Buscar

direitos_humanos FMU

Prévia do material em texto

Tópicos em Direito 1
Sumário
03
TÓPICO 10 – Direitos humanos ......................................................................................05
1 Conceito de Direitos Humanos e Dignidade da Pessoa Humana....................................05
2 Breve evolução histórica dos Direitos Humanos ...........................................................06
3 Características dos Direitos Humanos ........................................................................08
4 Classificação dos Direitos Humanos ..........................................................................09
5 Organização das Nações Unidas – ONU ...................................................................11
6 Sistemas de proteção dos Direitos Humanos (global e regional) ....................................13
7 Principais tratados ratificados pelo Brasil no Sistema Global .........................................16
8 Principais tratados ratificados pelo Brasil no Sistema Interamericano..............................17
9 A incorporação dos tratados internacionais de Proteção dos Direitos Humanos 
ao Direito Brasileiro .......................................................................................................18
10 A supralegalidade dos tratados sobre Direitos Humanos no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro ......................................................................................19
11 Os Direitos Humanos observados na Constituição Federal ...........................................20
12 A federalização de crimes graves contra os Direitos Humanos.......................................21
13 As Ações Afirmativas, ou Discriminações Positivas ........................................................22
14 A eficácia vertical e horizontal dos Direitos Fundamentais ............................................24
15 O Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Estatuto de Roma ............................................25
04 Laureate- International Universities
Tópico 10 
05
1 Conceito de Direitos Humanos e 
Dignidade da Pessoa Humana
Os Direitos Humanos se fundamentam em um sistema de valores universais e comuns que são 
dedicados a proteger a vida do ser humano e garantir a possibilidade do seu desenvolvimento 
pleno.
Os Direitos Humanos encontram-se hoje protegidos por normas e padrões internacionais e justi-
ficam-se por meio de duas teorias: a Teoria do Jusnaturalismo e a Teoria do Positivismo.
A Teoria do Jusnaturalismo, teorizado por Fábio Konder Comparato e Dalmo de Abreu Dallari, 
entende que os Direitos Humanos são direitos preexistentes ao próprio direito, pois não são fruto 
da criação do homem ou do Estado, mas sim algo inerente a todo ser humano em razão da sua 
condição humana e, portanto, não sendo constituídos, mas sim declarados, tendo em vista o seu 
caráter absoluto, atemporal e global.
A Teoria do Positivismo, teorizado por Hans Kelsen e Norberto Bobbio, entende que apenas por 
meio da positivação, isto é, da previsão legal de tais direitos no ordenamento jurídico é que 
estes se tornam possíveis de serem protegidos e exigidos contra e pelo Estado, uma vez que a 
não previsibilidade destes no ordenamento jurídico poderiam lhe retirar a eficácia, pela ausência 
de caráter repressivo que seja capaz de garantir aos seres humanos a aplicação desses direitos. 
Os Direitos Humanos possuem três pilares (Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ou Solidarieda-
de), dos quais resultam os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.
Os Direitos Humanos são constantemente confundidos com as expressões: Direitos do Homem 
ou Direitos Fundamentas, devendo-se observar que essas três expressões possuem bastante pro-
ximidade, uma vez que têm a mesma essência e orientação, ou seja, visam preservar a vida 
humana.
Os Direitos Humanos se distinguem do Direito do Homem e dos Direitos Fundamentais em razão 
de:
a) Direitos do Homem = expressão de cunho jusnaturalista baseado no direito natural que 
proclama que os direitos protegidos pelos Direitos Humanos existem pelo simples fato 
da condição humana do ser vivo, tendo em vista serem inerentes a todo e qualquer ser 
humano em qualquer tempo e espaço, mesmo que não haja a sua positivação;
b) Direitos Humanos = derivam dos Direitos do Homem e são positivados e declarados por 
Tratados e Convenções Internacionais, portanto, previstos na ordem internacional;
c) Direitos Fundamentais = derivam dos Direitos Humanos e são positivados e declarados 
nas Constituições dos Estados, ou seja, quando os Tratados ou as Convenções 
Internacionais de Direitos Humanos são devidamente incorporados ao ordenamento 
jurídico de um Estado, portanto, previstos na ordem interna estatal.
Direitos humanos
06 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
A dignidade da pessoa humana é inerente a todo ser humano, em razão da sua simples con-
dição humana, podendo ser entendida como sendo a qualidade intrínseca que distingue cada 
ser humano dos demais e que o protege contra um tratamento degradante e discriminatório, a 
fim de preservar a sua integridade física e mental, bem como estabelecer as condições mínimas 
materiais necessárias para a sua sobrevivência e o seu pleno desenvolvimento.
Em suma, temos:
a) Direitos do Homem = aqueles não expressamente previstos no direito interno de um 
Estado, nem no direito internacional;
b) Direitos Humanos = aqueles previstos em normas internacionais, como tratados e 
convenções;
c) Direitos Fundamentais = aqueles previstos nos textos constitucionais dos Estados.
2 Breve evolução histórica dos Direitos 
Humanos
Idade: Ano: Eventos:
Antiguidade
4000 a.C 
até 
476 d.C
1) Código de Hamurabi
2) Grécia Antiga
3) Lei das 12 Tábuas
Média
476 d.C 
até 
1453 d.C
1) Magna Carta de 1215
Moderna
1453 d.C 
até 
1789 d.C
1) Petition of Rights em 1628
2) Tratado de Westphalia em 1648
3) Habeas Corpus Act em 1679
4) Bill of Rights em 1689
5) Declaração de Direitos do Povo da Vurgínia em 1776
6) Declaração de Independência e a Constituição de 1787 
dos EUA
Contemporâneo
1789 d.C 
até hoje
1) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 
1789
2) Constituição Mexicana de 1971
3) Constituição Alemã de Weimar de 1919
4) Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948
5) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos em 
1966
6) Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais em 1966
07
Em relação à Idade da Antiguidade, temos as seguintes observações:
a) Código de Hamurabi = elaborado no século XVIII a.C. para regular a vida na sociedade 
Assírio babilônica (trazia regras, mas as pessoas eram tratadas de maneiras diferentes de 
acordo com a sua classe social: Awelum (Elite), Mushkenum (Média) e Wardum (Escravo 
marcado ou classe baixa);
b) Grécia = surgem ideais de igualdade e liberdade;
c) Lei das 12 Tábuas = elaborado para regular a vida do povo romano, dava publicidade 
para as normas; surge, então, o princípio da igualdade, uma vez que não fazia a distinção 
de classes como o Código de Hamurabi.
Em relação à Idade Média, temos as seguintes observações:
a) Magna Carta em 1215 = restringiu o poder do Rei João (João “Sem Terra”) da Inglaterra 
e é considerada por muitos autores como um dos instrumentos de referência dos Direitos 
Humanos, entretanto, cumpre ressaltar que essa carta não trouxe a proteção suficiente 
para os Direitos Humanos, tendo iniciado, de forma embrionária, a previsão de direitos 
fundamentais de primeira dimensão, uma vez que impôs ao Rei, pela primeira vez, 
submeter-se à Lei, bem como trouxe a previsão do direito à propriedade e do devido 
processo legal e do habeas corpus, observando que tais direitos estavam restritos apenas 
aos nobres ingleses, não sendo privilégio de todos os indivíduos. 
