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ARTES VISUAIS, HISTÓRIA E 
SOCIEDADE 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Danielly Sandy 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A presente aula traz um texto intitulado Arte Contemporânea e trata sobre 
diferentes tópicos desta produção recente do campo das artes visuais. O recorte 
busca tratar primeiramente sobre a complexidade do contemporâneo, para, em 
seguida, tratar sobre performance, happening, arte conceitual, escultura 
contemporânea, intervenções urbanas e sobre a relação entre arte e tecnologia. 
Tudo isso nos permite melhor compreender a dinâmica da contemporaneidade 
no que se refere à criação e produção na arte. 
Assim, o objetivo desta aula é proporcionar ao leitor as ferramentas 
necessárias para adentrar o amplo e instigante universo da arte contemporânea. 
Para tanto, seguimos a seguinte sequência nos assuntos: 
• A complexidade do contemporâneo; 
• Performance; 
• Arte conceitual; 
• A escultura contemporânea e as intervenções urbanas; 
• Arte e tecnologia. 
 A arte contemporânea, ou arte pós-moderna, tem início após a Segunda 
Grande Guerra Mundial. Trata-se de uma tendência estética do momento atual 
com elementos característicos de nossa sociedade, que vão desde os materiais 
empregados até as temáticas, reflexões e críticas propostas pelos artistas por 
meio das diferentes linguagens. A arte contemporânea também propõe 
investigações e descobertas por parte do artista, que passa a ser um 
pesquisador, experimentador e crítico. 
A arte contemporânea pode ser chamada de arte pós-moderna no sentido 
de romper com aspectos modernistas e ultrapassá-los no que se refere ao fazer 
artístico, muitas vezes substituindo a ideia, a proposta e o conceito. Com isso, 
torna-se um campo ainda mais fértil para a subjetividade e experimentações, em 
muitos casos, tanto por parte do artista como também do público. Além disso, a 
arte contemporânea possui grande envolvimento com o desenvolvimento 
tecnológico e suas reverberações nas sociedades. São tantas as possibilidades 
na arte contemporânea que podemos considerar que “o jovem artista de hoje já 
não precisa mais dizer “sou um pintor” ou “um poeta” ou “um dançarino”. Ele é 
simplesmente um “artista”” (Kaprow, 1958, citado por Dempsey, 2003). 
 
 
3 
Além do que tratamos nesse texto sobre alguns dos tópicos da arte 
contemporânea, devemos lembrar, ainda, das instalações, considerando que 
essas não apenas podem ser intervenções realizadas diretamente no espaço 
urbano e em outros espaços alternativos, mas também dentro dos museus e 
galerias. As instalações tanto podem ser obras específicas como também a 
própria exposição, o que permite tanto ao artista como ao curador inúmeras 
possibilidades de criação e proposição de interatividade ao público. 
Isso ocorre porque a maioria das instalações proporciona experiências 
únicas e sinestésicas envolvendo outros sentidos além da visão. As instalações 
na realidade brincam com o espaço, permitindo ao público vivenciar a obra e, ao 
mesmo tempo, evocar as suas memórias e experiências anteriores para serem 
correlacionadas com o que está sendo apresentado no presente. Não há como 
não se envolver com a obra. 
As instalações como uma forma de linguagem das artes visuais têm início 
com a exposição “Primeiros documentos do surrealismo”, realizada no ano de 
1942, na cidade de Nova York, para a qual o artista dadaísta Marcel Duchamp 
foi convidado para ser o curador. Não obstante, Duchamp deu asas à sua 
imaginação para criar a sua obra por meio da exposição proposta pelos artistas 
surrealistas. Destacamos que Duchamp não estava expondo nenhuma obra 
nessa mostra, mas, ao realizar a curadoria, criou a sua obra intitulada “Milhas de 
barbante”. 
A obra em questão foi produzida por Duchamp quando este espalhou 
barbantes pelo espaço expositivo e entre as obras, amarrando fios pelos 
expositores e nos locais em que se encontravam os quadros pendurados, o que 
dificultou a passagem dos visitantes da mostra e também a visibilidade das 
pinturas. Como se não bastasse, ele ainda convidou um grupo de meninos para 
jogar bola entre os fios na abertura da exposição, promovendo constrangimento 
entre os artistas e visitantes, pois claramente o jogo oferecia riscos às obras 
expostas (O’Doherty, 2002). 
Nada mais justo que os artistas surrealistas se sentissem um tanto quanto 
incomodados com essa atitude do curador, considerando ainda que a exposição 
“Primeiros documentos do surrealismo” foi a segunda exposição para a qual ele 
foi convidado para ser curador. A primeira exposição para a qual Duchamp foi 
convidado como curadoria foi realizada em 1938, na cidade de Paris, sendo 
intitulada “Exposição Internacional do Surrealismo” e contando com a 
 
