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Trabalho de Parto DEFINIÇÃO É o início da atividade uterina regular e progressiva que leva à expulsão do feto, placenta e membranas ovulares do canal uterino para o meio externo. CARACTERÍSTICAS → CONTRAÇÕES UTERINAS: regulares, intensas e com intervalo decrescente • Regularidade: a cada 2-3 minutos • Duração: 30-60s • Intensidade: progressivamente mais fortes → MODIFICAÇÕES CERVICAIS: dilatação, apagamento e esfarelamento do colo do útero • Dilatação: aumento do orifício cervical - TP ativo: 4cm se colo apagado ou 5cm independentemente - Dilatação completa: 10cm • Apagamento: afinamento e encurtamento do CU • Esfarelamento: modificação da textura cervical, tornando-a macia e elástica → DESCIDA DA APRESENTAÇÃO FETAL: o bebê se move pelo canal de parto → ROTURA DAS MEMBRANAS OVULARES: nem sempre acontece no início do TP • Prematura: antes do TP • Precoce: no início do TP • Oportuna: ao final da dilatação • Tardia: feto empelicado DIAGNÓSTICO • Exato momento de início das contrações regulares e efetivas é difícil de estabelecer pois as contrações do início podem ser menos frequentes e pouco dolorosas e a dilatação cervical pode se iniciar em um ponto não determinado • A confusão e/ou falso diagnóstico pode acarretar internamento precoce e uma cascata de intervenções desnecessárias (até cesariana) → CRITÉRIOS • ≥ 2 contrações rítmicas/regulares (causam dor tipo cólica) em 10 minutos (endo 12 contrações por hora) que se estendem por todo o útero e com duração de 50 a 60 segundos * ASSOCIADAS A PELO MENOS 2 DESSES: • Apagamento cervical (afinamento e encurtamento) • Perda do tampão mucoso / rolha de Schroeder • Ruptura espontânea da bolsa das águas • Colo dilatado > 3 cm - Se apagado: 4 cm - Independente do apagamento: 5 cm CONTRATILIDADE UTERINA (fenômeno mais importante do TP) O útero é composto por músculo liso, isto é, não há fibras transversais nos miofilamentos, como no músculo estriado. A contração muscular baseia-se no deslizamento do filamento • TÔNUS UTERINO: é o menor valor registrado entre as contrações. • INTENSIDADE: elevação da pressão intrauterina provocada pela contração, acima do nível definido como tônus. • FREQUÊNCIA: número de contrações em 10 minutos. • ATIVIDADE UTERINA: é o produto da intensidade das contrações x frequência em 10 minutos (unidades de Montevidéu - mmHg/10 minutos) → TOCOMETRIA: registra a contratilidade em gráficos para diagnóstico e tratamento de desvios e interpretação da FCF no parto. Pode ser: • Amniótica • Intranedometrial • Placentária – útil em gestações múltiplas após o parto do 1º concepto • Puerperal → EFEITOS DA CONTRATILIDADE NO ORGANISMO MATERNO • Aumenta PA - PAS ↑ 30 a 40 mmHg - PAD ↑ 20 a 25 mmHg • Aumenta frequência cardíaca – oscila entre 145 e 155 bpm • Aumenta retorno venoso – sangue da placenta e do miométrio para a veia cava inferior → EVOLUÇÃO NO CICLO GESTATÓRIO • Gravidez (até 30s) → fisiológicas - Progesterona bloqueia contrações - Atividade uterina reduzida - Predominam contrações do tipo A (↓ em nº, intensidade e frequência e só em partes do útero) - Entre 28 e 32s aparecem do tipo B • Pré-parto (após 30s) → fisiológicas - Atividade uterina aumenta vagarosa e progressivamente - Contrações do tipo B (Braxton-Hicks) predominam e vão se difundindo para mais áreas - Redução do volume abdominal (“queda do ventre”) * OBS: as contrações fisiológicas são para estimular a circulação fetal, não são dolorosas e nem rítmicas, cessam com uterolítico e repouso • Parto - Dilatação: 2 a 3 / 10 min - Final da dilatação: 4 / 10 min - Expulsão: 5 / 10 min + puxos * OBS: a postura influencia, decúbito lateral faz aumentar a intensidade e reduzir a frequência • Secundamento (6 a 10 min) - Continuam rítmicas e até mais intensas - Indolores (repouso fisiológico) - As 2/3 primeiras propiciam hemostasia (miotamponamento) e dequitação fisiológica • Puerpério (12h após o parto) - Vão diminuindo em frequência, intensidade e número - “Dor de tortos”: durante as mamadas a sucção libera ocitocina, o que aumenta a atividade uterina FASES DE PARTURIÇÃO → QUIESCÊNCIA (FASE 1): se inicia com a implantação do zigoto e perdura por quase toda a gestação • São observadas poucas contrações, que não modificam a estrutura cervical e nem causam dilatação do colo uterino • Relativa ausência de resposta a agentes que determinam a contratilidade uterina → ATIVAÇÃO (FASE 2): prepara o útero e o canal cervical para o trabalho de parto e dura aproximadamente 6 a 8 semanas • Determina modificações cervicais • É caracterizada pela descida do fundo uterino → ESTIMULAÇÃO (FASE 3): contrações uterinas efetivas, clinicamente dividida em três períodos – períodos clínicos do parto • Dilatação • Expulsão • Dequitação → INVOLUÇÃO (FASE 4): puerpério, se inicia após a dequitação, é o retorno ao estado pré- gravídico • Caracterizado por uma contração persistente que promove a involução uterina • Período de complicações hemorrágicas FATORES QUE INFLUENCIAM O TP → IDADE MATERNA: mais jovens tendem a ter tp mais longos → PARIDADE: multíparas tendem a apresentar tp mais rápidos → TAMANHO E POSIÇÃO DO BEBÊ: bebês maiores ou em posições cefálicas posteriores podem prolongar o tp → CONDIÇÕES MATERNAS: alterações como diabetes ou hipertensão podem influenciar o processo → HISTÓRICO DE TP: tp anterior pode servir como referência SINAIS DE ALERTA → SANGRAMENTO VAGINAL INTENSO: pode indicar DPP ou outras urgências → DOR ABDOMINAL ABRUPTA E INTENSA: pode sugerir ruptura uterina, uma emergência obstétrica → DIMINUIÇÃO DOS MOVIMENTOS FETAIS: pode indicar sofrimento fetal → FEBRE MATERNA: pode indicar infecção, o que necessita de tratamento imediato Fases clínícas do parto 1º PERÍODO – DILATAÇÃO Corresponde ao período de modificação cervical. Inclui tanto a fase latente quanto a fase ativa do TP. • INÍCIO: primeiras contrações dolorosas, que têm função de gerar modificações cervicais • FIM: dilatação completa (10 cm) → FENÔMENOS • APAGAMENTO/ESVAECIMENTO - Incorporação do colo à cavidade uterina, ele afina e amolece - Progesterona inibe • DILATAÇÃO - Varia de impérvio (fechado) até a dilatação completa (10 cm) - Sofre influência da paridade * Primípara: primeiro ocorre o apagamento e depois dilata, dura 12h * Multípara: simultâneo, dura 7h - É representada por uma curva dividida em fase latente e fase ativa (curva de Friedman) * Fase latente – preparação para a dilatação: dura cerca de 8h (até 20h), contrações pouco regulares e pouco dolorosas, com duração e intensidade variáveis, não provocam modificações significativas na dilatação cervical * Fase ativa – dilatação propriamente dita: contações regulares, mais frequentes, intensas e dolorosas, se inicia com 4-6 cm de dilatação e ≥ 2 contrações efetivas em 10 minutos, dura cerca de 6h em primíparas e 3h em multíparas, é subdividida em 3 fases – aceleração, aceleração máxima e desaceleração • BOLSA DAS ÁGUAS - Surge à medida que a dilatação progride - Espaço entre o polo cefálico e membranas ovulares em que fica o LA - Sua ruptura pode ser prematura (RPMO), precoce, oportuna ou tardia 2º PERÍODO – EXPULSÃO Feto é expelido (pelos mecanismos do parto) através do canal de parto totalmente formado (segmento inferior do útero + canal cervical totalmente dilatado + vagina = única cavidade) pela ação conjunta das contrações uterinas e puxos • INÍCIO: dilatação completa • FIM: saída do feto → DURAÇÃO NORMAL • Primíparas: 60 min • Multíparas: 30 min * Condicionada à proporção cefalopélvica, à deficiência contrátil e ao efeito da analgesia * Se vitalidade fetal normal, pode prolongar → PERÍODO