Em relaçãoà Idade Moderna, temos as seguintes observações:
a) É marcado por um período de desenvolvimento dos Direitos Humanos, sendo considerada 
para muitos autores a conquista definitiva destes;
b) Petition of Rights de 1628 = incorporou os direitos estabelecidos pela Magna Carta e 
estabeleceu que determinados atos necessitavam do consentimento do Parlamento;
c) Tratado de Westphalia, ou Vestfália, de 1648, composto pelos Tratados de Munster e 
Osnabruck: pôs fim à Guerra dos Trinta Anos entre católicos e protestantes, inaugurando 
a concepção de Estado que conhecemos atualmente, tendo como principal resultado o 
Princípio da Igualdade Formal;
d) Habeas Corpus Act de 1679 = destaca o direito à liberdade de locomoção a todos os 
indivíduos;
e) Bill of Rights de 1689 = verifica-se os direitos protegidos pela Magna Carta e, ainda, 
a previsão de independência do parlamento inglês, surgindo o princípio da divisão dos 
poderes, bem como consagrou o direito de petição e proibiu a aplicação de penas 
inusitadas e cruéis;
f) Declaração de Direitos do Povo da Virgínia – EUA de 1776 = de influência iluminista, 
sua importância encontra-se na previsão de que todo o poder emana do povo e em 
nome dele deve ser exercido, bem como prevê que todo ser humano é titular de direitos 
fundamentais, como direito à vida, liberdade, busca da felicidade;
g) Declaração de Independência dos EUA e a Constituição de 1787 = consolidou 
barreiras contra o Estado, estabelecendo a tripartição dos poderes, assegurando direitos 
fundamentais como direito à igualdade, à liberdade, à vida, à propriedade e ao devido 
processo legal, bem como determinou a inalienabilidade dos Direitos Humanos;
08 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
Em relação à Idade Contemporânea, temos as seguintes observações:
a) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 = elaborada na França 
e resultante da Revolução Francesa, sofreu influência da Declaração de Independência 
dos EUA e da Declaração do Povo da Virgínia, tendo como objetivo universalizar os 
princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, rompendo com o Estado Absolutista e 
com os privilégios feudais; definiu que não há crime sem lei que o defina anteriormente, 
nem pena que não esteja fixada em lei; estabeleceu um Estado Laico, isto é, sem religião 
oficial; mas eram considerados cidadãos apenas os franceses do sexo masculino, de cor 
branca e proprietários de terras;
b) Constituições do México de 1917 e Alemã de Weimar de 1919 = elevaram os interesses 
trabalhistas e previdenciários à mesma condição dos direitos fundamentais, afirmando os 
Direitos Humanos de segunda dimensão e inaugurando o Estado Social de Direito;
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH de 1948 e os Pactos 
Internacionais sobre Direitos Civis e Políticos, e sobre Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais, ambos de 1966 = considerados os instrumentos normativos gerais do 
Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos e base de todos os demais Tratados e 
Convenções que versam sobre Direitos Humanos.
3 Características dos Direitos Humanos
Os Direitos Humanos possuem características próprias que os distinguem de outros direitos e 
demonstram a sua abrangência e importância.
São características dos Direitos Humanos:
a) universalidade: todo e qualquer ser humano é sujeito ativo dos Direitos Humanos, 
independentemente de seu credo, raça, sexo, cor, nacionalidade, convicções e orientações, 
podendo pleiteá-los em qualquer foro nacional ou internacional; 
b) inviolabilidade: os Direitos Humanos não podem ser violados ou descumpridos por 
nenhuma pessoa, mesmo que seja uma autoridade;
c) imprescritibilidade: os Direitos Humanos não prescrevem, isto é, não sofrem alterações 
com o decurso do tempo, uma vez que possuem caráter eterno;
d) irrenunciabilidade ou indisponibilidade: os Direitos Humanos não podem ser 
renunciados por seus titulares, ou seja, os destinatários dos Direitos Humanos não podem 
abdicar, recusar ou rejeitar esses direitos que lhes pertencem, sendo nula de pleno direito 
qualquer manifestação de vontade nesse sentido;
e) complementariedade: os Direitos Humanos devem ser interpretados em conjunto, uma 
vez que não há hierarquia entre eles, possuindo todos eles a mesma importância e o 
mesmo objetivo, o de proteger os seres humanos;
f) historicidade: os Direitos Humanos se caracterizam por sua evolução ao longo da história 
da humanidade, vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural dos seres humanos, 
no tempo e espaço;
09
g) inalienabilidade: os Direitos Humanos não são transferíveis, isto é, não podem ser 
alienados, transmitidos ou disponibilizados a título oneroso, nem gratuito por estarem 
fora do comércio; 
h) individualidade: os Direitos Humanos podem ser exercidos por apenas um indivíduo; 
i) indivisibilidade: os Direitos Humanos são indivisíveis, não podendo ser decompostos ou 
divididos sob pena de perderem sua natureza e sua configuração em razão de comporem 
um único conjunto de direitos; 
j) efetividade: para a proteção dos Direitos Humanos, devem ser criados todos os 
mecanismos necessários para a efetivação desses direitos, cumprindo ao Estado garantir 
a sua efetividade, no mínimo dos direitos civis e políticos; 
k) limitabilidade: os Direitos Humanos não são absolutos e podem sofrer limitações nos 
casos previstos em lei, como na prisão de um indivíduo que cometeu um crime, ou, ainda, 
sofrer restrições durante o período do estado de defesa e do estado de sítio;
l) interdependência: os Direitos Humanos possuem recíproca dependência por estarem 
vinculados ou conectados uns com os outros, dependendo desta ligação entre eles para 
que a finalidade pretendida seja alcançada;
m) vedação do retrocesso ou do regresso: aos Direitos Humanos, uma vez estabelecidos, 
não se admite o retrocesso para limitá-los ou diminuí-los, não podendo ser restabelecida 
a pena de morte após ser retirado da legislação;
n) congenialidade: os Direitos Humanos são inerentes aos seres humanos, isto é, 
pertencentes ao indivíduo mesmo antes do seu nascimento e independentemente de 
positivados na legislação do Estado.
4 Classificação dos Direitos Humanos
Os Direitos Humanos podem ser classificados de acordo com dois critérios: 
a) quanto às dimensões ou gerações (classificação temporal);
b) quanto aos direitos e às garantias fundamentais (classificação legal).
Em relação ao primeiro critério utilizado para a classificação dos Direitos Humanos, cumpre ob-
servar que a doutrina indica que a expressão “dimensões de Direitos Humanos” é mais adequada 
que a denominação de gerações, pois esta última pode dar a falsa ideia de sobreposição de 
direitos, uma vez que não há sobreposição alguma entre os Direitos Humanos, não importando 
se de primeira, segunda, terceira ou quarta dimensão, todos gozam de mesma hierarquia em 
uma linha horizontal.
