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FUNDAMENTOS DA 
LINGUAGEM VISUAL 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. André Luiz Pinto dos Santos 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula abordaremos o tema do ritmo como um dos elementos da 
linguagem visual e como ele se relaciona e está presente nas artes sequenciais. 
No segundo tema, veremos o movimento e como ele é percebido nas imagens 
estáticas. Já no terceiro tema será explicado como acontece a organização e 
espaço nas artes visuais e principalmente nas artes sequenciais. No Tema 4, o 
conceito de arte sequencial é aprofundado, apresentando também um breve 
relato histórico. Para finalizar a aula, o Tema 5 demonstrará como os diferentes 
planos de visão interferem na compreensão e na percepção visual das artes 
sequenciais, principalmente nas histórias em quadrinhos. 
TEMA 1 – RITMO 
Antes de se definirmos propriamente o tema do ritmo, é fundamental 
compreender que a linguagem visual é tida como a forma mais pura da forma de 
arte sequencial, porque, ao lidar com a narração, procura empregar como 
linguagem uma mistura de letras e imagens (Eisner, 1989). 
O termo arte sequencial foi proposto por Will Eisner, na sua obra Comics 
and Sequential Art em 1985, com o intuito de conceituar as diferentes formas de 
arte que utilizam de imagens empregadas em uma ordem com o objetivo de criar 
uma narrativa gráfica. Um dos exemplos mais conhecidos dessa modalidade são 
as histórias em quadrinhos, assim como as animações ou storyboards. Por esse 
motivo, entender os diferentes elementos da linguagem visual e como se 
relacionam com as artes sequenciais tem grande importância para o 
conhecimento acadêmico. 
Já a respeito do ritmo, segundo a definição do dicionário Michaelis Online 
(2020), trata-se da “Correlação e disposição harmoniosa, espacial e/ou temporal, 
entre as partes de uma obra, de uma atividade artística”. Ou seja, nas artes 
visuais, o ritmo é a expressão de movimento dada pela repetição de alguns 
elementos. É um dos elementos intelectuais da composição visual. 
Entende-se como elementos intelectuais aqueles que são percebidos na 
composição, não sendo analisados de maneira isolada, como o ponto, a linha, a 
forma, a cor. Como exemplos de elementos intelectuais temos o ritmo, o 
movimento e a unidade. Rocha (2009) afirma que a repetição periódica de um 
elemento compositivo (ponto, linha ou cor) gera o ritmo. 
 
 
3 
Como tipos de ritmos temos o por repetição, que ocorre quando o 
elemento se repete, como exemplificado na Figura 1, em que a forma de 
quadrados vermelhos se repetem, gerando a figura de uma seta: 
Figura 1 – Representação do tipo de ritmo por repetição 
 
Crédito: Tavi/Shutterstock. 
O ritmo do tipo crescente acontece como na Figura 2, quando as formas 
ou cores se repetem e vão crescendo progressivamente. 
Figura 2 – Representação do tipo de ritmo crescente 
 
Crédito: Zhiltsov Alexandr/Shutterstock. 
Já o ritmo do tipo decrescente, conforme o nome sugere, acontece como 
na Figura 3, quando as formas ou cores se repetem e diminuem gradativamente. 
Figura 3 – Representação do tipo de ritmo decrescente 
 
Crédito: SAD44/Shutterstock. 
 
 
4 
Além dos já citados, tem-se ainda o ritmo alternado, que acontece quando 
as formas se repetem regularmente de maneira alternada. A progressão é mais 
um tipo de ritmo que ocorre com o aumento gradual de uma ou mais formas da 
composição visual. Além das formas, o ritmo pode ser alcançado por meio dos 
outros elementos das artes visuais, como linhas, ponto, cores, contraste, entre 
outros. 
O ritmo da composição é um fator determinante no interesse visual da 
obra. É a sucessão e harmonia de valores visuais: linhas, formas, 
espaço, claro-escuro, cor, dimensão, movimento e equilíbrio. O ritmo 
está presente na composição quando as formas e os seus tamanhos 
mantêm uma relação harmônica entre si. (Rocha, 2009, p. 52) 
Nas artes sequenciais como nas histórias em quadrinhos, o ritmo pode 
ser tido pelas trajetórias das linhas, variando entre interrompidas, mais grossas, 
mais finas, em espiral, mais curtas ou mais longas. Na Figura 4, por meio da 
obra de Roy Liechtenstein que valorizou as histórias em quadrinhos, muito 
consumidas nas décadas de 50 e 60 do século XX, pode-se perceber esse 
elemento: o artista coloca ritmo na obra por meio da intensidade expressa com 
a figura da mulher assustada. Observe que nesse desenho é possível notar a 
repetição de elementos da linguagem visual (pontos, linhas, cores). Apesar de 
não utilizar de palavras para se comunicar, é possível notar o ritmo intenso que 
o artista retratou. 
Figura 4 – Obra de Roy Liechtenstein 
 
