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Nomenclatura e classificação fiscal de mercadorias

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Sistema Harmonizado (SH)
Para a comercialização de mercadorias ao redor do mundo, é necessário efetuar a sua identificação precisa, de modo que as partes envolvidas possam negociar preços, calcular o valor do frete e aplicar as tarifas alfandegárias correspondentes.
Por isso, foi criado o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou apenas Sistema Harmonizado (SH), que é um critério internacional padronizado de codificação e classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e descrições.
A finalidade do sistema é promover o desenvolvimento do comércio internacional, criando uma linguagem aduaneira comum, de modo a aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas de comércio exterior.
Além disso, o SH é a base para o cálculo de tarifas aduaneiras, dos fretes e da elaboração de acordos e concessões tarifárias no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O SH foi aprovado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira e entrou em vigor internacionalmente em 1988. O Brasil passou a utilizá-lo em 1989 e, atualmente, 190 países utilizam o SH, representando a quase totalidade do comércio mundial de bens. Com este sistema de padronização, uma mesma mercadoria tem um único código em nível mundial, permitindo às empresas de qualquer país identificar um produto, o que proporciona uniformidade e maior transparência nas negociações internacionais.
Existe uma metodologia e critérios específicos para a classificação. As mercadorias são classificadas em ordem crescente de industrialização ou participação humana no processo. Assim, o primeiro capítulo é o de animais vivos e o último, obras de arte. Isto é, quanto maior o grau de sofisticação, maior a posição que ocupará.
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Saiba mais
O SH possui 21 seções e 99 capítulos, mas apenas 96 são utilizados. O capítulo 77 está em branco, reservado para uma possível utilização futura, e os Capítulos 98 e 99 estão em branco para usos especiais pelas partes contratantes.
Compõem ainda o SH seis regras gerais para interpretação do Sistema e Notas de Seção, Capítulo e Subposição, para fins de orientação, bem como as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (Nesh). Essas notas explicativas fornecem esclarecimentos e interpretam o Sistema Harmonizado detalhadamente, de modo a exibir o alcance e conteúdo da Nomenclatura.
Veja exemplos de distribuição das seções:
Seção I – Animais vivos e produtos do reino animal
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Capítulo 1 – Animais vivos.
Capítulo 2 – Carnes e miudezas, comestíveis.
Capítulo 3 – Peixes e crustáceos, moluscos e os outros invertebrados aquáticos.
Capítulo 4 – Leite e laticínios, ovos de aves, mel natural e produtos comestíveis de origem animal, não especificados nem compreendidos em outros capítulos.
Capítulo 5 – Outros produtos de origem animal, não especificados nem compreendidos em outros capítulos.
Seção II – Produtos do reino vegetal
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Capítulo 6 – Plantas vivas e produtos de floricultura.
Capítulo 7 – Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis.
Capítulo 8 – Frutas, cascas de cítricos e de melões
Seção XI – Matérias têxteis e suas obras
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Capítulo 50 – Seda.
Capítulo 51 – Lã, pelos finos ou grosseiros, fios e tecidos de crina.
No SH, toda mercadoria deve ser expressa em 6 dígitos. Os dois primeiros dígitos indicam o capítulo onde a mercadoria está inserida; o 3º e 4º dígitos indicam a posição da mercadoria dentro do capítulo; o 5º dígito indica a subposição simples ou de primeiro nível, enquanto o 6º dígito indica a subposição composta ou de segundo nível.
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Exemplo
0813.10 - Capítulo 08 – Frutas, cascas de cítricos e melões. Posição 13 – Frutas secas. Subposição 10 – Damascos.
0813.20 - Capítulo 08 – Frutas, cascas de cítricos e melões. Posição 13 – Frutas secas. Subposição 20 – Ameixas.
08 » Capítulo
13 » Posição
1 » Subposição simples
0 » Subposição composta
Entre os países, a parte comum do código são 6 dígitos, já nos blocos econômicos ou mercados comuns existem mais 2 dígitos que classificam as mercadorias especialmente para este bloco.
História do sistema harmonizado
No comércio entre os países havia muitos obstáculos para identificar as mercadorias, o que era motivo de interpretações diversas, tornando o processo moroso e com custos elevados.
Após a Primeira Revolução Industrial, Inglaterra, França e Estados Unidos começaram a dar identidade às mercadorias, separando-as em grupos e subgrupos homogêneos e com características comuns, buscando formas para simplificar as práticas comerciais, criando uma linguagem comum para designar com precisão o produto, além de atender a todas as nações.
Houve inúmeras conferências e congressos para a criação de uma nomenclatura de mercadorias mais harmônica e universal. Podemos citar:
· 1853 – Bruxelas – 1º Congresso Internacional de Nomenclatura Estatística.
· 1869 – Haia.
· 1872 – São Petersburgo – Congressos Estatísticos Internacionais.
· 1876 – Budapeste.
· 1889 – Paris – Congresso Comercial Internacional e Washington – 1ª Conferência Internacional dos Estados Americanos.
· 1892- Áustria/Hungria.
· 1906 – Milão – Congresso Internacional.