10 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
No quadro a seguir, dividimos os Direitos Humanos de acordo com a sua dimensão, indicando o 
valor, os direitos e algumas características importantes em cada uma das dimensões. 
1a Liberdade Civis e Políticos
a) Afastamento do Estado;
b) Estado Liberal de Direito;
c) Necessidade de um não fazer ou não agir 
do Estado.
2a Igualdade
Econômicos, 
Sociais e Culturais
a) Surgem com a Revolução Industrial do 
século XIX em razão das condições degrandes 
de trabalho;
b) Estado Social de Direito;
c) Necessidade de agir por parte do Estado na 
implementação das políticas públicas, sociais 
e culturais.
3a Fraternidade
Ao Meio-Ambiente, 
à paz, ao 
desenvolvimento, à 
Comunicação, ao 
Patrimônio Comum 
da Humanidade
a) Surgem para acompanhar a evolução 
rápida da ciência e tecnologia que submeteu 
a humanidade ao fenômeno da globalização 
econômica, sendo fortementeinfluenciados 
pela temática ambiental e a preocupação com 
a sustentabilidade.
b) Caracterizam-se pela proteção aos 
interesses difusos e coletivos.
4a
Solidariedade 
(Povo)
À Informação, à 
Democracia, ao 
Pluralismo
a) Surgem para proteger direitos que 
objetivam a preservação do ser humano;
b) Orbitam sobre tais direitos assuntos 
relacionados à biossegurança, direito a 
democracia, inclusão digital etc.
O segundo critério utilizado para a classificação dos Direitos Humanos observa-os de acordo 
com os direitos e as garantias fundamentais, conforme o quadro a seguir.
Direitos 
Fundamentais Objetivos: Exemplos:
Artigos 
na CF/88:
Individuais e 
Coletivos
Tutelar direitos das pessoas 
e de diversos grupos da 
sociedade.
Direitos à vida, liberdade, 
igualdade, honra, 
dignidade e segurança.
5º
Sociais
Garantir condições materiais 
mínimas e indispensáveis para 
o desenvolvimento pleno do ser 
humano e fruição absoluta de 
seus direitos.
Direitos à educação, 
à saúde, à moradia, à 
alimentação, ao trabalho, 
ao transporte, ao lazer, à 
segurança, à previdência 
social, proteção à 
maternidade, à infância, 
à assistência, direitos 
trabalhistas etc.
6º ao 11º
11
Nacionalidade
Tutelar os direitos resultantes 
do vínculo político-jurídico 
que conecta uma pessoa ao 
território do Estado.
Direito dos nascidos no 
estrangeiro de adquirir a 
nacionalidade brasileira 
nos casos previstos na 
Constituição.
12º
Políticos
Estabelecer a participação 
popular no processo político 
por meio do exercício do 
cidadão na vida pública do 
Estado.
Direito ao voto e 
aos instrumentos de 
participação popular 
(plebiscito, referendo, 
iniciativa popular).
14º
Dos Partidos 
Políticos
Tutelar o direito de reunião 
e organização solene e legal 
de um grupo de pessoas 
que possua uma afinidade 
ideológica de natureza política.
Direito à criação de 
partidos políticos, ao 
regime democrático, ao 
pluripartidarismo e etc.
17º
5 Organização das Nações Unidas – 
ONU
Foi fundada oficialmente em 24 de outubro de 1945 em São Francisco, EUA, por 51 Estados, 
contando a Polônia que, apesar de não estar presente na Conferência, foi considerada membro 
originário. Sua sede foi estabelecida em Nova York, EUA.
Substituiu a Liga das Nações, que tinha sido criada pelas Nações vencedoras da Primeira Guerra 
Mundial em 1919 pelo Tratado de Versalhes e que foi dissolvida em 1946. Ela surgiu da ne-
cessidade de existir um órgão internacional de controle efetivo da paz e proteção dos Direitos 
Humanos, tendo em vista as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Seus objetivos principais são:
a) manter a paz e a segurança internacional;
b) tornar mais fortes os laços entre os países soberanos;
c) garantir e proteger os Direitos Humanos;
d) incentivar a autodeterminação dos povos e a autonomia das etnias dependentes;
e) promover a cooperação na resolução dos problemas internacionais de caráter econômico, 
cultural e humanitário;
f) promover o desenvolvimento socioeconômico das Nações.
12 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
Os principais órgãos da ONU são:
a) Assembleia Geral;
a.1) Conselho de Direitos Humanos;
b) Conselho de Segurança;
c) Conselho econômico e social;
d) Secretariado;
e) Corte Internacional de Justiça;
f) Conselho de Tutela (Atividades Suspensas desde 1994).
Assembleia Geral da ONU: é o principal órgão deliberativo da ONU, em que todos os Estados-
-Membros da Organização (193 países) se reúnem para discutir os assuntos que afetam a vida 
de todos os habitantes do Planeta, tendo cada Estado-Membro direito a um voto, ou seja, existe 
total igualdade entre todos os seus membros, observando que os assuntos que fazem parte da 
pauta das Assembleias são: paz e segurança, aprovação de novos membros, questões de or-
çamento, desarmamento, cooperação internacional em todas as áreas, Direitos Humanos etc. 
As resoluções – votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações 
e não são obrigatórias. Suas principais funções são: a) discutir e fazer recomendações sobre 
todos os assuntos em pauta na ONU; b) discutir questões ligadas a conflitos militares – com 
exceção daqueles na pauta do Conselho de Segurança; c) discutir formas e meios para melhorar 
as condições de vida das crianças, dos jovens e das mulheres; d) discutir assuntos ligados ao 
desenvolvimento sustentável, meio ambiente e Direitos Humanos; e) decidir as contribuições dos 
Estados-Membros e como essas contribuições devem ser gastas; f) eleger os novos Secretários-
-Gerais da Organização.
Conselho de Direitos Humanos: é um órgão criado pelos Estados-Membros da ONU objeti-
vando reforçar a promoção e a proteção dos Direitos Humanos em todos os países, composto 
de 47 países eleitos, obedecendo a seguinte distribuição de cadeiras: 13 do grupo dos países 
africanos; 13 do grupo dos países asiáticos; 7 do grupo dos países do Leste europeu; 8 do grupo 
dos países da América Latina e do Caribe; e 7 do grupo dos países da Europa Ocidental e outros. 