Crédito: Art Villone/Shutterstock. 
De acordo com Rocha (2009), a interpretação do ritmo se baseia em 
aumento de alguns aspectos do natural, redução ou supressão, que podem ser 
de tamanho, cor, de linha, de forma ou de luz. A utilização do ritmo pode 
estabelecer texturas e padrões e também criar a sensação de movimento, que 
será abordado na sequência. 
 
 
5 
TEMA 2 – MOVIMENTO 
Com base em Gomes Filho (2008), qualquer imagem visual que apresente 
os objetos por meio de qualidades perceptivas, como espaço, superfície, direção 
e outras, dará impressão de movimento. Um dos elementos constitutivos que dá 
a sensação de movimento a uma imagem é a linha, uma vez que ela desloca o 
olhar do observador durante a visualização da obra. Para que isso ocorra, o olhar 
deve percorrer uma dimensão apenas, ou altura, ou largura ou profundidade. 
Derdik (2004) complementa que, no caso de uma imagem estática, 
representar o movimento se torna uma tarefa complexa, mas que as utilizações 
de algumas técnicas auxiliam nesse processo. As diferentes disposições das 
linhas causam diferentes sensações. Rocha (2009) complementa que as linhas 
horizontais trazem a sensação de estabilidade e equilíbrio, uma vez que os 
movimentos conhecidos se dão em um plano horizontal. Já as linhas verticais 
sugerem um movimento ascendente, de elevação. As linhas inclinadas também 
dão a impressão de elevação, mas também de algo instável. 
Na Figura 5 pode-se observar na prática a aplicação de linhas dando a 
percepção de movimento, mesmo que em uma imagem estática. Esse é um 
recurso bastante empregado nas artes sequenciais como as histórias em 
quadrinhos. Ao analisar a imagem, observa-se linhas inclinadas que sugerem 
um movimento parecido com um chute. Conforme Rocha (2009) as linhas 
inclinadas sugerem elevação, movimento ascendente. 
Figura 5 – Homem chutando um balão 
 
Crédito: Studiostoks/Shutterstock. 
Outro recurso utilizado nas histórias em quadrinhos é a utilização das 
onomatopeias, isto é, o processo de formação de uma palavra que imita 
 
 
6 
aproximadamente o som do que significa e que auxiliam a representar o 
movimento (Rocha, 2009). 
Além de linhas retas ou inclinadas, linhas curvas também tendem a 
promover a percepção de movimento. Na Figura 6, além do uso de onomatopeia, 
as linhas curvas sugerem um movimento de um golpe, forte e veloz. Outro ponto 
importante a se considerar é que a perspectiva, como visto anteriormente, 
também auxilia nesta percepção. No caso da Figura 6, pela perspectiva adotada 
é possível identificar, mesmo que em uma imagem estática e bidimensional, que 
um personagem está mais à frente do que o outro, assim como um deles está 
sendo representado caindo. 
Figura 6 – Herói golpeando 
 
Crédito: Durantelallera/Shutterstock. 
Outro exemplo do movimento nas artes sequenciais é por meio da 
animação e do uso dos storyboards. Solomon (1987) afirma que a animação está 
baseada na passagem sequencial das fotografias de desenhos estáticos que 
geram a ilusão de movimento. As cenas quando são semelhantes e vistas em 
sequência geram a ideia de movimento. 
Amaral (2010) afirma que o storyboard herda as características das 
histórias em quadrinhos, comuns em jornais e revistas. Mesmo que tenha havido 
evoluçõestécnicas na construção dos storyboards, “apresentar uma proposta 
gráfica que se aproxime ao máximo do que se trata e como se deseja expressar 
determinada história segue sendo essencial e ainda resgata a linguagem do 
desenho e da HQ” (Fischer, 2010, p. 56). 
 
