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Cardiovascular Life Support (ACLS) ACLS: Taquiarritmias INTRODUÇÃO: Funcionamento Eletrofisiológico do Coração (1) – O coração possui um sistema elétrico próprio que viabiliza que ele continue funcionando sem a necessidade de estímulos nervosos do sistema nervoso central. O que o caracteriza como um órgão com automatismo elétrico, apesar de também ser influenciado nas condições fisiológicas pelo sistema simpático e parassimpático. (2) – Em condições normais, o estímulo elétrico é gerado no nodo sinusal, o qual percorre as vias internodais chegando até o nodo átrio ventricular (AV). No nodo atrioventricular o impulso elétrico sofre uma desaceleração, fato esse que permite que o átrio contraia primeiro que o ventrículo, possibilitando o fluxo normal de sangue dentro do coração. (3) – Após o impulso nervoso passar pelo nodo atrioventricular ele percorre o feixe de His, seguindo pelo ramo direito e pelo ramo esquerdo do feixe de His, indo para as fibras de Purkinje, de modo a gerar a contração ventricular (sístole). (5) – No ECG normal, a onda P representa a despolarização atrial, o complexo QRS a despolarização ventricular e a onda T a repolarização ventricular Como calcular a FC por meio do ECG: 1° Método (dá um valor aproximado da FC): 300 Número de quadrados grandes entre as ondas R 2° Método (valor mais preciso da FC): 1500Número de quadrados pequenos entre as ondas R. TAQUIARRITMIAS: Conceitos Iniciais Taquicardia: Taquicardia consiste em uma frequência cardíaca > 100bpm. Taquicardias com FC > 150 estão com uma frequência de batimentos muito alta e geralmente vão apresentar sintomas. Taquiarritmias: Taquiarritmias é a junção entre taquicardia e um ritmo anormal (isto é, uma arritmia). As taquiarritmias são classificadas em supraventriculares e ventriculares. PRINCIPAIS TAQUIARRITMIAS A) Fibrilação Atrial (FA) ->É a arritmia mais comum na prática médica ->Fatores de risco: cardiopatia hipertensiva/reumática; idade avançada; tireotoxicose ->Fisiopatologia: Consiste na “re-entrada” do impulso elétrico dentro do átrio, isto é, o impulso nervoso é gerado no nodo sinusal e por uma série de motivos patológicos que causam sobrecarga no átrio (como os citados nos fatores de risco), esse impulso elétrico retorna para o nodo sinusal, criando um circuito elétrico interno dentro do átrio (circuitos de re-entrada). Critérios Diagnósticos de uma Fibrilação Atrial (FA): I) Ausência de onda P II) Irregularidade dos intervalos RR Classificação das FA: I) FA Paroxística -> Cessa em até 7 dias sem tratamento II) FA Persistente -> Duração > 7 dias Quadro Clínico: -> 25% dos pacientes são assintomáticos ->Os sintomáticos podem apresentar as seguintes manifestações clínicas: (a) – Palpitações (b) – Fadiga (c) – Dispneia (d) – Intolerância aos esforços (e) – Lipotimia Exame Físico: ->Achados: I) Pulso irregular II) Ausência de B4 Complicações: I) Doença Tromboembólica (principal complicação) -> Pode cursar com AVE isquêmico ou embolia arterial periférica Tratamento: 1°) Controle do Ritmo (Seguir essa conduta quando o paciente tiver instável) Indicações: I) Instabilidade hemodinâmica (sinais: desmaio, diminuição da consciência, dor torácica, diminuição da PA, dispneia) II) FA recém-diagnosticada (< 1 ano) e sintomática Conduta: · Cardioversão Elétrica – 120 a 200J (conduta preferencial) · Cardioversão Farmacológica – Amiodarona IV ou Propafenona VO (conduta alternativa) 2°) Controlar Risco de Tromboembolismo: Indicações: I) Todos os casos de FA Conduta: I) FA < 48h de duração ou instável: · Cardioverter sem anticoagular II) FA > 48h de duração: · Anticoagular o paciente por 3 semanas antes da cardioversão eletiva Ou · Realizar um ecocardiograma transesofágico (ECO-TE) para confirmar se há ou não presença de trombo no átrio esquerdo. Caso não haja presença de trombo, a cardioversão pode ser realizada. Por outro lado, caso exista trombo, o paciente deve ser anticoagulado por 3 semanas antes de realizar a cardioversão. E · Após a cardioversão: Anticoagular o paciente por mais 4 semanas e manter por tempo indefinido o anticoagulante se o paciente tiver alto risco de tromboembolia pelo escore CHA2DS2VASc Escore CHA2DS2VASc: ->Drogas de escolha para anticoagular: NOAC – rivaroxaban, apixaban, dabigatran... ->Utilizar