado de imediato após o diagnóstico em: Pré-hipertensos e hipertensos estágio 1 de alto RCV ou com DCV estabelecida ou equivalente. Se HAS estágio 1 com RCV baixo ou moderado, adotar MEV e aguardar 3 a 6 meses para o efeito. Se não houver controle da PA, iniciar tratamento farmacológico. Em todos os hipertensos estágio 2 ou 3, independente do RCV. Fármacos de primeira linha: IECA, BRA, tiazídicos e BCC. Os benefícios dos beta-bloqueadores são menores se comparados aos demais grupos, por isso são reservados para situações específicas. IECA captopril, ramipril, enalapril. Bloqueiam o SRAA ao inibir a ação da ECA no processo de conversão da angiotensina I para II. Retardam a progressão da nefropatia, principalmente em diabéticos. Parece ter menos efeito hipotensor que diuréticos e BCC, especialmente em negros. Causa tosse seca pelo aumento de bradicinina. Pode causar hipercalemia e piora transitória da função renal. Contraindicado para gestantes. Não deve ser associado com BRA! Indicação: ICFER, HVE (hipertrofia ventricular esquerda), pós- IAM, nefropatia, DM. Contraindicação: TFG 30mL/min, K 5,5, gravidez. BRA losartana, valsartana. Ligam-se aos receptores de angiotensina II, impedindo sua ação e, dessa forma, bloqueando o ciclo do SRAA. Retardam a progressão da nefropatia, principalmente em diabéticos. Hipertensão Arterial Sistêmica 6 Parece ter menos efeito hipotensor que diuréticos e BCC, especialmente em negros. Causa tosse seca pelo aumento de bradicinina. Pode causar hipercalemia e piora transitória da função renal. Contraindicado para gestantes. Não deve ser associado com IECA! Indicação: ICFER, HVE, pós-IAM, nefropatia, DM, gota. Contraindicação: TFG 30mL/min, K 5,5, gravidez. Tiazídicos: hidroclorotiazida e clortalidona. Inibem o transporte de Na e Cl para dentro da célula nos TCD. Reduz a RVP. Não devem ser usados em pacientes com função renal ruim, por ter ação reduzida. Devem ser evitados em pacientes com gota, pois seu uso pode aumentar os níveis séricos de ácido úrico. Indicação: pós-menopausa (melhora DMO, reduz excreção de Ca). Contraindicação: hiponatremia, hipocalemia, gota. Pode causar intolerância à glicose. BCC reduzem a RVP através da diminuição dos níveis intracelulares de Ca nas células musculares das arteríolas. Di-idropiridínicos: anlodipino, nifedipino. Mais vasosseletivos. Podem causar edema de MMII (benefício se associado com IECA e cefaleia. Indicação: angina, HSI (hipertensão sistólica isolada). Contraindicação: ICFER. Não di-idropiridínicos: verapamil e diltiazem. Efeito bradicardizante, podendo deprimir a função sistólica e tem menor efeito vasodilatador. Contraindicados para pacientes com ICC. Indicação: arrtimia,miocardiopatia hipertrófica. Contraindicação: ICFER, evitar uso com beta-bloqueador. Hipertensão Arterial Sistêmica 7 Fármacos de segunda linha: não há boa evidência científica sobre benefício em desfechos CV. Beta-bloqueadores: atenolol, propanolol, metropolol. Indicação: angina, hipertireoidismo, ICFER, enxaqueca, tremor essencial. Escolha inicial para dissecção aguda de aorta. Contraindicação: bradiarritmia, broncoespasmo. Pode causar intolerância à glicose e dislipidemia. Diuréticos de alça: furosemida. Indicação: TFG 30mL/min, IC, edema. Contraindicação: hipocalemia, hiponatremia, hipomagnesemia. Diuréticos antagonistas da aldosterona: espironolactona, eplerenona. Indicações: ICFER, hiperaldosteronismo primário. Adicionar, se HAS resistente. Contraindicações: hipercalemia. Pode causar ginecomastia. Alfa-1-bloqueadores: doxazosina, prazosina. Indicações: hiperplasia prostática benigna. Contraindicações: pode causar hipotensão postural. Alfa-2-agonistas centrais: clonidina, metildopa. Indicações: hiperatividade simpática, abstinência alcóolica, gravidez. Efeitos colaterais: sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural, disfunção erétil, anemia hemolítica (metildopa). Vasodilatadores diretos: hidralazina, minoxidil. Indicações: podem ser usados na IRC. Efeitos colaterais: hidralazina pode causar cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like. Minoxidil pode causar hirsutismo e derrame pericárdico. Inibidor da renina: alisquireno. Hipertensão Arterial Sistêmica 8 Contraindicação: gravidez. Evitar uso com IECA ou BRA. A terapia farmacológica inicial deve seguir os seguintes princípios: Monoterapia: pacientes com HAS estágio 1 e RCV baixo ou moderado. Terapia combinada: pacientes com HAS estágio 1 com RCV alto e todos os hipertensos estágio 2 e 3. Se estágio 1 com RCV alto ou estágio 2 ou 3, iniciar tratamento não farmacológico 2 classes diferentes em doses baixas. Se não houver melhora ou tiver efeitos colaterais, aumentar a dose OU associar mais uma droga OU trocar a medicação. Se não houver melhora, acrescentar outros anti-hipertensivos. Em caso de crianças e adolescentes, a terapia farmacológica deve ser iniciada se HAS sintomática, HAS secundária, presença de LOA, DM 1 ou 2, DRC e HAS persistente não responsiva à terapia não farmacológica. A utilização de todas as classes de anti-hipertensivos parece segura, devendo-se ajustar a dose pelo peso.
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