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FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM VISUAL AULA 5 Prof. André Luiz Pinto dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula abordaremos o tema do ritmo como um dos elementos da linguagem visual e como ele se relaciona e está presente nas artes sequenciais. No segundo tema, veremos o movimento e como ele é percebido nas imagens estáticas. Já no terceiro tema será explicado como acontece a organização e espaço nas artes visuais e principalmente nas artes sequenciais. No Tema 4, o conceito de arte sequencial é aprofundado, apresentando também um breve relato histórico. Para finalizar a aula, o Tema 5 demonstrará como os diferentes planos de visão interferem na compreensão e na percepção visual das artes sequenciais, principalmente nas histórias em quadrinhos. TEMA 1 – RITMO Antes de se definirmos propriamente o tema do ritmo, é fundamental compreender que a linguagem visual é tida como a forma mais pura da forma de arte sequencial, porque, ao lidar com a narração, procura empregar como linguagem uma mistura de letras e imagens (Eisner, 1989). O termo arte sequencial foi proposto por Will Eisner, na sua obra Comics and Sequential Art em 1985, com o intuito de conceituar as diferentes formas de arte que utilizam de imagens empregadas em uma ordem com o objetivo de criar uma narrativa gráfica. Um dos exemplos mais conhecidos dessa modalidade são as histórias em quadrinhos, assim como as animações ou storyboards. Por esse motivo, entender os diferentes elementos da linguagem visual e como se relacionam com as artes sequenciais tem grande importância para o conhecimento acadêmico. Já a respeito do ritmo, segundo a definição do dicionário Michaelis Online (2020), trata-se da “Correlação e disposição harmoniosa, espacial e/ou temporal, entre as partes de uma obra, de uma atividade artística”. Ou seja, nas artes visuais, o ritmo é a expressão de movimento dada pela repetição de alguns elementos. É um dos elementos intelectuais da composição visual. Entende-se como elementos intelectuais aqueles que são percebidos na composição, não sendo analisados de maneira isolada, como o ponto, a linha, a forma, a cor. Como exemplos de elementos intelectuais temos o ritmo, o movimento e a unidade. Rocha (2009) afirma que a repetição periódica de um elemento compositivo (ponto, linha ou cor) gera o ritmo. 3 Como tipos de ritmos temos o por repetição, que ocorre quando o elemento se repete, como exemplificado na Figura 1, em que a forma de quadrados vermelhos se repetem, gerando a figura de uma seta: Figura 1 – Representação do tipo de ritmo por repetição Crédito: Tavi/Shutterstock. O ritmo do tipo crescente acontece como na Figura 2, quando as formas ou cores se repetem e vão crescendo progressivamente. Figura 2 – Representação do tipo de ritmo crescente Crédito: Zhiltsov Alexandr/Shutterstock. Já o ritmo do tipo decrescente, conforme o nome sugere, acontece como na Figura 3, quando as formas ou cores se repetem e diminuem gradativamente. Figura 3 – Representação do tipo de ritmo decrescente Crédito: SAD44/Shutterstock. 4 Além dos já citados, tem-se ainda o ritmo alternado, que acontece quando as formas se repetem regularmente de maneira alternada. A progressão é mais um tipo de ritmo que ocorre com o aumento gradual de uma ou mais formas da composição visual. Além das formas, o ritmo pode ser alcançado por meio dos outros elementos das artes visuais, como linhas, ponto, cores, contraste, entre outros. O ritmo da composição é um fator determinante no interesse visual da obra. É a sucessão e harmonia de valores visuais: linhas, formas, espaço, claro-escuro, cor, dimensão, movimento e equilíbrio. O ritmo está presente na composição quando as formas e os seus tamanhos mantêm uma relação harmônica entre si. (Rocha, 2009, p. 52) Nas artes sequenciais como nas histórias em quadrinhos, o ritmo pode ser tido pelas trajetórias das linhas, variando entre interrompidas, mais grossas, mais finas, em espiral, mais curtas ou mais longas. Na Figura 4, por meio da obra de Roy Liechtenstein que valorizou as histórias em quadrinhos, muito consumidas nas décadas de 50 e 60 do século XX, pode-se perceber esse elemento: o artista coloca ritmo na obra por meio da intensidade expressa com a figura da mulher assustada. Observe que nesse desenho é possível notar a repetição de elementos da linguagem visual (pontos, linhas, cores). Apesar de não utilizar de palavras para se comunicar, é possível notar o ritmo intenso que o artista retratou. Figura 4 – Obra de Roy Liechtenstein Crédito: Art Villone/Shutterstock. De acordo com Rocha (2009), a interpretação do ritmo se baseia em aumento de alguns aspectos do natural, redução ou supressão, que podem ser de tamanho, cor, de linha, de forma ou de luz. A utilização do ritmo pode estabelecer texturas e padrões e também criar a sensação de movimento, que será abordado na sequência. 