 
4 
participação de mais de 60 artistas de diferentes países e cerca de 300 obras 
expostas. Já nessa mostra, Duchamp pendurou sacos de carvão no texto, 
propondo mais uma possibilidade para o espaço expositivo (O’Doherty, 2002). 
Contudo, evidenciamos que muitas das ideias propostas por Marcel 
Duchamp ainda influenciam os artistas contemporâneos nas diferentes 
linguagens das artes visuais. O caráter ousado no que se refere à proposição de 
críticas, reflexões e questionamentos é outro item indispensável à arte 
contemporânea que se embasa teoricamente em conceitos que poderão 
subjetivamente sustentá-la. Assim, o que poderia ser considerado belo já não 
importa mais porque a intenção da arte contemporânea vai além da fruição, 
contemplação e deleite, pois se trata de uma arte que instiga e intui o pensar. 
TEMA 1 – A COMPLEXIDADE DO CONTEMPORÂNEO 
Também chamada pejorativamente como “arte vide bula”, a arte na 
contemporaneidade se tornou ainda mais complexa em sua base e 
compreensão. A subjetividade, frente às inúmeras possibilidades de criação por 
meio das diferentes linguagens, permite que artistas contemporâneos brinquem 
com os sentidos humanos. E não apenas a multiplicidade de linguagens, mas 
também de materiais e técnicas, convencionais ou não, incluindo matéria viva, 
reflete a liberdade que a arte assumiu desde o século XX. De acordo com 
Cocchiaralle: 
A arte contemporânea esparramou-se para além do campo 
especializado, construído pelo modernismo, e passou a buscar uma 
interface com quase todas as outras artes e, mais, com a própria vida, 
tornando-se uma coisa espraiada e contaminada por temas que não 
são da própria arte. (Cocchiaralle, 2006, p. 16) 
Entre as características principais da arte contemporânea, evidentemente 
destacamos a liberdade de expressão, pois, comparados a outros séculos, os 
séculos XX e XXI permitem aos artistas aberturas em diferentes campos. Além 
disso, a arte contemporânea trabalha com a fusão de diferentes estilos e técnicas 
permitindo que uma mesma obra possa ser composta por pintura, escultura, 
vídeo arte e tudo o mais que o arista queira inserir no espaço expositivo como 
sua obra. Isso evidencia o caráter híbrido da arte contemporânea, o qual 
multiplica ainda mais as possibilidades de criação para os artistas que também 
contam com oportunidades de intervenção e apropriação de outras obras já 
existentes e de outros artistas. 
 
 
5 
Obviamente, as críticas e questionamentos sociais sobre a própria arte e 
seus desdobramentos na sociedade são outra característica forte da arte 
contemporânea, que instiga para que o observador possa ir além do que está 
vendo ou sentindo com base em experiências sinestésicas. Isso porque a arte 
visual já não permanece somente no campo da visão, passando a permitir a 
expressão do artista pelo tato, pela audição, pelo olfato e pelo paladar. 
Figura 1 – Instalação O corpo me segue, de Ernesto Neto, no Museu 
Guggenheim, em Bilbao 
 
Créditos: Watch The World/Shutterstock. 
Assim, é fácil encontrarmos exposições diversas com propostas 
interativas em que o público pode ser convidado a participar da obra, interagir, 
aprender e até mesmo a recriá-la.Dessa forma, temos o conceito de obra aberta, 
que, quando empregado pelo artista, tal como o título já diz, realmente deixa a 
sua obra aberta para que possa passar por interferências e intervenções de 
quem quer que tenha interesse em recriar algo com base nela. 
O principal sentido da obra de arte é, pois, a sua capacidade de intervir 
no processo histórico da sociedade e da própria arte e, ao mesmo 
tempo, ser por ele determinado, explicitando, assim, a dialética de sua 
relação com o mundo. (Fusari; Ferraz, 1993, p. 105) 
 