 
7 
Sabe-se que o uso do storyboard está atrelado ao fato de narrar-se 
visualmente uma história ou um acontecimento em uma sequência lógica, ou 
seja, compreende uma disposição de elementos visuais que representam uma 
narrativa no tempo. São ilustrações exibidas em sequência com a finalidade de 
pré-visualização: 
O storyboard é essencialmente uma grande história em quadrinhos do 
filme ou de parte dele, produzida com antecedência para ajudar os 
diretores e cineastas a visualizar as cenas e a encontrar potenciais 
problemas antes que eles ocorram. (Leslie, 2006, p. 159) 
Outra técnica prática que se pode citar é a utilização do flipbook, aqui 
representado na Figura 7, em que basicamente são feitos vários desenhos 
sequenciados, em folhas de um pequeno bloco com pequenas variações para ter 
a percepção de movimento. 
Figura 7 – Flipbook 
 
Crédito: Pavloonka/Shutterstock. 
Quando se passa as folhas do bloco rapidamente entre os dedos, tem-se 
a percepção do movimento. De acordo com Arnheim (1997), a percepção está 
relacionada com a visão e que o ver pode significar mais do que isto, estando 
diretamente relacionado, por sua vez, com a configuração e o espaço, os quais 
serão abordados no tema a seguir. 
 
 
 
8 
TEMA 3 – CONFIGURAÇÃO E ESPAÇO 
De acordo com Agra (2014), o espaço é percebido visualmente e é 
apresentado por meio da imagem. Na arte sequencial, que se trata de uma 
narrativa visual, a configuração, isto é, a maneira como cada imagem é disposta 
na ordem da leitura, faz com que a sequência de imagens tenha uma relação 
próxima entre espaço e tempo, “uma vez que o tempo passa a ser percebido 
espacialmente, sendo estas dimensões fundamentais para a construção de uma 
narrativa” (Agra, 2014, p. 5). Dessa forma, fica evidente que as imagens, na arte 
sequencial, demonstram o fluxo temporal por meio do uso dos quadrinhos. 
Como outras modalidades artísticas tradicionalmente exploradas para 
fins majoritariamente narrativos – as formas audiovisuais e o romance, 
por exemplo –, as histórias em quadrinhos desenvolveram ferramentas 
para a configuração do espaço e do tempo. A composição do tempo e 
do espaço nas narrativas em quadrinhos através da diagramação da 
página, isto é, a distribuição dos quadros e a distribuição da sarjeta ao 
seu redor e entre eles, é um dos aspectos mais estudados da 
linguagem. (Gonçalves, 2017, p. 3-4) 
Eisner (1989) aponta que a configuração das histórias em quadrinhos 
apresenta tanto palavras como imagens, e, por consequência, é preciso que o 
leitor se utilize de habilidade de interpretação, tanto visual como verbal, 
considerando assim que a leitura de uma história em quadrinho se trata de um 
ato de percepção estética e esforço intelectual. A relevância dessa estruturação 
para a composição da continuidade foi apontada por Eisner (1989), contribuindo 
também com o estabelecimento do contexto, do ritmo e do tom. 
 Conforme Agra (2014, p. 5), “na arte sequencial, as imagens podem 
demonstrar o fluxo temporal através do uso dos quadrinhos; desta forma, além 
de definir o espaço, as imagens e os intervalos entre elas criam a impressão de 
tempo”. A quantidade de quadros pode dar o ritmo à narrativa, ou seja, para 
acontecimentos em um espaço curto de tempo se utiliza de uma quantidade 
menor de quadros, já em um evento mais segmentado, ou quando se pretende 
dar um tom de suspense com uma passagem de tempo lenta, se utiliza de mais 
quadros. O formato do quadro também tem relação com a percepção do tempo; 
um quadrinho longo dá a conotação de uma ação longa, ao passo que um quadro 
pequeno sugere o inverso, como pode se observar na Figura 8. 
 
