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responsabilidade social e ambiental

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411Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011
RESUMO
A fim de garantir uma relação sustentável entre o consumo e o meio ambiente, o 
presente artigo visa analisar a possibilidade de Responsabilização Socioambiental das 
empresas pelos dejetos e rejeitos produzidos por seus produtos durante toda a cadeia 
produtiva, ou seja, a busca pela análise do ciclo de vida dos produtos, como forma 
de diminuir o impacto ambiental. A partir dos dados teóricos analisados, buscou-se 
verificar os principais tipos de responsabilidades imputadas às empresas e qual é o 
momento em que essas responsabilidades acabam para o produtor. Posteriormente, 
faz-se a análise da possibilidade da aplicação da Logística Reversa como alternativa 
capaz de prevenir a degradação do meio ambiente.
Palavras-chave: Responsabilidade Socioambiental; Empresas; Consumo Sustentável; 
Dano Ambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DAS EMPRESAS – A APLICAÇÃO 
DO PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE ESTENDIDA DO PRODUTOR NA 
BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Rhaisa Regina Macedo Denis*
Karlo Messa Vettorazzi**
* Aluna de 3º ano do curso de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio 
à Iniciação Científica (PAIC 2010 - 2011) da FAE Centro Universitário. E-mail: rhaisa_denis@
hotmail.com.
** Mestre em Direito Socioambiental (PUC-PR). Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica e Professor 
da FAE Centro Universitário. E-mail: karlo.vettorazzi@fae.edu
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA412
INTRODUÇÃO
Com o crescimento desenfreado na industrialização, devido ao atual modelo 
econômico capitalista, a preocupação com o meio ambiente tem aumentado. Essa 
preocupação está relacionada ao fato de como o homem usa, transforma e destina os 
recursos naturais gerando, assim, a degradação do meio ambiente.
É importante ressaltar que as responsabilidades imputadas às empresas (civil, 
social, socioambiental e pós-consumo) devem ser respeitadas pelas mesmas e cobradas, 
quando necessário, pelo Poder Público, para que o consumo sustentável aconteça. Além 
dessas responsabilidades, o consumidor também deve ser conscientizado de como 
colaborar para diminuir o impacto ambiental.
O presente trabalho trata, de modo específico, de cada responsabilidade 
imputada às empresas. No primeiro tópico, aborda-se sobre a responsabilidade civil 
propriamente dita, a qual abrange os seus requisitos: o dano, a ação e o nexo de 
causalidade. No segundo tópico, trata-se da responsabilidade social das empresas, bem 
como da responsabilidade voltada ao meio ambiente, a chamada responsabilidade 
socioambiental. Na responsabilidade socioambiental, ainda é abordado, com maior 
ênfase, sobre o dano ambiental. No último tópico, a responsabilidade civil do produtor, 
aborda a responsabilidade pós-consumo e a logística reversa, um tema bastante atual e 
muito polêmico.
Com toda a análise das responsabilidades das empresas, busca-se entender como 
e até que ponto uma empresa pode responder pelos danos causados pelo descarte 
incorreto de seus produtos. Surgem, a partir dessa análise, as seguintes questões: “A 
responsabilidade do produtor termina com a distribuição do produto ou com o descarte 
do mesmo? E quando a finalidade do produto acaba para o consumidor, quem será 
responsável pelos efeitos desse descarte?”.
1 RESPONSABILIDADE CIVIL
O vocábulo “responsabilidade” é oriundo do verbo latino respondere, o qual 
designa o fato de ter alguém se constituído garantidor de algo. Tal termo contém, 
portanto, a raiz latina spondeo, fórmula pela qual se vinculava, no Direito Romano, o 
devedor nos contratos verbais para estabelecer uma obrigação a quem assim respondia. 
No entanto, segundo Diniz (2007), a afirmação de que o responsável será aquele que 
responde e que responsabilidade é a obrigação do responsável ou o resultado da ação 
pela qual a pessoa age ante esse dever, será insuficiente para solucionar o problema e 
413Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011
para conceituar a responsabilidade. Devido a esses fatos, grandes são as dificuldades 
que a doutrina tem enfrentado para conceituar a responsabilidade civil. 