 
 
 
6 
Figura 2 – Exposição na Galeria Nacional de Singapura, 2017, da artista Yayoi 
Kusama 
 
Créditos: KeongDaGreat/Shutterstock. 
Outro fator importante a ser elencado é o reconhecimento e uso do 
efêmero, ou seja, de materiais não considerados nobres no campo das artes 
visuais e passíveis de rápida degradação, como materiais orgânicos diversos e 
outros. Além disso, na contemporaneidade temos a valorização da ideia e 
conceito em detrimento do objeto em si, que poderá ser substituído por outro 
similar em qualquer momento a depender da obra e proposta do artista. 
Por fim, destacamos a ampliação das dimensões e possibilidades de uma 
obra, como as instalações e a apresentação da arte em espaços alternativos 
como a rua, e não somente nos museus e galerias. Na atualidade, há inúmeros 
artistas contemporâneos que podem ser destacados, cada qual com sua 
proposta, trazendo novidades e proposições diversas para o mundo da arte. 
 
 
 
7 
Figura 3 – Arco do Triunfo empacotado, em Paris, proposta contemporânea do 
artista Christo 
 
Créditos: Petr Kovalenkov/Shutterstock. 
TEMA 2 – PERFORMANCES 
A performance tem origem na década de 1950 e trata-se de uma 
linguagem bastante usada pelos artistas contemporâneos. A performance possui 
estreita ligação com o teatro e a body art (arte do corpo), a qual tem origem no 
final da década de 1960. E, com base no olhar de Glusberg (1987, p. 103), 
compreendemos que 
a performance não é um jogo e sim uma máquina simbólica, que na 
sua multiplicação artística aponta os caminhos do desenvolvimento 
corporal, utilizando os recursos mais cotidianos com os fins mais 
inéditos. 
Os observadores da body art são passíveis a todo o tipo de emoção, 
considerando o caráter múltiplo dessa linguagem que promove o voyeurismo, 
evocando diferentes reações emocionais. Da mesma forma, a performance 
trabalha diretamente com o corpo do artista, mas vai além do voyeurismo, pois 
permite ao público a sua participação a depender da proposta. 
Assim, observamos nessa linguagem artística o corpo em atuação, com 
uma proposta baseada em algum conceito ou algo que o artista queira comunicar 
ou mesmo investigar por meio de sua experiência performática. “A performance 
é primariamente comunicação corporal; a comunicação verbal ocupa um papel 
secundário nessa expressão de arte” (Glusberg, 1987, p. 117). 
 
 
8 
O artista performático faz uso de seu próprio corpo para apresentar a sua 
performance, podendo incluir ou não outros elementos e sujeitos. 
O performer vai conceituar, criar e apresentar sua performance, à 
semelhança da criação plástica. Seria uma exposição de sua ‘pintura 
viva’, que utiliza também os recursos da dimensionalidade e da 
temporalidade. (Cohen, 1989, p. 138) 
De acordo com Dempsey: 
A performance, fosse ela denominada ações, arte viva ou arte direta, 
permitiu aos artistas romper as fronteiras entre a mídia e as disciplinas, 
e entre a vida. A performance como um modo de expressão continuou 
a ganhar ímpeto durante o final da década de 60 e nos anos 70, 
assumindo com frequência a forma de body art. Desde então, além de 
explorar questões relevantes para o universo da arte, os artistas 
performáticos vêm criando uma obra que se referencia a questões 
sociológicas mais amplas de nossa época. (Dempsey, 2003, p. 222-
223) 
Entre as características da performance, destacamos o seu caráter 
híbrido por poder envolver diversas outras linguagens e formas de expressão. 
Além disso, é caraterístico de algumas performances o registro fotográfico, que 
permite ao artista expor as imagens em outros momentos. 
Além da performance, temos, ainda, o happening, o qual é realizado de 
forma mais espontânea e improvisada que a performance, a qual necessita, de 
certa forma, de um planejamento para ser executada. O happening trabalha 
diretamente com a imprevisibilidade, podendo ser realizado frente ao público e 
inclusive convidando o público para participar ativamente. E, ainda, essa 
linguagem não é realizada muitas vezes, pois depende do timing exato percebido 
pelo artista. “Os Happenings intervinham como um meio-termo prudente entre o 
teatro de vanguarda e a colagem” (O´Doherty, 2002, p. 48). 
Uma artista contemporânea que tem se destacado sobretudo por meio da 
linguagem performática é a sérvia Marina Abramovic, jocosamente considerada 
como a avó da performance. Sua obra performática tem início a partir da década 
de 1970 e investiga os limites do corpo, as relações entre o artista e o público, 
bem como as possibilidades da mente humana. 
 