5 TEMA 2 – MOVIMENTO Com base em Gomes Filho (2008), qualquer imagem visual que apresente os objetos por meio de qualidades perceptivas, como espaço, superfície, direção e outras, dará impressão de movimento. Um dos elementos constitutivos que dá a sensação de movimento a uma imagem é a linha, uma vez que ela desloca o olhar do observador durante a visualização da obra. Para que isso ocorra, o olhar deve percorrer uma dimensão apenas, ou altura, ou largura ou profundidade. Derdik (2004) complementa que, no caso de uma imagem estática, representar o movimento se torna uma tarefa complexa, mas que as utilizações de algumas técnicas auxiliam nesse processo. As diferentes disposições das linhas causam diferentes sensações. Rocha (2009) complementa que as linhas horizontais trazem a sensação de estabilidade e equilíbrio, uma vez que os movimentos conhecidos se dão em um plano horizontal. Já as linhas verticais sugerem um movimento ascendente, de elevação. As linhas inclinadas também dão a impressão de elevação, mas também de algo instável. Na Figura 5 pode-se observar na prática a aplicação de linhas dando a percepção de movimento, mesmo que em uma imagem estática. Esse é um recurso bastante empregado nas artes sequenciais como as histórias em quadrinhos. Ao analisar a imagem, observa-se linhas inclinadas que sugerem um movimento parecido com um chute. Conforme Rocha (2009) as linhas inclinadas sugerem elevação, movimento ascendente. Figura 5 – Homem chutando um balão Crédito: Studiostoks/Shutterstock. Outro recurso utilizado nas histórias em quadrinhos é a utilização das onomatopeias, isto é, o processo de formação de uma palavra que imita 6 aproximadamente o som do que significa e que auxiliam a representar o movimento (Rocha, 2009). Além de linhas retas ou inclinadas, linhas curvas também tendem a promover a percepção de movimento. Na Figura 6, além do uso de onomatopeia, as linhas curvas sugerem um movimento de um golpe, forte e veloz. Outro ponto importante a se considerar é que a perspectiva, como visto anteriormente, também auxilia nesta percepção. No caso da Figura 6, pela perspectiva adotada é possível identificar, mesmo que em uma imagem estática e bidimensional, que um personagem está mais à frente do que o outro, assim como um deles está sendo representado caindo. Figura 6 – Herói golpeando Crédito: Durantelallera/Shutterstock. Outro exemplo do movimento nas artes sequenciais é por meio da animação e do uso dos storyboards. Solomon (1987) afirma que a animação está baseada na passagem sequencial das fotografias de desenhos estáticos que geram a ilusão de movimento. As cenas quando são semelhantes e vistas em sequência geram a ideia de movimento. Amaral (2010) afirma que o storyboard herda as características das histórias em quadrinhos, comuns em jornais e revistas. Mesmo que tenha havido evoluçõestécnicas na construção dos storyboards, “apresentar uma proposta gráfica que se aproxime ao máximo do que se trata e como se deseja expressar determinada história segue sendo essencial e ainda resgata a linguagem do desenho e da HQ” (Fischer, 2010, p. 56). 7 Sabe-se que o uso do storyboard está atrelado ao fato de narrar-se visualmente uma história ou um acontecimento em uma sequência lógica, ou seja, compreende uma disposição de elementos visuais que representam uma narrativa no tempo. São ilustrações exibidas em sequência com a finalidade de pré-visualização: O storyboard é essencialmente uma grande história em quadrinhos do filme ou de parte dele, produzida com antecedência para ajudar os diretores e cineastas a visualizar as cenas e a encontrar potenciais problemas antes que eles ocorram. (Leslie, 2006, p. 159) Outra técnica prática que se pode citar é a utilização do flipbook, aqui representado na Figura 7, em que basicamente são feitos vários desenhos sequenciados, em folhas de um pequeno bloco com pequenas variações para ter a percepção de movimento. Figura 7 – Flipbook Crédito: Pavloonka/Shutterstock. Quando se passa as folhas do bloco rapidamente entre os dedos, tem-se a percepção do movimento. De acordo com Arnheim (1997), a percepção está relacionada com a visão e que o ver pode significar mais do que isto, estando diretamente relacionado, por sua vez, com a configuração e o espaço, os quais serão abordados no tema a seguir. 