Qualquer atividade que gera um prejuízo traz em seu bojo, como fato social, o 
problema da responsabilidade. Essa responsabilidade destina-se a restaurar o equilíbrio 
moral e patrimonial provocado pelo autor do dano, e esse interesse em restabelecer a 
harmonia e o equilíbrio violados pelo dano constitui a fonte geradora da responsabilidade 
civil. (GONÇALVES, 2008)
Para o Direito brasileiro, responsabilidade civil é uma obrigação de reparar um dano 
gerado na relação entre pessoas, que deverá ser considerada as condições e em qual 
medida a pessoa será responsabilizada. Conforme leciona Maria Helena Diniz (2007, 
p. 35), a responsabilidade civil é: 
a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial 
causado a terceiros em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem 
ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição.
Essa responsabilidade pode ser contratual, por fundamentar-se em um contra-
to; ou extracontratual, por decorrer de exigência legal (responsabilidade legal), de ato 
ilícito (responsabilidade por ato ilícito), ou, até mesmo, por ato lícito (responsabilidade 
por risco) (SILVA, 2010, p. 314-135). A grande problemática dessa responsabilidade é 
a caracterização de seus pressupostos necessários à sua configuração. 
Para Marty e Raynaud (1962, p. 352), o “fato danoso”, o “prejuízo” e o “liame 
entre eles” é tido como sendo a estrutura comum da responsabilidade. Savatier (1951) 
apresenta a culpa e a imputabilidade como seus pressupostos. E Trabucchi (1977) exige 
o fato danoso, o dano e a antijuridicidade ou culpabilidade para a caracterização. 
Com base nos dados apresentados acima, nota-se que a responsabilidade civil 
requer a existência de um dano, uma ação ou conduta e um nexo de causalidade entre 
o dano e a ação, os quais serão tratados com mais detalhes a seguir.
1.1 Dano
É um requisito da responsabilidade civil, pois resulta em obrigação de ressarcir, 
visto que não poderá haver ação de indenização sem a existência de um dano a um 
bem jurídico, sendo imprescindível a prova real e concreta dessa lesão. 
O dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a 
certo evento, sofre uma pessoa contra sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, 
patrimonial ou moral (BOVE, 1960, p.144). Ainda, há a possibilidade de cumulação de 
indenização de um dano material e moral: “São cumuláveis as indenizações por dano 
material e dano moral oriundos do mesmo fato.” (STJ, Súmula 37).
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Os requisitos para a caracterização de um dano são: a diminuição ou destruição 
de um bem jurídico; a efetividade ou certeza do dano; a causalidade; a subsistência 
do dano no momento da reclamação do lesado; a legitimidade; e a ausência de causas 
excludentes de responsabilidade.
No primeiro requisito – a diminuição ou destruição de um bem jurídico, patri-
monial ou moral, pertencente a uma pessoa –, o dano acarreta lesão nos interesses de 
outrem, tutelados juridicamente, sejam eles econômicos ou não. Essa lesão acarreta 
em um prejuízo, que é designado como um dano real. Na efetividade ou certeza do 
dano, para a caracterização do dano, este deve ser real e efetivo, sendo necessária a 
sua demonstração e evidência em face dos acontecimentos e sua repercussão sobre a 
pessoa ou patrimônio, pois não é possível existir uma lesão hipotética. Já a causalidade 
é a relação entre a falta e o prejuízo causado, ou seja, o dano deverá estar encadea-
do com a causa produzida pelo lesante. Outro requisito é a subsistência do dano no 
momento da reclamação do lesado, pois se o danojá foi reparado pela vítima, a lesão 
ainda subsistirá pelo quantum da reparação, ou se um terceiro já reparou o dano, fi-
cará sub-rogado no direito do prejudicado. A legitimidade está relacionada no caso de 
pleitear a reparação do dano, ou seja, ser titular do direito atingido. E o último requisito 
se refere à ausência de causas excludentes de responsabilidade, pois alguns danos não 
resultam em dever ressarcitório, como os causados em caso fortuito, força maior ou 
culpa exclusiva da vítima. (DINIZ, 2007, p. 63)
O dano ainda é dividido em patrimonial e extrapatrimonial ou moral. Para 
Agostinho Alvim, o termo:
dano, em sentido amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, e aí se inclui 
o dano moral. Mas, em sentido estrito, dano é, para nós, a lesão do patrimônio; e 
patrimônio é o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro. 
