Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Orquestra na Itália Depois de Corelli – ensembles têm atributos de orquestra: Instrumentos da família dos violinos Vários instrumentos por parte Ensembles unificados Repertório distinto: concertos, sinfonias, música sacra concertante Ex.: Concerto n. 4 em Ré Maior https://open.spotify.com/track/6LmykrNzUGDmylhJUUkGPE Ópera Orfeo de Sartori – 1673 (Ato 1: Cara e Amabile Catena) https://open.spotify.com/track/4HqZvTToeJzhXAp4cNo0Ma Árias acompanhadas por contínuo Instrumentos tocam nos ritornellos ou somente antes da voz entrar Instrumentos só estão presentes em momentos de grande comoção. Ex.: Lamento de Orfeo por Eurídice, em que o cantor é ecoado pelos instrumentos. A Sartorio, Orfeu, Ato III, cena iii (È morta...) https://open.spotify.com/track/76JGY4i3tsTPdFw2sUL5BJ 1690 a 1710: Proporção de árias acompanhadas sobe notadamente - instrumentos não só acompanham as árias como também acompanham de maneira mais ativa. Instrumentos ainda concluem, por uns poucos compassos, depois que o cantor para de cantar. 1730: Árias de contínuo praticamente desaparecem Ex.: Alessandro Scarlatti: Óperas de juventude – 50% ária de contínuo 1679 a 1697 – Eraclea (1700) – 28%; Mitridate (1707) 7% 2 últimas óperas – Marco Attilio Regolo 1719 – Griselda (1721) – sem ária de contínuo 1720s e 1730s – Vinci, Leo, Hasse entre outros: praticamente todas as árias são acompanhadas pelas cordas todas Ex.: Hasse, Tigrane, Solca il mar e nil periglio https://open.spotify.com/track/4sDbK32DoL4xmnNkJxf4Z0 Críticas – Pietro Francesco Tosi – Tratado Vocal (1723) – “voz tem a mortificação de abdicar seu posto para os violinos” Sopros – fim do século XVII: Cenas marciais, de batalhas Momentos solenes Tradição do clarino 1722 – Burney narra batalha de Farinelli com trompetista Flautas e oboés – caráter rústico e pastoral – especialmente a flauta – estereótipo - Oboés – novo papel de expressar fortes emoções – acompanhamento de cordas tornou-se rotina, passou a caber ao solista sugerir um grau mais intenso de emoção Orquestra passa a acompanhar recitativos Precursor – Cavalli – usou cordas ocasionalmente para tornar mais intensos os recitativos de clímax 1720 - recitativos acompanhados passaram a ser característica da ópera séria Metastasio em carta a Hasse: instrumentos devem variar tempo e dinâmica, “não só meramente para expressar e reforçar as palavras ou sentimentos ... Mas também para retratar o estado da mente daquele que pronuncia essas palavras e sentimentos” Críticas: Burney: a orquestra encobria os cantores Arteaga (1785): os instrumentos não podem se expressar com a exatidão das vozes Orquestras mais ativas = orquestras maiores Tabela 5.1 Teatro Ducale (Milão – governador austríaco) e Teatro Regio Turim (corte de Savoia)- maiores teatros do norte da Itália No sul- Teatro San Carlo – Nápoles Proporção das orquestras italianas – balanço pende para o extremo agudo (especialmente) - e para o extremo grave (baixo de 16 pés) Sopros – instrumentistas tocavam mais de um instrumento: oboé, fagote, flauta Trompete e trompa TABELA 5.1 (SPITZER; ZASLAW. 2004. p. 144-145) TABELA 5.1 (SPITZER; ZASLAW. 2004. p. 144-145) TABELA 5.1 (SPITZER; ZASLAW. 2004. p. 144-145) Orquestras comerciais, não sustentadas pela corte, eram menores. Poucos registros restaram desses grupos, mesmo de Veneza, onde havia 4 ou 5 teatros que mantinham orquestras. Orquestras comerciais: Teatro Comunnale de Bolonha Florença Reggio Emilia Roma Piacenza Cremona Trieste 30 a 40 músicos 20 a 30 músicos Sopros mais escassos que em Turim, Milão e Nápoles – par de oboés e trompas Ex.: Concertos de gala em Bolonha Orquestras de ópera cômica eram menores que as de ópera séria Última década do século XVII: Instrumentos graves são integrados ao grupo do contínuo, originalmente formado só por teclado com cordas dedilhadas Orquestras do século XVIII já não têm cordas dedilhadas em suas listas de pagamento – cordas dedilhadas têm muito pouco volume, não seriam ouvidas nos novos teatros Outra razão – afinação: Cordas dedilhadas – temperamento igual Cravo – afinação mesotônica Ópera italiana – sistema de dois cravos – palco muito largo: 1º cravo – compositor – recitativos e árias 2º cravo – mestre de capela – sinfonias e árias Compositores tiraram proveito dos dois cravos para efeito de eco: Bononcini – Il Trionfo de Camila (Nápoles, 1696) https://open.spotify.com/track/1PSz82A5rh46RAabWeuzxs Scarlatti – Il Prigioniero Fortunato (Nápoles, 1698) Sinfonia I. Allegro https://open.spotify.com/track/2GgulWSEdYeWycbddwUE27 Händel – Sosarme – ópera italiana (Londres, 1732) Leonardo Leo – Lo Annascuso Matrimonio 2º cravo some quando orquestra passa a tocar mais no acompanhamento vocal. Danças – capítulo à parte Grupo do contínuo e alguns outros solistas eram liberados dos balés Outro compositor escrevia o balé para a ópera Além dos balés para profissionais, havia os balés sociais: Ex.: Baile Real de máscaras, em Nápoles, 1747: Músicos de uniforme – 60 cordas, 8 oboés, 2 flautas, 4 trompas e um chitarrone Exceto pela ausência do cravo e pela presença de percussão, orquestra de baile tinha o mesmo balanço da orquestra de ópera Banda de cena em ópera: Músicos fantasiados e atuando em cena Pagos normalmente à parte Músicos extras Baile Real de máscaras, em Nápoles, 1747 Exs.: Pallavicino – Nerone (Veneza, 1679) – 40 instrumentos: flautas, trompetes, percussão, violas, violinos Domenico Sarro – Arsace (Nápoles, 1718) – banda de oboés e fagotes ; Ezio (1741) – Banda da Guarda Suíça Ex. de música do compositor: Il valdemaro, La brama di regno https://open.spotify.com/track/31jOWs9kRO5gMsjtZhBX9Z Hasse – Tigrane (1746); Ipermestra (Nápoles, 1746) – Estudantes do Conservatório della Pietà dei Turchini Ex. Tigrane https://open.spotify.com/track/7gipBZFwYRV9gDZ2sUNsam Precursor da banda sul palco – sopros – século XIX Orquestra de ópera: Mais forte Mais concentrada no agudo Contínuo se integra na orquestra de cordas – unificação do ensemble Orquestras de Oratório e Serenatas: Parecidos com a ópera no estilo, porém eventos únicos, para marcar uma data especial Oratório (igrejas, seminários): Natal Páscoa Semana Santa Serenatas: Ocasião social Aniversário de nobre Evento político Frequentemente ao ar livre, às vezes em teatros Músicos usam uniforme ou fantasia Cantores cantam lendo as partes Oratórios e serenatas: Única apresentação – orquestra grande – ocasião grandiosa Serenatas: Para se ouvir ao ar livre era necessário um bom número de músicos Estruturas construídas especialmente para o evento Ex. de oratórios; Roma – Ottoboni, Pamphili, Príncipe Ruspoli Modena – Duque Francesco D’Este (1660-94) Florença – Cosimo III de Medici (1670-1723) Veneza: 1660s – Santa Maria della Fava: poucos músicos; 1680s – oratórios passam para os Ospedali – muitos músicos 1716 – Vivaldi – Juditha triumphans – instrumentos obligato: viola d’amore, 5 violas all’inglese, bandolim, 4 teorbas, chalumeau, 2 trompetes clarinos, violinos e oboés Ex.: Parte I, Arma (Coro) https://open.spotify.com/track/0al9dbJzpLvFQ8xy55dOF2 Exs. Serenatas: Roma – embaixadores de França e Espanha com Corelli Nápoles – Ilgenio austríaco de A. Scarlatti (1713)- aniversário de Elizabeth, mulher do Imp. Charles VI da Áustria – muito luxo, sopros aparecem em reportagem de jornal, mas não na gravura da ocasião. Em 1732, outra serenata no palácio real documenta a participação dos sopros: 6 oboés, 4 trompas, 2 trompetes, fagote e 46 cordas em obra de Nicola Porpora, Giasone. Ex. de música de Porpora, Orfeu, Dall’amor piú sventurato https://open.spotify.com/track/4YLOwbCdgCPd6eCzqFiBHY Bolonha – 1706 – Conde Pirro Albergati – serenata com mais de 70 músicos Veneza – serenatas eram organizadas para as academias e casas particulares e, por isso, eram menores. Maior serenata para uma academia: 1735, 30 músicos. Orquestras de Igreja: Música instrumental na igreja foi uma tradiçãoitaliana nos séculos XVII e XVIII, apesar das queixas de segmentos mais conservadores do clero. Do século XVI em diante – organistas, trombonistas, cornetistas Segunda metade do século XVII e primeira metade do século XVIII – violinos, violas e violoni 1749 – Papa Benedict XIV foi obrigado a reconhecer que as orquestras se tornaram indispensáveis para a igreja Inicialmente, sonatas e concertos serviam como contraponto, interlúdios, às partes cantadas e, com o tempo, as substituíram. No século XVIII – sonatas foram substituídas por música