Substituiu a antiga Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Conselho de Segurança: é o órgão da ONU responsável pela paz e segurança internacionais, 
composto de 15 membros, sendo 5 permanentes (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França 
e China), que possuem o direito a veto, e 10 membros não permanentes (3 da África, 2 da Ásia, 
1 da Europa Oriental, 2 da América Latina, 2 Europa Oriental e outros), eleitos pela Assembleia 
Geral por dois anos, observando que este é o único órgão da ONU que tem poder decisório, isto 
é, todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as decisões do Conselho. Suas 
principais funções são: a) manter a paz e a segurança internacional; b) determinar a criação, 
continuação e o encerramento das Missões de Paz, de acordo com os capítulos VI, VII e VIII da 
Carta; c) investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito internacional; 
d) recomendar métodos de diálogo entre os países; e) elaborar planos de regulamentação de 
armamentos; f) determinar se existe uma ameaça para o paz; g) solicitar aos países que apliquem 
sanções econômicas e outras medidas para impedir ou deter alguma agressão; h) recomendar o 
ingresso de novos membros na ONU; i) recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um 
novo Secretário-Geral.
Conselho Econômico e Social (ECOSOC): é o órgão coordenador do trabalho econômico e so-
cial da ONU, das Agências Especializadas e das demais instituições integrantes do Sistema das 
Nações Unidas, formulando recomendações e promovendo atividades relacionadas com desen-
13
volvimento, comércio internacional, industrialização, recursos naturais, Direitos Humanos, condi-
ção da mulher, população, ciência e tecnologia, prevenção do crime, bem-estar social e muitas 
outras questões econômicas e sociais. Suas principais funções são: a) coordenar o trabalho 
econômico e social da ONU e das instituições e dos organismos especializados do Sistema; b) 
colaborar com os programas da ONU; c) desenvolver pesquisas e relatórios sobre questões eco-
nômicas e sociais; d) promover o respeito aos Direitos Humanos e às liberdades fundamentais.
Secretariado: presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e administra os programas e as 
políticas que elaboram. Seu chefe é o secretário-geral, que é nomeado pela Assembleia Geral 
para um mandato de cinco anos, podendo ser reconduzido, seguindo recomendação do Con-
selho de Segurança. São suas funções: a) analisar problemas econômicos e sociais; b) preparar 
relatórios sobre meio ambiente ou Direitos Humanos; c) sensibilizar a opinião pública internacio-
nal sobre o trabalho da ONU; d) organizar conferências internacionais; e) traduzir todos os docu-
mentos oficiais da ONU nas seis línguasoficiais da Organização; f) administrar as forças de paz.
Corte Internacional de Justiça: é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, com sede em 
Haia (Holanda) e composta de 15 juízes chamados “membros” da Corte e eleitos pela Assem-
bleia Geral e pelo Conselho de Segurança em escrutínios separados. Todos os países que fazem 
parte do Estatuto da Corte – que é parte da Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela. 
Somente países, nunca indivíduos, podem pedir pareceres à Corte Internacional de Justiça, e a 
Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres sobre quaisquer 
questões jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações Unidas.
A Corte Internacional de Justiça difere do Tribunal Penal Internacional (TPI), pois a primeira julga 
litígios entre os Estados enquanto o segundo julga apenas pessoas que cometeram os crimes 
previstos no Estatuto de Roma de 1998. O Brasil é um dos membros fundadores.
Atualmente, a ONU possui 193 países-membros, e o seu nascimento foi o marco divisor do pro-
cesso de internacionalização dos Direitos Humanos.
A ONU é responsável pelo Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos, conhecido, por 
esta razão, como Sistema Onusiano de Proteção.
6 Sistemas de proteção dos Direitos 
Humanos (global e regional)
A estrutura normativa do sistema internacional de proteção dos Direitos Humanos é composta 
de instrumentos de caráter global e regional. Esses instrumentos de caráter global pertencem ao 
Sistema de Proteção das Nações Unidas (ONU, ou onusiano, ou global, ou internacional); e os 
instrumentos de caráter regional pertencem aos sistemas regionais: europeu, interamericano ou 
africano.
O Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos possui instrumentos normativos de caráter:
a) geral – endereçados a toda e qualquer pessoa humana, indistintamente (ex.: Declaração 
Universal de Direitos Humanos, Pacto Internacional de Direito Civil e Político, Pacto 
Internacional de Direito Econômicos, Sociais e Culturais);
b) específico – endereçadas à prevenção da discriminação ou à proteção de pessoas ou 
grupos de pessoas particularmente vulneráveis que necessitam de tutela especial (ex.: 
convenções internacionais de combate à discriminação racial, discriminação contra as 
mulheres, contra à violação aos direitos das crianças etc.).
14 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
A ONU é a principal responsável pelos debates sobre assuntos que envolvem a proteção dos 
Direitos Humanos, sejam eles direcionados a todos os seres humanos (caráter geral) ou a grupos 
sociais (caráter específico). 
Os Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos se dividem nos sistemas Americano, 
Europeu e Africano.
O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos, do qual o Brasil faz parte, possui 
como código básico a Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969 e também possui 
normas de caráter geral e de caráter específico.
Os dois sistemas, Global e Regional, coexistem e são complementares um do outro, uma vez que 
protegem e tutelam os mesmos Direitos Humanos, de forma que a falta de solução para um caso 
concreto no sistema interamericano ou qualquer outro Sistema Regional não impede que a vítima 
procure proteção dos seus direitos no Sistema Global, sendo a recíproca verdadeira.
O Sistema Interamericano possui como instrumento básico de proteção do sistema a Convenção 
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, de 1969).
Em relação ao Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, deve-se observar que:
a) entrou em vigor apenas em 18 de julho de 1978 com a 11ª ratificação;
b) possui 82 artigos que preveem direitos civis e políticos;
c) estabelece que a pena de morte nos Estados que tenham abolido tal pena não podem 
restabelecê-la, bem como nos países que ainda a admitem não podem aplicá-la para 
crimes políticos;
d) restringe a possibilidade de prisão civil, salvo nos casos de alimentos;
e) estabelece como órgãos a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos.
A Comissão Interamericana:
a) possui sede em Washington DC, EUA;
b) representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos(OEA);
c) é composta de sete integrantes de países diferentes e eleitos pela Assembleia Geral para 
um mandato de quatro anos; 
d) possui atribuição consultiva, examinando as denúncias feitas por indivíduos ou entidades 
não governamentais de violações dos Estados que reconheçam a competência da 
Comissão;
e) em razão de os instrumentos internacionais de Direitos Humanos terem um caráter 
subsidiário, é necessário para a apresentação de denúncia perante a Comissão a 
comprovação de interposição e exaurimento prévio de todos os recursos de jurisdição 
interna, salvo nos casos em que seja negado o acesso à vítima, ou ainda, impedido 
de esgotá-los ou pela demora injustificada de decisão que tutele o direito violado, 
demonstrando falha ou omissão das instituições nacionais;
f) a Comissão, após conhecer da denúncia, se considerá-la pertinente, encaminhará à Corte 
Interamericana de Direitos Humanos.