Aprecia-se o dano tendo em vista a diminuição sofrida no patrimônio. Logo, a matéria 
do dano prende-se à da indenização, de modo que só interessa o estudo do dano 
indenizável. (ALVIM, 1972, p. 171-172)
O dano patrimonial é considerado a lesão concreta, que afeta um interesse 
relativo ao patrimônio da vítima, consistente na perda ou deterioração, total ou parcial, 
dos bens materiais que lhe pertencem , sendo suscetível de avaliação pecuniária e de 
indenização pelo responsável. Os danos patrimoniais abrangem, também, os danos 
emergentes (o que o lesado efetivamente perdeu) e os lucros cessantes (o aumento que 
seu patrimônio teria, mas deixou de ter, em razão do evento danoso). 
Enquanto o dano extrapatrimonial é a lesão ou violação a um interesse juridi-
camente protegido, independentemente de qualquer repercussão na esfera íntima do 
lesado. Nesse contexto, é possível analisar que para a ocorrência do dano extrapatrimo-
nial basta a violação de um direito ou lesão de um interesse juridicamente protegido.
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O dano extrapatrimonial ou moral é, segundo Carlos Roberto Gonçalves:
o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem 
que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a 
imagem, o bom nome etc., como se infere dos arts. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição 
Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação. 
(GONÇALVES, 2008, p. 359)
Portanto, dano material é o que afeta somente ao patrimônio do ofendido, e 
o moral é o que somente ofende ao devedor como ser humano, não lhe atingindo o 
patrimônio. É importante ressaltar, também, que o dano extrapatrimonial abrange o 
dano ambiental, o qual será tratado a seguir.
1.2 Ação
A ação é um ato humano que, segundo Diniz:
poderá ser ilícita ou lícita A responsabilidade decorrente de ato ilícito baseia-se na 
idéia de culpa, e a responsabilidade sem culpa funda-se no risco, que se vem impondo 
na atualidade, principalmente ante a insuficiência da culpa para solucionar todos os 
danos. O comportamento do agente poderá ser uma comissão ou uma omissão. A 
comissão vem a ser a prática de um ato que não se deveria efetivar, e a omissão, a 
não-observância de um dever de agir ou da prática de certo ato que deveria realizar-
se. A omissão e, em regra, mais freqüente no âmbito da inexecução das obrigações 
contratuais. (DINIZ, 2007, p. 39)
Conforme disposto nos artigos 186 e 187, do novo Código Civil, ato ilícito é:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé 
ou pelos bons costumes.
O ordenamento jurídico brasileiro estabelece o ilícito como fonte da obrigação 
de indenizar danos causados à vítima, ou seja, quem o praticar terá o dever de reparar 
o prejuízo resultante. Segundo o artigo 927, do Código Civil: “Art. 927. Aquele que, 
por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Contrapondo a responsabilidade civil com a culpa, caracterizada como uma 
violação de um dever contratual ou extracontratual, tem-se a responsabilidade civil 
sem culpa. Nesta, o agente deverá ressarcir o prejuízo causado, mesmo que isento de 
culpa, porque sua responsabilidade é imposta por lei independentemente de culpa, 
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e mesmo sem necessidade de apelo ao recurso da presunção. Como não há que se 
falar em imputabilidade de conduta, tal responsabilidade só terá cabimento nos casos 
expressamente previstos em lei, como o artigo 927, parágrafo único do Código Civil:
Art. 927. 
[...]
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
1.3 Nexo de Causalidade
Segundo Diniz, a responsabilidade civil:
não pode existir sem a relação de causalidade entre o dano e a ação que o provocou. O 
vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se “nexo causal”, de modo que o fato lesivo 
deverá ser oriundo da ação, diretamente ou como sua conseqüência previsível. Tal nexo 
representa, portanto, uma relação necessária entre o evento danoso e a ação que o 
produziu, de tal sorte que esta é considerada como sua causa. (DINIZ, 2007, p. 107)
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL
O termo “responsabilidade” pode ser interpretado conforme dois sentidos, 
segundo o autor Villey (1977). O primeiro sentido está vinculado ao Direito Romano, 
no qual a culpa do demandado não é a causa da obrigação, pois há vários casos de 
responsabilidade sem culpa. O segundo sentido vincula-se à concepção moderna de 
cunho moral, fortemente influenciada pela doutrina cristã tendo como pano de fundo 
a ideia de um julgamento divino (e uma consequente sanção), adquirindo um caráter 
individual (cada um será julgado por suas próprias ações) com destaque para a intenção 
subjetiva (culpa).