orquestral, incluída na liturgia da missa ou das vésperas. Música instrumental mais números vocais em estilo operístico = atração especial para o público Ex.: Festival em Veneza, 1758, relato de Pierre Jean Grosley, visitante francês – 400 vozes e instrumentos dos maiores virtuoses da Itália Número de músicos nas listas de pagamento das igrejas cresceram ao longo dos séculos XVII e XVIII, porém não tanto quanto nas orquestras de ópera. Exs.: Bolonha – Igreja de San Petronio; Veneza – Catedral de San Marco: instrumentos arcaicos vão sendo substituídos por cordas – contingente de músicos é relativamente pequeno, mas aumenta em ocasiões especiais Música policoral continua tardiamente nas igrejas italianas: Burney, 1770 – Milão, Pádova e Veneza – intérpretes não estavam exatamente juntos Galeazzi – 1791 – atraso dos ensembles na música policoral chega a 1/8 de tempo Conservadorismo das orquestras italianas de igreja: Ensembles divididos Tamanho pequeno Instrumentos arcaicos Oratório no Palácio da Chancelaria, Roma, 1727 Serenata no Palácio Real em honra da Imperatriz Elisabetta, Nápoles, 1713 Ópera era mais avançada Igreja – importante para músicos – emprego sólido (mas pagava pouco) Estabilidade da igreja atraiu: Sammartini, Tartini, Valentini Ex. Sammartini, Abertura em Ré Maior, https://open.spotify.com/track/4S7dNTjJ92AmouUSjhJzFY Orquestras de Concerto Comuns na Lombardia, sobre administração austríaca de 1706 a 1796 Importantes no norte da Itália: Veneza, Mântova e Bolonha Concertos: Patrocinados por academia ou nobre – número limitado de pessoas Alguns poucos – ao ar livre – atingiam mais público Mais barato promover concertos que óperas ou oratórios: Não precisam de teatros específicos Não precisam de maquinaria Ex.: Concertos patrocinados pelo Conde Pallavicini, governador austríaco de Milão (1746-47 e 1750-53). No verão – praça ao lado do fosso do castelo Sforzesco. Fig. 5.4 Castelo Sforzesco, Milão, 1751 detalhe mostrando a concha [acústica] do lado de fora do fosso Giovanni Battista Sammartini Ex. Sinfonia em Sol Maior, II mov. https://open.spotify.com/track/7KtvPpVxeBEfJJGbz41eb4 Compositor, arregimentador, diretor Corelli em Roma = Sammartini em Milão (50 anos depois) Música orquestral para o governador e para as academias milanesas Segundo Giovenale Sachi, matemático e músico amador – Orquestra de Milão, uma das melhores da Europa. Sammartini e a Orquestra de Milão – concertos para outras cidades do norte da Itália: Cremona e Pádova - Arquiduque austríaco Leopold e sua esposa – 1765 – 32 músicos mais contingente local Burney relata um concerto de amadores que ouviu em Milão – nível dos amadores milaneses era bastante alto 1758 – Sammartini funda com aristocratas a Accademia Filarmonica, uma orquestra amadora, que se encontrava uma vez por semana Reale Accademia – Mântova – patrocinava a Colonia Filarmonica: Intérpretes amadores Amadores não intérpretes Profissionais pagos (do teatro e da igreja) Mozart – 1770 – encontrou 18 profissionais e um número desconhecido de amadores Orquestras de concerto – a ênfase não está na grandiosidade, mas no entretenimento social Concerti grossi de Corelli ou concertos de Vivaldi – difíceis para amadores que liam à primeira vista Repertório de amadores – árias de ópera e sinfonias de ópera Repertório novo, composto especialmente para esses grupos, mais fácil: Vivaldi, Giulini, Lampugnani, Chiesa, Brioschi e, sobretudo, Sammartini Repertório italiano não foi impresso na própria Itália, mas em Paris, Londres e Amsterdam Repertório italiano circulou muito na Alemanha, onde influenciou um estilo orquestral de composição e performance. Instrumentos para a orquestra Desenvolvimento da música orquestral nos séculos XVII e XVIII: Disponibilidade de instrumentos Disponibilidade de instrumentistas Centro de manufatura de instrumentos de cordas – Lombardia: Milão, Brescia e Cremona – Família Amati, Família Guarneri, Antonio Stradivari (1644-1737) Bolonha, Veneza, Roma e Nápoles – instrumentos bons para a orquestra Guarneri e Stradivari desenvolveram novo tipo de violino – com o corpo mais plano. Aumentaram o brilho e a capacidade de sustentar o som. O design de Stradivari foi amplamente imitado, tanto na Itália quanto em