8 TEMA 3 – CONFIGURAÇÃO E ESPAÇO De acordo com Agra (2014), o espaço é percebido visualmente e é apresentado por meio da imagem. Na arte sequencial, que se trata de uma narrativa visual, a configuração, isto é, a maneira como cada imagem é disposta na ordem da leitura, faz com que a sequência de imagens tenha uma relação próxima entre espaço e tempo, “uma vez que o tempo passa a ser percebido espacialmente, sendo estas dimensões fundamentais para a construção de uma narrativa” (Agra, 2014, p. 5). Dessa forma, fica evidente que as imagens, na arte sequencial, demonstram o fluxo temporal por meio do uso dos quadrinhos. Como outras modalidades artísticas tradicionalmente exploradas para fins majoritariamente narrativos – as formas audiovisuais e o romance, por exemplo –, as histórias em quadrinhos desenvolveram ferramentas para a configuração do espaço e do tempo. A composição do tempo e do espaço nas narrativas em quadrinhos através da diagramação da página, isto é, a distribuição dos quadros e a distribuição da sarjeta ao seu redor e entre eles, é um dos aspectos mais estudados da linguagem. (Gonçalves, 2017, p. 3-4) Eisner (1989) aponta que a configuração das histórias em quadrinhos apresenta tanto palavras como imagens, e, por consequência, é preciso que o leitor se utilize de habilidade de interpretação, tanto visual como verbal, considerando assim que a leitura de uma história em quadrinho se trata de um ato de percepção estética e esforço intelectual. A relevância dessa estruturação para a composição da continuidade foi apontada por Eisner (1989), contribuindo também com o estabelecimento do contexto, do ritmo e do tom. Conforme Agra (2014, p. 5), “na arte sequencial, as imagens podem demonstrar o fluxo temporal através do uso dos quadrinhos; desta forma, além de definir o espaço, as imagens e os intervalos entre elas criam a impressão de tempo”. A quantidade de quadros pode dar o ritmo à narrativa, ou seja, para acontecimentos em um espaço curto de tempo se utiliza de uma quantidade menor de quadros, já em um evento mais segmentado, ou quando se pretende dar um tom de suspense com uma passagem de tempo lenta, se utiliza de mais quadros. O formato do quadro também tem relação com a percepção do tempo; um quadrinho longo dá a conotação de uma ação longa, ao passo que um quadro pequeno sugere o inverso, como pode se observar na Figura 8. 9 Figura 8 – Exemplo de história em quadrinhos Crédito: Igor Zakowski/Shutterstock. Outro ponto apontado que contribui com a configuração e com o espaço na arte sequencial é a organização dos elementos da imagem com base no enquadramento, uma vez que a maneira como a cena é percebida visualmente pelo leitor tem influência direta com as reações da história (Agra, 2014). Ao olhar uma cena de cima, o espectador tem uma sensação de pequenez, que estimula uma sensação de medo. O formato do quadrinho em combinação com a perspectiva provoca reações porque somos receptivos ao ambiente. Um quadrinho estreito evoca uma sensação de encurralamento, de confinamento, ao passo que um quadrinho largo sugere abundância de espaço para movimento – ou fuga. Trata-se de sentimentos primitivos profundamente arraigados e que entram em jogo quando acionados adequadamente (Eisner, 1989, p. 89). Esse recurso tem fundamental importância na narrativa da arte sequencial. Para compreender melhor o que se conhece e entende como arte sequencial, o tema a seguir apresentará seu conceito e quais são suas principais aplicações práticas, além das histórias em quadrinhos já mencionadas. 