EXPULSIVO PROLONGADO • Primíparas: > 3h sem analgesia • Multíparas: > 2h sem analgesia * +1h se epidural→ FASES DURANTE A DESCIDA • Fase pélvica - Dilatação completa - Plano acima de +3 de De Lee • Fase perineal - Cabeça rodada - Abaixo do plano +3 de De Lee → MANOBRA DE RITGEN • No momento da expulsão cefálica fetal, deve- se realizar manobra de Ritgen, uma manobra para proteção do períneo utilizando-se o apoio de uma compressa no períneo e realizando o desprendimento lento do polo cefálico, como se fosse um “freio lento” ao nascimento. Ela é realizada para diminuir o risco de lacerações perineais com a expulsão abrupta do polo cefálico 3º PERÍODO – SECUNDAMENTO ou DEQUITAÇÃO Após o nascimento do bebê, o útero expele a placenta e as membranas → DURAÇÃO • Até 1h após o parto - Comum antes de 10 min (80% dos casos) e no máximo 30 min - É considerada prolongada quando ultrapassa 30 minutos pelo aumento do risco hemorrágico → OCITOCINA • Indicação profilática da ocitocina logo após o nascimento como medida de prevenção primária para redução da hemorragia pós-parto (redução de 50% das causas de hemorragias provocadas pela atonia uterina) • Indicação universal 10 UI IM (parto vaginal ou cesariana) → CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL • Tardio ou oportuno (1 a 3 minutos após) - Benefícios: maior reserva de ferro, menor risco de transfusão sanguínea, melhor estabilidade circulatória, menos hemorragia intraventricular, menos risco de enterocolite necrosante • Imediato (logo após o nascimento) - Indicações: alteração da vitalidade do RN ou risco materno → TRAÇÃO CONTROLADA DA PLACENTA • Objetivo de diminuir o tempo de dequitação e sangramento – se a dequitação for prolongada (+30 min) pode-se indicar a extração manual da placenta mediante analgesia, mas se a mãe não apresentar intercorrências no parto ou patologias que aumentem o risco de sangramento pode aguardar até 1 hora para dequitação espontânea • Lembrar de evitar a tração vigorosa pelo risco de inversão uterina ou de rompimento do cordão umbilical → TIPOS DE DESCOLAMENTO - A redução do volume uterino e as contrações fortes e indolores possibilitam o descolamento placentário • Baudelocque-Schultze ou central • Baudelocque-Duncan ou periférica/marginal → MANOBRA DE JACOB-DUBLIN • Quando a área placentária se exterioriza pelo introito vaginal, o assistente ao parto deve rodar a placenta com o objetivo de desprender a membrana aderida na parede uterina, um movimento conhecido por manobra de Jacob- Dublin • Dessa forma, após sua expulsão total, deve-se realizar a revisão sistemática da placenta com o objetivo de avaliar tanto a face materna (área dos cotilédones) quanto a face fetal (área com o cordão umbilical e membranas) verificando se houve a saída completa de suas partes e se não ocorreu a retenção de restos placentários 4º PERÍODO – PRIMEIRA HORA PÓS- PARTO (GREENBERG) É considerada a golden hour da obstetrícia. É o momento em que ocorre o maior risco de hemorragia da puérpera e sua vigília deve ser maior. → HEMOSTASIA UTERINA • Miotamponamento (1ª linha de defesa) - Contração da musculatura uterina - A redução do volume uterino causa angulação das artérias uterinas e ovarianas, provocando oclusão dos vasos e redução da perfusão uterina = obliteração dos vasos sangrantes → ligaduras vivas de Pinard - Papel da ocitocina (endógena ou não) - Pode ser percebida a ação do miotamponamento pelo exame físico abdominal, por meio da palpação do fundo uterino contraído próximo a cicatriz umbilical, conhecido como globo de segurança de Pinard • Trombotamponamento (2ª linha de defesa) - Formação de coágulos intrauterinos e trombos nos grandes vasos, causando sua obliteração • Indiferença miouterina - Útero se torna apático do ponto de vista dinâmico, enche e esvazia sangue dentro • Contração uterina fixa - Normalmente, decorrida 1h, o útero adquire maior tônus e assim se mantém, firmemente contraído logo abaixo da cicatriz umbilical - Completa o mecanismo de hemostasia → PRINCIPAIS CAUSAS DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO (4Ts) • Tônus (70%): atonia uterina (não faz hemostasia – miotamponamento) • Trauma (19%): lacerações e hematomas • Tecido (10%): retenção de tecidos placentários • Trombina (1%): coagulopatias e uso de anticoagulantes Antes de explicar o mecanismo do parto, é importante entender os tópicos: bacia obstétrica, pelvimetria e estática fetal Bacía obstetríca A avaliação dos fenômenos que envolvem o parto baseia-se na avaliação de três fatores: o trajeto (pelve), o objeto (feto) e o motor (contações) TRAJETO • Depende das características da pelve materna e tem dois componentes: → TRAJETO MOLE: vulva, vagina, colo, segmento inferior do útero e musculatura pélvica → TRAJETO DURO: bacia óssea materna CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA PELVE • É constituída por 4 ossos: sacro, cóccix e os dois ilíacos → OSSO ILÍACO: ílio (verde) + ísquio (azul) + púbis (laranja) → SACRO E CÓCCIX: continuação da coluna vertebral, unidos por uma articulação bastante móvel chamada sacrococcígea (importante na dinâmica do parto vaginal) → SÍNFISE PÚBICA: junção entre os ilíacos → PROMONTÓRIO: região onde o sacro articula-se com a quinta vértebra lombar, formando uma proeminência → DIVISÃO DA BACIA: maior e menor, separadas por uma linha em forma de anel que se estende do promontório até a margem superior da sínfise púbica * A bacia menor ou escava é muito importante na obstetrícia, por isso pode ser chamada de bacia obstétrica – suas características estão associadas às condições que o canal de parto terá para permitir ou não a passagem fetal ESTREITOS E DIÂMETROS DA BACIA OBSTÉTRICA • A bacia obstétrica (menor) pode ser dividida em 3 estreitos: superior, médio e inferior, os quais representam as regiões onde a passagem fetal pode ser prejudicada por serem pontos mais estreitos do canal de parto → ESTREITO SUPERIOR: do promontório sacral até a borda superior da sínfise púbica • DIÂMETROS ANTEROPOSTERIORES: - Conjugata vera anatômica (11 cm): borda superior da pube até o promontório (representa a distância anatômica entre os limites anteroposteriores do estreito superior, não consigo alcançá-la ao exame físico) - Conjugata vera obstétrica (10,5 cm): porção posterior da pube até o promontório (representa o verdadeiro espaço à disposição para passagem do feto) - Conjugata diagonalis (12 cm): porção anterior da pube até o promontório (essa que consigo medir ao toque) • DIÂMETROS TRANSVERSO E OBLÍQUO → ESTREITO MÉDIO: do ponto sacral côncavo entre as vértebras S4 e S5 até a borda inferior da sínfise púbica • DIÂMETRO BI-ISQUIÁTICO: é o mais estreito do estreito médio e mais angustiado no trajeto do parto, mede cerca de 10,5 cm, estende-se de uma espinha isquiática à outra e representa o plano zero de De Lee → ESTREITO INFERIOR: da ponta do cóccix até a borda inferior da sínfise púbica * OBS: tem a característica de modificar seu diâmetro anteroposterior em resposta à dinâmica do parto • DIÂMETRO ANTEROPOSTERIOR (9,5 cm) ou cóccix-subpúbico: borda inferior da sínfise púbica até a extremidade do cóccix. Pelo seu tamanho, poderia impedir a passagem do feto, mas no momento do desprendimento esse diâmetro aumenta cerca de 2 cm graças à retropulsão do cóccix, e passa a ser chamado de conjugata exitus • DIÂMETRO TRANSVERSO (11 cm) ou bituberoso: entre as tuberosidades isquiáticas → RESUMO Pelvímetría É o exame da bacia óssea, importante para avaliar as condições do parto vaginal ESTREITO SUPERIOR • O diâmetro do estreito superior que representa o espaço real que o feto terá para passar é