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Operações no Mercado de Câmbio

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Mercado de câmbio
Operações em moeda estrangeira
Para negociar o recebimento do valor das exportações e o pagamento das importações, é necessário que a empresa tenha conhecimento de como são realizadas essas operações pelas instituições financeiras e quais são os procedimentos no mercado de câmbio brasileiro.
Neste módulo, vamos abordar aspectos como, taxa de câmbio, regime cambial, atuação do Banco Central e contratos de câmbio. Nas transações comerciais internacionais, as empresas devem observar vários procedimentos, entre eles o pagamento e/ ou recebimento da operação realizada. Para a concretização dessas operações, em geral, a moeda negociada é uma conversível. Observe a diferença entre os dois tipos de moeda:
Moeda conversível
Moeda conversível, ou moeda forte, é aquela que tem livre aceitação no mercado internacional, sendo facilmente trocada por outras moedas. As principais moedas conversíveis são: o dólar norte-americano, o euro, o iene e a libra esterlina.
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Moeda inconversível
Moeda inconversível, ou moeda fraca, é aquela que tem limites quanto à sua aceitação, não sendo trocada livremente nas negociações com outros países. Entre elas, podemos destacar o real, o peso argentino e a rupia indiana.
O exportador brasileiro negocia para receber principalmente em moeda conversível, como o dólar dos EUA, a moeda mais utilizada no comércio mundial. A troca de uma moeda por outra dá origem a uma operação de câmbio, para que ocorra a conversão dessas moedas, na qual é estabelecida uma taxa. A taxa de câmbio é o preço de uma moeda em relação a outra. E como todo preço, a taxa de câmbio está sujeita a oscilações em decorrência de alterações em sua oferta ou demanda.
Caso haja excesso de oferta da moeda estrangeira, o preço da sua taxa tende a cair, valorizando a moeda nacional. Contudo, quando há excesso de procura pela moeda estrangeira, o preço tende a subir, ocorrendo a desvalorização da moeda nacional.
A oscilação da taxa de câmbio depende do regime cambial adotado pelo país.
Vamos conhecer dois tipos de regime de câmbio:
Regime fixo ou administrado
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O valor da taxa de câmbio é controlado pelo governo, que a mantém no nível julgado conveniente, impedindo sua flutuação.
Regime de taxa flutuante
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É adotado pelo Brasil desde 1999 e pela maioria dos países. A taxa de câmbio flutua livremente, porém o Banco Central intervém no mercado, a fim de evitar a voltatilidade e flutuações bruscas, impedir restrições de liquidez e garantir mecanismos de proteção ao mercado, reduzindo o risco dos agentes econômicos. Esse regime é denominado "flutuação suja".
A atuação no mercado pelo Banco Central se dá sob a forma de leilão, que pode ser à vista, de linha e swap cambial. Vejamos como funciona cada um deles:
· Leilão à vista: O Bacen disponibiliza (injeta) ou adquire (retira) a moeda estrangeira de acordo com a necessidade do mercado.
· Leilão de linha: O Bacen disponibiliza a moeda estrangeira, porém com compromisso de recompra, a fim de manter o nível de suas reservas cambiais.
· Leilão de swap cambial: O Banco Central vende contratos futuros atrelados ao dólar, ou seja, as instituições financeiras recebem a variação da taxa de câmbio, ao passo que o Banco Central recebe a variação da taxa de juros do período de validade dos contratos. Nos contratos de swaps, cada uma das pontas que o negociam se compromete a pagar a oscilação de uma taxa ou de um ativo. No leilão de swap cambial reverso, ocorre o contrário, o Banco Central se compromete a pagar juros ao investidor, em troca da variação cambial.
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Exemplo
O BC (Banco central) anuncia leilões de swap cambial tradicional para fins de rolagem integral dos contratos vincendos em 1° de julho de 2020.
O Banco Central, a partir de 18 de maio de 2020, deu início à rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em 1° de julho do mesmo ano, no montante de US$ 11,3 bilhões (225.980 contratos).
A execução desta rolagem prevê a realização de leilões diários de swap tradicional e compreenderá o período necessário para que todo o estoque vencendo em 01/07/2020 seja renovado.
