Buscar

Comportamento de Estruturas

Prévia do material em texto

PEF 2303 ESTRUTURAS DE CONCRETO
e Introdução à Segurança Estrutural
l Comportamento Básico dos Materiais
1.1.Elástico linear
1 .2. Visco-elástico
1.3.Elasto-plástico
Comportamento dos Materiais
2. 1 . Concreto
2 .2 . AÇO
2.3. Concreto Armado
Comportamento das estruturas
3.1 . Comportamento elástico linear
3.2. Comportamento não-linear
3.3. Redistribuição de esforços devido a acomodação plástica
3.4. Colapso da estrutura
Métodos de Verificação da segurança
4.1 . Método das Tensões Admissíveis
4.2. Método da Ruptura ou do Coeficiente de Segurança Externo
4.3. Métodos Probabilísticos
4.4. Método Semi-probabílístico
4.5. Valores Característicos e Valores de Cálculo. Ações e Resistências
4.6. Consideração da Simultaneidade de Ações Variáveis no Valor de
Cálculo das Ações
2
3
4
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 18
Introdução à $çgurança estrutural
1)
Diagrama tensão-deformação (a - 8)
Figura l.l
1 . 1 . Comoortamento elástico linear
0'
E - (módulo
de deformação)
8
Material elástico Material elástico linear
Figura l.l.l
O material sujeito a uma solicitação a apresenta uma deformação c. Quando esta deformação
se anula ao se retirar a solicitação que a provocou, diz-se que o material é elástico. Se o
diagrama (a * 8) for linear tem-se o material elástico linear.
1 .2. Comportamento visco çlásliçQ
Quando a deformação do material elástico linear é afetada pela permanência da carga, tem-se
o comportamento visco-elástico.
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 19
Figura 1.2
A solicitação aplicada no instante to provoca a deformação inicial ou imediata 8. cujo valor
aumenta assintoticamente para e«. O acréscimo 8c (o índice c vem de "creep''), é denominado
deformação por fluência. Nomialmente, admite-se
c. - e. .Q(t,t.)
onde
Q(t,t.) coeficiente de fluência
A deformação total, no instante t, vale
c. - c. + 8. - e. + e. .(P(t,t.) c. [] + Q(t,t.)]
O concreto apresenta fluência com o coeficiente (p(.o,t.) podendo atingir, valores entre 2 e 3
1 .3. Comoortamento elasto-olástico
Quando o material apresenta deformação residual, tem-se o comportamento plástico, isto é, ao
se retirar a solicitação, a deformação provocada não se anula.
Material elasto-plástico Material elasto-plástico perfeito
Figura 1.3
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 20
No material elasto-plástico linear, quando E -) ao, tem-se o comportamento
rígido-plástico.
2) Comportamento dos materiais
2. 1 . Comportamento do concreto
Os valores de tensão no concreto são limitados pelas resistências Çt de tração e f.. de
compressão.
O diagrama (a. * %) do concreto depende da idade do concreto, por causa do seu
endurecimento, e da velocidade de carregamento. A âgura apresenta resultados
correspondentes à idade do concreto de 28 dias, no instante da aplicação da carga. Em
abscissas tem-se deformações de encurtamento (%') e nas ordenadas as tensões de compressão
(a.') em valor relativo. As diversas curvas representam diferentes durações de carregamento
(t) até a ruptura. Para durações maiores, a tensão última cai assintoticamente para a resistência
a longo prazo, da ordem de 80% da de curto prazo Este fenómeno é conhecido como efeito
RUSCH
T20
t T 100
limite de
C
fluênc duração do carregamento
./
t= 3/
/ \limitede/
fluência (t«)/
/
Idade do concreto noinstante
daaplicação dacarga-28
diu
t: = resistência do concreto no
ensaio rápido (curto prazo)
Figura 2.1
Em geral, as cargas permanentes nas estruturas são aplicadas rapidamente e mantêm-se
constantes ao longo do tempo. Dessa forma, inicia-se um incremento de deformação por causa
da fluência do concreto. Se o nível de tensão atingido for superior à resistência a longo prazo,
por exemplo, o ponto C na figura, poderá ocorrer ruptura no ponto D sobre a linha
conespondente ao limite de ruptura, após certo tempo. Caso contrário, se o nível de tensão for
inferior à resistência a longo prazo, por exemplo, o ponto A na figura, não haverá ruptura
apesar do aumento (limitado) de deformação devido à fluência.