 
 
9 
Figura 4 – Registro fotográfico de performance da artista Marina Abramovic 
 
Créditos: bibiphoto/Shutterstock. 
TEMA 3 – A ARTE CONCEITUAL 
A arte conceitual tem origem a partir da década de 1960 e se embasa no 
conceito para se valer como arte, podendo fazer uso de qualquer linguagem, 
material e técnica, efêmera ou não, desde que tenha uma base conceitual sólida. 
Assim, a arte conceitual se faz por meio da ideia, do pensamento proposto pelo 
artista, que, mediante isso, pode fazer ou não uso do efêmero a considerar que 
a sua ideia se sobrepõe a qualquer material empregado para a criação de sua 
obra. Com isso, é pretendido que a inteligência se sobreponha ao belo com essa 
proposta contemporânea, dando valor à arte como forma de se fazer pensar. 
Conforme aponta Dempsey sobre a arte conceitual: 
A arte conceitual surgiu como categoria ou movimento no final da 
década de 60 e no início da década seguinte. Também costuma ser 
designada como arte da ideia ou arte da informação e seu preceito 
básico é o de que as ideias ou conceitos constituem a verdadeira obra 
[...]. Em um exemplo mais extremado, a arte conceitual renuncia 
completamente ao objeto físico, usando mensagens verbais ou 
escritas para transmitir ideias. (Dempsey, 2003, p. 240) 
Mas também há obras conceituais que fazem uso de materiais nobres e 
de um resultado estético primoroso para se consolidarem, tais como a obra do 
artista inglês Damien Hirst, intitulada For the Love of God, feita por meio de 
platina, diamantes e dentes humanos. Por meio dessa obra, Hirst pretende trazer 
à tona reflexões acerca da morte, do luto e de seus desdobramentos, evocando 
a famosa frase bastante aplicada pelos artistas barrocos em suas obras no 
século XVI e XVII: Memento mori (morrerás um dia). 
 
 
10 
Obviamente, há obras cujo conceito está mais evidente para a sua 
existência do que a própria matéria do suporte que a permite existir. Vale 
destacar que toda a arte contemporânea é, de certa forma, conceitual em suas 
distintas e múltiplas linguagens. Uma obra conceitual bastante intrigante é a obra 
Merda d’artista, de 1961, proposta pelo artista italiano Piero Manzoni, o qual 
enlatou mecanicamente seus próprios excrementos para vender as latas ao 
preço da cotação diária do ouro. As latas ainda foram exportadas para diferentes 
países, e, por isso, podem apresentar rótulos em diferentes idiomas. O intuito de 
Manzoni era promover uma crítica tanto à arte conceitual como também à 
sociedade de consumo. 
Figura 5 – Latas de Merda de Artista em edição limitada, obra de Piero Manzoni 
 
Créditos: Dave Smith/Shutterstock. 
Outro artista contemporâneo em cuja produção artística, ideias e 
conceitos propostos podemos nos aprofundar mais é o chinês Ai Weiwei. Suas 
obras vão desde instalações e intervenções a objetos diversos,mas sempre com 
profundo e forte apelo crítico e conceitual. Suas críticas políticas ao sistema 
governamental totalitário da China já lhe renderam grandes problemas que 
acabaram se tornando sua inspiração para a produção de mais obras. Isso 
mostra o quanto a arte e ideias de um artista bem informado pode realmente 
incomodar aqueles que se apresentam frente ao poder. 
No ano de 2013, Ai Weiwei expôs na Tate Gallery, em Londres, a sua obra 
“Sunflower Seeds” (sementes de girassol) com cerca de 100 milhões de 
pequenas peças de porcelana pintadas a mão. Inicialmente, o público podia 
andar sobre as sementes, tocá-las, pegá-las e pular sobre elas. Porém, essa 
possibilidade de interação foi fechada ao público devido aos riscos à saúde 
em decorrência do pó que o atrito entre as peças poderia oferecer. 
 