O BC poderá alterar o lote ofertado a cada dia ou mesmo acatar propostas em montante inferior à oferta, conforme as condições de demanda pelo instrumento, sem prejuízo do objetivo de rolagem integral do vencimento.
Fonte: Página do Banco Central, Notícias, 2020.
No mercado de câmbio, as expressões “compra” e “venda” são denominadas tendo como base a posição da instituição financeira.
Se um importador brasileiro necessita pagar ao seu fornecedor do exterior e se dirige ao banco para realizar uma operação de câmbio, este venderá a moeda estrangeira, utilizando a taxa de venda. Como isso funciona na prática?
Boletim PTAX
Apesar de o Banco Central não estipular a taxa de câmbio, mas monitorar a sua flutuação e intervir quando julga oportuno e conveniente, ele emite em sua página eletrônica um boletim que retrata as taxas de câmbio, conhecido como Boletim PTAX.
Esse boletim reflete a média das taxas de câmbio utilizadas pelo mercado, sendo meramente informativo.
Como a taxa é flutuante, são emitidas diversas publicações:
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A inicial é a de abertura.
2. attach_money
As seguintes são as intermediárias, emitidas, aproximadamente, de hora em hora.
3. attach_money
A última é a de fechamento.
Esses boletins servem de referência para as cotações das moedas, em geral, e são disponibilizados com a informação da média do dia anterior e o boletim do momento atual.
Aspecto legal do mercado de câmbio brasileiro
No Brasil, a moeda estrangeira não pode circular livremente, ou seja, não é admitido o recebimento ou pagamento de qualquer valor em moeda estrangeira dentro do território nacional, é o sistema de curso forçado da moeda nacional.
As pessoas físicas ou jurídicas só podem efetuar a compra ou a venda de moeda estrangeira nos estabelecimentos legalmente autorizados pelo Banco Central do Brasil. Quais são esses estabelecimentos?
· Os bancos comerciais, múltiplos, de investimento, de desenvolvimento;
· Caixas econômicas;
· Bancos de câmbio e agências de fomento;
· Corretoras de câmbio ou de títulos e valores mobiliários;
· Sociedades de crédito, financiamentos e investimentos;
· Sociedades distribuidoras de títulos e de valores mobiliários.
Apenas os bancos comerciais, múltiplos, de investimento e as caixas econômicas podem realizar todos os tipos de operações de câmbio, tendo os demais algumas limitações quanto a valor e operações. As corretoras de câmbio possuem duplo papel:
Podem atuar, sem limite de valor, como intermediárias das operações de câmbio entre os clientes e os bancos.
Podem realizar transações diretas com os clientes, porém limitadas a US$300.000,00, ou o equivalente em outras moedas, por operação.
Tais agentes autorizados podem nomear os seus correspondentes cambiais, que realizam pequenas operações de compra e venda de moeda estrangeira, como no caso das agências de turismo. Cabe aos agentes e seus correspondentes, quando da realização das operações, observar os seguintes procedimentos:
1. Identificar perfeitamente o cliente;
2. Analisar a legalidade da operação;
3. Registrar as operações no Sistema Integrado de Operações de Câmbio (Sistema Câmbio) do Banco Central do Brasil;
4. Analisar a documentação apresentada;
5. Observar as disposições de natureza operacional, classificando corretamente as operações.
O exportador brasileiro - que recebeu dólares dos EUA e necessita trocá-los por moeda nacional para utilização no Brasil - deve dirigir-se a um estabelecimento autorizado e efetuar o câmbio, utilizando a taxa cambial em vigor naquela data e apresentando todos os documentos relacionados com a operação.
Já o importador brasileiro, que precisa pagar seu compromisso no exterior, deve se dirigir a uma instituição autorizada e adquirir a moeda estrangeira para fazer o pagamento e apresentar todos os documentos que comprovem a operação.
A relação das instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio brasileiro encontra-se na página do BancoCentral e, também, no aplicativo “Câmbio Legal”, que permite encontrar os pontos de câmbio existentes em todo o Brasil.
Câmbio turismo
Também conhecido como “dólar turismo”, é utilizado, em geral, para as operações relativas à compra e venda de moeda para viagens internacionais, comumente em espécie ou cartão de viagem.
