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ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL (1)

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ANATOMIA E FISIOLOGIA 
RENAL
 
 
 
APRESENTAÇÃO 3 
 
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 5 
Introdução 5 
Anatomia Renal 6 
Regulação da Excreção de Água e Eletrólitos: Concentração e 
Diluição Urinária 11 
 
2. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA RENAL 14 
Introdução 14 
Definição de DRC 15 
Hemodiálise, Diálise Peritoneal e Transplante Renal 18 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26 
 
 
 3 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
APRESENTAÇÃO 
Objetivo da disciplina: 
Abordar aspectos relacionados à anatomia e à fisiologia renal, bem como 
discutir a doença renal. 
 
Objetivos específicos: 
 Descrever a anatomia e a fisiologia renal. 
 Discutir sobre a doença renal. 
 
Habilidades e competências a serem alcançadas: 
Compreender a anatomia e a fisiologia renal, bem como a fisiopatologia 
da doença renal. 
 
Ementa da disciplina: 
A disciplina aborda a anatomia e a fisiologia renal, bem como a 
fisiopatologia da doença renal. As informações incluídas são baseadas em 
evidências científicas bem consolidadas e em órgãos de renome na área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
Introdução 
Os rins são órgãos de extrema 
importância para a manutenção da 
homeostase do organismo, visto 
que são responsáveis pela filtração 
sanguínea e excreção de toxinas e 
substâncias dispensáveis ao 
organismo. 
Não obstante, os rins 
apresentam ainda outras funções, 
como ativação do calcitriol (1,25 
dihidroxivitamina D), que é a forma 
ativa da vitamina D, e síntese de 
eritropoetina. Os rins também 
efetuam o processo de 
gliconeogênese, contribuindo com a 
manutenção da glicemia e com o 
fornecimento de energia ao próprio 
órgão (fração significativa da 
glutamina corporal é convertida à 
glicose nos rins). 
Estes são apenas alguns 
exemplos das muitas funções 
realizadas pelos rins. 
Neste contexto, é possível 
compreender que as funções renais 
vão muito além de filtração e 
excreção, incluindo também 
metabolismo ósseo (via regulação 
do cálcio orgânico), produção de 
 
 
6 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
eritrócitos, consequentemente, 
influenciando no transporte de 
oxigênio ao organismo e 
manutenção da glicemia, 
contribuindo com o fornecimento 
de energia para todo o organismo, 
incluindo para o próprio rim. 
Explorar aspectos da anatomia 
e fisiologia renal é o objetivo da 
presente seção. 
 
Anatomia Renal 
 O sistema urinário, na sua 
totalidade, é responsável por 
manter a composição e, 
consequentemente, a 
funcionalidade dos líquidos 
corporais. O produto final deste 
sistema é a urina, a qual é eliminada 
do corpo durante o processo de 
micção. A excreção de substâncias 
do corpo não é um processo 
exclusivo dos rins, sendo também 
realizado pelos sistemas 
respiratório, digestório e 
tegumentar. 
Neste contexto, é possível 
compreender que o processo de 
excreção de substâncias do corpo é 
compartilhado por todos estes 
sistemas. Exemplificando, 
determinados nutrientes podem ser 
excretados por diversas vias 
diferentes, como renal, fecal e por 
meio do suor, evidenciando a 
cooperação destes sistemas no 
processo de excreção. 
No que se refere ao equilíbrio 
hídrico e eletrolítico, o sistema 
urinário é o principal responsável. 
Entende-se por equilíbrio 
eletrolítico o estado em que o 
número de eletrólitos que entra no 
organismo é equivalente ao número 
que é eliminado, estando, portanto, 
equilibrados. 
Como exemplo, podemos citar 
os íons hidrogênio, os quais devem 
ser mantidos em concentrações 
precisas no organismo a fim de 
manter o equilíbrio ácido-básico 
(pH), visto que a alteração deste 
pode trazer repercussões 
desastrosas ao organismo, como 
desnaturação proteica e inativação 
enzimática. Outra função relevante 
dos rins é a excreção de derivados 
nitrogenados tóxicos, como ureia e 
creatinina, bem como a remoção de 
metabólitos tóxicos derivados da 
ação microbiana e drogas/fármacos 
que adentraram o corpo. Os dois 
rins, os dois ureteres, a bexiga 
urinária e a uretra compreendem o 
sistema urinário. Os rins 
apresentam túbulos entrelaçados 
com vasos sanguíneos, de modo a 
permitir a formação de urina, a 
qual, após formada, é conduzida 
pelos ureteres para ser armazenada 
na bexiga urinária. Por fim, a 
 