10 TEMA 4 – ARTE SEQUENCIAL A arte sequencial pode ser conhecida também por outros nomes, tais como narrativa visual, narrativa gráfica, narrativa pictórica, narrativa sequencial, ilustração narrativa, entre outros. É tida como uma expressão de arte que se utiliza de imagens sequenciadas para criar uma história para narração gráfica ou simplesmente para transmitir informações, como nas tirinhas de jornais. Como já foi exposto, o exemplo prático mais conhecido da arte sequencial são as histórias em quadrinhos, nas quais se utiliza imagens, desenhos, elementos das artes visuais e textos. Arte sequencial [...] se refere à modalidade artística que usa o encadeamento de imagens em sequência para contar uma história ou transmitir uma informação graficamente. O melhor exemplo de arte sequencial são as histórias em quadrinhos – HQs, que são composições impressas de desenhos e textos utilizando balões de diálogo, especificamente em revistas em quadrinhos e nas tirinhas de jornais. (Dansa, 2013, s.p.) A arte sequencial também pode ser encontrada em outras expressões artísticas, como filmes, animações ou storyboards, como já mencionado. Outro ponto fundamental de se compreender é que a arte sequencial surgiu milênios antes das histórias em quadrinhos. Dansa (2013, s.p.) afirma que “os primeiros exemplos, depois das pinturas das cavernas, são os hieróglifos egípcios, pinturas e imagens dos americanos pré-colombianos”. As pinturas rupestres (Figura 9) foram uma das primeiras formas de comunicação gráfica, assim como os hieróglifos egípcios, que codificavam as imagens em símbolos que se repetiam e eram fáceis de se reproduzir. Figura 9 – Exemplo de pintura rupestre Crédito: Enrique Alaez/Shutterstock. 11 Outro exemplo de arte sequencial que antecede as histórias em quadrinhos são os artistas gregos que usavam baixos-relevos e vasos como meios de contar histórias. “As colunas de Roma e Trajano, produzidas em 113 a.C., são um antigo exemplo sobrevivente de narrativa contada por meio de imagens em sequência” (Dansa, 2013, s.p.). Na Figura 10 é possível observar a utilização de relevos para criar uma sequência de imagens na coluna. Figura 10 – Coluna de Trajano em Roma Crédito: Fotoecho_Com/Shutterstock. Seguindo a linha histórica, os quadrinhos se tornaram popular após a invenção da impressão, estando presentes nas páginas de jornais e revistas no final do século XIX, ao lado do cinema e animação, que surgiram como consequência do surgimento da fotografia. A invenção da imprensa estabeleceu a separação entre palavras e imagens; cada qual requeria modos específicos de reprodução. Os primeiros impressos se concentravam em assuntos religiosos, mas ao longo dos séculos XVII e XVIII começaram a ser abordados aspectos políticose da vida social. Com isso vieram a sátira e a caricatura. Foi ainda nesse período que os balões de diálogo foram desenvolvidos, a fim de atribuir fala às figuras [...] os quadrinhos foram um produto resultante da invenção da imprensa. Como modalidade artística, eles se estabeleceram somente no final do século XIX e começo do XX, ao lado de formas similares que resultavam da invenção da fotografia, como a animação e o cinema. Esses três gêneros dividem algumas convenções, mais perceptíveis pela junção de imagens e palavras e todas três devem parte das suas convenções aos avanços tecnológicos da revolução industrial. (Dansa, 2013, s.p.) Na prática, Eisner (1989) defende que o visual é a forma mais pura da arte sequencial, pois lida com a narração e procura empregar como linguagem um misto de imagens e letras. Agra (2014, p. 10) considera que a arte sequencial 12 apresenta também uma “possibilidade de acentuar a importância da compreensão do universo visual”, uma vez que a quantidade de possibilidades narrativas e estéticas que ela promove são inúmeras. Como já foi visto, os elementos estruturais que compõem a arte sequencial são vários, o que contribui com o processo de construção para uma linguagem própria baseada no uso da arte sequencial. Para finalizar, será apresentado como os diferentes planos e ângulos de visão contribuem para a construção da arte sequencial, e especificamente das histórias em quadrinhos. TEMA 5 – PLANOS DE VISÃO Ao pensar em planos e ângulos de visão relacionados com a arte sequencial, é importante compreender que esses três elementos contribuem para o enquadramento das cenas que são retratadas. De acordo com Aumont (1993, p.153), A palavra enquadramento e o verbo enquadrar aparecem [...] para designar o processo mental e material [...] pelo qual se chega a uma imagem que contém determinado campo visto sob determinado ângulo e com determinados limites exatos. Agra (2014) afirma que o enquadramento é um dos recursos que são usados para que os momentos importantes de determinada história sejam transmitidos para quem a lê – assim como a sequência de imagens também segue uma lógica espacial e temporal. Já Eisner (1989) explica que a disposição das imagens dentro