a conjugata obstétrica, porém ela não é mensurável ao exame físico. Sua medida é feita a partir da medida da conjugata diagonalis, avaliada durante o toque vaginal • A medida é realizada pelo toque vaginal com a intenção deatingir o promontório. Com o dedo indicador da outra mão, faz-se a marcação de onde a borda inferior da pube toca o dedo que realiza o toque • A partir da medida da conjugata diagonalis, deve-se calcular a medida da conjugata obstétrica segundo a relação de Smellie (diminuindo 1,5 cm) * Na prática clínica, o habitual é o promontório não ser atingível = sinal favorável ESTREITO MÉDIO • Esse estreito é o ponto que pode representar maior dificuldade à passagem por ser o mais angustiado (pelas espinhas) • A avaliação do diâmetro bi-isquiático é realizada pelo toque, buscando-se tocar as espinhas isquiáticas próximas à parede inferior da vagina. Ao palpá-las, avalia-se a distância entre elas. * Espinhas proeminentes representam prognóstico ruim para o parto vaginal, enquanto as espinhas apagadas permitem inferir que esse diâmetro é maior do que 10,5 cm, portanto favorável ao parto vaginal ESTREITO INFERIOR • DIÂMETRO BITUBEROSO: gestante em posição ginecológica, palpa-se as tuberosidades isquiáticas com os polegares e afere-se a distância entre elas * Se > 11 cm, favorável ao parto vaginal • ÂNGULO SUBPÚBICO: gestante em posição ginecológica, posiciona os polegares sobre os ramos isquiopúbicos * Ângulo ≥ 90º é favorável ao parto vaginal → RESUMO Estatíca Fetal É o estudo das relações que o feto estabelece com o corpo materno, tanto com o útero quanto com a bacia óssea. A maneira como o parto evolui está intimamente relacionada a essas relações. CARACTERÍSTICAS FETAIS → OSSOS DO CRÂNIO • 2 parietais • 2 frontais • 2 temporais • 1 occipital • 1 esfenoide • 1 etmoide → SUTURAS (entre os ossos) • Sagital: entre os dois parietais • Metópica: entre os dois frontais • Temporal: entre os parietais e temporais • Coronária: entre o parietal e o frontal • Lambdoide: entre os parietais e o occipital → FONTANELAS (depressão no encontro de suturas) • Lambdoide/posterior: formato triangular, entre os parietais e o occipital * cefálica fletida • Bregmática/anterior: formato de losango, entre os frontais e os parietais → DIÂMETROS • Suboccipitobregmático (9,5 cm): é o MENOR, do suboccipício ao bregma • Submentobregmático (9,5 cm): semelhante ao suboccipitobregmático, medido do submento ao bregma • Suboccipitofrontal (10,5 cm): do subboccipício à bossa frontal • Occipitofrontal (12 cm): da ponta do occipício à glabela (raiz do nariz) • Occipitomentoniano (13 cm): é o MAIOR, da ponta do occipício ao mento ATITUDE • É a relação das partes fetais entre si • Normal: flexão generalizada • Anomalias: deflexão do polo cefálico (leva às apresentações defletidas de 1º, 2º e 3º graus) e ausência persistente de flexão de todos os membros (perda de tônus muscular pode significar sofrimento fetal grave) SITUAÇÃO • É a relação entre os maiores eixos do feto e do útero → LONGITUDINAL: quando o maior eixo fetal coincide com o maior eixo uterino → TRANSVERSA: quando o maior eixo fetal está perpendicular ao maior eixo uterino – relacionada a fatores como placenta de inserção anômala, gestação múltipla, presença de miomas uterinos ou outras alterações do útero → OBLÍQUA: quando o maior eixo fetal está oblíquo em relação ao maior eixo uterino. É uma situação de transição do feto para estabelecer-se longitudinal ou transversalmente POSIÇÃO • É a relação do dorso fetal com o corpo materno (importante para facilitar a ausculta do BCF) → Na situação longitudinal: • DIREITA: quando o dorso fetal está voltado para o lado direito do abdômen materno • ESQUERDA: quando o dorso fetal está voltado para o lado esquerdo do abdômen materno → Na situação transversa: • ANTERIOR: quando o dorso fetal está voltado anteriormente em relação à coluna vertebral materna • POSTERIOR: quando o dorso fetal está voltado posteriormente em relação à coluna vertebral materna APRESENTAÇÃO • Refere-se à porção fetal que se relaciona com o estreito superior da bacia materna e que, nele, vai se insinuar → CEFÁLICA (95-96%) → PÉLVICA (3-4%) → CÓRMICA (0,5-1%) ponto de ref é o acrômio VARIEDADE DE POSIÇÃO • É a relação entre o ponto de referência da apresentação fetal e o ponto de referência da bacia óssea materna * OBS – importante lembrar: em diferentes variedades de posição, há diferentes graus de rotação interna: - Anterior: 45º - Transversa: 90º - Posterior: 135º → RESUMO Mecanísmo de Parto DEFINIÇÃO São movimentos passivos que as contrações uterinas provocam no feto ao impulsioná-lo contra os pontos de resistência da pelve materna. Tais movimentos fazem com que os maiores diâmetros fetais coincidam com os maiores diâmetros da bacia obstétrica e, dessa forma, a apresentação fetal possa progredir pelos planos da bacia. INSINUAÇÃO (1º tempo) → DEFINIÇÃO: passagem do maior diâmetro transverso da apresentação fetal pelo estreito superior da bacia materna, ao nível das espinhas isquiáticas (insinuação) * OBS: a insinuação permite afirmar que o estreito superior é adequado à passagem, mas não quer dizer que o estreito médio e o inferior são adequados também → MECANISMO: as contrações uterinas, impulsionadas por alterações hormonais, comprimem o feto contra o segmento inferior do útero, empurrando-o em direção ao estreito superior da pelve. A conformação da pelve e a elasticidade dos tecidos moles influenciam a descida da apresentação. DESCIDA (2º tempo) → DEFINIÇÃO: progressão do feto pelo canal de parto, passando do estreito superior ao estreito inferior da bacia obstétrica, até sua completa expulsão → MECANISMO: as contrações uterinas continuam a impulsionar o feto pelo canal de parto, enquanto a gravidade também contribui para a descida. A resistência dos tecidos moles e a conformação da pelve influenciam a velocidade da descida. → PARTOGRAMA: avalia a descida a partir da altura da apresentação do feto segundo os planos de De Lee ou de Hodge → ASSINCLITISMO: posição assimétrica do polo cefálico dentro do canal de parto, caracterizado pela maior proximidade da sutura sagital às estruturas anteriores ou posteriores da pelve materna • Assinclitismo anterior (Naegele) - Osso parietal anterior desce primeiro - Sutura sagital mais próxima ao sacro materno - Mais comum em multíparas pela presença de flacidez abdominal • Assinclitismo posterior (Litzmann) - Osso parietal posterior desce primeiro - Sutura sagital mais próxima da sínfise púbica - Mais comum em primíparas pois a prensa abdominal tende a ser mais forte • Sinclitismo - Os dois parietais progridem simultaneamente pelo canal de parto - Sutura sagital equidistante do sacro e da sínfise púbica - É o “jeitinho” que o bebê arruma para sair, ele faz alguns movimentos para ir se encaixando na pelve * OBS: quando o assinclitismo se torna persistente durante o TP, apesar de ele descer pelo canal de parto, ocorre uma dificuldade na rotação interna pela assimetria do polo cefálico, ele desceu “torto” e terá dificuldade para realizar a rotação internada * MACETES: - O “A” vem antes no nome Naegele do que Litzmann, logo Naegele é o assinclitismo anterior - Assinclitismo Posterior: sutura sagital mais perto da Pube - Assinclitismo Anterior: sutura sagital mais perto do sAcro ROTAÇÃO INTERNA (3º tempo) → DEFINIÇÃO: movimento no sentido horário ou anti-horário que a apresentação fetal realiza ao ser impulsionada pelas contrações uterinas contra os pontos de resistência da pelve e que permite que o feto adapte seu maior diâmetro ao maior diâmetro da bacia obstétrica, com o occipício se