 
7 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
micção é feita através da uretra. 
 O sangue adentra o rim pela 
artéria renal e, após ser filtrado, sai 
do rim por meio da veia renal. Para 
se ter ideia da relevância dos rins no 
processo de filtração, estima-se que, 
em condições de repouso, os rins 
recebam de 20% a 25% de todo o 
débito cardíaco, sendo que, a cada 
minuto, os rins processam cerca de 
1.200 ml de sangue. 
A Figura 1 apresenta o sistema urinário: 
Figura 1. Retirada de Van de Graaff, 6ª Ed., 2003. 
 
O rim compreende um córtex 
renal externo e uma medula renal 
interna, a qual contempla as 
pirâmides renais (~ 8 a 15 
pirâmides renais cônicas). O sangue 
é filtrado nos néfrons, o que leva a 
formação de urina, a qual é coletada 
pelos cálices e pelve renal antes de 
ser transportada pelo ureter. Os 
rins apresentam cor marrom 
avermelhada, formato de feijão, e se 
posicionam contra a parede 
posterior da cavidade abdominal 
entre os níveis das vértebras 12ª 
torácica e 3ª lombar. 
Interessantemente, a posição dos 
rins direito e esquerdo não é 
totalmente similar e nivelada, visto 
que o rim direito normalmente é 1,5 
a 2,0 cm mais baixo que o esquerdo, 
em razão da grande área ocupada 
pelo fígado no lado direito. Cada 
rim de um humano adulto 
apresenta aproximadamente 11,25 
 
 
8 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
cm de comprimento, de 5,5 a 7,7 cm 
de largura e 2,5 cm de espessura. A 
margem lateral do rim é convexa, ao 
passo que a margem medial é 
côncava. A depressão presente ao 
longo da margem medial 
denomina-se hilo renal, onde a 
artéria renal entra e a veia renal e o 
ureter saem. O hilo renal é, 
também, onde ocorre a drenagem 
de vasos linfáticos e a inervação do 
rim. A glândula suprarrenal recobre 
o polo superior de cada rim. 
O rim, ainda, é recoberto por 
uma bolsa fibroadiposa que 
apresenta três camadas: (i) a 
cápsula renal, que é a cápsula 
fibrosa, é a camada mais interna, 
com característica forte e fibrosa, 
fornecendo proteção contra 
traumas e infecções; (ii) a cápsula 
adiposa renal é aquela que envolve 
a cápsula renal, fornecendo firmeza 
e sustentação; (iii) finalmente, a 
camada mais externa é composta 
pela fáscia renal, a qual compreende 
um tecido conjuntivo denso e 
irregular, e tem a função de proteger 
e ancorar o rim ao peritônio e à 
parede abdominal. Como 
previamente mencionado, a medula 
renal é composta de pirâmides 
renais, sendo que os ápices das 
pirâmides são denominados de 
papilas renais. A papila de uma 
pirâmide renal projeta-se em uma 
depressão pequena denominada 
cálice menor, sendo que estes 
(cálices menores) unem-se 
formando cálices maiores, os quais, 
por sua vez, unem-se para formar a 
pelve renal, que apresenta forma de 
funil e recolhe a urina dos cálices, a 
transportando para o ureter. 
A Figura 2 apresenta as estruturas previamente mencionadas: 
Figura 2. Retirada de Van de Graaff, 6ª Ed., 2003.
 