15
A Corte Interamericana:
a) possui sede em São José da Costa Rica;
b) é composta de sete juízes de nacionalidades diferentes e eleitos pela Assembleia Geral 
para um mandato de seis anos, cabendo a reeleição uma única vez;
c) possui atribuição jurisdicional, consultiva e contenciosa, podendo apenas responsabilizar 
internacionalmente um Estado-parte da OEA, e nunca um indivíduo; 
d) possuem capacidade postulatória perante a Corte somente os Estados-partes e a Comissão 
Interamericana, observando os mesmos requisitos de admissibilidade para denúncias e 
apresentação de casos na Comissão;
e) exceção: pessoas e organizações podem peticionar diretamente para a Corte 
Interamericana somente quando for relacionado a um caso já submetido à Corte e que o 
requerente solicite medidas provisórias;
f) suas sentenças são definitivas e inapeláveis.
O Pacto de São José da Costa Rica foi aprovado pelo Brasil pelo Decreto Legislativo nº 27/1992 
e promulgado pelo Decreto nº 678/1992, possuindo como um dos principais reflexos na legis-
lação interna a abolição da prisão do depositário infiel.
Em síntese, as principais diferenças entre os dois sistemas são:
Sistema Global (ONU ou Internacional): Sistema Regional (Interamericano):
Carta da ONU – 1945 Carta da OEA – 1948
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
– 1948
Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem – 1948
Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos - 1966 (normas autoaplicáveis – 1ª 
dimensão)
Pacto de São José da Costa Rica – 1969 
(Direitos Civis e Políticos – Normas 
autoaplicáveis – 1ª dimensão)
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais – 1966 (normas 
programáticas – 2ª dimensão)
Protocolo de San Salvador – 1988 (Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais – normas 
programáticas – 2ª dimensão)
Órgãos - ONU:
a) Assembleia Geral;
a.1) Conselho de Direitos Humanos;
b) Conselho de Segurança;
c) Conselho econômico e Social;
d) Secretariado;
e) Corte Internacional de Justiça;
f) Conselho de Tutela. 
Órgãos – OEA:
a) Comissão Interamericana;
b) Corte Interamericana.
16 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
7 Principais tratados ratificados pelo 
Brasil no Sistema Global
Tratado 
Internacional:
Ano: Ratificado 
em:
Natureza 
Jurídica:
Observações:
Carta das Nações 
Unidas
Conferência de São 
Francisco – 1945
Assinada em 
21.09.1945 
pelo Brasil
Decreto-Lei 
7.935/1945
Promulgada 
pelo Decreto 
19.841/1945
Declaração Universal 
dos Direitos 
Humanos
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
217-A
Assinada em 
10.12.1948 
pelo Brasil
Pacto Internacional 
dosDireitos Civis e 
Políticos
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
2.200-A de 1966
Ratificado em 
24.01.1992
Decreto 
Legislativo 
226/1991
Promulgado 
pelo Decreto 
592/1992
Pacto Internacional 
dos Direitos 
Econômicos, Sociais 
e Culturais
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
2.200-A de 1966
Ratificado em 
24.01.1992
Decreto 
Legislativo 
226/1991
Promulgado 
pelo Decreto 
591/1992
Convenção Relativa 
ao Estatuto dos 
Refugiados
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
429 de 1950
Promulgado 
pelo Decreto 
50.215/1961
Convenção contra 
a Tortura e Outros 
Tratamentos ou Penas 
Cruéis, Desumanas 
ou Degradantes
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
39/46 de 1984
Ratificado em 
28.09.1989
Decreto 
Legislativo 
4/89
Promulgado 
pelo Decreto 
40/91
Convenção sobre 
a Eliminação de 
Todas as Formas de 
Discriminação contra 
a Mulher
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
34/180 de 1979
Ratificado em 
01.02.1984
Promulgado 
pelo Decreto 
4.377/2002
Convenção sobre 
a Eliminação de 
Todas as Formas de 
Discriminação Racial
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
2.106-A de 1965
Ratificado em 
27.03.1968
Convenção sobre os 
Direitos da Criança
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: Resolução 
L 44 de 1989
Ratificado em 
24.09.1990
Decreto 
Legislativo 
28/90
Promulgado 
pelo Decreto 
99.710/1990
Estatuto de Roma
Criou o Tribunal 
Penal Internacional 
na Conferência 
de Roma de 
17.07.1998
O Brasil 
assinou em 
07.02.2000
Decreto 
Legislativo 
112 de 2002
Promulgado 
pelo Decreto 
4.388/2002
17
Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas 
com Deficiência 
e seu Protocolo 
Facultativo
Assembleia-
Geral das Nações 
Unidas: de 
30.03.2007
Decreto 
Legislativo 
186 de 2008
Promulgado 
pelo Decreto 
6.949/2009
8 Principais tratados ratificados pelo 
Brasil no Sistema Interamericano
Tratado 
Interamericano:
Carta da Organização 
dos Estados 
Americanos
Assinada em 
30.04.1948 em 
Bogotá – Colômbia
Ratificada 
pelo Brasil 
em 1951
Decreto 
Legislativo 
64/1949
Convenção Americana 
sobre Direitos 
Humanos
Pacto de São José 
da Costa Rica de 
1969
Decreto 
Legislativo 
27/1992
Promulgada 
pelo Decreto 
678/1992
Convenção 
Interamericana para 
Prevenir e Punir a 
Tortura
Assembleia Geral 
da Organização dos 
Estados Americanos 
de 1985
Ratificado 
pelo Brasil em 
20.07.1989
Protocolo de San 
Salvador 1988
Convenção 
Interamericana para 
Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência 
contra a Mulher
Convenção de 
Belém do Pará 
Promulgada 
pelo Decreto 
1973/1996
Atentar-se para as seguintes leis resultantes da incorporação dos tratados internacionais 
dos sistemas Global e Interamericano no ordenamento jurídico pátrio:
a) Lei nº 7.716/1989 – descreve preconceito racial;
b) Lei nº 12.288/2010 – Estatuto da Igualdade Racial;
c) Lei nº 12.990/2014 – reserva de vagas em concursos públicos;
d) Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – combate à violência doméstica;
e) Lei nº 9.455/1997 – contra a tortura;
f) Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e Adolescente;
g) Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência.
18 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
9 A incorporação dos tratados 
internacionais de Proteção dos Direitos 
Humanos ao Direito Brasileiro
Tratado é uma palavra usada para se referir a Cartas, Convenções, Pactos ou Acordos Interna-
cionais celebrados entre sujeitos de Direito Internacional.
A Convenção de Viena em 1969 disciplinou e regulou o processo de formação dos tratados 
internacionais celebrados somente entre Estados.
Os tratados internacionais apenas se aplicam aos Estados-partes que aderirem de forma expres-
sa, não criando obrigações para os demais Estados que não os aderiram.
Um Estado-parte não pode invocar disposições do seu direito interno para justificar o não cum-
primento com a obrigação assumida ao aderir o Tratado, conforme artigo 27 da Convenção de 
Viena.
O processo de formação dos tratados inicia com os atos de negociação, conclusão e assinatura 
pelo Poder Executivo de um Estado.
A simples assinatura do tratado não produz efeitos imediatos no ordenamento jurídico interno do 
Estado signatário.