A seguir, veja a evolução das nomenclaturas ao longo do tempo:
1. filter_1
1913
Em Bruxelas, foi criada uma nomenclatura envolvendo 29 países contendo 186 itens, divididos em cinco grupos (animais vivos, alimentos e bebidas, matérias-primas ou materiais semimanufaturados, produtos manufaturados e ouro e prata).
2. filter_2
1931
Na Liga das Nações Unidas, surgiu uma nova nomenclatura de mercadorias, revisada em 1937, conhecida como Nomenclatura de Genebra, que apesar de ser utilizada por muitos países, não atingiu plenamente os objetivos, tendo em vista as tensões políticas e a Segunda Guerra Mundial, mas foi o início de uma nomenclatura padronizada.
3. filter_3
1950
A Convenção de Bruxelas ocorreu após a Segunda Guerra e aprovou o texto de um projeto apresentado pela União Aduaneira Europeia, atualmente, Comunidade Europeia, para a criação de uma nomenclatura para classificação de mercadorias. Nesta convenção foi iniciada a criação do Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA), inaugurado em janeiro de 1953, que tinha como função propor medidas práticas mais harmônicas e uniformes dos sistemas aduaneiros.
4. filter_4
1970
O CCA iniciou estudos para desenvolver um sistema que reunisse as principais nomenclaturas de mercadorias utilizadas ao redor do mundo. Em 1973 foi aprovado o relatório final dos estudos, que concluiu pelo desenvolvimento de um sistema, que teria por base a nomenclatura do CCA e outros sistemas existentes na época, além da participação de membros internacionais para execução. Foi então criado um comitê internacional, com 60 países e mais de 20 organizações.
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1983
O Conselho de Cooperação Aduaneira aprovou o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, que foi finalmente implantado em todo mundo a partir de primeiro de janeiro de 1988. O Sistema é revisto tempestivamente em decorrência do avanço tecnológico e surgimento de novos produtos.
6. filter_6
1994
O Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA) adotou o nome informal de World Customs Organization (WCO) ou Organização Mundial das Alfândegas (OMA).
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM)
A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é a nomenclatura regional de padronização de mercadorias adotada pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, desde 1995, e que deve ser utilizada em todas as operações de comércio exterior dos países do Mercosul.
A NCM se baseia no Sistema Harmonizado (SH), acrescentando mais dois dígitos para permitir melhor detalhamento dos produtos, assim, os 6 primeiros dígitos são do Sistema Harmonizado e os 7º e 8º dígitos, denominados item e subitem, são específicos do NCM.
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Exemplo
2106.90.90 – Preparação em pó utilizada para alimentação infantil em período de lactância, constituída basicamente por sólidos de xarope de milho, óleos vegetais, sacarose, componentes de proteína de soja, vitaminas e minerais.21 » Capítulo
06 » Posição
9 » Subposição simples
0 » Subposição composta
9 » Item
0 » Subitem
O Mercosul foi criado em 1991 pelo Tratado de Assunção e tem por objetivo a integração econômica por meio de:
· Livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados-Partes.
· Eliminação das restrições tarifárias, não tarifárias e de qualquer outra, incidente sobre o comércio recíproco.
· Estabelecimento de uma tarifa externa comum.
· Adoção de políticas comerciais comuns em face de terceiros países, com a coordenação de posições em foros econômico-comerciais internacionais.
· Coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência.
· Comprometimento dos Estados-Partes de harmonizar suas legislações para lograr o fortalecimento do processo de integração.
Conforme estabelecido no item C do acordo do Mercosul, foi instituída a Tarifa Externa Comum (TEC). Ela tem por objetivo assegurar o tratamento preferencial para os produtos do bloco ao criar uma tarifa para os bens provenientes dos países que não fazem parte do Mercosul. A TEC toma por base a NCM e tem uma extensa Lista de Exceções formada por produtos específicos de cada Estado-Parte, bens de capital, bens de informática e de telecomunicações.
As atribuições de analisar, processar e efetuar alterações tarifárias da TEC cabem à Câmara de Comércio Exterior (Camex).
A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é fundamental para:
1. Determinar as alíquotas dos tributos envolvidos nas exportações e importações.
2. Definir os tratamentos administrativos, como licenças de importação.
3. Elaborar dados estatísticos.
4. Estabelecer direitos de defesa comercial, dumping e subsídios.
5. Identificar mercadorias que podem ser enquadradas em regimes aduaneiros especiais.
6. Elaborar a nota fiscal eletrônica.
7. Negociar os acordos comerciais do país (preferências).
O responsável pela classificação da mercadoria na NCM é o próprio exportador ou importador. A busca pelo código pode ser realizada no sistema Portal Único do Comércio Exterior (NCM) on-line, por meio de pesquisa por código ou palavras e pela navegação na árvore da NCM. Entretanto, se houver dúvidas quanto à correta classificação, deverá ser efetuada consulta formal à Secretaria da Receita Federal.
Após realizar consulta formal à Secretaria da Receita Federal, apresentando dados como nome vulgar, comercial, científico e técnico da mercadoria, sua função principal, descrição resumida do funcionamento, dimensões, peso líquido, forma e matéria de que é constituída, a empresa, que havia classificado a máquina para corte de metais por jato de água como NCM 8424.89.90, foi orientada a utilizar o NCM 8424.89.99 (DALSTON, 2012).
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