 
9 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
A menor unidade funcional do 
rim é o néfron, o qual é responsável 
pela formação de urina, sendo que 
cada rim tem mais de um milhão de 
néfrons, cercados por pequenos 
vasos sanguíneos. Ressalta-se que 
os rins têm vasta rede circulatória, o 
que permite a filtração de grandes 
volumes de sangue. 
O sangue arterial adentra o rim 
por meio da artéria renal, a qual 
divide-se em artérias interlobares, 
que passam pelas pirâmides renais. 
As arteríolas glomerulares aferentes 
transportam o sangue para a rede 
capilar em formato de bola, a qual 
denomina-seglomérulo, que 
produz um filtrado de sangue que 
adentra os túbulos renais. O sangue 
que permanece no glomérulo sai 
através de arteríolas glomerulares 
eferentes. 
Em suma, a pressão sanguínea 
no glomérulo é forte o suficiente 
para permitir a passagem da água e 
de resíduos sanguíneos para a 
fração tubular urinária do néfron, 
formando o filtrado. Não obstante, 
uma rede capilar secundária ainda 
envolve uma série de porções 
tubulares do néfron, sendo esta 
adaptada para a absorção, onde 
ocorre, inclusive, reabsorção de 
água, eletrólitos e nutrientes, de 
forma a recuperar a maioria do 
filtrado formado no glomérulo. 
Néfron: 
 O néfron tubular contempla 
vários componentes: (i) cápsula 
glomerular, (ii) túbulo contorcido 
proximal, (iii) ramo descendente da 
alça do néfron (também chamado 
de alça de Henle), (iv) ramo 
ascendente da alça do néfron e (v) 
túbulo contorcido distal. 
A cápsula glomerular envolve o 
glomérulo, sendo que juntos eles 
constituem o corpúsculo renal. 
Salienta-se que a cápsula contém 
uma camada visceral interna e uma 
camada parietal externa, sendo que 
o espaço entre estas duas camadas, 
por onde o filtrado glomerular é 
coletado, denomina-se espaço 
capsular. O epitélio glomerular 
contém poros denominados de 
janelas, por onde o filtrado passa do 
sangue para o interior do espaço da 
cápsula glomerular. Aventa-se que 
estas fendas são pequenas para 
evitar a passagem de células 
sanguíneas, plaquetas e a maior 
parte das proteínas plasmáticas. O 
filtrado da cápsula glomerular passa 
para o túbulo contorcido proximal, 
o qual contém milhões de 
microvilos, que aumentam a área de 
superfície para otimizar o processo 
de reabsorção. O líquido passa, 
então, do túbulo contorcido 
proximal para a alça de Henle, 
sendo levado para a medula renal 
 
 
10 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
pelo ramo descendente da alça do 
néfron e retornando ao córtex renal 
pelo ramo ascendente da alça. No 
córtex renal, o túbulo torna-se, mais 
uma vez, contorcido, sendo 
chamado de túbulo contorcido 
distal. O último (túbulo contorcido 
distal) é menor e apresenta menos 
microvilos quando comparado com 
o túbulo contorcido proximal. 
 
Ureteres: 
 Cada ureter tem 
aproximadamente 25 cm de 
comprimento, se inicia na pelve 
renal e segue inferiormente para 
entrar na bexiga urinária. A parede 
do ureter contém três camadas: 
mucosa, muscular e adventícia. 
 A camada mucosa é a mais 
interna e consiste em um epitélio de 
transição, sendo que as células 
dessa camada secretam um muco, 
que cobre e protege as paredes do 
ureter. A camada intermediária é a 
muscular, sendo que ondas 
peristálticas musculares 
movimentam a urina através do 
ureter. Estas (ondas peristálticas 
musculares) são estimuladas pela 
presença de urina na pelve renal e a 
sua frequência é ditada pelo volume 
de urina. As ondas empurram a 
urina do ureter para a bexiga 
urinária. Finalmente, a camada 
mais externa do ureter é a 
adventícia, a qual é composta de 
tecido conjuntivo frouxo, que 
recobre e protege as demais 
camadas. 
 
Bexiga Urinária: 
 A bexiga urinária funciona 
como um armazenamento de urina. 
Em mulheres, a bexiga está em 
contato como útero e a vagina, ao 
passo que, em homens, está 
posicionada acima da próstata. 
Salienta-se que o formato da bexiga 
urinária é determinado pelo volume 
de urina contido nela, sendo que, 
quando vazia, sua forma é 
piramidal, porém, quando cheia, se 
torna ovoide. A base da bexiga 
urinária recebe os ureteres, ao passo 
que a uretra sai no ângulo inferior, 
sendo que a região que circunda a 
abertura uretral é denominada de 
colo da bexiga urinária. 
Quatro camadas compõem a 
bexiga urinária: túnica mucosa, tela 
submucosa, túnica muscular e 
camada adventícia. A túnica 
mucosa é a camada mais interna, 
sendo que esta fica mais fina 
conforme a bexiga urinária vai se 
expandindo. Essa distensão se 
mantém graças à presença de 
pregas da mucosa, as quais 
denominam-se rugas. Retalhos da 
 