Para idades maiores do concreto no instante da aplicação da carga, tem-se resultados
semelhantes, porém, com deformações máximas menores por causa dos coeficientes de
fluência que são menores para concretos mais velhos.
Na prática, estes diagramas são substituídos por diagramas simpliâcados
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 21
2.2. Comportamento do aço de concreto armado
Os aços usuais de dureza natural utilizados no concreto armado apresentam diagramas do tipo
ilustrado na figura.
cy - deformação de início de
escoamento
(costuma-se admitir um diagrama
simétrico na compressão)
$ res{ stêncía de escoamentol
Figura 2.2
2.3. ComportamentQdQ ÇQDcreto armado
O comportamento do concreto armado pode ser ilustrado através do diagrama momento x
curvatura.
Em uma seção, a um momento íletor M correspondem deformações 8. e 8s.
!!.{!s:.:!1l)g} .u --= ' ' -curvatur,.
d r d
b
As
Figura 2.3
Se o comportamento for elástico linear, tem-se, ainda
M 1 .. d2y
EI r
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 22
resultando um diagrama momento * curvatura linear. O termo (EI) constitui o produto de
rigidez à flexão que, neste caso, é constante.
No concreto armado, o diagrama momento x curvatura apresenta, esquematicamente, o
seguinte andamento com o aumento do momento:
8 Para momentos pequenos, as tensões são, também, pequenas e compatíveis com as
resistências do concreto e o comportamento pode ser admitido elástico linear; tem-se o
estádio l de solicitação.
e Quando o valor da tensão normal máxima de tração se aproxima da resistência à tração
(f.t), pode ocorrer ruptura do concreto por tração; porém, a amladura adequadamente
dimensionada, juntamente com a parte comprimida da seção de concreto, garantem a
capacidade resistente da seção fissurada impedindo a sua ruptura. Tem-se o patamar no
diagrama e, nomtalmente, as tensões envolvidas são baixas (compressão no concreto e
tração na armadura).
B Prosseguindo com o aumento progressivo do momento, tem-se, com boa aproximação, um
novo trecho de comportamento elástico linear constituindo o estádio ll de solicitação.
e Para tensões no concreto bastante elevadas o diagrama (a. * e.) toma-se, pronunciadamente
não linear, acarretando uma resposta não linear até atingir a resistência última da seção. O
cálculo do momento último corresponde ao g$!ádiQ..!U de solicitação.
Obs.: Nas peças de concreto armado sujeitas a flexão, por exemplo, nas vigas, as seções
íissuradas mantêm certo espaçamento entre si. Dessa forma, a vizinhança de cada seção
fissurada é constituída de seções relativamente íntegras com o concreto parcialmente
tracionado. Como resultado, o diagrama de curvaturas ao longo da peça apresenta picos
correspondentes a cada seção üissurada. Pode-se pensar em considerar na região um diagrama
de curvatura médio e contínuo levemente reduzido. Tem-se, assim, um certo enrigecimento da
seção no estádio ll (linha tracejada no diagrama).
MI.
"5
/tádio l
M. = Momento último
M. = Momento de fis
suraçao
M.
Figura 2.4
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 23
No estádio 111 a ruptura é por compressão com desagregação do concreto. Em seções
adequadamente dimensionadas, a ruptura é precedida por um quadro de defomiação que
permite detectar a iminência de sua ocorrência. Diz-se que a ruptura é dúctil ou com aviso
(quando a ruptura é brusca tem-se a ruptura frágil - "sem aviso").
3) Comportamento das estruturas
3. 1 . Comportamento (ou resposta) elástico linear
A estrutura apresenta comportamento elástico linear quando existe proporcionalidade entre
cargas e deslocamentos. Por exemplo, na viga em balanço de seção constante e de material
elástico linear, o deslocamento transversal de sua extremidade é dado por
a = 13iiiiiiil ' p + l-iiiiiill P = ap + ap
Figura 3.1.1
Observa-se que existe proporcionalidade entre cargas e deslocamentos e vale a superposição
de efeitos, pois a flecha total pode ser determinada somando-se as flechas provocadas pelas
parcelas de carga consideradasindividualmente.