Varfarina (antagonista de Vit. K) nas seguintes situações: FA valvar (FA em razão de doença valvar moderada ou grave); ou ClCr < 30 3°) Controle da Frequência Cardíaca (Seguir essa conduta quando o paciente tiver estável) ->Alvo terapêutico: 60 bpm Indicações: I) Evitar sintomas e evolução para taquicardiomiopatia Conduta: · Betabloqueadores: metoprolol; atenolol; propranolol Ou · Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC): verapamil e diltiazem Ou, em casos refratários: · Ablação do nodo AV + Marca-Passo definitivo (conduta cirúrgica) B) Flutter Atrial ->O Flutter Atrial é bem parecido com a fibrilação atrial, mas há algumas diferenças! ->Fisiopatologia: No Flutter atrial há um grande circuito de re-entrada (macro re-entrada) Critérios Diagnósticos de um Flutter Atrial: I) Ondas F em dente de serra – em torno de 300bpm (2 ondas F para cada QRS) II) FC em torno de 150bpm III) Intervalo RR regular / QRS estreito Quadro Clínico: ->A maioria dos pacientes vão ser sintomáticos, apresentando os seguintes sintomas: (a) – Palpitações (b) – Fadiga (c) – Dispneia (d) – Intolerância aos esforços (e) – Lipotimia (f) – Angina ->O Flutter atrial geralmente é transitório, tendo reversão espontânea ou evolução para fibrilação atrial (FA) ->O Flutter atrial, assim como a FA, também aumenta o risco de tromboembolismo! Tratamento: 1°) Controle do Ritmo (Seguir essa conduta quando o paciente tiver instável) Indicações: I) Sintomas agudos/ Instabilidade (sinais: desmaio, diminuição da consciência, dor torácica, diminuição da PA, dispneia) Conduta: · Cardioversão elétrica -> 50 a 100J Ou, se refratário · Ablação por radiofrequência 2°) Controlar Risco de Tromboembolismo Indicações: I) Todos os casos de Flutter atrial Conduta: a mesma da FA 3°) Controle da Frequência (Seguir essa conduta quando o paciente tiver estável) Indicações: I) Sintomas agudos/ Instabilidade Conduta: a mesma da FA · Betabloqueadores: metoprolol; atenolol; propranolol Ou · Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC): verapamil e diltiazem OBS.: Em relação a conduta de controle do ritmo e da frequência ou segue uma ou segue outra, isso dependendo se o paciente tiver estável ou instável C) Taquicardia Sinusal ->Taquicardia caracterizada por uma onda P sinusal e por uma FC entre 100 a 180bpm ->Como sugere o nome, essa taquicardia não tem alteração de ritmo, ou seja, o ritmo é sinusal! ->Nesse ECG perceba o intervalo RR < 3 quadradões, caracterizando uma taquicardia ->Geralmente essa taquicardia ocorre em resposta fisiológica a alguma situação do dia-a-dia, como exercício físico, emoção intensa etc Tratamento: ->O tratamento é basicamente tratar a condição subjacente que está causando essa taquicardia D) Taquicardia Atrial ->Ao contrário da taquicardia sinusal, a taquicardia atrial é uma taquiarritmia Critérios Diagnósticos: I) Ondas P não sinusais (P invertido) II) QRS estreito III) FC entre 100-250bpm · Taquicardia atrial Multifocal (TAM): ->Frequente em pacientes com DPOC exacerbada, uma vez que gera muito estresse para o átrio, pois o pulmão, em razão da hipoxemia, está constantemente em vasoconstrição, o que dificulta o bombeamento de sangue do ventrículo direito para os pulmões, sobrecarregando também o átrio direito, o qual vai ficar tendo sobrecarga pelo refluxo de sangue oriundo do ventrículo direito Critérios Diagnósticos da TAM: I) Ondas P não sinusais II) QRS estreito III) FC entre 100-250bpm IV) Ondas P com várias morfologias (característica da TAM) Tratamento: ->O tratamento é basicamente tratar a condição subjacente que está causando a taquiarritmia E) Taquicardia Supraventricular Paroxística Fisiopatologia: 1° Mecanismo – Mecanismo de re-entrada nodal(70% dos casos) -> Em alguns pacientes pode haver a presença de uma dupla via nodal dentro do nodo atrioventricular (via alfa e via beta). A via alfa é uma via de condução mais lenta e a via beta é uma via de condução mais rápida. O ritmo elétrico normal vai ser conduzido pela via beta, o problema que vai gerar a taquicardia supraventricular é quando o paciente tem um batimento atrial extra (extrassístole atrial). Nesse contexto, a via beta vai estar bloqueada e esse estímulo elétrico ectópico vai seguir pela via alfa, de modo a gerar uma re-entrada nodal. (gerando a extrassístole atrial). Basicamente esse estímulo elétrico ectópico vai descer pela via alfa e subir pela via beta, gerando uma re-entrada nodal. 