O tratado, para produzir efeitos o ordenamento jurídico do Estado signatário, necessita de apre-
ciação e aprovação pelo Poder Legislativo, por meio de Decreto Legislativo e ratificado pelo 
Poder Executivo por meio de Decreto.
A ratificação é o ato jurídico que confirma formalmente de que o Estado signatário de um tratado 
estará obrigado ao seu cumprimento. 
A assinatura de um tratado pelo Estado é o aceite precário e provisório – não produz efeitos 
jurídicos vinculantes; já a sua ratificação é o aceite definitivo – obriga o Estado ao cumprimento 
do tratado assinado.
No Brasil, o artigo 84, VIII, da CF/88 determina que é de competência privativa do Presidente 
da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, devendo ser referendados pelo 
Congresso Nacional.
No Brasil, o artigo 49, I, da CF/88 determina que cabe ao Congresso Nacional, exclusivamente, 
deliberar, de maneira decisiva, sobre os tratados, acordos ou atos internacionais.
No Brasil, os tratados internacionais são celebrados pelo Presidente da República e aprovados 
pelo Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo.
O Processo de aprovação de tratado internacional pelo Congresso Nacional não tem prazo de-
terminado para ocorrer.
19
No âmbito do Mercosul, a recepção dos acordos ou tratados internacionais celebrados pelo Bra-
sil precisam seguir uma série de atos revestidos de caráter político-jurídico para produzir efeitos 
e serem executados no ordenamento jurídico interno, tais como:
a) aprovação pelo Congresso Nacional mediante Decreto Legislativo;
b) ratificação pelo Chefe de Estado mediante depósito do respectivo instrumento;
c) promulgação pelo Presidente da República mediante decreto para viabilizar a publicação 
oficial do texto do tratado e executoriedade do ato, vinculando, obrigando e produzindo 
efeitos no plano do direito positivo interno.
No Brasil, o Sistema Constitucional não consagra o princípio do efeito direto ou de aplicabilida-
de imediata de tratados ou convenções internacionais (Carta Rogatória 8.279/República Argen-
tina, Tribunal Pleno, j. 17.06.1998, rel. Min. Celso de Mello, DJ 10.08.2000). 
10 A supralegalidade dos tratados sobre 
Direitos Humanos no Ordenamento 
Jurídico Brasileiro
O Brasil adota o sistema de incorporação não automática dos tratados de Direitos Humanos, 
caracterizado pela concepção dualista que discrimina o ordenamento jurídico nacional do orde-
namento jurídico internacional, entendendo serem ordens jurídicas distintas, autônomas e inde-
pendentes. 
Os tratados internacionais sobre Direitos Humanos são normas supralegais (acima das leis, mas 
abaixo da Constituição).
A prisão civil do depositário infiel (autorizada quando o devedor, após intimado a entregar o bem 
do qual era depositário, não o entregava, inadimplindo o contrato), atualmente, foi declarado 
inconstitucional pelo STF em virtude de o Brasil ser signatário da Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos, mais conhecido como o Pacto de São José da Costa Rica, que restringe a 
prisão civil por dívida.
Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modali-
dade do depósito”.
Os tratados internacionais de Direitos Humanos no Brasil possuem duas naturezas:
a) supralegais = quando não aprovados pelo quórum de emenda constitucional, terão 
status ou natureza de norma supralegal.
b) emenda constitucional = quando aprovados com o quórum qualificadode três quintos 
(60%) dos votos em dois turnos nas duas casas legislativas do Congresso Nacional, 
conforme artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal, terão status ou natureza de 
emenda constitucional.
No Brasil, apenas a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo 
Facultativo tem status ou natureza de Emenda Constitucional. 
20 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
11 Os Direitos Humanos observados na 
Constituição Federal
A atual Constituição Federal Brasileira possui em vários artigos Direitos Humanos que foram 
declarados pelos principais instrumentos normativos do Sistema Global de Proteção dos Direitos 
Humanos, bem como prevê mecanismos de proteção dos Direitos Humanos em nosso País.
Entre os inúmeros artigos em que podemos observar os Direitos Humanos em nossa Constituição 
Federal, relacionamos os mais importantes: os artigos: 1º, 3º, 4º, 5º, 6º, 109, 225 e outros, 
conforme quadro a seguir.
Art. 1o Fundamentos
Inc. III Dignidade da Pessoa Humana
Inc. IV Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa
Parág. Ú Todo Poder vem do Povo
Art. 3o
Objetivos 
Fundamentais
Inc. I Sociedade Justa, Livre, Solidariedade
Inc. II
Garantir o desenvolvimento nacional, diminuindo a 
desigualdade
Inc. III
Erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionas
Inc. IV
Promover o bem de todos sem preconceitos de 
origem, raça, cor, sexo, idade
Art. 4o
Os princípios 
que regem a 
relação do 
Brasil com 
outros países
Inc. II Prevalência dos direitos humanos
Inc. III Autodeterminação dos povos
Inc. VI Defesa da paz
Inc. VII Solução pacífica dos conflitos
Inc. VIII Repúdio ao terrorismo
Inc. IX
Cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade
Inc. X Concessão de asilo político
Art. 5o
Direitos 
Individuais e 
Coletivos
Caput e 
incisos
Proteção ao direito à vida, liberdade, igualdade, 
segurança, propriedade e mecanismos de efetivação 
desses direitos como os remédios constitucionais.
Art. 6o
Direitos 
Sociais
Caput
Direitos à educação, à saúde, à moradia, à 
alimentação, ao trabalho, ao transporte, ao lazer, 
à segurança, à previdência social, proteção a 
maternidade, à infância, à assistência, direitos 
trabalhistas etc.
Art. 225
Direito 
ao Meio 
Ambiente
Caput e 
incisos
Proteção ao direito de todos ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado com o objetivo 
de assegurar uma qualidade de vida, cuja 
responsabilidade se divide entre Estado e a 
sociedade, a fim de preservar para as futuras 
gerações.
21
Deve-se ficar atento aos mecanismos de garantia dos Direitos Humanos, conhecidos como re-
médios constitucionais, ou writs: habeas corpus (HC), habeas data (HD), mandado de segurança 
(MS), mandado de injunção (MI), ação popular e direito de petição.
A EC 45/2004 incluiu o parágrafo 3º ao artigo 5º da CF/88 estabelecendo que os tratados inter-
nacionais sobre Direitos Humanos que forem aprovados em dois turnos em cada casa legislativa 
do Congresso Nacional por três quintos dos votos de seus membros terão natureza de emenda 
constitucional.
Importante: Até hoje há apenas um tratado internacional constitucionalizado, é o Decreto 
n° 6.949/2009, que trata da Proteção das Pessoas com Deficiência e o seu Protocolo Facultativo.
12 A federalização de crimes graves 
contra os Direitos Humanos
Conhecido, também, como incidente de deslocamento de competência, é a possibilidade de 
mudança de competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal suscitado pelo Procurador 
Geral da República perante o Superior Tribunal de Justiça nos casos de crimes graves contra os 
Direitos Humanos.
Previsão Legal = Artigo 109, incisos V e V-A e parágrafo 5º da CF/88 (introduzido pela EC 
45/2004).