outros países europeus. Começo do século XVIII – arco Tartini: mais longo, mais reto, com mais peso na ponta. Em uso por praticamente todo o século XVIII Centro de produção de cordas de tripa: Roma, Nápoles e Pádova François Raguenet, visitante francês em Roma, 1702: as cordas italianas são maiores, os arcos são mais longos – tocam mais forte que os franceses. Cello – surgiu na Lombardia, em 1650 – até então o violone era mais comum – instrumento de 8 pés maior que o cello Cello é melhor no registro agudo. Artesãos bolonheses teriam colocado um arame fino de prata na corda mais grave – confere mais potência para as grandes salas Apesar do cello ser muito usado como solista, violone e contrabaixo continuaram a ser os baixos mais comuns na orquestra italiana 600 a 700 instrumentos de Stradivari sobreviveram até hoje – ele deve ter feito 1.100. Isso dá a ideia de quantos instrumentos os italianos eram capazes de produzir. Forneceram para toda a Europa. Instrumentos de sopro Cornetto e sacabuxa – desde o século XV – Siena e Veneza Não havia tradição na manufatura de instrumentos de sopro. Oboé e traverso: instrumentos e instrumentistas vinham da França. Problema com corporação dificultava os luthiers de instrumentos de sopro – eles não tinham uma corporação própria Andrea Fornari – 1792 – primeiro artesão italiano oficialmente autorizado Carlo Palanca, Turim – luthier ruim, relato de fagote mal feito – mistura de peças novas com velhas Instrumentos ruins faziam com que orquestras italianas tivessem poucos sopros Tocadora de Sacabuxa Tocador de cornetto Formação de músicos orquestrais Nápoles e Veneza – instituições únicas Conservatórios – instituições de caridade Orfanato com objetivo de: Ensinar aos jovens uma profissão Sustentar o orfanato com a atividade dos alunos Conservatórios admitiam alunos pagantes, músicos e cantores de talento que eram patrocinados por parentes ou por um doador rico. Nápoles – 4 conservatórios – Conservatorio della Pietá dei Turchini Burney descreve a multidão de gente tocando junto em espaços comuns no conservatório de Sant’Onofrio Santa Barbara dei Cannonieri – Fundadores do Conservatorio della Pietá Veneza – 4 conservatórios – Orfanatos (Ospedali) só de moças. Exceção: Ospedali de la Pietá, que aceitava rapazes que, no entanto, não tocavam Moças: Órfãs Estudantes aceitas para audição com bolsa Alunos pagantes Maestros dos Ospedali de la Pietá e Incurabili: Vivaldi, Porpora, Sarti, Galuppi, Hasse, Jommelli Ex. Jommelli, La passione di nostro sgnore Gesú Cristo, Aria A’passi erranti https://open.spotify.com/track/2k8tmGelAjrRVcSm10KMRH Moças viviam isoladas, vestidas de uniforme e tinham hábitos praticamente monásticos Ospedali mantinham um grupo equivalente a uma capela - coro e orquestra, com solistas instrumentais e vocais – tocavam em missas, vésperas e oratórios Século XVIII – Ospedali se tornaram atração turística Moças tinham muito tempo para ensaiar e estudar. A qualidade da performance impressionava os visitantes Moças tocavam atrás de véus e grades. Havia um apelo exótico e sensual pelo fato de se tratar de moças Moças de Veneza não podiam tocar nas orquestrasprofissionais Não havia, fora isso, nenhum sistema formal de educação musical. Os músicos pagavam um professor particular, ligavam-se a ele e acabavam tocando junto na orquestra. Orquestras romanas – Scolaro di Silvestro, scolaro d’Ippolito Ensino musical também vinha muitas vezes da família Nas listas de músicos de Milão, Florença e Turim, havia várias pessoas com o mesmo sobrenome Sistema de substituição nas orquestras, ainda que causasse reclamações, possibilitava aos jovens as primeiras experiências orquestrais – isso aumentava também o número de músicos-extra disponíveis Grande circulação de músicos por toda a Itália, especialmente nos grande centros. Em Roma, registro de músicos de: Gênova, Nápoles, Bolonha, Alemanha, Espanha etc Sopros: importados da Alemanha, em Veneza Itália exportou músicos de cordas e importou sopros image1.jpeg image6.emf image7.png image8.png image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.jpeg image15.png image16.png image17.png image18.png image19.png image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg
Compartilhar