posicionando em direção ao púbis materno → MECANISMO: os ligamentos que fixam o útero no interior da pelve, juntamente à forma da pelve, direcionam a rotação da apresentação. Essa rotação é crucial para o parto vaginal, pois permite que odiâmetro biparietal da cabeça fetal, o maior diâmetro, passe pelo estreito superior da pelve. → VARIEDADE DE POSIÇÃO: relação entre o ponto de ref da apresentação e o ponto de ref da pelve • Nas fases iniciais do parto, o feto encontra-se, na maioria das vezes, na variedade transversa, de modo a adaptar-se ao maior diâmetro do estreito superior da pelve materna • À medida que a descida pelo canal de parto avança, percebe-se, mais frequentemente, a variedade oblíqua • Ao atingir o estreito inferior, a variedade de posição direta (quando o occipício está voltado para o pube – OP – ou para o sacro – OS) é a variedade de posição mais comum, permitindo que o feto acomode seu maior diâmetro ao diâmetro anteroposterior da bacia = alinhamento do eixo anteroposterior fetal com o anteroposterior materno • Posto que a variedade de posição com MELHOR PROGNÓSTICO para o desprendimento do polo cefálico é a OCCIPITOPÚBICA (OP), é esperado que a rotação interna ocorra no sentido da menor rotação possível para atingi-la durante a descida - Anterior: 45º - Transversa: 90º - Posterior: 135º DESPRENDIMENTO CEFÁLICO(4º tempo) → DEFINIÇÃO: movimento que permite que a cabeça fetal se desprenda do corpo materno. A maneira mais favorável para isso consiste em o occipício fetal estar posicionado abaixo da pube materna (na variedade de posição OP) → MECANISMO: as contrações uterinas impulsionam o feto para fora do canal de parto enquanto a musculatura do períneo materno oferece resistência a esse movimento. Quando a variedade de posição fetal é a OP, essas forças contrárias uma à outra sobre o feto acarretam um processo de alavanca (hipomóclio), em que o occipício do feto é pressionado contra a região subpúbica da bacia materna, promovendo a deflexão da cabeça fetal e sua consequente exteriorização do canal de parto → RETROPULSÃO DO CÓCCIX: promove o aumento desse diâmetro, que passa a ser chamado de conjugata exitus, permitindo a passagem do feto ROTAÇÃO EXTERNA (5º tempo) → DEFINIÇÃO: movimento que restitui o dorso fetal para a posição em que estava inicialmente no interior do canal de parto → MECANISMO: após o desprendimento do polo cefálico (cabeça fetal) gira e, associado a esse movimento, o dorso do feto rotaciona também e retorna para o lado para qual estava voltado durante o trajeto do parto → ROTAÇÃO INTERNA DAS ESPÁDUAS: o movimento de rotação externa é importante para que o diâmetro biacromial, que estava posicionado transversalmente no canal durante o hipomóclio, possa rotacionar-se no sentido anteroposterior de forma a acomodar-se ao maior diâmetro do estreito inferior, permitindo o desprendimento do bebê DESPRENDIMENTO DAS ESPÁDUAS (4º tempo) → DEFINIÇÃO: movimento que resulta na exteriorização dos ombros fetais, sendo que, geralmente, o ombro anterior desprende-se primeiro → MECANISMO: o desprendimento dos ombros fetais caracteriza o desprendimento da cintura escapular do feto. Após isso, o próximo diâmetro fetal a desprender-se é o diâmetro bitrocantérico, relacionado à cintura pélvica. Apesar de esse diâmetro também passar pelos mecanismos de parto observados no polo cefálico e na cintura escapular, por não oferecer grandes resistências à passagem pelo canal de parto, ele tende a ocorrer de forma rápida e não representar problemas para o nascimento. Chamamos esse momento do parto de desprendimento do ovoide córmico. Analíse de Partograma Partograma é a forma de representar graficamente o trabalho de parto, permitindo que ele seja adequadamente acompanhado, avaliado e documentado. É uma ferramenta importante para garantir a adequada assistência ao parto, por isso é preconizado pela Organização Mundial de Saúde como documento obrigatório para assistência à parturiente. * OBS: só deve ser aberto durante a fase ativa do parto! INFORMAÇÕES • Dilatação cervical ▲ • Altura da apresentação fetal ⭕ • Variedade de posição fetal Y (lambda) e ◇ (bregma) • Frequência cardíaca fetal • Número e intensidade das contrações ⬛ ◪ ◸ • Características da bolsa e do líquido amniótico (BI – bolsa íntegra, BRE – bolsa rota espontânea, BRA – bolsa rota artificial, LC – líquido claro, MEC – mecônio) • Intervenções realizadas durante a assistência ao trabalho de parto, como orientação de banho, uso de ocitocina e analgesia, por exemplo. DISTOCIAS Chamamos de distocia toda evolução do trabalho de parto que ocorre de forma diferente da esperada → DISTOCIA DE TRAJETO: impede a passagem do feto • VÍCIO PÉLVICO: quando a pelvimetria avalia que a pelve é incompatível à passagem fetal (diâmetros da pelve não compatíveis para a acomodação dos diâmetros fetais) - Mais comum em adolescentes - Conduta: cesariana • PARTES MOLES: como exemplo podemos citar miomas cervicais, estenose ou edema de colo, septos vaginais e condilomas acuminados gigantes • TIPOS DE BACIA: - Bacia androide: espinhas isquiáticas mais proeminentes, tende a distocias por parada da progressão da descida - Bacia platipeloide: formado ovalado, relaciona-se à insinuação fetal em variedades de posição tranversas - Bacia ginecoide: tem características mais favoráveis ao parto vaginal, menos chances de distocias → DISTOCIA DE OBJETO: impede a progressão pelo trajeto ou o desprendimento • MACROSSOMIA (>4000g): - Distocia de progressão: tamanho fetal incompatível com o espaço do canal de parto - Distocia de ombro: dificuldade no desprendimento do diâmetro biacromial. É uma emergência obstétrica grave • APRESENTAÇÃO FETAL - Córmica e defletida de 2º grau: incompatíveis com o parto vaginal (conduta cesariana) • VARIEDADE DE POSIÇÃO - Distocia de rotação: quando a rotação interna não ocorre completamente, pois o feto não está em variedade de posição occipitopúbica (OP) ao atingir o estreito inferior da pelve, pode impedir o desprendimento cefálico - Nos casos de período expulsivo prolongado devido à variedade de posição ser desfavorável ao desprendimento cefálico, deve ser feita a rotação do polo cefálico manualmente ou pelo fórcipe de rotação (de Kielland) * OBS – condições para aplicabilidade do fórcipe: dilatação cervical total, bolsa rota, apresentação abaixo do plano +2 de De Lee, feto vivo, conhecer a variedade de posição, não haver sinais de desproporção cefalopélvica → DISTOCIA DE MOTOR/FUNCIONAL: alterações na contratilidade uterina, seja por excesso ou por falta/incoordenação • Distocia funcional por HIPOATIVIDADE - Contrações uterinas insuficientes em número ou intensidade para promover a dilatação cervical esperada de 1 cm/h - Primária: desde o início do TP - Secundária: TP começa evoluindo inicialmente e em algum momento passa a ser insuficiente - Correção: medidas que estimulem a atividade uterina, desde medidas mecânicas (estimular a deambulação e a verticalização), até intervenções como amniotomia ou ocitocina endovenosa • Distocia funcional por HIPERATIVIDADE - Contrações uterinas maiores do que as esperadas, isto é, por taquissistolia (≥5 contrações a cada 10 min) e pode ocorrer com ou sem obstrução - Sem obstrução: parto evolui rapidamente, chamado de taquitócico (<4h) - Com obstrução: pode causar rotura uterina, especialmente em mulheres com cicatriz uterina anterior • Distocia funcional por HIPERTONIA - Aumento do tônus uterino, seja por contrações uterinas tão frequentes que não permitem o relaxamento adequado do útero, seja por superdistensão uterina, como nos casos de gestações múltiplas ou polidrâmnio, ou