 
11 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
mucosa, por sua vez, localizam-se 
onde os ureteres atravessam a 
parede da bexiga urinária, e atuam 
como válvulas, de modo a evitar o 
refluxo da urina para os rins. 
A tela submucosa atua como 
um suporte da túnica mucosa, 
enquanto a túnica muscular 
contempla três camadas 
musculares que se entrelaçam e, 
juntas, são denominadas de 
músculo detrusor da bexiga. 
Finalmente, a camada mais externa 
da bexiga urinária é a adventícia, 
sendo considerada como uma 
continuação do peritônio parietal. 
 
Uretra: 
A uretra é responsável pela 
condução da urina da bexiga 
urinária até o lado de fora do corpo. 
A parede da uretra é composta por 
uma camada de músculo liso, sendo 
que glândulas uretrais presentes na 
parede da uretra secretam muco, 
cuja função é de proteger a parede 
uretral. Dois esfíncteres musculares 
estão presentes na uretra – um 
deles é involuntário, o qual é 
chamado de esfíncter interno da 
uretra, enquanto o outro é 
voluntário, denominado esfíncter 
externo da uretra. A uretra feminina 
tem cerca de 4 cm de extensão e 
apresenta a única função de 
transportar urina para o exterior do 
corpo. Já a uretra masculina serve 
ao sistema urinário, mas também ao 
sistema genital, tem 
aproximadamente 20 cm de 
comprimento e formato de S, visto 
que segue a forma do pênis. 
 
Regulação da Excreção de Água 
e Eletrólitos: Concentração e 
Diluição Urinária 
 Conforme pontuado 
anteriormente, os rins são 
responsáveis pela excreção e, 
também, quando necessário, pela 
reabsorção de substâncias. Neste 
sentido, é possível compreender 
que os rins são capazes de regular a 
concentração de água e eletrólitos 
no organismo, de modo a manter a 
homeostase. 
Exemplificando, no quadro de 
desidratação, os rins atuarão de 
modo a reduzir a excreção de água e 
aumentar a sua reabsorção, com 
intuito de atenuar a gravidade da 
condição. O oposto ocorre quando a 
ingestão de água é excessiva – neste 
caso, haveria maior excreção renal 
de água e menor reabsorção. 
Similarmente, caso a concentração 
de sódio orgânica fosse baixa, sua 
excreção seria reduzida, ao passo 
que a reabsorção seria aumentada – 
o oposto também é verdadeiro. 
 
 
12 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
Neste cenário, é possível perceber a 
importância da função renal no 
controle da pressão sanguínea. 
Vale salientar que o uso de 
diuréticos leva ao aumento da 
diurese, isto é, da formação e 
eliminação de urina. Considerando 
tudo o que foi exposto ao longo 
dessa seção, é possível compreender 
que esta classe de medicamentos 
deve ser devidamente prescrita pelo 
médico, caso contrário, o indivíduo 
pode presenciar repercussões 
graves, como desidratação e perda 
excessiva de eletrólitos, afetando o 
controle da pressão sanguínea, o 
que pode levar, até mesmo, ao óbito. 
 
QUESTÃO 01. Qual destas 
não é uma das camadas da bexiga 
urinária? 
a) Túnica mucosa; 
b) Tela submucosa; 
c) Túnica muscular; 
d) Camada adventícia; 
e) Camada gelatinosa. 
 
 
 
 
 
 
 14 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
2. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA 
RENAL 
 
Introdução 
A doença renal crônica (DRC) é 
considerada como um importante 
problema de saúde pública a nível 
mundial. Grande parte da 
incidência crescente de DRC se deve 
à elevada prevalência de 
hipertensão arterial sistêmica 
(HAS) e diabetes melito (DM), 
condições que aumentam o risco de 
DRC. 
Estima-se que a prevalência de 
DRC seja de 7,2% em indivíduos 
acima de 30 anos de idade e de 23 a 
36% em indivíduos acima de 64 
anos (achados a partir de estudos 
populacionais em diversos países). 
Possivelmente, estes dados 
poderiam ser explicados pelo fato 
de a DRC ser silenciosa, com 
manifestação dos sintomas apenas 
quando o prejuízoà função renal já 
é significativo. 
Vale salientar que não há dados 
suficientes que ilustrem a 
prevalência de DRC no Brasil, 
porém, sabe-se que a incidência é 
crescente. Neste cenário, é 
 
 15 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
imprescindível que o profissional de 
saúde compreenda questões acerca 
da epidemiologia e da fisiopatologia 
da DRC. 
Explorar estes tópicos é o 
objetivo da presente seção. 
 