É possível analisar que a responsabilidade associa-se a uma justa reparação ou a 
um justo equilíbrio rompido, ainda que de forma lícita, ou seja, ‘’uma recuperação da 
situação anterior, sendo necessário somente o nexo causal entre o prejuízo e o agente, 
como tratado na responsabilidade civil.
A responsabilidade social das empresas é considerada mais como uma 
responsabilidade moral, levando em consideração a relação ética e transparente entre 
a empresa e seu público. Nota-se a presença da responsabilidade social em uma 
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empresa quando ela estabelece metas compatíveis com o desenvolvimento sustentável 
da sociedade para a preservação de recursos ambientais e culturais.
Essa relação transparente é a clareza qualitativa e quantitativa da informação na 
relação jurídica. Essa relação transparente deve ser aplicada no fornecimento de infor-
mações verdadeiras e relevantes sobre os produtos e serviços, bem como da situação 
pessoal, nos contratos a prazo e de longa duração. Esse princípio da transparência está 
previsto no artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento 
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, 
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes 
princípios:
É importante ressaltar que a responsabilidade social se difere da filantropia 
empresarial. Pois, enquanto esta foge do objeto da empresa, inserindo-se na ideia de 
humanitarismo, de voluntariedade, aquela associa-se diretamenteao negócio, pois não 
está no campo da responsabilidade estritamente moral, na convicção íntima de que se 
deva contribuir para o bem-estar da sociedade. Mas, quando a empresa vai além das 
exigências legais, trata-se de filantropia e não de responsabilidade social. 
Segundo Fabiane Lopes Bueno Netto Bessa (2006, p. 141), a responsabilidade 
social diz respeito ao:
“agir em conformidade com o direito, com a função social da empresa e com os 
princípios de direito privado, sempre orientados pelo princípio da boa-fé. E isso em 
toda e qualquer etapa do negócio. As balizas da livre-iniciativa – e, portanto, da 
responsabilidade social – encontram-se no ordenamento jurídico e variam conforme 
a extensão do interesse público envolvido.”
Segundo Melo Neto e Froes (2002, p. 78), a Responsabilidade Social das Empresas 
consiste na sua “decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na 
região em que está presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo 
de atividade que exerce.”
A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir 
os interesses das diferentes partes envolvidas no negócio (acionistas, funcionários, 
fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), de forma a 
conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às 
demandas de todos. É agir em conformidade com o direito, com a função social e o 
princípio da boa-fé.
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O papel do Estado, nessa situação, é de interferir na vida do cidadão para pro-
mover os fins sociais, os quais nem sempre atendem a todos os cidadãos. A preocupação 
aqui não é a de agradar a todos, mas a de impor condutas segundo critérios de propor-
cionalidade entre meios e fins, e as quais devem estar pautadas pelo interesse público 
e não de grupos específicos. Juntamente com a promoção da função social, a boa-fé é 
o espírito que anima a ideia de responsabilidade social das empresas.
Atualmente, os consumidores buscam empresas que já possuem responsabilidade 
social, a qual é um fator tão importante para as empresas, assim como a qualidade do 
produto ou do serviço, a competitividade nos preços e a marca comercialmente forte.
Segundo a Corporate Social Responsibility Europe – ONG internacional:
Vêm-se dizendo que as companhias têm dois tipos de responsabilidades – 
responsabilidades comerciais (de conduzir seus negócios de maneira bem-sucedida) 
e responsabilidades sociais (seu papel junto à sociedade e à comunidade). Isto é, 
atividades que vão além da produção de resultados financeiros que algumas empresas 
vêm desenvolvendo, protegendo o meio ambiente, cuidando de seus empregados, 
sendo éticas em suas relações comerciais e se envolvendo com a comunidade próxima 
ao local em que operam. (BESSA, 2006, p. 130-131)
Assim, pode-se afirmar que, no plano da legitimação e conformação da atividade 
da empresa no sentido de atender à sua responsabilidade social, o Direito brasileiro 
cumpriu seu papel: a responsabilidade social não é “facultada” ao meio empresarial, 
mas traduz um conjunto de valores e instrumentos coordenados voltados à promoção 
da cidadania, mas que tem como mecanismo preponderante a conciliação de interesses 
e não o duelo, pois, aqui, se apenas um for vencedor, todos perdem.