3.2. Comportamento (ou resposta) nãQJinç©
Neste caso não existe mais a proporcionalidade entre cargas e deslocamentos, bem como, não
vale mais a superposição de efeitos.
No exemplo anterior, se o material apresentar comportamento não linear, evidentemente, a
resposta será não linear pois o produto de rigidez secante à flexão (EI)s« dependerá do nível
de solicitação. Para as flechas isoladas tem-se:
ap:l 5'P4 ip ,. - [*L] . ,
e, para o efeito conjunto
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 24
, : [Jà].-*]*L] , * ,. *,,
M
/
(n).
l/r
Figura 3.2.1
Neste caso, ocorre a resposta com não linearidade física (devido ao material)
Considere-se a barra comprimida da figura, de seção constante e constituída de material de
comportamento elástico linear.
Figura 3.2.2
O momento fletor junto ao engastamento vale
M=H.r+P.a
Em geral, é desprezada a parcela (P.a) pois a força normal é relativamente pequena (lembrar
que a flecha a é sempre desprezível nas estruturas correntes). Esta simplificação não vale para
os pilares que são peças altamente comprimidas.
Sabe-se que
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 25
Admita-se, por exemplo,
seção quadrada de 40 cm de lado; e = 400cm; E - 2000 kN/cm2
H - 20 kN; P - 800 kN.
Tem-se
HZ3a;
3EI l onde pn =jil:BI
n2EI n2 2000-(40'40 /12) :6580kN
Pn =--ãlêr= 4.400a '''''''
6580 1
M = H.Z+P.a = 20 400+800 1,138 = 8000+911= 8911kN.cm
Observa-se que (P.a) não é mais desprezível pois representa, neste caso, 1 1,4% a mais de
momento.
Se as cargas forem dobradas, H - 40 kN e P - 1600 kN, tem-se:
a ; 2,643 cm ; M - 20228 kN.cm.
Dessa forma, com o a carga multiplicada por 2, o momento picou multiplicado por
20228/8911 - 2,27
evidenciando a resposta não linear da estrutura.
Neste exemplo, tem-se a resposta com não l neandade geométrica.
Nos pilares, deve-se considerar, obrigatoriamente, a !!ãe..!!nçalidade..g
3 .3. Redistribuição de esforços devido a acomodação olástica
Em geral, os materiais apresentam certa acomodação plástica até a ruptura, a qual permite uma
considerável redistribuição nos esforços solicitantes.
Considere-se a viga biengastada de seção constante constituída de material de comportamento
não linear com diagrama momento curvatura indicado na âgura. Admita-se que não haja
problema de resistência ao cisalhamento
20.400a
3.EI
= 1,138cm
era] eométricaea!,.!!$iw e
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 26
Para um certo nível de carregamento pi tem-se o diagrama A, onde os momentos nos apoios
(ptZ2/12) valem, em valor absoluto, o dobro do meio do vão(piy2/ 24).
Aumentando-se a carga, os momentos crescem proporcionalmente, e para o valor particular p2,
os momentos nos apoios passam a valer My, e no meio do vão, My / 2 (diagrama B).
Figura 3.3
A viga admite, ainda, cargas maiores; os momentos nos apoios permanecem com o valor My,
formando uma !tÓ!!1la:plástica, e os de vão terão valores maiores do que My / 2.
Para curvatura última suficientemente grande pode-se atingir o diagrama C com a carga p«
Para esta carga tem-se o colapso da viga com a igualdade dos momentos de apoio e de vão
(M*). Observa-se, assim, uma redistribuição de momentos ao longo da viga por causa da
acomodação plástica das seções permitindo sensível aumento da carga aplicada. Esta
redistribuição é limitada pela capacidade de rotação da rótula que depende da curvatura última
correspondente.
3.4.
O colapso de uma estrutura corresponde à perda de sua capacidade portante
Pode-se ter colapso dúctil e frágil. E dúctil quando apresenta sinais iminentes de sua
ocorrência (colapso com aviso). É o caso de cabo constituído de deixe de aios onde Q colapso
se inicia com a ruptura de um Hto e só termina com a ruptura de todos eles, emitindo, dessa
forma, sinais de iminência de colapso. Exemplo de colapso frágil é o de um cabo constituído de
um ülo apenas, onde o colapso está associado à sua ruptura.