Definição de DRC 
Para ser considerado como um 
paciente com DRC, o indivíduo 
precisa apresentar as seguintes 
condições: (i) ter acima de 18 anos 
de idade e (ii) apresentar filtração 
glomerular inferior a 60 ml /min/ 
1,73 m2 por mais de três meses. 
Indivíduos que apresentem 
evidência de lesão na estrutura 
renal, mesmo que apresentem 
filtração glomerular superior a 60 
ml /min/ 1,73 m2, também são 
considerados como pacientes com 
DRC. 
A DRC pode ser categorizada 
em estágios de 1 a 5. O estágio 1 é 
quando o indivíduo apresenta lesão, 
mas a função renal permanece 
normal. Nesta fase, a filtração 
glomerular é igual ou superior a 90 
ml /min/ 1,73 m2, porém já é 
possível observar alteração nos 
exames, por exemplo 
microalbuminúria ou proteinúria 
e/ou hematúria. No estágio 2, o 
indivíduo apresenta insuficiência 
renal leve em virtude da lesão, e a 
filtração glomerular permanece 
entre 60 a 89 ml /min/ 1,73 m2. 
O estágio 3 envolve 
insuficiência renal moderada 
decorrente da lesão e, nesta fase, o 
paciente pode apresentar sintomas 
leves e inespecíficos. A filtração 
glomerular permanece entre 30 e 59 
ml /min/ 1,73 m2 e os exames 
laboratoriais, além de estarem 
alterados em parâmetros 
vinculados à função renal, também 
demonstram alterações secundárias 
à DRC, como anemia. 
No estágio 4, a insuficiência 
renal é considerada grave, com 
filtração glomerular entre 15 e 29 ml 
/min/ 1,73 m2, e o paciente 
apresenta sinais e sintomas graves 
de uremia, como náuseas, vômito, 
perda do apetite, emagrecimento, 
falta de ar, edema, palidez etc. 
Finalmente, no estágio 5, o 
paciente apresenta insuficiência 
renal terminal, evidenciando a 
incapacidade dos rins em manter 
funções vitais para a sobrevivência 
do indivíduo. Os sinais e sintomas 
são intensos e a depuração artificial 
do sangue, por meio de hemodiálise 
ou diálise peritoneal, se torna 
necessária, caso o transplante renal 
não seja possível. A lesão renal 
aguda ocorre de forma abrupta, 
 
 16 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
sendo entendida como o prejuízo 
súbito da capacidade renal, com 
implicações perigosas à saúde do 
indivíduo. As causas podem ser as 
mais diversas, sendo que o 
tratamento destina-se a solucionar 
o fator que está causando a lesão. 
Em virtude da diversidade das 
possíveis causas e tratamentos da 
doença renal aguda, essa seção 
objetivará abordar com mais afinco 
a DRC. 
 
Prevalência, etiologia e 
fatores de risco da DRC: 
 De acordo com dados 
fornecidos pelo Ministério da 
Saúde, dos adultos brasileiros 
(~120 milhões), 46,6% apresentam 
sobrepeso, 24,4% são hipertensos, 
16,9% apresentam dislipidemia, 
13,9% são obesos e 5,8% são 
diabéticos. 
Todas estas condições, em 
especial a HAS e o DM, aumentam o 
risco de desenvolvimento de DRC, 
sendo possível observar um 
aumento crescente no número de 
pacientes em diálise no Brasil. Não 
obstante, indivíduos acima de 60 
anos de idade, portadores de 
doenças cardiovasculares ou de 
doenças associadas à perda da 
função renal (como 
glomerulopatias, nefropatia crônica 
do enxerto renal, doença renal 
policística, infecções urinárias de 
repetição, uropatias obstrutivas e 
neoplasias) também estão sob um 
maior risco de desenvolver DRC. 
Em contrapartida, indivíduos 
portadores de DRC também 
apresentam maior disposição de 
desenvolver inúmeras doenças, 
como doenças cardiovasculares, 
sendo esta a principal causa de 
morbidade e mortalidade nestes 
indivíduos. 
Considerando que os principais 
fatores de risco da DRC estão 
associados à nutrição, compreende-
se esta ciência como uma 
importante estratégia na prevenção 
de DRC. Além disso, a nutrição 
também desempenha papel de 
destaque como coadjuvante no 
tratamento da DRC. 
 