 
11 
Figura 6 – Obra Sementes de girassol, de Ai Weiwei na Tate Gallery, em 
Londres, fechada ao público devido aos riscos que poderia trazer à saúde. Trata-
se de 100 milhões de pequenas peças de porcelana pintadas a mão 
 
Créditos: Nando Machado/Shutterstock. 
TEMA 4 – A ESCULTURA CONTEMPORÂNEA E AS INTERVENÇÕES 
URBANAS 
A escultura contemporânea é livre em todos os sentidos, desde a técnica 
aos materiais e dimensões escolhidos pelo artista. Essas esculturas podem se 
transformar em elementos do espaço urbano, fazendo desse um espaço 
expográfico no qual o transeunte se torna observador do mundo e das obras que 
o rodeiam. Assim, muitas esculturas contemporâneas podem ir além dos 
espaços institucionalizados como museus e galerias, estando expostas também 
nos espaços alternativos, como ruas e centros urbanos. 
Assim, a escultura contemporânea também pode ser uma obra 
arquitetônica a depender da proposta do arquiteto, que pode compreender o seu 
projeto como uma obra de arte. Com isso, percebemos o quanto essa linguagem 
da arte contemporânea funciona como uma forma de intervenção. Em muitos 
locais, a escultura contemporânea se apresenta como elemento de contraste, 
propondo uma ideia ou crítica, além de seu resultado e qualidade estética. 
Dentre as mais famosas esculturas contemporâneas, podemos citar as 
extravagantes obras do artista norte-americano Jeff Koons. Suas esculturas 
gigantes são produzidas por meio da técnica de topiaria, o que parece bastante 
inusitado, ao mesmo tempo em que mostra a pluralidade de técnicas, as quais 
podem ser utilizadas pelos artistas contemporâneos. 
 
 
12 
O topiaria é uma técnica milenar de jardinagem que permite a modelagem 
de plantas e arbustos. A obra Puppy, de Koons, feita por meio da técnica de 
topiaria e medindo cerca de 16 metros de altura, apresenta a forma de um 
cachorro. Para essa obra, o artista produziu uma estrutura de ferro que pudesse 
ser revestida por flores e plantas naturais, sendo estas trocadas sempre que 
necessário. 
Figura 7 – Escultura de flores Puppy em frente ao Museu Guggenheim de 
Bilbaona, Espanha 
 
Créditos: BearFotos/Shutterstock. 
Outro exemplo do qual podemos lembrar ao citarmos as esculturas 
contemporâneas é o artista Rom Mueck, com suas obras hiper-realistas e de 
tamanhos não convencionais. Rom Mueck cresceu em meio à produção de 
marionetes e outros brinquedos, aprendendo desde cedo as técnicas de 
fabricação de bonecos para futuramente trabalhar com a produção de cenários. 
Mas foi a partir da década de 1990 que ingressou no mundo da arte com suas 
esculturas que propõem diferentes leituras, e, ao mesmo tempo, despertam 
distintas emoções em quem as observa, tanto pelo impacto do tamanho como 
pela similaridade com o real. 
 