 
 
9 
Figura 8 – Exemplo de história em quadrinhos 
 
Crédito: Igor Zakowski/Shutterstock. 
Outro ponto apontado que contribui com a configuração e com o espaço 
na arte sequencial é a organização dos elementos da imagem com base no 
enquadramento, uma vez que a maneira como a cena é percebida visualmente 
pelo leitor tem influência direta com as reações da história (Agra, 2014). 
Ao olhar uma cena de cima, o espectador tem uma sensação de 
pequenez, que estimula uma sensação de medo. O formato do 
quadrinho em combinação com a perspectiva provoca reações porque 
somos receptivos ao ambiente. Um quadrinho estreito evoca uma 
sensação de encurralamento, de confinamento, ao passo que um 
quadrinho largo sugere abundância de espaço para movimento – ou 
fuga. Trata-se de sentimentos primitivos profundamente arraigados e 
que entram em jogo quando acionados adequadamente (Eisner, 1989, 
p. 89). 
Esse recurso tem fundamental importância na narrativa da arte 
sequencial. Para compreender melhor o que se conhece e entende como arte 
sequencial, o tema a seguir apresentará seu conceito e quais são suas principais 
aplicações práticas, além das histórias em quadrinhos já mencionadas. 
 
 
 
10 
TEMA 4 – ARTE SEQUENCIAL 
 A arte sequencial pode ser conhecida também por outros nomes, tais 
como narrativa visual, narrativa gráfica, narrativa pictórica, narrativa sequencial, 
ilustração narrativa, entre outros. É tida como uma expressão de arte que se 
utiliza de imagens sequenciadas para criar uma história para narração gráfica ou 
simplesmente para transmitir informações, como nas tirinhas de jornais. Como 
já foi exposto, o exemplo prático mais conhecido da arte sequencial são as 
histórias em quadrinhos, nas quais se utiliza imagens, desenhos, elementos das 
artes visuais e textos. 
Arte sequencial [...] se refere à modalidade artística que usa o 
encadeamento de imagens em sequência para contar uma história ou 
transmitir uma informação graficamente. O melhor exemplo de arte 
sequencial são as histórias em quadrinhos – HQs, que são 
composições impressas de desenhos e textos utilizando balões de 
diálogo, especificamente em revistas em quadrinhos e nas tirinhas de 
jornais. (Dansa, 2013, s.p.) 
A arte sequencial também pode ser encontrada em outras expressões 
artísticas, como filmes, animações ou storyboards, como já mencionado. Outro 
ponto fundamental de se compreender é que a arte sequencial surgiu milênios 
antes das histórias em quadrinhos. Dansa (2013, s.p.) afirma que “os primeiros 
exemplos, depois das pinturas das cavernas, são os hieróglifos egípcios, 
pinturas e imagens dos americanos pré-colombianos”. 
As pinturas rupestres (Figura 9) foram uma das primeiras formas de 
comunicação gráfica, assim como os hieróglifos egípcios, que codificavam as 
imagens em símbolos que se repetiam e eram fáceis de se reproduzir. 
Figura 9 – Exemplo de pintura rupestre 
 
Crédito: Enrique Alaez/Shutterstock. 
 
 
11 
Outro exemplo de arte sequencial que antecede as histórias em 
quadrinhos são os artistas gregos que usavam baixos-relevos e vasos como 
meios de contar histórias. “As colunas de Roma e Trajano, produzidas em 113 
a.C., são um antigo exemplo sobrevivente de narrativa contada por meio de 
imagens em sequência” (Dansa, 2013, s.p.). Na Figura 10 é possível observar a 
utilização de relevos para criar uma sequência de imagens na coluna. 
Figura 10 – Coluna de Trajano em Roma 
 
Crédito: Fotoecho_Com/Shutterstock. 
 Seguindo a linha histórica, os quadrinhos se tornaram popular após a 
invenção da impressão, estando presentes nas páginas de jornais e revistas no 
final do século XIX, ao lado do cinema e animação, que surgiram como 
consequência do surgimento da fotografia. 
A invenção da imprensa estabeleceu a separação entre palavras e 
imagens; cada qual requeria modos específicos de reprodução. Os 
primeiros impressos se concentravam em assuntos religiosos, mas ao 
longo dos séculos XVII e XVIII começaram a ser abordados aspectos 
políticose da vida social. Com isso vieram a sátira e a caricatura. Foi 
ainda nesse período que os balões de diálogo foram desenvolvidos, a 
fim de atribuir fala às figuras [...] os quadrinhos foram um produto 
resultante da invenção da imprensa. Como modalidade artística, eles 
se estabeleceram somente no final do século XIX e começo do XX, ao 
lado de formas similares que resultavam da invenção da fotografia, 
como a animação e o cinema. Esses três gêneros dividem algumas 
convenções, mais perceptíveis pela junção de imagens e palavras e 
todas três devem parte das suas convenções aos avanços 
tecnológicos da revolução industrial. (Dansa, 2013, s.p.) 
Na prática, Eisner (1989) defende que o visual é a forma mais pura da 
arte sequencial, pois lida com a narração e procura empregar como linguagem 
um misto de imagens e letras. Agra (2014, p. 10) considera que a arte sequencial 
 
