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Eti���m� ● síndrome de dependência ao álcool ● CID F10 ● etilismo: usuário tolerante à intoxicação produzida pelo álcool desenvolvendo sinais e sintomas de abstinência quando o álcool é retirado Fis���a��l��i� EPIDEMIOLOGIA ● substância psicoativa MAIS consumida no mundo ● VIGITEL 2019: padrão de consumo 18,8% da população brasileira é de bebedor abusivo ○ homens: 25,4% — 2010 27% ○ mulheres: 13,3% — 2010 10,5% ○ aumento consumo abusivo entre > 55a ○ 26,4% da população BR consome álcool 1 ou mais vezes na semana ● 55% da população BR possui hábito de consumir bebidas alcoólicas ○ 17,2% delas declararam aumento na pandemia ● mortes relacionadas ao consumo de álcool aumentaram 24% no 1º ano de pandemia ● aprox 15% das gestantes consomem álcool FATORES DE RISCO ● predisposição genética ● início precoce do uso ● idosos princip aposentados possuem maior propensão a desenvolver etilismo ● influência da mídia/conhecidos ● relacionamento conturbado com indivíduos próximos ● traumas ○ abuso sexual ○ violência doméstica ○ luto ● baixa autoestima ● uso por membros da família ● curiosidade CLASSIFICAÇÃO ● abuso do álcool: consumo de grandes quantidades de álcool sem dependência TIPOS DE ALCOOLISMO ● em um mesmo indivíduo é possível identificar mais de um tipo ● alcoolismo alfa: social ● alcoolismo beta: complicações físicas grandes ● alcoolismo gama: aumento da tolerância ao álcool ● alcoolismo delta: incapacidade de manter abstinência ● alcoolismo épsilon/periódico: indivíduo que após intervalos de discreta interrupção volta a beber por dias seguidos PADRÕES DE CONSUMO DO ÁLCOOL ● consumo moderado: sem risco ● consumo arriscado: potencial de produzir danos à saúde ● consumo nocivo: padrão constante de uso já associado a danos à saúde ● consumo em binge: uso eventual de álcool em grande quantidade ETIOLOGIA ● multifatorial ● combinação de vulnerabilidade e suscetibilidade ocasionadas por fatores biológicos, psicológicos e sociais - epigenética PATOGÊNESE ● coma alcoólico: condição em que indivíduo sofre RNC (rebaixamento do nível de consciência) por conta do consumo de álcool ○ ocorre quando o limite de metabolização hepática de álcool é ULTRAPASSADO— nível de álcool sérico continua elevado - gera intoxicação por álcool nos órgãos internos com efeitos princip cerebrais METABOLISMO ● etanol absorvido pelo TGI - parte pelo estômago e maior parte pelo intestino delgado ● transportado pela circulação porta ao fígado - sofre oxidação ● no hepatócito há 3 vias metabólicas com capacidade de oxidar o etanol em aldeído acético ○ sistema da enzima álcool desidrogenase (ADH) - matriz citoplasmática ■ principal via ■ eliminação do álcool produzido pela fermentação bacteriana no intestino ○ sistema microssomal de oxidação do etanol (MEOS) - REL ○ catalase - peroxissomos ● após ser convertido em aldeído acético é convertido em acetato ○ 90% pela ALDH (enzima aldeído desidrogenase) ● acetato atinge na corrente sanguínea - metabolizado nos tecidos extra-hepáticos em CO2 e água ● 2-10% da quantidade absorvida é eliminada pelos rins e pulmões PATOGÊNESE ● fígado: alteração produção enzimática + aumento do REL no fígado ● TGI: irritação da mucosa + alterações capacidade intestinal de absorção ○ alterações produção de insulina e enzimas digestivas no pâncreas ● álcool se liga ao GABA no SNC potencializando seu efeito ○ GABA: ácido gama-aminobutírico — principal neurotransmissor inibitório do SNC ● atua semelhante aos benzodiazepínicos - porém seu efeito sobre os receptores é MENOR e MENOS CONSISTENTE ● PORÉM em diferentes dosagens o álcool possui efeito excitatório ● apesar da dualidade tem ação depressora das funções cerebrais - pode alterar estrutura e bloquear o funcionamento do sistema nervoso - deterioração neuropsicofisiológica FASES DO CONSUMO ● FASE 1/ADAPTAÇÃO/LUA DE MEL ○ logo após primeiro contato com a bebida ○ início do etilismo social ● FASE 2/TOLERÂNCIA/LIMIAR DA DOENÇA ○ adaptação do SNC ao álcool - diminuição dos efeitos ■ bebe muito e não fica bêbado ○ surge síndrome de blackout/apagamento ■ amnésia dos momentos em que esteve sob efeito de álcool ● FASE 3/SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ○ sintomas