Considerando a boa-fé e a observância dos parâmetros do balanço social, a 
empresa passa a ser considerada um centro de desenvolvimento ambiental com reflexos 
sociais, envolvendo comunidades, regiões e indivíduos trabalhadores na mesma mentali-
dade. Em grande escala, já se observa a mudança de mentalidade que afeta a população 
mundial, gerando a expectativa de gerações futuras mais conscientes e responsáveis.
2.1 Responsabilidade Socioambiental
Com o processo constituinte brasileiro, surgem grandes inovações em relação à 
tradição constitucional, as quais possibilitaram a inserção dos “novos direitos” na Carta 
Magna, constituindo, também, as bases para a evolução dos “direitos socioambientais”. 
419Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011
Segundo Vladimir Passos de Freitas (2008, p. 241), os “novos” direitos 
socioambientais:
rompem com os paradigmas da dogmática jurídica tradicional, contaminada pelo apego 
ao excessivo formalismo, pela falsa neutralidade política e científica e pela excessiva 
ênfase nos direitos individuais
[...]
São direitos que não se enquadram nos estreitos limites do dualismo público-privado, 
inserindo-se dentro de um espaço público não-estatal.
Nesse contexto, o Estado exerce um papel fundamental na promoção dos 
direitos socioambientais, pois eles só se efetivam mediante a ativa promoção de políticas 
públicas. Distinguem-se, portanto, dos direitos “clássicos”, em que o papel do Estado se 
dá apenas em sua garantia, por meio de instrumentos repressivos quando são violados.
Como visto, o dever jurídico de evitar a consumação dos danos ambientais se 
apresenta em diversas convenções, declarações e sentenças de tribunais internacionais, 
como na legislação nacional e internacional. Essas fontes normativas apontam para a 
necessidade de prever, prevenir e evitar os prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. 
Para além do ente estatal e das empresas, essa prevenção exige atitude individual de 
atenção para com o meio ambiente. (MACHADO, 2002, p. 71)
Nesse contexto do dever jurídico de evitar o dano:
Não é somente o Estado que tem o dever legal e função de preservar o meio ambiente. 
Trata-se de responsabilidade compartida de entes individuais e coletivos, públicos e 
privados. Sobre as empresas recai a responsabilidade de cumprir a função social, a o 
exercício da responsabilidade socioambiental, promovendo ações para preservar o 
meio ambiente. (PRONER; CORRÊA, 2010, p. 1649)
A Responsabilidade Socioambiental pode ser entendida como um sistema de 
gestão adotado por empresas públicas e privadas que tem por objetivo providenciar 
a inclusão social (Responsabilidade Social) e o cuidado ou conservação ambiental 
(Responsabilidade Ambiental). A responsabilidade socioambiental é um conceito que 
se aplica a toda cadeia produtiva do produto, pois é de interesse comum e, portanto, 
deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. 
Assim como é de iniciativa privada a adoção de políticas empresariais de res-
ponsabilidade socioambiental, é, também, dever do cidadão-consumidor proceder 
com o descarte de forma correta, tornando-se, assim, mais uma peça fundamental na 
responsabilidade socioambiental. Contudo, para que esse cidadão exerça um papel 
consciente na sociedade, é necessária a educação e consciência ambiental, assim como 
o acesso à informação ambientalmente qualificada. 
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Para se ter efetividade na responsabilidade socioambiental é necessário pensar 
nela como fruto de um crescimento econômico, pautado em qualidade e não em quan-
tidade de crescimento. Esse crescimento econômico é um meio e não um fim, para que 
as sociedades atinjam seus objetivos (VEIGA, 2007, p. 46).
No que se refere às empresas, a responsabilidade socioambiental:
é uma vertente da responsabilidade social e não se preocupa normativamente com 
prevenção e preservação ambiental, mais sim com os aspectos propagandísticos, 
procurando demonstrar ao consumidor o que faz para conservar o meio ambiente e 
atrair cada vez mais consumidores e investidores para sua empresa. A sociedade se 
beneficia dessa iniciativa das empresas, mesmo que não seja totalmente espontânea. 
(PRONER; CORRÊA, 2010, p. 1649).