ainda por descolamento prematuro de placenta, que classicamente se associa à hipertonia uterina - Pode acarretar sofrimento fetal por redução do aporte de oxigênio - Pode estar associada ao uso inadequadode ocitocina • Distocia funcional por DILATAÇÃO - Apesar a dinâmica uterina estar adequada ao 1º período do parto, a dilatação cervical deixa de evoluir ou passa a ocorrer lentamente - Resulta em fase ativa prolongada ou em parada secundária da descida * OBS: se os triângulos não atingiram os 10 cm, a dilatação cervical não é total = distocia de dilatação (1º período do parto). Se já é total = distocia de descida (2º período do parto) CLASSIFICAÇÃO DAS DISTOCIAS (MS) → PARTO TAQUITÓCICO/PRECIPITADO • Quando há exacerbação da atividade uterina e não há nada que impeça a evolução do parto, nem características fetais nem maternas, a intensa atividade uterina pode acarretar um parto que evolui muito mais rápido do que o esperado - Mais comum em multíparas • Diagnóstico: dilatação, descida e expulsão ocorrem em um intervalo < 4h • Partograma: muito voltado à esquerda da linha de alerta • Causas: - Uso iatrogênico de ocitocina • Complicações (por não haver tempo para acomodação dos tecidos maternos e fetais) - Hipotonia uterina - Lesão do trajeto - Hemorragia ventricular no RN • Condutas: - Evitar amniotomia: para não intensificar ainda mais a dinâmica uterina - Realizar analgesia de parto precocemente: se possível, para tentar regularizar as contrações - Revisão do canal de parto: para reparar eventuais traumas do trajeto - Monitorar o RN: para diagnosticar e tratar precocemente se houver lesões → FASE ATIVA PROLONGADA (distocia de dilatação) • Diagnóstico: dilatação cervical < 1 cm/h • Partograma: horizontalização da linha de triângulos, ultrapassa a linha de alerta, contrações uterinas fracas • Causas: - Hipoatividade uterina (discinesia) • Condutas: - Estimular deambulação e movimentação - Amniotomia - Ocitocina → PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO (distocia de dilatação) • Diagnóstico: dilatação cervical não evolui em 2 toques consecutivos, com intervalo de pelo menos 2h entre eles - OU: 6 cm de dilatação, com rotura das membranas, não progride após 4h de atividade uterina adequada - OU: 6 cm de dilatação, pelo menos após 6h da administração de ocitocina com atividade uterina inadequada e nenhuma mudança cervical • Partograma: linha dos triângulos horizontalizada, contrações uterinas adequadas • Condutas: - Estimular deambulação - Amniotomia - Ocitocina - Fórcipe ou vácuo-extrartor - Se desproporção cefalopélvica: cesariana → PARADA SECUNDÁRIA DA DESCIDA • Diagnóstico: parada da progressão da apresentação por mais de 2h quando a dilatação é total (10 cm) - Nulíparas: > 3h (sem analgesia) - Multíparas: > 2h (sem analgesia) * +1h se analgesia • Causas: - Desproporção cefalopélvica (conduta = cesariana) - Distocia de rotação – parada no estreito inferior (conduta = fórcipe de rotação/Kielland ou cesariana) • De Lee: - Comum ocorrer ao plano 0 de De Lee, já que é o mais estreito, relacionado às espinhas isquiáticas • Sinais clínicos associados: - Edema vulvar - Bossa serossanguínea - Hiperatividade uterina • Complicações: - Rotura uterina • Partograma: horizontalização dos círculos, dilatação total → PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO • Diagnóstico: dilatação cervical total e apresentação descendo de forma mais lenta que o esperado - Primíparas: 2h (sem analgesia) - Multíparas: 1h (sem analgesia) * +1h se analgesia • Causas - Hipoatividade uterina (movimentação, amniotomia, ocitocina) - Macrossomia - Apresentação cefálica defletida de 3º grau - Variação de posição posterior - Assinclitismo persistente • Conduta - Uso do fórcipe: é a conduta mais comum, desde que haja condições para sua aplicabilidade Assístencía ao TP ADMISSÃO DA PARTURIENTE • Confirmado o diagnóstico de trabalho de parto, a parturiente deve ser internada para acompanhamento por equipe multidisciplinar. → DEVE-SE AVALIAR: • Condições maternas • BCF • Contrações uterinas • Dilatação • Descida • Presença ou não de rotura das membranas → DIREITOS DA PARTURIENTE: • À gestante, devem ser permitidos dieta oral sem restrição e acompanhante de sua escolha durante todo trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. A lei que garante o direito ao acompanhante é a lei 11.108, de 07 de abril de 2005. → EXAMES LABORATORIAIS • Tipagem sanguínea com Coombs indireto, caso não se tenha esse exame do pré-natal, para avaliar a necessidade de imunoprofilaxia anti- RhD. • Testes rápidos de HIV e VDRL devem ser feitos para gestantes que não têm esses exames no terceiro trimestre ou apresentam alto risco de contaminação → AMNIOSCOPIA • Alguns serviços orientam de rotina a realização da amnioscopia no início do trabalho de parto, quando as membranas fetais estão integras e o colo está começando a dilatar. Esse exame serve para observar indiretamente as características do líquido amniótico enquanto a bolsa está íntegra, na investigação de maturidade fetal e suspeita de sofrimento fetal • Grumos de vérnix caseoso: IG > 38s • Mecônio: sofrimento fetal ASSISTÊNCIA AO 1º PERÍODO → BCF • RISCO HABITUAL: ausculta intermitente a cada 15-30 min com sonar Doppler - Deve ser feita durante a contração e o primeiro minuto seguinte, para assegurar a identificação de desacelerações nesse período • ALTO RISCO: cardiotocografia (para ter a monitorização contínua) → DURAÇÃO DA FASE ATIVA • É variável, em torno de 12h para primíparas • Não se deve usar o critério de 1 cm/h para considerar uma boa evolução nessa fase • Não indicado administrar ocitocina de rotina para acelerar a fase ativa → TOQUE VAGINAL • Deve ser feito o mínimo de vezes possível, de preferência a cada 4h se boas condições maternas e fetais → PELVIMETRIA CLÍNICA • Não é recomendada de rotina • Não deve ser critério para intervenções durante o TP → PARTOGRAMA • É obrigatório • Registra a evolução do TP e do BCF → POSIÇÃO • Nessa fase a gestante pode ser estimulada a andar e adotar posições verticais a fim de reduzir o tempo de TP, necessidade de analgesia e cesárea • A posição durante o TP é de escolha pa parturiente e não da equipe → JEJUM • Deve ser estimulada a alimentar-se e ingerir líquidos durante todo o TP, não devendo ser mantida em jejum e nem receber rotineiramente fluidos endovenosos para hidratação → TRICOTOMIA E ENEMAS • Não devem ser feitos pois não há benefícios e ocasiona desconforto para a gestante → AMNIOTOMIA • Não é procedimento de rotina em partos eutócicos, pois aumenta o risco de prolapso de cordão e corioamnionite • Intervenção reservada para casos em que o TP não evolui fisiologicamente e há suspeita de distocia → ALÍVIO DA DOR • A paciente deve ter a sua disposição opções não farmacológicas (bola, massagem, chuveiro e banheira) e farmacológicas ]9analgesia epidural e opioides) ASSISTÊNCIA AO 2º PERÍODO → BCF • Avaliação a cada 5-10 min ou de forma contínua → POSIÇÃO • Livre escolha da gestante, mesmo se estiver sob efeito de analgesia → PUXOS • Permitir só os puxos espontâneos • Evitar puxos dirigidos, que aumentam a chance de desaceleração do BCF, cansaço materno e laceração perineal → PROTEÇÃO PERINEAL • O desprendimento precisa ser lento e gradual, diminuindo os riscos de laceração perineal • Pode realizar a proteção perineal com as mãos, massagem perineal e compressa quente, SE a parturiente permitir → EPISIOTOMIA • Não deve ser feita de forma rotineira e liberal • Uso restrito e seletivo: sofrimento fetal no período expulsivo, parto operatório e distocias de biacromial (de ombro) → MANOBRA DE