Fisiopatologia da DRC: 
 Antes de discutir a 
fisiopatologia da DRC, é de suma 
importância relembrar as funções 
renais, das quais destacam-se: (i) 
eliminação de substâncias 
indesejáveis ao organismo, (ii) 
manutenção do equilíbrio 
eletrolítico e acidobásico, (iii) 
regulação da osmolaridade e do 
volume de líquido corporal e (iv) 
síntese de hormônios, como 
 
 17 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
eritropoetina, renina, calcitriol, 
cininas e prostaglandinas. 
Considerando as importantes 
funções do rim, é possível 
compreender o quanto a DRC é 
lesiva ao organismo. 
A DRC é iniciada a partir de 
uma lesão renal irreversível com 
consequente perda de glomérulos e 
prejuízo à função renal. Mesmo com 
o dano, o rim é capaz de manter as 
suas funções principais em virtude 
da reserva funcional, isto é, os 
néfrons remanescentes têm o seu 
trabalho aumentado, há alteração 
na dinâmica renal, bem como há 
adaptação tubular. Como resultado 
destes processos, o dano renal 
progride sem sinais e sintomas, até 
que, quando se percebe a doença, 
ela já está demasiadamente 
avançada. Na DRC avançada, é 
possível notar a presença de rins 
contraídos e a substituição do tecido 
renal normal por tecido fibroso, 
indicando uma esclerose 
progressiva dos glomérulos. 
 Como consequência da função 
glomerular prejudicada, há 
aumento da fração de excreção de 
sódio e aumento da expansão do 
volume extracelular, o que resulta 
em hipertensão arterial e edema. Já 
com o potássio, apesar do rim 
conseguir manter o balanço deste 
nutriente mesmo nos estágios 
avançados da DRC, a resposta renal 
à uma carga de potássio é mais 
lenta, o que pode resultar em 
quadros de hiperpotassemia após a 
ingestão de alimentos ricos em 
potássio. Não obstante, com a 
diminuição da função renal, há 
aumento da concentração 
plasmática de fósforo. 
Além destes eventos, o rim 
também perde a capacidade de 
concentrar e diluir a urina, sendo 
que nos estágios mais avançados da 
DRC, o volume urinário diminui. 
Assim, se a ingestão de água for 
excessiva, há um risco de 
hiponatremia. A filtração 
glomerular prejudicada também 
resulta em uma menor reabsorção 
do bicarbonato filtrado, reduzindo 
as concentrações de bicarbonato 
sérico e comprometendo o balanço 
acido-básico. 
Em razão do aumento do 
estresse mecânico na parede dos 
capilares glomerulares e o aumento 
do diâmetro destes, pode ocorrer o 
desprendimento das células do 
epitélio glomerular, de forma a 
gerar espaços, os quais permitem o 
influxo de água e solutos. Moléculas 
de tamanho maior, como o 
fibrinogênio, depositam-se no 
espaço subendotelial, obstruindo a 
luz do capilar e diminuindo a 
perfusão e a filtração glomerular. O 
 
 18 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
aumento da tensão sobre as células 
mesangiais induz a síntese de 
citocinas pro-inflamatórias, 
estimulando a inflamação. Estudos 
sugerem, ainda, que a 
hipercolesterolemia seria um fator 
importante para favorecer a injúria 
glomerular, sendo que a reversão 
deste quadro poderia amenizar a 
taxa de progressão do dano renal. 
Vale salientar que os mecanismos 
pelos quais a hipercolesterolemia 
seria lesiva na DRC ainda são pouco 
claros. 
Finalmente, a proteinúria 
contribui com a lesão renal, visto 
que a excreção elevada de proteínas 
causa toxicidade mesangial, 
hiperplasia e sobrecarga tubular, e 
ativação de citocinas inflamatórias, 
induzindo mecanismos de 
toxicidade e inflamação. Neste 
sentido, a proteinúria é, também, 
um importante marcador de lesão 
renal, sendo que níveis elevados de 
proteinúria estão vinculados com 
declínio mais rápido dafiltração 
glomerular. 
 