2.1.1 Dano Ambiental e Reparação
A devastação ambiental não é um privilégio de nossos dias, tendo em vista que 
é um fenômeno que acompanha o homem desde os primórdios de sua história. O que 
é recente é a percepção jurídica desse fenômeno, até como consequênciade um bem 
jurídico novo denominado “meio ambiente” (MILARÉ, 2007, p. 809).
Segundo Helli Alves de Oliveira (1990, p. 49), o dano ecológico pode ser 
definido como “qualquer lesão ao meio ambiente causada por condutas ou atividades 
de pessoa física ou jurídica de Direito Público ou de Direito Privado.” Em harmonia 
com esse conceito, encontra-se, disposto no artigo 225, § 3º da Constituição Federal, 
a responsabilidade por esse dano:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e 
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Além do dano ecológico, qualquer dano causado a um bem de interesse público 
pode gerar três tipos de responsabilidades, independentes entre si: a administrativa, a 
criminal e a civil; como já relatada a responsabilidade civil acima.
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Além do disposto no artigo 225, § 3º da Constituição Federal, a Lei nº 6.938 
de 31/08/1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, com ênfase nas 
penalidades ao poluidor no artigo 141:
2.1.2 Tipos de Reparação
O dano ecológico é passível de reparação, mesmo não repercutindo diretamente 
sobre uma pessoa ou sobre um bem, conforme disposto no artigo 14, § 1º, da Lei nº 
6.938/1981, acima citado.
A indenização é considerada um tipo de reparação, sendo o tipo mais comum. 
Ela é utilizada quando a mera composição monetária é satisfatória para a reparação do 
prejuízo. Outro meio utilizado é a recomposição ou reconstituição da situação anterior ao 
dano, pois, nessa situação, a simples indenização monetária do dano não é o suficiente, 
presente no artigo 225, § 2º, da Constituição Federal:
Art. 225.
[...]
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, 
na forma da lei.
A Lei nº 6.938/1981 fala em dano causado ao meio ambiente ou a terceiro, e 
nessas situações o dano é reparável. Quando o dano for causado diretamente a um 
1 Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados 
pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência 
específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido 
aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de 
crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente 
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
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terceiro, ou seja, a uma pessoa, esta será ressarcida. Se, porém, o dano for causado 
ao meio ambiente, a beneficiária da indenização será a coletividade, pois se torna a 
prejudicada. 
Segundo Nélson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery:
Como não há modo de ressarcir diretamente a coletividade, a Lei de Ação Civil Pública 
(art. 13) estabeleceu que a indenização pelo dano causado reverterá a um Fundo 
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão 
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus 
recursos destinados à recomposição dos bens lesados. O referido Fundo, com a 
denominação de Fundo Federal de Defesa dos Direitos Difusos – FDDD, está hoje 
regulamentado pela Lei 9008, de 1995, que criou o Conselho Gestor daquele Fundo, 
e pelo Decreto 1306, de 1994. (NERY JR; NERY, 2010, p. 1360).
2.1.3 Natureza da Responsabilidade
A responsabilidade pode ser fundada na culpa da vítima ou somente a responsa-
bilidade objetiva por dano ambiental. A responsabilidade adotada pelo Direito brasileiro 
é o princípio da responsabilidade objetiva pelo dano ecológico, a qual está acom-
panhada de uma diminuição do ônus da prova da exigência do nexo de causalidade 
entre o prejuízo sofrido e a atividade danosa ao meio ambiente. Nessa responsabilidade, 
bastam a existência do dano e o nexo com a fonte poluidora ou degradadora.
3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO PRODUTOR
Pela Lei nº 8.078/90, o produtor responderá, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes 
de projeto, fabricação, construção ou apresentação de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Essa responsabilidade está prevista no artigo 931, do Código Civil: “Art. 931. 
Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as 
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos 
postos em circulação.”
Baseado no artigo citado, a responsabilidade civil do produtor é pautada na 
ideia da responsabilidade objetiva, na qual a reparação do dano causado independe 
de culpa, como já mostrado no tópico anterior.
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3.1 Responsabilidade Pós-Consumo
Ao analisar a responsabilidade das empresas, é necessário tomar cuidado para 
não atribuir toda a culpa pela degradação ambiental ao mercado produtivo, pois esse é 
pautado pela lei da oferta e da procura, a qual defende a ideia da produção de acordo 
com o que o consumidor deseja. 
