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Diabetes Melitus Canina e Felina

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Diabetes Melitus Canina e Felina
Escrito em: maior/2010
Última modificação: janeiro/2012
Todo alimento consumido, é eventualmente convertido em açúcar (glicose), que é a fonte de energia para todos  os órgãos. Se muita comida for consumida, as calorias extras podem ser estocadas pelo corpo para conversão em açúcar mais tarde. O açúcar é transportado pelo sangue para todas as áreas do corpo, e qualquer célula que esteja necessitando  de açúcar simplesmente usa o açúcar presente no sangue. Mas para que as células "puxem" o açúcar  para seu interior a partir do sangue, uma substância chamadainsulina é necessária. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, e é essencial para a vida.
A diabetes ocorre quando a insulina não é produzida,quando o organismo produz em baixas quantidades ou tem alguma condição que interfere na ação da insulina. Devido a isso existem duas formas de diabetes melitus:
Diabetes Melitus tipo I ou insulino-dependente
Diabetes Melitus tipo 2 ou não insulino-dependente
O diabetes é uma doença muito comum em humanos, cachorros e gatos. Cerca de 10% das pessoas com diabete melito possuem a doença tipo I e 90% tipo II. Aproximadamente 60% dos gatos diabéticos possuem tipo I e 40% tipo II. Praticamente 100% dos cães com diabetes, possui a doença tipo I.
 
O que  acontece num animal com diabetes?
Sem a  insulina para remover o açúcar do sangue, ele começa se acumular, até que ao atingir um certo nível sanguineo, ele começa a ser extravasado pela urina através do rim, gerando dessa forma uma grande quantidade de urina.
Como eles começam produzir muita quantidade de urina, e acabam perdendo muito volume de água, torna-se necessário repor o volume perdido, e por isso começam beber muita água.
Já as células que precisam do açúcar como fonte de energia, ficam sem acesso a esta fonte e começam literalmente "morrer de fome". Com isso enviam mensagem de alerta que está faltando energia, e o animal diabético começa comer cada vez mais e mais. Mesmo o animal comendo muito, as células continuam não tendo acesso a energia e mandam novas mensagens de alerta ao organismo que começa degradar gordura e músculo para obter energia para as células. Porém, mesmo com todo este esforço o organismo ainda não pode utilizar o açúcar proveniente deste processo.
Os sinais clínicos dos diabéticos portanto refletem todo este esforço do organismo: os animais acometidos bebem água em excesso, urinam grandes quantidades, aumentam consumo de alimento e emagrecem muito.
 
 
A foto ao lado ilustra um animal antes da diabetes [obeso, cerca de 8,5 kg] e no mês do diagnóstico da doença com 4 kgs a menos.
 O diagnóstico do diabetes é feito através da dosagem do nivel de açúcar no sangue (glicemia), nível de açúcar na urina (pela urinálise) e presença dos sinais clínicos descritos.
Uma vez diagnosticada a doença, inicia a parte mais complexa: o tratamento!
Como foi dito anteriormente a minoria dos cães e gatos, possuem diabetes tipo II. O tratamento para este tipo inclui: perda de peso, dieta própria para diabético e medicação hipoglicemiante via oral. Bem como monitoração frequente dos níveis de glicemia. Poucos gatos respondem exclusivamente a este tratamento.
 
Já o tratamento do diabetes tipo I (100% dos cães e 80 - 90% dos gatos) é feito com injeções diárias de insulina para toda a vida, associada a alimentação propria pra animal diabético (que contém ingredientes que regulam a  produção de glicose), exercício e monitoração constante através de exame de sangue e urina.
[a foto ao lado ilustra o "kit" de tratamento do cão diabético: ração terapêutica, insulina, glicosímetro e seringas]
  
Existem vários tipos de insulinas humanas no mercado, e apenas um tipo de insulina veterinária. O que varia entre elas é a origem da insulina (humana recombinante ou suína) e a duração do efeito (curta ação, intermediária e longa ação). Em geral os cães e gatos se adaptam bem a insulina humana e a mais utilizada de rotina é a de ação intermediária. A de ação rápida é utilizada apenas em casos de emergência, quando a glicemia atinge níveis elevadíssimos.
Em medicina veterinária, como lidamos com diversos tamanhos de animais, o tipo de seringa utlizada para aplicar insulina deve ser adaptada para o tamanho do animal e quantidade de gordura que ele possui. Existe 3 tipos de seringa: de 30 unidades, 50 e 100 (capacidade total de 0,3 ml, 0,5 ml e 1 ml respectivamente), todas com opção de agulha longa ou curta. Cães muito pequenos e gatos, que irão receber pouco volume de insulina por aplicação precisam de seringas com menor volume (30 - 50U) e os animais  com pouca capa de gordura precisam de agulha adaptada pro seu score corporal.
Uma observação importante: as seringas com capacidade de 30U e de 50 U são marcadas de 1 em 1 unidade, facilitando os animais que precisam de dose total ímpar, ao contrário das seringas  de 100 U que são marcadas de 2 em 2 unidades, possibilitando somente aplicação de total de dose par.
 