2° Mecanismo – Mecanismo de Re-entrada pela Via Acessória (30% dos casos) -> Nesses casos há uma via acessória anômala (feixe de Kent) que conduz o estímulo elétrico do átrio em direção ao ventrículo. O problema acontece quando o paciente tem uma extrassístole, geralmente de origem atrial. A extrassístole vai ocorrer quando o estímulo elétrico descer em direção a via acessória que vai estar bloqueada, de modo que o estímulo elétrico vai descer pelos ventrículos e retornar pela via acessória para os átrios, criando um grande mecanismo de re-entrada. Critérios Diagnósticos: I) Ausência de onda P II) QRS Estreito III) Intervalo RR regular OBS.: Taquicardia supraventricular por mecanismo de re-entrada por via acessória -> geralmente vai apresentar onda P’ (onda p negativa) depois do QRS. Quadro Clínico: ->Predomínio em mulheres jovens ->Tem início e fim súbitos (“paroxismos”) ->Apresentam os seguintes sintomas: (a) – Palpitações (b) – Tonteira (c) – Dispneia Tratamento: 1°) Em casos de Instabilidade Hemodinâmica Sinais de Instabilidade Hemodinâmica: desmaio, diminuição da consciência, dor torácica, diminuição da PA, dispneia Conduta: · Cardioversão elétrica -> 50 a 100J OBS.: Em casos de não reverter em instabilidade com cardioversão, pode considerar usar adenosina em taquicardia supraventricular 2°) Em casos Estáveis Conduta: · Manobra vagal (manobra de Valsalva Modificada) – 1° Opção Ou, caso a 1° opção não funcione: · Adenosina, 6mg IV em bolus/ repetir 12mg se não reverter na primeira dose OBS.: É comum a adenosina dá uma sensação muito ruim no peito do paciente, mas isso passa com o tempo. Se o paciente continuar com frequência cardíaca aumentada: · Verapamil ou Diltiazem (BCC) por via IV / OU Betabloqueadores por via IV F) Taquiarritmias Ventriculares (TV) ->Presença de ritmo taquicárdico originado do ventrículo Critérios Diagnósticos: I) QRS alargado (> 120ms) II) Ausência de onda P Tipos: I) Taquiarritmia Ventricular Sustentada -> Dura mais do que 30s OU instável II) Taquiarritmia Ventricular Monomórfica -> QRS iguais III) Taquiarritmia Ventricular Polimórfica -> QRS diferentes IV) Taquiarritmia Ventricular do tipo Torsades de Pointes -> QRS oscila em amplitude e polaridade ->Há um risco da TV cursar para uma fibrilação ventricular (FV), principalmente quando o ECG apresenta esse aspecto de “derretimento” do complexo QRS: Tratamento: 1°) Em casos de Instabilidade Hemodinâmica (Paciente Instável) Sinais de Instabilidade Hemodinâmica: desmaio, diminuição da consciência, dor torácica, diminuição da PA, dispneia Conduta: · Cardioversão elétrica -> 100 a 200J 2°) Em casos Estáveis (Paciente Estável) Conduta: · Amiodarona IV ou Procainamida IV E · Tratar causa base da TV -> IAM, ICC, suspender medicamentos Caso as duas opções acima não revertam a TV: · Terapia crônica: BB + Cardiodesfibrilador implantável se causa irreversível OBS.: Nos casos de TV do tipo Torsades de Pointes -> Administrar sulfato de magnésio 1 a 2g IV CONDUÇÃO DAS TAQUIARRITMIAS NA EMERGÊNCIA (FOCO DA PROVA) FOCO: 1. Fluxograma das Taquiarritmias na Emergência 2. Mnemônico OSASCO Definição: O mnemônico “OSASCO” é utilizado no contexto de pacientes instáveis com taquiarritmia que irão receber uma cardioversão elétrica. O: Orientar o paciente de que ele vai receber um choque, mas que não vai doer S: Sedação – utilizar o etomidato A: Ambusar (manter as vias aéreas do paciente ventiladas) S: Sincronizar - No monitor, botão do monitor (configurar o desfibrilador para Cardioverter) C: Chocar (Cardioverter e olhar as bolinhas nas ondas) O: Observar o monitor: · Nada (repetir com carga mais alta) · Reversão (OK – Sucesso) · Evolução para FV ou TVSP -> Desfibrilação/RCP 3. Cinco Ds ->Os cincos Ds são os sinais de instabilidade hemodinâmica que irão classificar o paciente como um paciente instável. ->Eles são os seguintes: I) Desmaio II) Diminuição da consciência III) Diminuição da PA IV) Dor torácica V) Dispneia image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.png image15.png image16.png image17.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png
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