Assim, segundo Luciano Furtado Loubet:
a responsabilidade que antes era atribuída somente às empresas, agora deve 
ser também dividida com o consumidor, que, com sua atitude mais ou menos 
conscientizada, poderá contribuir mais ou menos para a degradação do ambiente 
em que vive. (FREITAS, 2008, p. 246-247)
Dessa forma, o consumidor que não se importa com o ciclo de produção da coisa 
comprada (consumismo irresponsável), certamente alimentará nas empresas a existência 
de um “não” compromisso com o meio ambiente e com a sociedade.
Contudo, é nítido que o mercado produtivo não será controlado apenas pela 
atitude do consumidor, pois é improvável que o consumidor atinja um nível de cons-
cientização necessário e suficiente para essa mudança, além de o consumidor não 
possuir todos os mecanismos para controlar a produção. Nessa situação, é necessária a 
intervenção do Estado para coibir atitudes abusivas das empresas, responsabilizando-as 
por esses abusos e pelos custos do valor do bem ambiental utilizado.
 Segundo conceito apresentado pela Procuradora de Justiça do Ministério Público 
do Rio Grande do Sul, Silvia Cappeli:
a responsabilidade pós-consumo consiste no dever dos fabricantes, importadores, 
distribuidores e comerciantes de coletar, transportar e dar destino final adequado aos 
resíduos sólidos gerados pelos produtos ou por suas embalagens. (CAPELI, 2004, p. 9).
A responsabilidade pós-consumo é transferida para o fornecedor do produto 
que obteve lucro na operação. Assim, cabe ao geradordo produto, depois de vendido 
e consumido, a responsabilidade de coletar e dar destinação final ao resíduo (resíduo 
propriamente dito ou a embalagem que o envolvia).
Portanto, a responsabilidade pela geração de resíduos do consumo é, inicialmente, 
do consumidor e, posteriormente, do Poder Público, que cobra impostos para tais 
serviços (exemplo: coleta e tratamento de resíduos sólidos). Porém, quando o consumo 
de determinado produto causar risco anormal ao meio ambiente, é possível aplicar-lhe 
a responsabilidade pós-consumo com base nos dois fatores de riscos supracitados.
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A responsabilidade pós-consumo está ligada diretamente à gestão dos resíduos 
sólidos provocados pelo descarte do produto após a sua utilização pela sociedade. A 
tendência dessa responsabilidade é aumentar cada vez mais, devido ao crescimento da 
população urbana e pela diminuição ou encarecimento das áreas destinadas a aterros 
sanitários.
Dentro dessa ideia, surge a da Logística Reversa, termo bastante amplo utilizado 
a todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Refere-se 
a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais 
usados a fim de assegurar uma recuperação sustentável. Essa recuperação preocupa-se 
com o retorno de produtos e materiais ao processo de produção da empresa, enquanto 
a logística tradicional trata do fluxo de saída dos produtos.
Em conjunto com a logística reversa, encontra-se a logística verde ou ecológica, 
a qual age no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera 
da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida 
dos produtos.
3.2 O Ciclo de Vida do Produto
A vida de um produto, baseado em sua logística reversa, não termina com a sua 
simples entrega ao cliente, pois, após a perda de sua finalidade, o produto deve retornar 
ao seu ponto de origem para ser adequadamente descartado, reparado ou reaproveitado.
Segundo Kotler (2000), o ciclo de vida do produto é dividido em quatro estágios: 
a introdução, o crescimento, a maturidade e a declínio. O primeiro estágio, a introdução, 
consiste no período em que o produto está sendo introduzido no mercado, não sendo 
perceptível a presença de lucros nesse estágio, devido às grandes despesas com a sua 
introdução. O crescimento é um período de rápida aceitação do produto no mercado 
e um aumento substancial dos lucros. A maturidade representa um período de baixa 
no crescimento de vendas, pois o produto já conquistou a aceitação da maioria dos 
compradores, podendo estabilizar ou declinar os lucros. O último estágio, declínio, é o 
período em que as vendas caem consideravelmente e os lucros desaparecem.
A dinâmica do processo se dá por um conjunto de atividades que uma empresa 
realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos 
dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte.