 
 
13 
Figura 8 – Escultura hiper-realista Menino, de Ron Mueck 
 
Créditos: Lisaveya/Shutterstock. 
4.1 Intervenções urbanas 
A arte contemporânea trabalha muito com a intervenção, promovendo a 
interferência visual, inclusive como forma de linguagem artística. Atualmente, a 
intervenção pode ser realizada em praticamente tudo, tanto em um objeto 
qualquer como em uma edificação, outra obra de arte e mais. Já na obra 
intitulada L.H.O.O.Q., de Marcel Duchamp, 1919, cuja leitura da sigla remete à 
frase em francês "Elle a chaud au cul" (Ela tem o rabo quente), podemos 
identificar uma reprodução da imagem da obra da Mona Lisa, de autoria de 
Leonardo da Vinci, como referência visual, mas com um bigode desenhado pelo 
artista dadaísta. Trata-se de uma intervenção de Duchamp na imagem em 
questão, provocando questionamentos sobre o que ela representa visualmente 
e no mundo da arte. 
De forma geral, as intervenções na arte surgem a partir da década de 
1970, visando aos espaços expositivos não convencionais, ou seja, extramuros 
dos museus, galerias, centros culturais e qualquer outro espaço 
institucionalizado para a prática da realização de mostras expositivas. As 
intervenções visam, além do mais, à transformação da vida cotidiana e vêm 
ganhando cada vez mais espaço no cenário urbano por meio de manifestações, 
como street art em geral, como o grafite, as colegas e o lambe-lambe, as 
instalações de objetos, a apresentação de performances em determinado 
cenário para contextualizar ou intervir de alguma forma, e a realização de 
happenings. 
 
 
14 
Dentre os inúmeros exemplos de instalações artísticas, podemos 
evidenciar a obra do artista Ai WeiWei, exposta no ano de 2016, na Konzerthaus, 
na cidade de Berlim, na Alemanha. Para a concretização dessa obra, Ai Weiwei 
expôs cerca de 14 mil coletes salva-vidas encontrados por ele na Ilha de Lesbos, 
na Grécia. A intenção era mostrar a trágica situação da crise de 2015 dos 
refugiados que tentavam escapar pelo Mar Mediterrâneo, considerando, ainda, 
que somente a Alemanha estimou que cerca de 800 mil pessoas tenham 
solicitado asilo nesse período. 
Figura 9 – Instalação na cidade de Berlim. Obra política mostrando a crise dos 
refugiados por Ai Weiwei 
 
 
 
 
 
Créditos: 360b/Shutterstock. 
Dentre as mais famosas intervenções artísticas do mundo está a “Cow 
Parade” (Parada da Vaca), com a intenção de democratizar a arte, permitindo e 
estabelecendo um diálogo entre a arte contemporânea e o espaço urbano. 
Assim, as reproduções em fibra de vidro da escultura de uma vaca, de autoria 
do artista suíço Pascal Knapp, puderam ser espalhadas por diferentes cidades 
do mundo todo, sendo pintadas por artistas locais. Com isso, apesar de 
observarmos a mesma reprodução escultórica, nos deparamos com diferentes 
resoluções pictóricas no mundo todo. 
Figura 10 – Cow Parade em Atenas, na Grécia 
 
Créditos: Theastock/Shutterstock. 
 
 
15 
Outra linguagem urbana de destaque que tem se difundido muito desde a 
década de 1970 é o grafite. O grafite hoje permite que as paredes e muros das 
cidades se tornem arte por meio de imagens e letras específicas. Trata-se de 
uma arte produzida tanto em locais públicos como privados e de acesso ao 
coletivo. Entretanto, com origem em Nova York, inicialmente o grafite tratava 
mais de uma forma de expressão urbana por meio da qual adultos e crianças se 
manifestavam, passando a se desenvolver em termos de técnicas e pictóricos 
até os dias atuais. 
O grafite não surgiu isoladamente como tentativa de manifestação 
artística, mas sim como uma forma de expressão do movimento cultural norte-
americano hip hop, com origem na década de 1960, o qual buscava dar voz aos 
membros das periferias. Não obstante, o hip hop é um movimento cultural das 
ruas por meio do qual os integrantes buscavam apresentar suas reações frente 
aos problemas de desigualdade social e violência urbana com as classes sociais 
marginalizadas. Com isso, o hip hop se difundiu na música, na moda, na dança, 
bem como nas artes visuais, seguindo o que é chamado de freestyle, ou estilo 
livre. 
Figura 11 – 'CCTV‘, grafite em Londres, de Banksy 
 
Créditos: Jeremy Reddington/Shutterstock. 
Vale destacar que a inscrição de informações, expressões ou críticas 
como forma de manifestação urbanavem desde o Império Romano. Um exemplo 
são as inscrições nas ruínas de Pompeia, por meio das quais hoje se estuda o 
latim vulgar. Tais inscrições mostram desde o descontentamento social e político 
por parte da população da época até expressões sentimentais e declarações 
amorosas. 
 