dos quadrinhos junto com a representação dos elementos se tornam a gramática básica pela qual se constrói a narrativa. Na narração visual a tarefa do escritor/artista é registrar um fluxo contínuo de experiências e mostrá-lo como pode ser visto a partir dos olhos do leitor. Isso é feito arbitrariamente, dividindo-se o fluxo ininterrupto em segmentos de cenas “congeladas”, encerradas num quadrinho. (Eisner, 1989) O uso do enquadramento tem a utiidade de causar um impacto visual, o que sugere pontos de vistas ou planos visuais de maneira que podem desencadear reações e emoções ao leitor. A respeito dos planos visuais, Castro (2015, p. 25) considera que são pontos de vista inseridos na narrativa gráfica pelo autor: “Os planos visuais, nos quadrinhos, são usados para ressaltar cenas e detalhes da história, focando nos pormenores do cenário ou dos personagens”. 13 Cagnin (2014) acredita que sua utilização e diversificação criam uma dinâmica para a história a ser contada. De acordo com Cagnin (2014), os planos, na arte sequencial das histórias em quadrinhos, podem ser dividos em: • Plano em grande detalhe ou pormenor (close): utilizado para criar intensidade à narrativa e normalmente envolve parte do rosto de um personagem ou de um objeto; Figura 11 – Exemplo de plano em grande detalhe Crédito: Durantelallera/Shutterstock. • Primeiro plano: apresenta apenas a cabeça do personagem até a altura dos ombros; Figura 11 – Exemplo de primeiro plano Crédito: Studiostoks/Shutterstock. 14 • Plano aproximado: normalmente utilizado em cenas com diálogos e apresenta em detalhes algumas características da fisionomia para facilitar a percepção das expressões faciais dos personagens; Figura 12 – Exemplo de plano aproximado Crédito: Topilskaya/Shutterstock. • Plano americano: o personagem é enquadrado do joelho para cima; Figura 13 – Exemplo de Plano Americano Crédito: Studiostoks/Shutterstock. • Plano de conjunto: utilizado quando o artista pretende exibir o personagem de corpo inteiro e com o cenário mínimo, dando destaque principal ao personagem que está inserido no quadrinho; 15 Figura 14 – Exemplo de plano de conjunto Crédito: Malchev/Shutterstock. • Plano panorâmico: engloba não apenas os personagens, mas também o cenário, sendo utilizado quando o artista quer mostrar a localização da cena, ou seja, onde acontece a ação do quadrinho; Figura 15 – Exemplo de plano panorâmico Crédito: Malchev/Shutterstock. • Plano plongué: com a visão do alto para baixo, ou seja, está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também é usado em uma visão 16 geográfica com o intuito de localizar os pontos do espaço mostrados na cena. Figura 16 – Exemplo de plano plongué Crédito: Lana Stem/Shutterstock. • Plano contra-plongué: com a visão de baixo para cima, podendo ser usado quando se pretende, por exemplo, mostrar o tamanho de prédios ou então expressar o medo de um personagem quando se sente ameaçado por outro. Figura 17 – Exemplo de plano contra-plongué Crédito: Rimanya/Shutterstock. 17 NA PRÁTICA Agora é a sua vez! Que tal verificar se você compreendeu como elaborar imagens com base em diferentes planos de visão? Para isso, solicite que algum conhecido ou amigo pose para você tirar fotos. Escolha diferentes planos de visão e, depois de tiradas, compare cada foto e veja o resultado. FINALIZANDO Nesta aula, foi abordado o tema do ritmo como um dos principais elementos da linguagem visual, sendo verificada a sua pertinência em relação às artes sequenciais. Também vimos a maneira como nós, seres humanos, percebemos o “movimento”, seja no cotidiano ou em imagens estáticas. O espaço foi outro elemento das artes visuais que teve sua organização comentada nesta aula, em especial a sua relação com as artes sequenciais. Um breve histórico da arte sequencial foi apresentado, assim como vimos como os diferentes planos de visão podem interferir na leitura de imagens próprias das artes sequenciais. Com isso, espera-se que esses elementos venham a corroborar para maior fluência da linguagem visual, seja em aspectos de análise de produtos visuais já elaborados, seja para a produção de novos materiais gráficos. 18 REFERÊNCIAS AGRA, S. L. L; FIGUEIREDO JÚNIOR, P. M. de A arte de sequenciar imagens: apontamentos sobre o processo de criação na Arte Sequencial. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, João Pessoa, 15 a 17 maio 2014. AMARAL, M. 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