KRISTELLER • É proibida, está proscrita na obstetrícia pois aumenta os riscos maternos e fetais → NASCIMENTO • O RN deve ser colocado no ventre materno e receber os cuidados do pediatra de preferência no colo da mãe → CLAMPEAMENTO DO CORDÃO • Deve ser adiado por 1 a 3 min (tardio), o que permite ao RN receber um aporte maior desangue da placenta, diminuindo os riscos de anemia, hemorragia intraventricular e eneterocolite necrosante, além de proporcionar uma melhor estabilidade circulatória no neonato ASSISTÊNCIA AO 3º PERÍODO → USO UNIVERSAL DA OCITOCINA • 10 UI IM após o nascimento do bebê em todos os partos • Medicação de primeira escolha na prevenção da hemorragia pós-parto • Em cesáreas, pode-se utilizar ocitocina endovenosa na mesma dose → DURAÇÃO • Cpmum: até 10 min (80% dos casos) • Fisiológica: até 30 min • Retenção placentária: > 1h - Iniciar manobras que ajudam na dequitação - Conduta ativa: extração manual da placenta seguida de curagem uterina - Conduta expectante: por mais 30 minutos caso a paciente esteja estável e sem sangramento vaginal aumentado → TRAÇÃO CONTROLADA DO CORDÃO • Por profissional treinado a fim de diminuir o 3º período e o tempo de sangramento → AVALIAÇÃO DA PLACENTA E DAS MEMBRANAS FETAIS • Após a dequitação, a fim de verificar se foi completa e não ocorreu retenção de tecido placentários → AVALIAÇÃO DO CANAL DE PARTO • Investigar lacerações - 1º grau: lesão em pele e mucosa - 2º grau: nos músculos transverso superficial do períneo e bulbocavernoso - 3º grau: lesão atinge o esfíncter externo anal - 4º grau: atinge o esfíncter interno do ânus e a mucosa retal - Sutura-se obrigatoriamente as lacerações de 2º a 4º grau - As de 1º grau devem ser suturadas se houver alteração da anatomia genital ou sangramento ativo → CONTATO PELE A PELE PRECOCE • Deve ser estimulado, beneficiando a amamentação na primeira hora de vida, o que ajuda na liberação de ocitocina natural, na dequitação da placenta e na regressão uterina no pós-parto → MASSAGEM UTERINA SUSTENTADA • Não é recomendada para prevenir HPP se a mulher recebeu a ocitocina profilática → AVALIAÇÃO DO TÔNUS UTERINO • Deve ser realizada a cada 15 min nas primeiras 2h do pós-parto • Massagem não sustentada se for fraco ASSISTÊNCIA AO 4º PERÍODO → MONITORIZAÇÃO • Deve ser feita no centro de parto na 1ª hora • Avaliar tônus uterino, frequência cardíaca e pressão materna a cada 15 minutos • Somente após 1h pode ser encaminhada ao alojamento conjunto → ATONIA UTERINA • O útero não deve ultrapassar a cicatriz uterina e deve estar contraído na 1ª hora depois da dequitação • Se isso não ocorrer, deve-se suspeitar de atonia uterina, a principal causa de HPP • Iniciar imediatamente o protocolo para essa complicação → SANGRAMENTO • Parto prolongado ou taquicócico, grandes multíparas, gestação gemelar, polidrâmnio e fetos macrossômicos podem apresentar maior sangramento ASSISTÊNCIA AO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO → DURAÇÃO • Do nascimento até a involução das alterações fisiológicas e anatômicas que surgiram durante a gravidez • É variável, durando geralmente em torno de 6 a 8 semanas • Pode ser dividido em imediato, mediato ou tardio: - Imediato: do nascimento até a 2ª hora pós- parto, inclui o 3º e 4º período do parto - Mediato: da 3ª hora até o 10º dia pós-parto - Tardio: do 11º dia até 6 a 8 semanas pós-parto → MODIFICAÇÕES • INVOLUÇÃO UTERINA: 1 cm por dia, retornando às dimensões próximas de antes da gestação em torno de 4 semanas pós-parto • DOR DE TORTOS: durante a involução uterina a mãe pode sofrer contrações dolorosas que pioram com a amamentação (ocitocina), e melhoram consideravelmente após o 3º dia pós- parto • LÓQUIOS: secreção vaginal decorrente do desprendimento dos tecidos da decídua - Lóquios rubros: inicialmente, com sangue - Lóquios fuscos: a partir do 3º e 4º dia, serossanguinolentos, com coloração acastanhada - Loquiação flava: após o 10º dia - Loquiação alba: finalmente, cor clara, até parar • SANGUÍNEAS: leucocitose, queda da hemoglobina e aumento do fibrinogênio, por isso se encontra em um estado de hipercoagulação, aumenta risco de enventos tromboembólicos • MAMAS: após o parto já começam a secretar o colostro e em torno de 5 dias a 2 semanas pós- parto é convertido em leite maduro → CUIDADOS MATERNOS • AVALIAÇÃO REGULAR NAS PRIMEIRAS 24H: sangramento vaginal e palpar fundo uterino • RESTRIÇÃO DIETÉTICA: se parto vaginal não tem restrição • DEAMBULAÇÃO: deve andar o mais precocemente possível a fim de evitar tromboembolismo venoso e pulmonar • RN: permanência junto a mãe durante toda a internação e o aleitamento deve ser estimulado já na 1ª hora de vida • ALOIMUNIZAÇÃO: se tiver risco e o RN for RhD positivo, mãe deve receber imunoglobulina em até 72h pós-parto • TRÍPLICE VIRAL: mãe deve receber caso não tenha recebido ainda • ANTIBIÓTICO: não está indicado o uso profilático após o parto normal não complicado e após a realização de episiotomia • ALTA: 24h após vaginal e 48h após cesárea, deve receber orientação quanto aos cuidados • RETORNO: de 7 a 14 dias do parto • BLUES PUERPERAL: grau de tristeza e depressão comum que se resolve espontaneamente em até 10 dias pós-parto • ABSTINÊNCIA SEXUAL: pelo menos 2 semanas ou até ocorrer cicatrização completa das lacerações perineais • CONTRACEPÇÃO: pode ser iniciada entre a 3ª e 4ª semana pós-parto MÉTODOS DE ALÍVIO DA DOR NO PARTO Devem estar disponíveis a TODAS as parturientes, para que possam ser utilizados caso ELAS julguem necessário → MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS - Baixo custo e pouca ou nenhuma contraindicação - Devem ser oferecidos todas as gestantes antes dos métodos farmacológicos → MÉTODOS FARMACOLÓGICOS - São mais eficientes do que os métodos não farmacológicos, mas têm contraindicações específicas e podem causar complicações para o binômio materno-fetal, por isso devem ser oferecidos depois que os métodos não farmacológicos já tiverem sido utilizados • BLOQUEIO REGIONAL - Método padrão ouro - 1ª escolha de alívio farmacológico - Pode ser por raquianestesia, peridural ou duplo bloqueio - Produz bloqueio das vias de dor sem interferir nas demais funções maternas • ANALGÉSICOS SITÊMICOS – OPIOIDES - Métodos alternativos - VANTAGEM: útil quando há contraindicação ao bloqueio regional ou quando não estão disponíveis - DESVANTAGEM: atravessam a barreira placentária, podendo trazer efeitos colaterais para mãe e feto - EFEITOS COLATERAIS: depressão respiratória, bradicardia fetal, redução das contrações uterinas, prolongamento da fase ativa do TP - PRINCIPAIS DROGAS: meperidina, remifentanil e cetamina • ANALGESIA INALATÓRIA - Não interferem na contratilidade uterina, não causam amnésia e mantêm a cooperação da parturiente - PRINCIPAL DROGA: óxido nitroso - EFEITOS COLATERAIS: náuseas, vômitos e sonolência - VANTAGEM: como é eliminada rapidamente pelos pulmões, não se acumula na mãe ou no feto e por isso não causa depressão respiratória no RN - DESVANTAGEM: feito analgésico menor do que o do bloqueio regional e pode atrapalhar o período expulsivo por causar sonolência * Não é comum no Brasil • BLOQUEIO DE PUDENDO - QUANDO UTILIZAR: no período expulsivo para alívio da dor e na necessidade de incisões perineais ou após o parto para sutura de lacerações - TÉCNICAS: transvaginal e transperineal (ambas usam as espinhas isquiáticas como ponto de referência) • ANESTESIA LOCAL - QUANDO UTILIZAR: no períneo quando há necessidade de incisão ou reparos perineais e não foi realizado bloqueio regional - DROGA DE ESCOLHA: lidocaína 2%, efeito rápido e de duração média COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO PARTO VAGINAL → PROLAPSO DE CORDÃO UMBILICAL • PROLAPSO de cordão: quando o cordão está na frente da apresentação e as membranas estão rotas • PROCIDÊNCIA/PROCÚBITO de cordão: quando as membranas estão íntegras • IMPORTÂNCIA: complicação rara mas apresenta alta mortalidade perinatal • FATORES DE RISCO - Apresentações não cefálicas - Gestação múltipla - Prematuridade - Polidrâmnio - Amniotomia - Amnioinfusão - Aplicação de fórcipes • PREVENÇÃO: identificaçãodos fatores de risco • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Desacelerações variáveis repetidas (+ comum) - Bradicardia - Cordão umbilical à frente da apresentação ao exame de toque • CONDUTA - Cesárea de emergência *OBS: manter o toque vaginal com elevação da apresentação para evitar que ela promova a compressão do cordão e manter a paciente em posição genitopeitoral (4 apoios) enquanto se aguarda a cesárea de emergência → DISTOCIA DE BIACROMIAL (OMBRO) • DEFINIÇÃO: quando o polo cefálico já se desprendeu, mas os ombros não se soltam • DIAGNÓSTICO: quando o diâmetro biacromial excede o diâmetro pélvico e o intervalo de tempo entre a saída da cabeça e do festante do corpo é ≥ 60 segundos ou foram necessárias manobras para ultimação do parto • COMPLICAÇÕES - Maternas: lacerações do canal de parto, atonia uterina, rotura uterina, disjunção da sínfise púbica - Fetais: lesão do plexo braquial, fratura de clavícula e úmero, hipóxia fetal, óbito intraparto e neonatal • FATORES DE RISCO - Diabetes - Pós-datismo - Macrossomia - Anomalias anatômicas da pelve materna - Período expulsivo prolongado com uso de vácuo-extrator ou fórcipe • PREVENÇÃO - Controle glicêmico rigoroso em DMG * Cesárea eletiva ou indução do parto de fetos com 4kg não se mostraram efetivas para prevenção dessa distocias • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Sinal de tartaruga: quando a cabeça fetal, após o desprendimento, é puxada de volta contra o períneo * Diante disso, não se deve aplicar força excessiva na cabeça nem sobre o fundo uterino • CONDUTA - Mnemônico ALEERTA - Não é necessário seguir essa ordem - O tempo gasto para cada manobra deve ser no máximo 60 segundos - Principais objetivos: aumentar o tamanho da pelve, diminuir o diâmetro biacromial e alterar a relação do diâmetro biacromial com a pelve • MANOBRAS - MCROBERTS: consiste na hiperflexão e abdução das coxas, com consequente deslocamento cranial da sínfise púbica e retificação da lordose lombar, liberando-se o ombro impactado. - RUBIN: realizar pressão suprapúbica, com pressão contínua sobre o ombro anterior do feto, que desliza sob a sínfise púbica. - JACQUEIMER: após suspender o polo cefálico, introduz-se a mão pela concavidade do sacro, apreende-se o antebraço e, por deslizamento, este é retirado pela face anterior do tórax. - WOODS: o obstetra deve girar o tronco em 180°, em sentido horário. Após o ombro posterior ser liberado, roda-se o tronco em sentido anti-horário, 180°, soltando-se o outro ombro. - MATTHES: a paciente deve adotar a posição genupeitoral. Nessa posição, o ombro posterior torna-se anterior, permitindo que o braço seja facilmente apreendido e trazido para fora da vagina pela mão do obstetra INDUÇÃO DO TP → IMPORTÂNCIA: os métodos de indução do trabalho de parto são muito utilizados na prática obstétrica, pois permitem que o parto vaginal ocorra quando há necessidade de resolução da gestação. Portanto, saber identificar o melhor método de indução para cada gestante aumenta as chances de parto normal, evitando, assim, os riscos inerentes da cesárea. → DEFINIÇÃO: consiste em iniciar, de forma artificial, as contrações uterinas quando há necessidade de resolver a gestação por alguma complicação materna ou fetal. → INDICAÇÕES • Rotura prematura de membranas • Corioamnionite • Pós-termo • DHEG descompensadas • DMG • RCF • Óbito fetal → CONTRAINDICAÇÕES • ABSOLUTAS: - Placenta prévia - Sofrimento fetal agudo - Infecção ativa por herpes genital - Miomectomia prévia - Cicatriz de cesárea prévia longitudinal - Vasa prévia - Prolapso de cordão umbilical • RELATIVAS: - Gestação múltipla - Macrossomia fetal - Apresentações anômalas - Vício pélvico - Carcinoma cervical invasivo - Cicatriz de cesárea prévia → AVALIAÇÃO DO CU: principal fator preditor de sucesso na indução do TP • Desfavorável: ≤ 6 – realizar maturação cervical antes da indução do parto • Favorável: > 6 – já pode induzir • Muito favorável: > 9 – aumenta ainda mais as chances de parto vaginal MÉTODOS DE MATURAÇÃO CERVICAL * Se o colo uterino é desfavorável, isto é, quando o índice de Bishop é ≤ 6, primeiro é preciso realizar a maturação cervical para depois induzir as contrações → MECÂNICOS - Mecanismo: pressão física diretamente no OIC, causando a liberação de PGs pelos tecidos adjacentes, que provocam a maturação - Vantagem: menor risco de efeitos colaterais - Desvantagem: incômodo • LAMINÁRIAS (ou dilatadores osmóticos): absorvem a água, aumentando sua espessura e, promovendo assim, a dilatação cervical e pressão no OIC • BALÃO DE FOLEY (método de Krause): é colocado acima do CU, no espaço extra- amniótico, e em seguida inflado com 30 a 60 ml de solução salina ou água destilada. A sonda é normalmente eliminada em 12h (máx 24h) - INDICAÇÃO de laminárias e balão de foley: gestantes com cicatriz de cesárea anterior, mas podem ser usados para qualquer causa de indução - CONTRAINDICAÇÃO: RPMO, infecções genitais ou sangramento vaginal - RISCOS: infecção, RPMO e sangramentos • DESCOLAMENTO DIGITAL DAS MEMBRANAS: tanto para maturação quanto para estimular o início do TP, separa a membrana fetal da parte inferior do segmento uterino e assim aumenta a liberação de PGs → FARMACOLÓGICOS • MISOPROSTOL (PG E1) - Vantagens: baixo custo e manutenção em temperatura ambiente - Desvantagens: pode causar contrações uterinas e levar à taquissistolia - Vias: oral ou vaginal - CI: presença de cicatriz uterina prévia (risco de rotura), trabalho de parto, sangramento vaginal, asma, hepatopatias e coagulopatias • DINOPROSTONE (PG E2) - Vantagens: por ser um gel, pode ser removido em casos de taquissistolia ou hipertonia uterina - Desvantagens: alto custo e manutenção sob refrigeração - Vias: oral, vaginal ou endocervical - CI: presença de cicatriz uterina prévia (risco de rotura), trabalho de parto, sangramento vaginal, asma, hepatopatias e coagulopatias • OUTROS: relaxina, óxido nítrico e hialuronidase MÉTODOS DE INDUÇÃO DO PARTO → OCITOCINA • Quando o colo uterino se encontra maduro (Bishop > 6, de preferência > 9), utiliza-se a ocitocina para induzir as contrações uterinas e, dessa forma, a gestante iniciar o trabalho de parto • ADM: via endovenosa em bomba de infusão contínua (BIC) • EFEITO: inicia 3 a 5 min após a infusão e sua meia vida é de 5 mi • RISCOS: taquissistolia, hiponatremia e hipotensão → AMNIOTOMIA • Rotura artificial das membranas fetais • Somente quando cabeça fetal fixa • RISCOS: prolapso de cordão e corioamnionite → COMPLICAÇÕES DA INDUÇÃO DO PARTO • Taquissistolia • TP prolongado • Sofrimento fetal • Rotura uterina • DPP • Prolapso de cordão • HPP • Infecção • Embolia amniótica GESTAÇÃO PÓS-TERMO • Termo precoce: 37s a 38s6d (20%) • Termo completo: 39s a 40s6d (60%) • Termo tardio: 41s a 41s6d (15%) • PÓS-TERMO: ≥42s (2,5%) → FATORES DE RISCO: • Idade materna avançada • Paridade • Etnia • Alterações fetais e placentárias → PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES • Oligoâmnio • Síndrome da aspiração meconial • Macrossomia fetal • Índice de Apgar < 4 • Necessidade de UTI neonatal • Tocotraumatismo • Cesáreas → CONDUTA • AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL: a partir de 41s cardiotocografia anteparto e perfil biofísico fetal a cada 2-3 dias até o parto • INDUÇÃO DO PARTO: aguardar espontâneo até 42s ou induzir com 41s • CESÁREA se contraindicação à indução do parto PARTO VAGINAL OPERATÓRIO (ou assistido ou instrumental) Parto em que há a necessidade do uso do fórcipe, do vácuo extrator ou outro instrumento para extrair o feto da vagina e diminuir a duração do 2º período do parto (expulsivo). O uso desses instrumentos é aceito quando existe a necessidade de intervenção para ultimar o nascimento, em situações em que o parto vaginal operatório é mais seguro e rápido do que a cesárea.