No caso de embalagens, os fluxos de logística reversa acontecem, basicamente, 
em função de sua reutilização ou devido às restrições legais. Como as restrições 
ambientais no Brasil, com relação a embalagens, não são tão rígidas, a decisão sobre a 
utilização de embalagens retornáveis ou reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos.
425Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011
Segundo Lacerda (2002), no sistema de Logística Reversa, os materiais podem 
retornar de várias formas como: retornar ao fornecedor quando houver acordos nesse 
sentido; ser revendidos, se ainda estiverem em condições adequadas de comercializa-
ção; ser recondicionados, desde que haja justificativa econômica; e ser reciclados, se 
não houver possibilidade de recuperação. Todas essas alternativas geram materiais rea-
proveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino 
pode ser o seu descarte final.
Segundo Paulo Roberto Leite, denomina-se logística reversa de pós-venda:
a área de atuação que se ocupa do equacionamento e operacionalização do fluxo 
físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda, sem uso 
ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da 
cadeia de distribuição direta, que se constituem de uma parte dos canais reversos 
pelo qual fluem estes produtos. Seu objetivo estratégico é o de agregar valor a um 
produto logístico que é devolvido por razões comerciais, erros no processamento 
dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas de funcionamento 
no produto, avarias no transporte, entre outros motivos. Esse fluxo de retorno se 
estabelecerá entre os diversos elos da cadeia de distribuição direta, dependendo do 
objetivo estratégico ou motivo de seu retorno. A logística reversa de pós-venda deve, 
portanto, planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda 
por motivos agrupados nas classificações: “Garantia / Qualidade”, “Comerciais” e de 
“Substituição de Componentes. (LEITE, 1999, p. 4)
A logística reversa de pós-consumo é a área de atuação que igualmente equaciona 
e operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de pós-consumo 
descartados pela sociedade, que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo 
pelos canais de distribuição reversos específicos. Constituem-se bens de pós-consumo 
os produtos em seu fim de vida útil.
A logística reversa de pós-consumo deverá planejar, operar e controlar o fluxo de 
retorno dos produtos de pós-consumo ou de seus materiais constituintes, classificados 
em: “Em condições de uso”; “Fim de vida útil”; e “Resíduos industriais”. A primeira 
classificação, “Em condições de uso”, refere-se às atividades em que o bem ainda 
apresenta interesse de reutilização, adentrando novamente ao mercado até atingir o 
“fim de vida útil”. 
No caso de bens de pós-consumo descartáveis, havendo condições logísticas, 
os produtos são retornados por meio do canal reverso de “Reciclagem Industrial”, em 
que os materiais constituintes são reaproveitados e se constituirão em matérias-primas 
secundárias, que retornam ao ciclo produtivo pelo mercado, ou, no caso de não haver 
as condições acima mencionadas, serão destinadas ao “Destino Final”, ou seja, aos 
aterros sanitários, lixões e incineração com recuperação energética.
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CONCLUSÃO
Com a presente pesquisa, foi possível constatar que a responsabilidade das 
empresas, adotada pelo Direito brasileiro, é baseada no princípio da responsabilidade 
objetiva pelo dano ecológico, ou seja, a exigência do ônus da prova do nexo de causali-
dade entre o prejuízo e a atividade danosa é diminuída, bastando somente a existência 
do dano e o nexo com a fonte poluidora para a responsabilização da empresa.
Além disso, foi possível observar que, assim como as empresas são responsáveis 
pela adoção de políticas empresariais de responsabilidade socioambiental, é, também, 
dever do cidadão-consumidor proceder com o descarte do produto de forma correta. 
Encontra-se, aqui, duas peças fundamentais para a conservação do meio am-
biente, o cidadão-consumidor e a empresa produtora. Porém, para que o cidadão-
-consumidor exerça seu papel consciente na preservação do meio ambiente, é ne-
cessária a educação e conscientização ambiental, bem como o acesso à informação 
ambientalmente qualificada.
Foi analisado, também, que a responsabilidade socioambiental das empresas 
se aplica a todo o ciclo de vida do produto, ressaltando que essa responsabilidade não 
se extingue com a aquisição do produto por parte do consumidor. Em conjunto com 
essa responsabilidade, foi detectada a presença da “Logística Reversa”, que consiste em 
operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais e, também,uma 
forma de diminuir o impacto ambiental e possibilitar uma relação entre o consumo e o 
meio ambiente, o chamado consumo sustentável.
427Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011
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