 
16 
Em meio a muitas polêmicas, a linguagem do grafite é defendida por 
muitos como arte urbana, porém, é também atacada por alguns que a 
consideram pichação, ou seja, uma forma de vandalismo e depredação do 
patrimônio público ou privado. Assim, para que uma obra de grafite possa ser 
realizada, é necessário que artista e proprietário, ou responsável pelo local, 
estejam em comum acordo. Dentre os principais grafiteiros, podemos destacar 
Jean-Michel Basquiat (1960-1988), Keith Haring (1958-1990), Alex Vallauri 
(1949-1987), Banksy, Aryz, Chris Ellis (Daze), Os gêmeos (Irmãos Pandolfo), 
Eduardo Kobra, Frank Shepard Fairey e outros. 
Figura 12 – Retrato do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer em grafite na Avenida 
Paulista, em São Paulo, por Eduardo Kobra 
 
Créditos: MAR Photography/Shutterstock. 
TEMA 5 – ARTE E TECNOLOGIA 
Conforme mencionado anteriormente, a arte contemporânea permitiu que 
os artistas trabalhassem com múltiplas técnicas e linguagens. Além disso, com 
os avanços tecnológicos, a arte passou a contar também com mais 
possibilidades. Tal relação mostra o quanto a arte está relacionada à sociedade 
e aos desdobramentos de seu tempo, não podendo se desligar da realidade e 
de acontecimentos diversos. 
Isso deu origem a mais linguagens e formas de expressão, além da 
ampliação no que se refere ao hibridismo. Para Machado (2007, p. 24): 
 
 
17 
As técnicas, os artifícios, os dispositivos de que se utiliza o artista para 
conceber, construir e exibir seus trabalhos não são apenas ferramentas 
inertes, nem mediações inocentes, indiferentes aos resultados, que se 
poderiam substituir por quaisquer outras. Eles estão carregados de 
conceitos, eles têm uma história, eles derivam de condições produtivas 
bastante específicas. A artemídia, como qualquer arte fortemente 
determinada pela mediação técnica, coloca o artista diante do desafio 
permanente de, ao mesmo tempo em que se abre às formas de 
produzir do presente, contrapor-se também ao determinismo 
tecnológico, recusar o projeto industrial já embutido nas máquinas e 
aparelhos, evitando assim que sua obra resulte simplesmente num 
endosso dos objetivos de produtividade da sociedade tecnológica. 
(Machado, 2007, p. 24) 
Conforme as evoluções tecnológicas, as linguagens artísticas se ampliam 
ao mesmo tempo em que não estão limitadas ao uso dos equipamentos 
tecnológicos, pois também contam com os conceitos e outras possibilidades que 
a tecnologia é capaz de oferecer. Das artes diretamente relacionadas à 
tecnologia, podemos evidenciar as principais: 
• Videoarte: tem início na década de 1960 e usa a tecnologia e o vídeo 
como suporte para a criação; 
• Web art ou internet art: realiza-se por meio da interatividade na web, 
sendo uma produção artística realizada entre usuários da internet; 
• Arte multimídia: congrega múltiplas mídias para a produção de uma obra; 
• Computer art: trata-se de uma produção por meio da aplicação de 
técnicas computacionais no âmbito da arte e estética; 
• Virtual art: produzida a partir da década de 1980, envolve jogos de vídeo 
game, filmes e animações, trabalhando com a realidade virtual, 
aumentada e mista; 
• Video mapping: projeção em grandes dimensões e em superfícies 
irregulares diversas, como edifícios e construções nos espaços urbanos; 
• Arte digital: produzida por meio de técnicas gráficas computacionais; 
• Arte holográfica: projeção de imagens artísticas em formato holográfico. 
 