→ INDICAÇÕES • MATERNAS - Doenças cardíacas, neurológicas e pulmonares - Exaustão - Alívio de período expulsivo prolongado - Uso de drogas analgésicas • FETAIS - Sofrimento fetal no período expulsivo - Variedade de posição anômala: occipitossacra ou occipitotransversa - Parada da progressão - Cabeça derradeira (fórcipe de Piper) → CONTRAINDICAÇÕES GERAIS • Óbito fetal • Prematuridade extrema • Doenças fetais que aumentam a chance de sangramento e lesão óssea • Cabeça não insinuada • Apresentação que não a occipital • Suspeita de desproporção cefalopélvica * VÁCUO-EXTRATOR não deve ser usado antes de 34s ou para rotação do polo cefálico → CONDIÇÕES DE APLICABILIDADE • Colo completamente dilatado • Rotura das membranas fetais • Estreito médio e inferior compatíveis • Concepto vivo • Cabeça insinuada • Volume cefálico normal • Identificação da variedade de posição → COMPLICAÇÕES • FÓRCIPE - Escoriações leves - Paralisia facial temporária - Esmagamento de nervos parietais - Fraturas cranianas - Lesões oculares - Lacerações perineais • VÁCUO - Céfalo-hematoma - Hematoma subaponeurótico - Hemorragia intracraniana → VANTAGENS • FÓRCIPE - Resolução + rápida do parto - Necessita de pouca cooperação da paciente - Pode ser usado em apresentações anômalas • VÁCUO - Fácil aplicação - Não necessita de analgesia - Menos lesão no assoalho pélvico - Permite aplicação em algumas posições verticalizadas → DESVANTAGENS • FÓRCIPE - Mais laceração perinal - Maior dificuldade na aplicação - Necessita de analgesia • VÁCUO - Menos chance de ultimação do parto - Maior incidência de céfalo-hematomas - Necessita de mais cooperação da paciente - Pode levar à perda do vácuo se a tração for incorreta Assístencía ao Parto Cesareo A cesariana, cesárea ou parto cesáreo é a intervenção cirúrgica que permite o nascimento do feto pelo abdome materno, via laparotomia e histerotomia, quando o parto vaginal não é possível por questões maternas ou fetais. INDICAÇÕES → EMERGÊNCIA/URGÊNCIA (realização em até 30 min) • Descolamento prematuro de placenta • Placenta prévia (inserção baixa de placenta) com sangramento intenso • Iminência de rotura uterina • Sofrimento fetal agudo • Prolapso de cordão umbilical • Morte materna com feto vivo → ELETIVA (pode aguardar entrar em TP) • Apresentação anômala (pélvica ou transversa) • Macrossomia fetal • Gestação múltipla • Placenta prévia ou acretismo placentário • Tumores prévios • Intercorrências maternas graves com condições cervicais desfavoráveis ao parto vaginal • HIV com alta carga viral (>1.000 cópias) • Mais de 2 cicatrizes de cesárea prévias • Incontinência urinária e fetal corrigida → A PEDIDO (sem justificativa médica) • Não deve ser feita antes de 39 semanas • Gestante deve ser informada de todos os riscos de uma cesárea desnecessária e assinar um termo de consentimento CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS • Jejum de no mínimo 8 horas nas eletivas • Tricotomia suprapúbica • Banho de chuveiro, sempre que possível • Desinfecção do abdome e coxas com clorexidina degermante a 2% • Cateterismo vesical com sona de Foley nº 12 ou 14 • Antissepsia com clorexidina alcoólica e colocação dos campos cirúrgicos • Adm de cefazolina IV na indução anestésica (como esquema 2 pode cefalotina e em pacientes alérgicas clindamicina) TÉCNICA CIRÚRGICA Consiste na incisão abdominal (laparotomia) e incisão do útero (histerotomia) com retirada do concepto → LAPAROTOMIA • INCISÃO TRANSVERSAL SUPRAPÚBICA ou segmentar transversa (Pfannestiel) - Menores taxas de dor no pós-operatório, deiscência de fáscia e hérnia incisional - Melhores resultados estéticos - MÉTODO: 1 – Abertura da pele e do tecido celular subcutâneo transversalmente (bisturi) 2 – Incisão da aponeurose transversalmente (bisturi), prolongando-se lateralmente (tesoura de Metzembaum) por 1 a 2 cm além da incisão da pele 3 – Pinçamento da aponeurose (pinças de Kocher) 4 – Descolamento da linha média (tesoura de Metzembaum ou bisturi elétrico) 5 – Pinçamento dos retos abdominais (pinça de Allis) 6 – Divulsão digital longitudinal dos retos abdominais 7 – Liberação do peritônio parietal por divulsão digital 8 – Pinçamento do peritônio parietal (pinças de Kelly) 9 – Colocação da válvula de Doyen suprapúbica 10 – Incisão do peritônio visceral (bisturi ou tesoura de Metzembaum) 11 – Incisão segmentar do útero (bisturi) 12 – Divulsão digital das fibras uterinas 13 – Amniotomia quando necessário 14 – Extração do concepto: orientar o occipital do concepto para a incisão, retirar a válvula de Doyen, conduzir a apresentação de encontro à histerotomia enquanto o auxiliar faz pressão no fundo uterino, desprendimento do polo cefálico e desprendimento delicado das demais partes fetais 15 – Clampeamento do cordão, se possível 1 a 3 min após o desprendimento fetal 16 – Aguardar o desprendimento da placenta, auxiliando sua saída com a manobra de Credé, se demorar realizar extração manual 17 – Após dequitação administrar ocitocina 10U 18 – Pinçamento das bordas da histerotomia (pinça de Allis) 19 – Curagem (revisão e limpeza) uterina (compressas cirúrgicas ou chumaço de gaze montado em pinça) 20 – Histerorrafia (fio absorvível poliglactina 910 – Vicryl ou similar – nº 0) 21 – Revisão da hemostasia da sutura uterina, da cavidade pélvica e inspeção dos anexos 22 – Fechamento da cavidade por planos (fio absorvível poliglactina 910 – Vicryl 0) 23 – Sutura da pele (fio inabsorvível de náilon 4-0) e curativo oclusivo • INCISÃO VERTICAL INFRAUMBILICAL ou corporal longitudinal do útero - Utilizada quando necessário acesso rápido à cavidade abdominal, quando a gestação é muito prematura e o segmento uterino ainda não está formado - Melhor acesso ao abdome superior - Maior chance de sangramento e de rotura uterina nas gestações subsequentes CONDUTA PÓS-OPERATÓRIA • Manter hidratação venosa e ocitocina por 12h • Dieta zero nas primeiras 6h • Dieta branda a partir de 6-8h, conforme aceitação • Deambulação e banho, com ajuda, após a retirada da sonda vesical (12h) • Abrir o curativo entre 12 e 24h • Analgesia: - Diclofenaco-sódico IM após concluído o curativo da ferida operatória - Dipirona depois, a cada 6h • Período de internação: 48 a 72h • Retirada dos pontos: 7-10 dias de pós-parto • Revisão: 30-40 dias de pós-parto COMPLICAÇÕES As principais complicações maternas são a hemorragia pós-parto e a infecção puerperal. As complicações fetais, na cesárea eletiva, maior risco de desconforto respiratório neonatal, maior necessidade de UTI e maior dificuldade na amamentação. - Hematomas podem ocorrer nos primeiros dias após a cesárea - Presença de corpo estranho pós-cirúrgico é associada à dor pélvica crônica - Seromas podem ocorrer no primeiro mês após a cesárea e caracterizam-se por dor, abaulamento e saída de secreção serosa pela cicatriz da cesárea - Hérnia incisional apresenta abaulamento e dor na região suprapúbica aos esforços
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