 
12 
apresenta também uma “possibilidade de acentuar a importância da 
compreensão do universo visual”, uma vez que a quantidade de possibilidades 
narrativas e estéticas que ela promove são inúmeras. Como já foi visto, os 
elementos estruturais que compõem a arte sequencial são vários, o que contribui 
com o processo de construção para uma linguagem própria baseada no uso da 
arte sequencial. 
Para finalizar, será apresentado como os diferentes planos e ângulos de 
visão contribuem para a construção da arte sequencial, e especificamente das 
histórias em quadrinhos. 
TEMA 5 – PLANOS DE VISÃO 
 Ao pensar em planos e ângulos de visão relacionados com a arte 
sequencial, é importante compreender que esses três elementos contribuem 
para o enquadramento das cenas que são retratadas. De acordo com Aumont 
(1993, p.153), 
A palavra enquadramento e o verbo enquadrar aparecem [...] para 
designar o processo mental e material [...] pelo qual se chega a uma 
imagem que contém determinado campo visto sob determinado ângulo 
e com determinados limites exatos. 
Agra (2014) afirma que o enquadramento é um dos recursos que são 
usados para que os momentos importantes de determinada história sejam 
transmitidos para quem a lê – assim como a sequência de imagens também 
segue uma lógica espacial e temporal. Já Eisner (1989) explica que a disposição 
das imagens dentro dos quadrinhos junto com a representação dos elementos 
se tornam a gramática básica pela qual se constrói a narrativa. 
Na narração visual a tarefa do escritor/artista é registrar um fluxo 
contínuo de experiências e mostrá-lo como pode ser visto a partir dos 
olhos do leitor. Isso é feito arbitrariamente, dividindo-se o fluxo 
ininterrupto em segmentos de cenas “congeladas”, encerradas num 
quadrinho. (Eisner, 1989) 
O uso do enquadramento tem a utiidade de causar um impacto visual, o 
que sugere pontos de vistas ou planos visuais de maneira que podem 
desencadear reações e emoções ao leitor. A respeito dos planos visuais, Castro 
(2015, p. 25) considera que são pontos de vista inseridos na narrativa gráfica 
pelo autor: “Os planos visuais, nos quadrinhos, são usados para ressaltar cenas 
e detalhes da história, focando nos pormenores do cenário ou dos personagens”. 
 
 
13 
Cagnin (2014) acredita que sua utilização e diversificação criam uma dinâmica 
para a história a ser contada. 
De acordo com Cagnin (2014), os planos, na arte sequencial das histórias 
em quadrinhos, podem ser dividos em: 
• Plano em grande detalhe ou pormenor (close): utilizado para criar 
intensidade à narrativa e normalmente envolve parte do rosto de um 
personagem ou de um objeto; 
Figura 11 – Exemplo de plano em grande detalhe 
 
Crédito: Durantelallera/Shutterstock. 
• Primeiro plano: apresenta apenas a cabeça do personagem até a altura 
dos ombros; 
Figura 11 – Exemplo de primeiro plano 
 
Crédito: Studiostoks/Shutterstock. 
 
 
14 
• Plano aproximado: normalmente utilizado em cenas com diálogos e 
apresenta em detalhes algumas características da fisionomia para facilitar 
a percepção das expressões faciais dos personagens; 
Figura 12 – Exemplo de plano aproximado 
 
Crédito: Topilskaya/Shutterstock. 
• Plano americano: o personagem é enquadrado do joelho para cima; 
Figura 13 – Exemplo de Plano Americano 
 
Crédito: Studiostoks/Shutterstock. 
• Plano de conjunto: utilizado quando o artista pretende exibir o 
personagem de corpo inteiro e com o cenário mínimo, dando destaque 
principal ao personagem que está inserido no quadrinho; 
 
 
 