4)
A estrutura é considerada segura quando apresenta condições de suportar, sem atingir um
ç$!ad!} !i!!!!!ç, as ações mais desfavoráveis ao longo da vida útil da obra em condições
adequadas de funcionalidade. De um lado, deve-se ter boa garantia de que não ocorra a
ruptura dos materiais e o colapso da estrutura (sslaílex.!i!!!lisa.1lJ!!nw) e, de outro, que sejam
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 27
mantidas as características apropriadas ao bom funcionamento da obra, tais como flecha
máxima nas vigas e abertura máxima de fissuras no concreto armado (s$!adia.!i!!!ileg.çls
11111i4açãe). Convém lembrar que o não atendimento aos estados limites de utilização podem
inviabilizar o uso da construção; por exemplo, a flecha exagerada em pontes ferroviárias que
pode impedir a passagem de trens ou a fissuração com aberturas excessivas em caixas d'água
de concreto eliminando a sua estanqueidade.
Entende-se por ações todas as causas que provocam tensões. Portanto, constituem ações:
cargas (forças aplicadas), vento, temperatura, retração e fluência do concreto, recalques de
apoio, etc.
O conceito de segurança é qualitativo, de difícil quantificação. Segurança exagerada implica
em altos custos, tornando a estrutura antieconâmica. O projeto estrutural deve ser balizado de
um lado pela insegurança e de outro pelo desperdício.
Os métodos de avaliação da segurança são os seguintes: método da tensão admissível, método
da ruptura e método probabilístico.
4. 1 . Método das tensões admissíveis
Neste método impõe-se a condição de que a maior tensão de trabalho não ultrapasse a tensão
admissível do material (a,d«), que é definida como a resistência (f) do material dividida por um
número 'i(coeficiente de segurança interno). Assim, para verificações com tensões normais
tem-se
f
(J $ aadm =
O coeâlciente 'i deve considerar, entre vários fatores, a dispersão do valor da resistência f\ por
exemplo, o aço deve ter coeâlciente menor ('i - 1,65) do que no concreto ('i - 2), para cobrir a
incerteza gerada, nesse material, pela maior dispersão de resultados (a fabricação industrial
confere ao aço uma qualidade mais uniforme do que no concreto). Desta forma, o coeficiente
maior pode gerar a falsa idéia de que a segurança é maior, quando na realidade, ela mede a
insegurança em relação ao comportamento do material
O coeficiente de segurança deve medir a distância que separa a situação de utilização, da
situação de ruina. Resulta, assim, a idéia de que a carga multiplicada por yi deve levar à mina
da estrutura. Esta conclusão seria observada em estruturas de comportamento elástico onde
existe proporcionalidade entre as ações e as solicitações correspondentes. Caso contrário, se a
estrutura apresentar comportamento não linear, ela seria falsa, gerando insegurança ou
desperdício de material. Por exemplo, com resposta não linear, se a tensão ficar multiplicada
por 3 quando o carregamento Êor duplicado, a adoção de 'i - 3, pode levar à falsa idéia de que
o carregamento poderia ser triplicado quando, na realidade, a sua duplicação poderia ocasionar
a ruina da estrutura, gerando insegurança; numa situação contrária, se a tensão ficar duplicada
quando o carregamento for triplicado, a adoção de 'i - 2, pode levar à falsa idéia de que o
carregamento poderia apenas ser duplicado quando, na realidade, ela poderia ser triplicado,
portanto acarretando desperdício de material.
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 28
Os comentários efetuados levam a conclusão de que a quantificação da segurança ülca
prqudicada no método das tensões admissíveis
4.2. Método da ruptura ou do coeficiente de segurança externo
Consiste em impor um limite para a carga de serviço (F) de modo que a aplicação desta carga
multiplicada pelo coeficiente de segurança externo (F. - y..F) acarretaria a ruina da estrutura.