São pressupostos para a autorização do incidente de deslocamento de competência:
a) existência de grave violação a Direitos Humanos previstos em tratados internacionais 
que o país faça parte;
b) crime estar previsto em tratado internacional que o Brasil tenha aderido e cujo 
descumprimento possa resultar em responsabilização internacional suportada pelo País;
c) Justiça Estadual viciada ou cooptada, isto é, incapacidade das instâncias e autoridades 
locais em oferecer respostas efetivas para proteção do direito humano violado.
Só o Procurador Geral da República pode suscitar alteração de competência perante o STJ.
No Brasil, o incidente de deslocamento fui suscitado pela primeira vez em 2005, no caso Dorothy 
Stang, assassinada por ordem de um fazendeiro no estado do Pará, em razão do seu engaja-
mento em atividades a favor da reforma agrária, porém o pedido foi indeferido pelo STJ por 
entenderem que a atuação da Justiça Estadual estava de acordo com a lei. 
O primeiro caso de incidente de deslocamento deferido pelo STJ foi em 2010, no caso do ad-
vogado Manoel Bezerra de Mattos Neto, morto depois de ameaçado em razão da sua atuação 
contra grupos de extermínios locais na divisa dos estados da Paraíba e de Pernambuco.
22 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
13 As Ações Afirmativas, ou 
Discriminações Positivas
Denominada também de Discriminações Positivas, são definidas como ações realizadas pelo 
Estado com o objetivo de proteger os Direitos Humanos de determinados grupos sociais (mino-
rias e grupos vulneráveis) que foram prejudicados em algum momento da história, tratando de 
forma igual os iguais, e de forma desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades.
A fundamentação para essas ações afirmativas, ou discriminações positivas, encontram-se no 
princípio fundamental e nos objetivos da República Federativa do Brasil, conforme os artigos 
1º, inciso III, e 3º, incisos I, III e IV, que preconizam a construção de uma sociedade livre, justa 
e solidária mediante a redução das desigualdades sociais e a promoção do bem-estar de todos 
os cidadãos sem quaisquer formas de discriminação, atendendo ao princípio da dignidade da 
pessoa humana que compreendem de forma universal todo ser humano. 
Minorias são grupos de pessoas que, dentro de determinada sociedade, não possuem a mesma 
representatividade política que os outros indivíduos ou cidadãos de um Estado e que sofrem dis-
criminações ao longo da história e de forma constante em razão das características que marcam 
a sua personalidade e singularidade – que as distanciam das características aceitas como padrão 
por aquela sociedade, tornando-os pessoas consideradas “diferentes” dentro do mesmo Estado.
Em relação às minorias, as características que marcam a sua singularidade podem ser em razão 
da sua etnia, nacionalidade, língua, religião, condição pessoal, orientação sexual e outras, por-
tanto, são pessoas que possuem uma identidade coletiva específica.
São exemplos de minorias, entre outros: pessoas da comunidade LGBTI, os indígenas, os qui-
lombolas, os refugiados.
Grupos vulneráveis são grupos de pessoas, entendidas como coletividades mais amplas de pes-
soas por não possuírem uma identidade coletiva específica, que necessitam de proteção especial 
em razão de sua fragilidade ou indefensabilidade que as tornam mais suscetíveis de sofrerem 
violações dos seus Direitos Humanos ou fundamentais. 
São exemplos de grupos vulneráveis, entre outros: crianças e adolescentes, idosos, pessoas com 
deficiência, mulheres, consumidores.
As ações afirmativas ou discriminações positivas são exceções ao princípio da igualdade formal, 
isto é, de que todos são iguais perante a lei, característica do Estado Liberal de Direito.
No caso das ações afirmativas, ou discriminações positivas, o que prevalece é a igualdade 
material ou substancial, isto é, o tratamento igual aos iguais, e o tratamento desigual aos de-
siguais, uma vez que se reconhece as características particulares de cada pessoa envolvida em 
determinadasituação jurídica e a necessidade de uma proteção especial aos grupos de pessoas 
que possuem essas singularidades ou que são consideradas mais frágeis ou indefensáveis, carac-
terística do Estado Social de Direito.
O objetivo das ações afirmativas, ou discriminações positivas, são o de criar condições e oportu-
nidades de igualar as pessoas desses grupos com as demais pessoas da sociedade por meio de 
uma amparo legal especial de ordem jurídica estatal, possibilitando o acesso, a proteção e a efe-
tivação de todos os Direitos Humanos e fundamentais aos indivíduos que compõem esses grupos.
As Ações Afirmativas foram admitidas pelo STF por votação unânime na ADPF 186/DF.
23
No quadro a seguir, relacionamos algumas legislações e ações afirmativas, ou discriminações 
positivas, que objetivam proteger e viabilizar o acesso aos Direitos Humanos dos grupos vulne-
ráveis ou das minorias no Brasil.
Grupos Vulneráveis 
ou Minorias
Alguns exemplos de Ações Afirmativas ou Discriminações 
Positivas
Mulheres
a) Lei Maria da Penha
b) Feminicídio
c) Criação de Delegacias das Mulheres
d) Lei de cotas que reservam porcentagem para candidaturas de 
mulheres para cada partido político ou coligação
LGBTI
a) Reconhecimento pelo STF da união estável homoafetiva com 
efeitos de entidade familiar
b) Reconhecimento pelo STJ da possibilidade de habilitação de 
pessoas do mesmo sexo para o casamento
c) Resolução do CNJ proibindo que os Cartórios no Brasil 
recusem celebrar os casamentos civis de casais do mesmo sexo
Afrodescendentes
a) Programas de Cotas para Afrodescendentes em Universidades
b) Estatuto da Igualdade Racial
Indígenas a) Estatuto do Índio
Crianças e 
Adolescentes
a) Estatuto da Criança e do Adolescente
b) Estatuto da Juventude
Idosos a) Estatuto do Idoso
Pessoas com 
Deficiência
a) Postos de trabalho reservados para pessoas com deficiência em 
empresas privadas
b) Porcentagem de cargos públicos destinados às pessoas com 
deficiência
c) Estatuto da Pessoa com Deficiência
Refugiados a) Estatuto dos Refugiados
24 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
14 A eficácia vertical e horizontal dos 
Direitos Fundamentais
Entende-se como eficácia das normas fundamentais a capacidade da norma fundamental de pro-
duzir efeitos, ou seja, ter eficácia, enquanto que a efetivação desses direitos pode ser entendida 
como a concretização dos dispositivos constitucionais que tratam dos direitos fundamentais no 
meio social.
A eficácia dos direitos fundamentais pode ser classificada em duas espécies: vertical e horizontal.
A eficácia vertical incide na relação que existe entre Estado e os cidadãos, uma vez que o Estado 
goza de um poder hierarquicamente superior em relação aos cidadãos, como numa linha ver-
tical, indicando que as normas que preveem os direitos fundamentais destinam-se ao Estado e 
resultam numa relação jurídica-constitucional entre as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, e 
os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Observa-se que, nessa relação resultante da eficácia vertical, as pessoas, físicas e jurídicas, são 
os sujeitos de direito, enquanto o Estado deve obedecer às normas constitucionais e garantir os 
direitos fundamentais aos seus destinatários.