Diferença entre agulha longa x curta.
Seringa de 100, 50 e 30 U
O início do tratamento com insulina requer acompanhamento rigoroso, até que o animal e o proprietário estejam adaptados com a rotina. Leva em média de 30-40 dias até que que o veterinário possa definir a dose diária e a frequência de aplicações (uma ou duas vezes ao dia) que o animal irá precisar. Para isso é preciso fazer um exame chamado curva glicêmica, que diz se a dose de insulina foi efetiva, quanto tempo ela agiu no organismo do animal e valor mais alto e mais baixo de glicemia. Para fazer este exame, o animal fica internado na clínica por pelo menos 12 horas, e seu sangue é colhido a cada 1 ou 2 horas, e dosado a glicemia. Com o resultado em mãos o veterinário irá fazer adaptações no tratamento. Este exame é importante ser feito a cada 3 meses nos animais diabéticos, pois em algumas fases da vida e em algumas condições, a dose de insulina poderá sofrer variação.
Hemograma, análise de função renal, hepática e exame de urina também devem ser feitos rotineiramente no animal diabético, pois o fígado é um dos órgãos que pode sofrer consequências da doença a longo prazo e várias doenças em outros órgãos, pode comprometer o controle glicêmico  do paciente diabético.
Nas fêmeas, é indicado a castração assim que possível, pois o cio e os hormônios presentes nessa fase, dificultam muito o controle glicêmico.
Assim que o proprietário e o animal diabético acostumarem com a rotina de tratamento e estiverem bem adaptados, uma monitoração doméstica de glicemia pode ser iniciada. Isto é feito com uso de glicosímetros portáteis, que usam fitas reagentes e uma gotinha de sangue (que pode ser colhido no lábio, orelha ou coxim - leia mais abaixo) para analisar a quantidade de açúcar do sangue. Com isso o proprietário poderá identificar mais rapidamente situações emergênciais como hipoglicemia ou hiperglicemia e contactar o veterinário imediatamente.
Mesmo com o tratamento sendo feito corretamente os cães podem desenvolver problemas secundários ou concomitantes a diabetes. O principal deles é a catarata. Quase 100% dos cães diabéticos desenvolvem catarata, e consequente problema visual nos primeiros 6 a 24 meses, isso é inevitável.
Outros problemas comuns aos pacientes diabéticos é a maior chance de desenvolver  infecção urinária e nas fêmeas,  de desenvolver de piometra (infecção uterina). Nos pacientes que fazem uso de insulinoterapia, crises de hipoglicemia podem acontecer, e geralmente estão associadas a dieta incorreta ou dose alta de insulina. Uma hiperglicemia elevada [acima  de 500 mg/dl] pode evoluir pra um quadro grave chamado de cetoacidose diabética que se não diagnosticada a tempo, e tratada de forma emergencial pode evoluir para o óbito do animal.
 
 
 
Esta é a Gorda, cachorra da foto acima, permaneceu  estabilizada no peso de 6,5 Kg  recebendo 2 aplicações diárias de insulina, por quase 5 anos seguidos. Aos 2 anos do diagnóstico perdeu 100% da visão em consequência da catarata diabética + catarata senil e mais uma vez, se adaptando perfeitamente  a  novacondição. Veio a óbito com quase 15 anos de idade, em decorrência de insuficiência renal crônica.
Diabetes Mellitus é uma doença séria, que pode levar a morte caso não tratada adequadamente. Mas uma vez instituído o tratamento, a  rotina e o acompanhamento frequente do veterinário o animal pode viver uma vida relativamente normal.
  
Observações importantes:
- a agulha de insulina é finíssima. Os cães e gatos sentem muito pouco incomodo com as injeções. Alguns animais mais sensíveis podem ser ensinados após cada injeção, receber uma recompensa, como por exemplo, um brinquedo, um passeio, afagos e brincadeiras. Assim  mesmo ele não gostando da injeção, saberá que será recompensando em seguida facilitando assim a aplicação.
- a rotina de horário é parte essencial para o tratamento de um animal diabético. Horários fixos de alimentação (2-3 vezes ao dia para os cães, no caso dos gatos quantidade fixa de alimento porém deixada a vontade) bem como horário fixo de medicação são de extrema importância para evitar variações bruscas na glicemia.
- Algumas medicações não devem ser usadas em pacientes diabéticos, bem como petiscos caninos  comuns no mercado, é contra-indicado.
 
Maricy Alexandrino - Médica  Veterinária
©Este texto é um trabalho original do Autor e é protegido pela Lei de Direitos Autorais. Qualquer uso ou reprodução deste texto depende de prévia e expressa autorização do Autor
 
Como coletar sangue para monitoração doméstica?
Pra quem já está capacitado e liberado pelo veterinário a realizar a monitoração doméstica de glicemia no cão ou gatos, os lugares possíveis de coleta de sague são: orelha, lábio face interna lábio face externa coxins [almofadinhas dos pés] e base da cauda.
Eu particularmente utilizo a caneta lancetadora que vem junto com o glicosímetro, na graduação 3,5 e lanceto lábio interno.
Cada proprietário e animal se adaptam a  uma técnica diferente. A melhor opção é testar ver qual ambos se sentem mais confortáveis. Para os gatos o local mais fácil costuma ser a ponta de orelha.

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