 
 
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Figura 13 – Festival das luzes de Berlim, projeção de vídeo mapping na Catedral 
de Berlim 
 
Créditos: Peeradontax/Shutterstock. 
Sobre a videoarte, essa linguagem tem início na década de 1960, a partir 
da qual o vídeo se torna elemento fundamental, promovendo a interação entre a 
imagem e o observador da obra. A intenção dos primeiros artistas da videoarte 
era se contrapor à mídia televisiva com suas práticas comerciais e 
massificadoras. 
Com isso, identificamos uma forte crítica à televisão e a tudo que pudesse 
estar relacionado a ela. 
Os primeiros videoartistas fundiram as teorias da comunicação global 
com elementos da cultura popular para realizar vídeos, instalações que 
usavam um canal ou multicanais, produções com transmissões de 
satélites internacionais e esculturas multimonitoradas. (Dempsey, 
2003, p. 258). 
Para além dessas críticas, a vídeo arte ainda propunha uma forte reflexão 
acerca das imagens, seu uso e também sobre a história da arte. 
Um dos principais artistas da videoarte é o artista sul-coreano Nam June 
Paik (1932-2006), o qual, “em particular, submeteu a televisão a seu espírito 
irreverente, declarando: ‘Torno a tecnologia como ridícula’” (Dempsey, 2003, p. 
258). No ano de 1963, Paik criou uma obra com 13 aparelhos de TV objetivando 
propor uma análise por meio das possíveis distorções imagéticas. A intenção era 
fazer uso dos defeitos e problemas de transmissão para a realização de sua obra 
e também de uma performance. 
 
 
 
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Figura 14 – Instalação para TV, obra do videoartista sul-coreano Nam June Paik 
 
Créditos: Gina Smith/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Tendo como base o que aprendemos nesta aula: 
• Realize uma visita a um museu ou galeria de arte contemporânea, mas 
também pode ser uma visita virtual; 
• Escolha um artista contemporâneo que apresente uma produção visual 
que mais desperte o seu interesse; 
• Faça uma pesquisa sobre a produção visual desse artista buscando 
aprender ao máximo sobre sua poética; 
• Selecione uma obra desse artista e escreva um texto crítico destacando 
os principais elementos visuais; 
• Procure outras referências, ou seja, autores que já trataram sobre a obra 
desse artista ou de artistas que trabalham com a mesma poética ou 
resultado estético; 
• Após escrever o seu texto, verifique a possibilidade de publicá-lo em um 
evento científico de artes visuais. 
 
 
 
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FINALIZANDO 
Nesta aula, começamos aprendendo sobre a complexidade do 
contemporâneo e, consequentemente, da arte contemporânea com suas 
características principais e seus questionamentos críticos e reflexivos sobre 
tantas questões da sociedade. Em seguida, aprendemos sobre o que são 
performances com sua influência do teatro, seus desdobramentos, como o 
happening, e suas características principais, como a imprevisibilidade. 
Seguimos para a arte conceitual, compreendendo o início na década de 
1960, a qual abre mão de elementos materiais usados como suporte para a 
criação e produção das obras visuais, dando maior ênfase a ideias obra e 
conceitos obra. Com isso, verificamos sobre todo um universo que se abre, pois, 
assim, a arte passa a questionar a sua própria produção, resultando em 
questionamentos que tratam sobre a liberdade de uma obra para ser efêmera. 
Na sequência, passamos para a escultura contemporânea e suas tantas 
possibilidades, incluindo o espaço vazio, além das intervenções urbanas e suas 
múltiplas possibilidades. 
Por fim, tratamos sobre arte e tecnologia, incluindo artistas que trabalham 
com diferentes mídias em suas propostas visuais, como videoarte, vídeo 
mapping etc. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ARGAN, G. C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 
COCCHIARALLE, F. Quem tem medo da Arte Contemporânea. Recife: 
Massangana, 2006. 
COHEN, R. Performance como Linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1989. 
DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosac e Naify, 2003. 
FUSARI, M. F. R.; FERRAZ, M. H. C. T. Arte na Educação Escolar. São Paulo: 
Cortez, 1993. 
GLUSBERG, J. A Arte da Performance. São Paulo: Perspectiva, 1987. 
MACHADO, A. Arte e mídia: aproximações e distinções. v. 2, n. 4. Riode 
Janeiro: Zahar, 2007. 
O’DOHERTY, B. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. 
São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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