Por exemplo, esta ruina poderia ocorrer quando a solicitação majorada numa seção alcançar a
sua resistência última. Neste método, a não linearidade física é automaticamente considerada
na determinação da resistência da seção através dos diagramas reais (a * 8). Constitui, assim,um método melhorado em relação ao das tensões admissíveis. Continua, porém, a incerteza
sobre o nível de segurança, devido à variabilidade das resistências dos materiais; um mesmo
coeficiente '. indica níveis diferentes de segurança conforme se trate de aço, concreto,
madeira, etc
4.3. Métodos Drobabilísticos
A segurança das estruturas é aâetada por uma série de fatores, por exemplo, as variabilidades
das ações, das resistências e das deformabilidades; os erros teóricos da análise estrutura; a
imprecisão de execução; etc. Tratam-se de fatores aleatórios que através de tratamento
estatístico podem ser representados por: valores médios, desvios padrão e valores
característicos. Nesta linha de raciocínio, o conceito de coeficiente de segurança pode ser
substituído pelo conceito de probabilidade de ruina. Sejam S e R, grandezas que representem a
solicitação e a resistência. R pode representar, por exemplo, uma resistência a compressão (fu),
um esforço resistente último (N. , M., etc). S pode representar, uma tensão, um esforço
solicitante, etc. A ruina ocorre quando a resistência R é alcançada pela solicitação S. A
probabilidade p de R igualar S constitui a probabilidade de ruina. Representa-se por
P : pÍR É S]
Quanto menor a probabilidade de ruina p, ou sqa, quanto maior o nível de segurança, mais
cara é a estrutura. Teoricamente, deve-se utilizar o valor de p que compatibilize custo com
segurança adequada da obra. Por exemplo, uma probabilidade de ruina p = 10'3 = 1 / 1000
significa que na clonstrução de 1000 obras iguais, pode ocorrer a ruina de uma delas. O custo
totaldestas obras é dado por
C... = 1 000 . Ct + D
onde
Ct é custo de uma construção e D, o montante correspondente aos danos provocados
pela ruina de uma obra.
Portanto. o custo unitário médio vale
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 29
]
C = C. + -iooo ' D : Ci + P 'D
C. é tanto maior quanto menor for a probabilidade de ruina p; D é, aproximadamente,
constante. A figura mostra esquematicamente a determinação da probabilidade de ruina mais
indicada (aquela que leva ao menor custo unitário).
Ci+p.D
Figura 4.3.1
A aplicação do método probabilístico na verificação de segurança é, praticamente, inviável por
ser extremamente complexa. No concreto estrutural adota-se um método híbrido denominado
semi-probabilístico.
4.4. Método gemi-Drobabilístico
Trata-se de método híbrido onde são introduzidos dados estatísticos e conceitos
probabilísticos, na medida do possível. A verificação da segurança consiste, basicamente, no
seguinte procedimento:
a) As ações e as resistências são consideradas através dos seus valores característicos, Fk e Ék,
respectivamente, os quais apresentam 5% de probabilidade de serem ultrapassados para o
lado desfavorável
e os valores das ações Fk são alterados pelo multiplicador 'r (em geral, de majoração)
gerando os chamados valores de cálculo Fó = 'r.Fk (ou, simplesmente, ações de cálculo)
com a finalidade de reduzir bastante a probabilidade de serem ultrapassados; a aplicação
destas ações de cálculo ao modelo estrutural permitem obter as solicitações em valor de
cálculo, Sd (ou, simplesmente, solicitações de cálculo);
e os valores das resistências, Êk, são alterados pelo divisor '« (em geral, de redução)
gerando os chamados valores de cálculo fd - Sk / '« (ou, simplesmente, resistências de
cálculo) com a finalidade de reduzir bastante a probabilidade de serem ultrapassados; a
utilização destas resistências de cálculo nos modelos teóricos, permitem determinar os
esforços resistentes em valor de cálculo, Rd (ou, simplesmente, esforços resistentes de
cálculo):
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 30
b) a condição de segurança é atendida quando Sd É Rú
Os valores 'r e y« são chamados coeficientes de ponderação, das ações e das resistências,
respectivamente. Estes coeficientes levam em consideração os diversos fatores que afetam a
segurança estrutural. O quadro seguinte lista estes fatores.