físicos de abstinência ao passar muito tempo sem beber ■ indivíduo bebe para se livrar dos sintomas - caracterização de dependência ○ início deterioração física, mental e social de maneira mais visível - problemas de saúde MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● variam conforme o indivíduo ● edema nas mãos ● rubor e edema moderado da face ● edema das pálpebras ● olhos lacrimejantes ● perda de força ● disfunção sexual ● disfunção do sono ● falta de coordenação motora ● vertigens e desequilíbrio ● sudorese e tremores ● mudanças repentinas de humor ● distúrbios de ○ cognição ○ afeto ○ comportamento ○ consciência ○ memória ● perturbações amnésica persistente e psicótica ● ansiedade ● delirium MANIFESTAÇÕES INTOXICAÇÃO AGUDA ● euforia ● perda da inibição social ● comportamento expansivo - inadequado para o ambiente ● agressividade ● sonolência COMPLICAÇÕES ● DCV e hipertensão ● TGI ○ gastrite ○ esofagite ○ diarreia ○ pancreatite ○ úlceras ○ varizes esofágicas ● fígado ○ inflamação crônica ○ hepatite alcoólica ○ cirrose ○ esteatose hepática ● sistema nervoso ○ atrofia do cerebelo ○ neuropatia periférica ○ distúrbios de coordenação ○ delírios ○ alterações de humor ○ demência ● sistema genital ○ infertilidade ○ impotência ● síndrome alcoólica fetal (SAF) ○ situação de maior gravidade gerada pelo consumo de álcool no período gestacional ○ combinação de ■ disformias - princip faciais ■ retardo no crescimento pré e/ou pós-natal ■ comprometimento neurológico Di�g�ós�i�� RASTREIO ● GRAU B: rastreio para adultos, inclusive gestantes DIAGNÓSTICO ● classificação dependência química DSM-IV e CID-10 ● OMS quantidade de ingesta ○ homens: > 15 doses/semana ○ mulheres: > 10 doses/semana ○ doses > 30g/dia consideradas problemáticas ■ 1 dose = 25g ● tabela CAGE auxilia no diagnóstico ○ 2 ou + questões afirmativas sugerem indicação positiva de dependência ao álcool ● consumo excessivo/etilismo pesado ○ + de 7 drinks/semana para mulheres ou + de 14/semana para homens ○ + de 3 drinks/dia para mulheres ou + de 4/dia para homens pelo menos 1x na semana ○ 1 episódio de embriaguez por semana ○ consumo de + de 20 dias seguidos de bebidas alcoólicas em qualquer quantidade ● questionário AUDIT - Alcohol Use Disorders SAA ● síndrome de abstinência ao álcool ● inicia nas primeiras 24 horas de interrupção/diminuição da ingesta de álcool em 90% dos casos — sintomas leves a moderados ● diagnóstico OMS— mínimo 3 dos sinais devem estar presentes ○ tremores de língua, pálpebra ou mãos quando estendidas ○ sudorese ○ náuseas e vômitos ○ taquicardia ou hipertensão ○ agitação psicomotora ○ cefaleia ○ insônia ○ mal-estar ou fraqueza ○ alucinações visuais, táteis ou auditivas transitórias ○ convulsões ● delirium tremens forma mais severa da SAA— EMERGÊNCIA ○ confusão mental e desorientação ○ agitação extrema - por vezes necessidade de contenção ○ tremores grosseiros ○ instabilidade autossômica - flutuações de pulso e PA ○ distúrbios hidroeletrolíticos ○ hipertermia ○ ideação paranóide ○ distraibilidade ○ zoopsias (alucinações visuais) intensas e sensoriais ○ convulsões ● escala CIWA-Ar - clinical institute withdrawal assessment for alcohol ○ padrão-ouro para diagnóstico e manejo SAA ● SAA leve: ansiedade, irritabilidade, insônia, tremor ● SAA moderada: febre, desorientação, alucinação ● SAA grave: confusão, tremores intensos, alucinações visuais atemorizantes ● SAA não complicada: CIWA < 20 ● SAA complicada: CIWA > 20 OU delirium tremens OU convulsões Tra����n�o ● métodos gerais de tratamento dependência química ○ ambulatorial ○ internação voluntária e involuntária ○ TCC ○ método Minnesota ● abordagem de dosagem-fixa ○ prescrição de benzodiazepínicos com tabela de doses e frequência diária pré-determinada por poucos dias ○ preferível em APS ● abordagem sintomática/symptom-triggered ○ monitorização diáriados sintomas com uso de fármacos conforme intensidade do quadro ○ possibilita uso menos frequente de benzodiazepínicos ● encaminhar ao CAPS em caso de alteração orientação temporal e espacial e/ou nível de consciência ● medicamentos ○ acamprosato ○ naltrexona ■ mais utilizado na prática ○ dissulfiram ■ POUCO utilizado Dissulfiram (Antabuse) Naltrexona (Revia/Uninaltrex) Acamprosato (Campral) Definição sensibilizante ao álcool antagonista de opióides co-agonista do receptor NMDA Mecanismo de ação inibidor da enzima aldeído-desidrogenase gera acúmulo de acetaldeído (tóxico) - ocasiona fortes náuseas, vômitos e até convulsões bloqueio dos receptores opioides μ impedem ligação dos opioides exógenos à esses receptores - reduz efeitos prazerosos do consumo do álcool bloqueio da excitabilidade glutamatérgica inibe a atividade excitatória glutamatérgica agindo em uma subclasse dos receptores de glutamato (NMDA) - princip quando hiperatividade destes receptores Efeitos adversos rash cutâneo, disfunção sexual, acne, fadiga, gosto metálico na boca náuseas, vômitos, cefaleia, perda de peso cefaleia, diarreia, rash cutâneo, náuseas Contra-indicações cirrose, insuficiência hepática, epilepsia, gestação cirrose, insuficiência hepática, dependência de opióides, gestação insuficiência hepática Child Pugh C, gestação Posologia dose inicial: 500 mg/dia por 14 dias dose de manutenção: 125-250 mg/dia dose inicial: 25 mg/dia dose de manutenção: 50 mg/dia dose > 60 kg: 1998 mg/dia dose < 60 kg: 999 mg/dia Recomendações monitorização função hepática introdução somente após 24-48h de abstinência evitar fontes de álcool mesmo que de uso tópico monitorização função hepática monitorização função hepática SAA ● tratamento SAA fármaco de escolha benzodiazepínicos ● eficácia no tratamento da agitação psicomotora relacionada à abstinência ● prevenção de sintomas mais graves - delirium, convulsões ● recomendação de suplementação de tiamina/vitamina B1 para profilaxia de Encefalopatia de Wernicke indicada para todos pacientes em SAA ● SAA leve-moderada ○ possível tratamento ambulatorial ○ cuidados gerais ■ esclarecer familiares sobre SAA ■ monitorizar por 4 semanas a cada 3-5 dias ■ contra-indicar direção veicular ■ dieta leve e hidratação adequada VO ■ repouso relativo ■ supervisão familiar ■ encaminhar para emergência se rebaixamento nível de consciência e/ou desorientação em tempo e espaço ○ farmacoterapia ■ tiamina 100mg IM primeiros 3d e 300mg VO nas próximas 4 semanas ● pacientes com desnutrição ou síndrome de má absorção: tiamina 200-250mg IM ou EV por até 3 dias ■ diazepam 20-40mg VO dividido em 3 tomadas ■ lorazepam em substituição a diazepam se hepatopata 4-8mg VO divididos em 3 tomadas por 7d ■ a partir da 2ª semana reduzir gradativamente os sedativos ● SAA grave ○ SAA não complicada: tratamento hospital dia ou observação ○ SAA complicada: tratamento em hospital clínico geral ○ internação = confusão mental, frequentes complicações clínicas e necessidade de monitorização com exames de controle ○ cuidados gerais ■ esclarecer familiares sobre SAA ■ dieta leve (consciência normal) ou jejum (confusão mental) ■ repouso absoluto ■ contenção no leito se agitação intensa ■ redução estímulo audiovisual ■ manter luzes acesas ■ monitorização rigorosa sinais vitais, glicemia, eletrólitos, enzimas hepáticas e hidratação parenteral ○ farmacoterapia ■ tiamina IM primeiros 7d e VO nas 4 semanas seguintes ● manter tiamina mesmo após alta em ○ desnutridos ○ adolescentes ○ hepatopatas ○ idosos ○ etilistas crônicos ■ dobrar dose se suspeita de encefalopatia de Wernicke - confusão mental, ataxia, nistagmo ■ recomendação: benzodiazepínicos de longa ação ● avaliar sintomas a cada 1h - prescrição baseada nos sintomas ○ com melhora do quadro possível avaliar a cada 8h ● diazepam 10-20mg VO a cada 1h OU clordiazepóxido 50-100mg VO a cada 1h até sedação leve ● substituição por lorazepam 2-4mg VO a cada 1h até sedação leve se hepatopata ○ se alucinações: haloperidol 5mg VO ou IM por até 7 dias ○ se hipertensão: clonidina INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA ● hidratação com cristaloide bolus 10-20mg/kg seguido de 20-30mg/kg/24h ● acrescentar glicose no soro - mínimo 100g (400 kcal) ● lavagem gástrica POUCO útil - álcool possui rápida absorção ● reposição de tiamina em etilistas crônicos DEVE ser feita 30min ANTES da glicose ○ NÃO necessária em etilistas sociais ○ células nervosas utilizam tiamina na metabolização de glicose ○ ausência da tiamina em etilistas crônicos pode desencadear encefalopatia de Wernicke
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