15 
Figura 14 – Exemplo de plano de conjunto 
 
Crédito: Malchev/Shutterstock. 
• Plano panorâmico: engloba não apenas os personagens, mas também o 
cenário, sendo utilizado quando o artista quer mostrar a localização da 
cena, ou seja, onde acontece a ação do quadrinho; 
Figura 15 – Exemplo de plano panorâmico 
 
Crédito: Malchev/Shutterstock. 
• Plano plongué: com a visão do alto para baixo, ou seja, está acima do 
nível dos olhos, voltada para baixo. Também é usado em uma visão 
 
 
16 
geográfica com o intuito de localizar os pontos do espaço mostrados na 
cena. 
Figura 16 – Exemplo de plano plongué 
 
Crédito: Lana Stem/Shutterstock. 
• Plano contra-plongué: com a visão de baixo para cima, podendo ser usado 
quando se pretende, por exemplo, mostrar o tamanho de prédios ou então 
expressar o medo de um personagem quando se sente ameaçado por 
outro. 
Figura 17 – Exemplo de plano contra-plongué 
 
Crédito: Rimanya/Shutterstock. 
 
 
17 
NA PRÁTICA 
 Agora é a sua vez! Que tal verificar se você compreendeu como elaborar 
imagens com base em diferentes planos de visão? Para isso, solicite que algum 
conhecido ou amigo pose para você tirar fotos. Escolha diferentes planos de 
visão e, depois de tiradas, compare cada foto e veja o resultado. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi abordado o tema do ritmo como um dos principais 
elementos da linguagem visual, sendo verificada a sua pertinência em relação 
às artes sequenciais. Também vimos a maneira como nós, seres humanos, 
percebemos o “movimento”, seja no cotidiano ou em imagens estáticas. O 
espaço foi outro elemento das artes visuais que teve sua organização comentada 
nesta aula, em especial a sua relação com as artes sequenciais. Um breve 
histórico da arte sequencial foi apresentado, assim como vimos como os 
diferentes planos de visão podem interferir na leitura de imagens próprias das 
artes sequenciais. 
 Com isso, espera-se que esses elementos venham a corroborar para 
maior fluência da linguagem visual, seja em aspectos de análise de produtos 
visuais já elaborados, seja para a produção de novos materiais gráficos. 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
AGRA, S. L. L; FIGUEIREDO JÚNIOR, P. M. de A arte de sequenciar imagens: 
apontamentos sobre o processo de criação na Arte Sequencial. Intercom – 
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI 
Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, João Pessoa, 15 
a 17 maio 2014. 
AMARAL, M. A.; OLIVEIRA, K. Aline; BARTHOLO, V. F. Uma experiência para 
definição de storyboard em metodologia de desenvolvimento colaborativo de 
objetos de aprendizagem. Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. pp. 19-32, 2010. 
AUMONT, J. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993. 
CAGNIN, A. L. Os quadrinhos – linguagem e semiótica: um estudo abrangente 
da arte sequencial. 2. ed. São Paulo: Criativo, 2014. 
CASTRO, J. K. F. de M. et al. Um estudo da arte-sequencial: os componentes 
imagéticos e textuais em homem-aranha: azul. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Bacharel em Letras) – Faculdade de Ciências e Letras, 
Unesp/Araraquara, Araraquara, 2015. 
DANSA, S. A arte sequencial. Rio de Janeiro: Revista Educação Pública, 2013. 
EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 
FISCHER, G. O storyboard como instrumento de projeto: reencontrando as 
contribuições do audiovisual e da publicidade e seus contextos de uso no design. 
Strategic Design Research Journal, v. 3, n. 2, 2010. 
GOMES FILHO, J. Gestaltdo objeto: sistema de leitura visual da forma. São 
Paulo: Escrituras, 2008. 
GONÇALVES, V. A. M. Quadrinhos como linguagem: uma proposta 
metodológica. Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, Escola de 
Comunicação e Artes da USP, 2017. 
LESLIE, C. van der. The value of storyboards in the product design process. 
Persona land Ubiquitous Computing, 10 (2-3):159-162. 2006. 
MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova 
geração, 2020. Disponível em: 
 
 
19 
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em: 4 dez. 
2020. 
ROCHA, B. G. C. da. Percepção e composição. Vitória: Universidade Federal 
do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e à Distância, 2009. 
SOLOMON, C. (Org.). The art of animated image: an anthology. Los Angeles: 
The American Film Institute, 1987.

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