Pode-se notar a influência destes fatores na segurança das estruturas
Com relação ao fator (2) convém observar que a combinação simples de ações de naturezas
diversas é muito pessimista, pois a probabilidade de ocorrência simultânea dessas ações, com
seus valores máximos, é muito menor do que a de cada uma delas individualmente. Assim,
costuma-se reduzir os efeitos quando da combinação dessas ações. O fator (lO) procura
considerar, por exemplo, a influência de ambientes extremamente agressivos, as condições
particularmente adversas de concretagem, etc
Existe indefinição com relação às influências dos fatores (8), (9), (10); se em R ou, em S. De
qualquer forma, são consideradas através dos coeficientes de ponderação '. chamados de
coeHlcientes de comportamento.
O coeficiente 'f pode ser desmembrada no produto de três termos
7r ' 'n . 'n . 'ís
que levam em consideração os diversos fatores conforme se indica na tabela
Nos cálculos usuais, admite-se a hipótese de estruturas de resposta elástico linear, onde existe
proporcionalidade entre ações e solicitações. Dessa forma, pode-se determinar as solicitações
de cálculo, multiplicando-se por 'r as solicitações determinadas com as ações características.
4.5. Valores característicos e valores de cálculo. Ações e resistências
Ações e resistências constituem variáveis aleatórias
Fatores aue aüetam a segurança afetam
l -variabilidade das ações F  
2 - simultaneidade das ações F  
3 - erros teóricos da análise estrutural SeR yía e'ym
4 - imprecisões de cálculo SeR yn e '--
5 - imprecisões de execução (geometria) SeR yí3 e'ym
6 - variabilidade das deÊormabilidades S 'yn e'ym
7 - variabilidade das resistências R Y«
8 - capacidade de redistribuição e aviso   Y«
9 - responsabilidade de maior vulto   Y«
1 0 - condições particularmente adversas    
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 31
a) :Açõu
Normalmente, considera-se a intensidade das ações correspondentes ao valor característico
superior, Fk:.p, que apresenta 5% de probabilidade de ser ultrapassado. Costuma-se indicar a
ação em valor característico por Fk.
densidade de
probabilidade
distribuição
ilonilal
carga (F)
Figura 4.5.1
O valor de cálculo das ações é definido por
Fü = 'í . Fk
Normalmente, as ações são constituídas pelas cargas permanentes (g) provenientes do peso
próprio; pelas cargas variáveis ou acidentais (q) correspondentes às cargas úteis e ao vento; e
por (8) correspondentes a deformações impostas, retração, fluência e temperatura.
Em edifícios, adotam-se
e para verificações de estados limites últimos
('rfg - 'Jti ' ] ,4); ('. - 1 ,2) de modo que
Fd = 1,4 Fd: + 1,4 Fqk + 1,2 Fck
e para verificações de estados limites de utilização
('fg - l e yrq - 0,7); ('. - 1) de modo que
Fó= Fgk+ 0,7 Fqk+ F.k
b) Resistências
Normalmente, considera-se a resistência correspondente ao valor característico inferior, Ên.r,
que apresenta 5% de probabilidade de ser ultrapassado (de ser menor). Costuma-se indicar a
resistência em valor característico por Êk.
PEF 2303 Introdução à Segurança Estrutural 32
probabilidade
Figura 4.5.2
O valor de cálculo das resistências é definido por
fd ' ek / Yr
Adotam-se os seguintes va
8 estados limites últimos:
7. - 1,4 para o concreto; fcd - fck / 1,4
y; = 1,1 5 para as armaduras de concreto; fva = fvk / 1,15
e estados limites de utilização:
'y. = 1; '; = 1 (os estados limites de utilização são verificados com as tensões
de serviço).
4.6. .
Quando existirem ações variáveis de naturezas diferentes com pouca probabilidade de
ocorrência simultânea, com Fqki 2 Fqk2 2 Fqk3 ... , adotam-se as seguintes ações de cálculo
(combinação de ações):
e para verificações de estados limites últimos:
Fd = 1,4 Fü. + 1,4IFqki+ 0,8(Fqk2 + Fqk3 + ...)]+ 1,2 F.k
para verificações de estados limites de utilização em ediHicio
F.i = F.k + 0,7 [Fakt+ 0,8(Fak2 + F.k3 + ...)] + F.k
lores nas verificaçõesr
e
Se

Continue navegando