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Câmbio comercial
Também conhecido como “dólar comercial”, é utilizado para as demais operações do mercado de câmbio — como exportação, importação, fretes, transferências financeiras etc.
Transações financeiras
Pagamentos internacionais
A existência de várias moedas diferentes vinculadas a um país ou comunidade econômica específica e o aumento do fluxo de comércio internacional fazem surgir um sistema para viabilizar os pagamentos internacionais entre indivíduos de diversas nações.
Esse sistema é formado por bancos, casas de câmbio e instituições especializadas na realização de transferências internacionais. Para que sejam movimentados os recursos, é necessário haver a participação de bancos no exterior, os chamados bancos correspondentes. São neles que os bancos autorizados no Brasil a operar em câmbio possuem contas nas principais moedas conversíveis.
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Exemplo
Conta em dólar norte-americano, em bancos nos EUA; conta em iene, em bancos no Japão; conta em euro, em bancos na comunidade europeia.
Assim, os exportadores, importadores e demais pessoas, físicas ou jurídicas, não precisam liquidar diretamente entre si os pagamentos devidos, devendo efetuar as transações de maneira segura e conveniente por meio das instituições financeiras.
Para a comunicação entre os bancos correspondentes, foi desenvolvido um sistema de mensagens denominado SWIFT.
SWIFT
A Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT), ou Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais, é uma sociedade para telecomunicações financeiras interbancárias internacionais fundada em 1973 por um grupo de bancos europeus, norte-americanos e canadenses como uma empresa cooperativa, com o objetivo de prestar serviços internacionais de comunicação de dados, voltada especialmente para o setor bancário, sendo sua matriz em Bruxelas, Bélgica.
O Brasil associou-se ao sistema em 1982 e foi conectado à rede mundial em 1984.
Esse serviço é prestado por meio de um sistema padronizado e automático de troca de mensagem, o que possibilita melhor controle de transmissão, com redução de erros e custos. Os dados são criptografados, o que garante a segurança do processo no envio e recebimento das mensagens. Além de ordens de pagamento, o SWIFT também transmite vários tipos de mensagens - como cobranças, cartas de crédito, empréstimos etc. O código do SWIFT é universal, sendo utilizado em mais de 200 países.
O código SWIFT permite identificar várias informações, como:
· Código do banco;
· Código do país de origem;
· Código da localização;
· Código da agência.
Para cada tipo de mensagem, existem códigos especiais, com várias subdivisões, o que torna as mensagens mais sucintas, com economia de tempo e dinheiro. Exemplos de mensagens:
MT 100
Ordem de pagamento cujo beneficiário é uma empresa ou pessoa física.
MT 202
Ordem de pagamento cujo beneficiário é uma instituição financeira.
MT 420
Confirmação de chegada de cobrança bancária.
MT 700
Emissão de carta de crédito.
Contratos de câmbio
Formalização das operações
Para formalizar as operações de compra e venda de moeda estrangeira com as instituições autorizadas, há necessidade de celebrar o respectivo contrato de câmbio, que será registrado no Banco Central por meio do Sistema Câmbio.
Esse contrato contém todas as características e condições da operação, como os dados do comprador e vendedor das moedas, a taxa de câmbio, valor da moeda estrangeira, valor da moeda nacional, natureza da operação, entre outros.
Etapas do contrato de câmbio
As etapas do contrato de câmbio são:
Edição
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Disponível para bancos e corretoras — é o início do processo de formalização do contrato de câmbio, com a inclusão dos dados da operação. Esta etapa permite que corretoras de câmbio possam entrar no sistema e iniciar o registro para seus clientes, direcionando-o posteriormente para uma instituição financeira.
Confirmação
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Representa a confirmação da operação, sendo numerada automaticamente pelo sistema.
Alteração
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É a mudança em algum dado do contrato de câmbio, devidamente assinada pelas partes. Dos dados constantes dos contratos de câmbio, não podem ser alterados: o comprador e o vendedor, bem como os relativos ao valor e ao código da moeda estrangeira, ao valor da moeda nacional e à taxa de câmbio.