A eficácia horizontal incide na relação entre particulares, ou seja, a aplicabilidade dos direitos 
fundamentais nas relações privadas, como numa linha horizontal, uma vez que não há hierarquia 
entre pessoas, gozando todas dos mesmos direitos e possuindo os mesmos deveres ou obrigações.
A eficácia horizontal pode ser observada quando os direitos fundamentais são utilizados para 
solucionar conflitos entre particulares, como no caso de lides, processos ou demandas entre 
pessoas físicas ou jurídicas, por exemplo, propriedade privada versus direitos de reunião ou 
manifestação, como aconteceram nos casos de “rolezinhos” nos shoppings centers de São Paulo.
Em relação à efetividade dos direitos fundamentais, isto é, sua concretização no meio social, 
deve-se destacar três teorias:
a) a reserva do possível: posição sustentada pelos governos com base de que a 
implementação dos direitos fundamentais encontra limitação no orçamento aprovado 
para a gestão pública;
b) mínimo existencial: posição sustentada pela Defensoria Pública e Sociedade Civil com 
a fundamentação de que deve ser assegurado pelo Estado condições mínimas materiais 
para a existência digna das pessoas e a possibilidade de seu desenvolvimento pleno;
c) proibição do retrocesso ou do regresso: como vimos anteriormente, com base no efeito 
cliquet ou ampliativo dos Direitos Humanos, estes não podem sofrer diminuição após 
serem conquistados, por exemplo: no caso da prisão civil por dívida do depositário infiel 
que foi extinta da nossa legislação após a Convenção do Pacto de São José da Costa 
Rica.
Lembre-se, em suma, temos: 
a) Eficácia Vertical = Estado x Pessoa física ou jurídica;
b) Eficácia Horizontal = Pessoa física ou jurídica x Pessoa física ou jurídica. 
25
15 O Tribunal Penal Internacional (TPI) e 
o Estatuto de Roma
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional tem competência 
para julgar pessoas, e não Estados. Ele foi criado pelo Tratado de Roma em 17 de julho de 1998.
O Brasil assinou o Tratado de Roma em 7 de fevereiro de 2000, depositando o instrumento de 
ratificação em 20 de junho de 2002, após aprovação do Congresso Nacional que resultou no 
Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002. 
É um tribunal judicial permanente com jurisdição internacional para processar e condenar pes-
soas por violações graves e leis humanitárias e está vinculado à ONU, e sua sede fica em Haia 
(Holanda). Tem competência para julgar crimes contra a humanidade, crimes de guerra, geno-
cídio e de agressão.
Precedentes Históricos: Tribunais de Exceção ou “ad hoc”:
a) Tribunal de Nuremberg – 1945/1946;
b) Tribunal de Tóquio – 1946;
c) Tribunal Ex-Iugoslávia – 1993;
d) Tribunal Ruanda – 1994.
O Tribunal Penal Internacional difere dos Tribunais de Exceção e “ad hoc”, uma vez que é um 
tribunal permanente com previsão legal, ao contrário dos segundos que surgem mediante reso-
lução do Conselho de Segurança da ONU.
O TPI é composto, atualmente, de 122 Estados divididos da seguinte forma: 34 africanos; 27 
latino-americanos e caribenhos; 25 europeus ocidentais e outros; 18 europeus do Leste; e 18 
asiáticos e do Pacífico.
Os principais princípios fundamentais do TPI são:
a) complementariedade = reconhecimento de que a competência do TPI é residual, 
subsidiária, ou seja, somente autorizada sua atuação quando o Estado que possuir 
competência jurisdicional para julgar e condenar tal indivíduo não o faça ou demonstre 
incapacidade para realizar o julgamento; 
b) universalidade = os Estados-membros se submetem integralmente ao Tribunal;
c) responsabilidade penal individual = o indivíduo responde pessoalmente por seus atos;
d) irrelevância da função oficial = permite que sejam responsabilizados chefes de 
Estado ou de Governo, ministros, parlamentares e outras autoridades, sem privilégios ou 
imunidades;
e) responsabilidade de comandantes e outros superiores = exige que todos os oficiais 
militares, mesmos aqueles que ausentes nos locais dos crimes, sejam responsabilizados se 
não fizeram nada para evitar tais crimes;
f) imprescritibilidade = não prescrevem, isto é, não possuem prazo limite fixado para 
aplicação da sanção penal, conforme artigo 29 do Estatuto de Roma.
26 Laureate- International Universities
Tópicos em Direito 1
São crimes em espécie, previstos no Estatuto de Roma:
a) crime de genocídio (art. 6º) = é configurado pela intenção de querer destruir determinado 
grupo social, isto é, quando alguém tem o objetivo de diminuir ou eliminar um grupo 
nacional, racial, étnico oureligioso;
b) crimes contra a humanidade (art. 7º) = é configurado pelos seguintes atos praticados 
durante um ataque generalizado ou sistemático cometido contra qualquer população 
civil: homicídio, extermínio, escravidão, deportação ou transferência forçada de uma 
população, prisão ou outra forma de privação de liberdade física grave, tortura, agressão 
sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada 
ou qualquer violência no campo sexual de gravidade comparável, perseguição de um 
grupo ou coletividade, desaparecimento, crime de apartheid, entre outros;
c) crimes de guerra (art. 8º) = é configurado por atos de tortura, tratamentos desumanos, 
experiências biológicas, ato de compelir prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob 
proteção a servir forças inimigas, dirigir ataques de forma intencional contra bens civis, 
matar ou ferir combatente que tenha deposto armas ou que tenha incondicionalmente 
se rendido (a ideia de punir práticas que contrariam as leis e os costumes aplicáveis 
em conflitos armados, cumprindo observar que este crime pode ser configurado mesmo 
quando não houver guerra declarada e mesmo que o conflito armado seja de âmbito 
interno, e não internacional);
d) crimes de agressão (art. 8º por meio de Emenda ao Estatuto de Roma) = também 
conhecido como “crime contra a paz”, é configurado quando um indivíduo causar um 
ataque armado de um Estado contra o outro sem motivo que o justifique, como no caso 
de legítima defesa ou, ainda, sem prévia autorização do Conselho de Segurança. 
O órgão julgador do TPI é composto de, no mínimo, 18 juízes, que devem ser de nacionalidades 
diferentes e dos sexos feminino e masculino.
O Brasil já teve uma brasileira integrando o órgão julgador; foi a brasileira Sylvia Steiner, que 
integrou o corpo de juízes do TPI, cumprido seu mandato até 2012. 
Atenção: 
Tribunal Penal Internacional (TPI) = julga apenas indivíduos.
Corte Internacional de Justiça (CIJ) = julga litígios entre Estados.

Continue navegando