Liquidação
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A liquidação de uma operação de câmbio retrata a efetiva troca de divisas. Os contratos de câmbio são fechados para liquidação pronta ou futura.
· Operações prontas: são as operações contratadas para liquidação em até dois dias úteis.
· Operações futuras: são aquelas realizadas para liquidação acima de dois dias úteis.
Por exemplo, o exportador pode se dirigir a uma instituição autorizada, celebrar o contrato de câmbio com a taxa do dia e somente receber e liquidar a ordem de pagamento, transformando o valor em reais, dali a 30 dias. Quando da liquidação, a taxa de câmbio a ser utilizada para conversão é a que consta no contrato e não a taxa do dia da liquidação.
Cancelamento
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É a rescisão contratual, de caráter bilateral, sendo formalizada em formulário específico que deve conter as assinaturas das partes. Pode ser valor parcial ou total do contrato a que se refere.
Classificação das operações segundo a sua natureza
No contrato de câmbio, um campo importante é o da classificação das operações. Ela é feita segundo a sua natureza, conforme os códigos numéricos previstos. A natureza da operação é integrada por 12 elementos:
Vamos ver o exemplo de pagamento antecipado de exportação:
Fato é “12005” (exportação); o cliente “09” (empresa não financeira privada); o “N” (sem aval do governo brasileiro); e o pagador no exterior “05” (empresa não financeira). Mas isso não mostra claramente que o pagamento da exportação ocorreu antecipadamente ao embarque da mercadoria. Assim, o código do grupo “50” completa a informação (pagamento antecipado — importador).
É importante atentar para a correta codificação das operações, que é o campo que identifica a natureza da transação que está sendo realizada. Os códigos respectivos podem ser acessados na página do Banco Central.
As instituições autorizadas podem acrescentar cláusulas ao contrato, dependendo do tipo de operação negociada. Formalização do contrato:
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A formalização do contrato de câmbio somente é necessária nas operações de compra ou de venda de moeda estrangeira acima US$10 mil, ou seu equivalente em outras moedas estrangeiras.
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Nas operações de valor inferior a US$10 mil ou equivalente, caso se opte por não formalizar um contrato, é obrigatório que a instituição financeira ou seu correspondente cambial entregue ao cliente o comprovante da operação realizada.
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Nele, deve conter, pelo menos, a identificação das partes e a indicação da moeda estrangeira, do fato natureza da operação, da taxa de câmbio, dos valores em moeda estrangeira e em moeda nacional.
Câmbio
Câmbio na exportação
Desde 2006, é permitido ao exportador brasileiro deixar o valor recebido no exterior, creditando em conta própria em banco estrangeiro ou em conta mantida por um banco autorizado a operar em câmbio. Esses recursos mantidos no exterior podem ser utilizados para realizar investimentos, aplicações financeiras ou pagamentos de obrigações próprias do exportador, como importação, serviços etc., não sendo permitida a realização de empréstimo ou mútuo de qualquer natureza.
O exportador deverá, anualmente, informar à Secretaria da Receita Federal a destinação e utilização desses recursos do exterior.
Entretanto, caso o exportador não queira manter os recursos no exterior e decida ingressá-lo no Brasil, deverá:
1. Celebrar o respectivocontrato de câmbio, para a troca das divisas.
2. A ordem de pagamento estará disponível no banco escolhido, que exigirá do cliente todos os documentos que comprovem a operação.
3. A taxa de câmbio negociada para a troca será a taxa do dia da contratação do câmbio.
Câmbio na importação
Os importadores brasileiros podem pagar seus compromissos de duas formas:
Opção 1
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Utilizando os valores deixados no exterior oriundos de exportações recebidas ou de remessas realizadas a título de disponibilidades no exterior. Isso significa que o importador pode, também, abrir uma conta no exterior e efetuar remessas para alimentá-la.
Opção 2
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Caso não tenha ou não queira utilizar os valores de sua conta no exterior, haverá necessidade de contratação de câmbio, mediante entrega de reais ao banco autorizado no país, que fará a conversão e envio da moeda estrangeira ao fornecedor estrangeiro. O banco exigirá todos os documentos que respaldam a operação, para que fique evidenciada a sua legalidade.
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