Hemodiálise, Diálise Peritoneal 
e Transplante Renal 
 As terapias renais 
substitutivas devem ser utilizadas 
por pacientes cujas as funções 
renais já não são capazes de 
executar as tarefas principais para a 
sobrevivência. Os métodos 
utilizados são hemodiálise, diálise 
peritoneal ou transplante renal. 
 As características do paciente 
que são indicativas da necessidade 
de terapia renal substitutiva são 
hiperpotassemia, hipovolemia, 
pericardite, encefalopatia urêmica 
ou outras condições que propiciem 
um risco significativo de morte. No 
Quadro 1 são apresentadas as 
principais causas indicativas do 
início da terapia dialítica. 
 
Quadro 1. Situações indicativas do início da terapia dialítica. 
Pericardite 
Hipervolemia refratária aos diuréticos 
Hipertensão arterial refratária às medicações 
hipotensoras 
Sinais e sintomas de encefalopatia 
Sangramentos atribuíveis à uremia 
Náuseas e vômitos persistentes 
Hiperpotassemia não controlada 
Acidose metabólica não controlada 
Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2013).
 
 19 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
A avaliação da função renal 
pode ser feita por meio da análise 
das concentrações séricas e 
urinárias de ureia e creatinina, bem 
como por meio da estimativa da 
taxa de filtração glomerular. Caso a 
taxa de filtração glomerular seja 
inferior ou igual a 10 ml /min/ 1,73 
m2 ou o paciente apresente 
complicações crônicas e agravadas 
da uremia, há necessidade de se 
iniciar o tratamento dialítico, pois, 
nestes casos, o tratamento 
conservador já não é capaz de 
manter o estado nutricional e a 
qualidade de vida. 
É importante salientar que 
algumas condições são 
contraindicações à terapia dialítica 
crônica, como doença de Alzheimer, 
demência por multi-infartos, 
síndrome hepatorrenal, cirrose 
avançada com encefalopatia e 
doenças malignas avançadas. 
Quanto à escolha do método – 
hemodiálise ou diálise peritoneal – 
caso não haja contraindicações, a 
escolha fica a critério do paciente, 
considerando questões clínicas, 
psíquicas e socioeconômicas. 
 
Hemodiálise: 
A hemodiálise é um processo 
em que há transferência de massa 
entre o sangue e o líquido de diálise. 
O sangue que é obtido por meio de 
um acesso vascular é impulsionado 
por uma bomba para um sistema de 
circulação extracorpórea, onde está 
presente um filtro, denominado de 
dialisador. Neste último 
(dialisador), ocorrem as trocas 
entre o sangue do indivíduo e o 
dialisato (que é a solução de diálise). 
O processo de hemodiálise 
necessita de um acesso vascular que 
forneça um fluxo de sangue 
adequado (~ 300 a 500 ml por 
minuto). Existem três principais 
tipos de acesso vascular, os 
cateteres, a fistula arteriovenosa e o 
enxerto vascular. Vale ressaltar que 
a fistula arteriovenosa 
normalmente é o método escolhido, 
em virtude da menor incidência de 
trombose e de infecção. Este acesso 
ocorre por meio de anastomose 
entre artéria e veia (laterolateral ou 
terminolateral), o mais distal 
possível, para que, em caso de 
falência, a fístula arteriovenosa 
possa ser reconstruída mais acima. 
Salienta-se, ainda, que a fístula 
arteriovenosa deve ser realizada no 
membro superior não dominante. 
Referente ao dialisato, este 
normalmente apresenta a seguinte 
composição: 
 135 a 145 mEq/L de sódio; 
 1 a 3 mEq/L de potássio; 
 
 20 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
 30 a 38 mEq/L de 
bicarbonato; 
 2,5 a 3,5 mEq/L de cálcio; 
 0,5 a 1 mEq/L de magnésio; 
 100 a 124 mEq/L de cloro; 
 2 a 4 mEq/L de acetato; 
 100 a 200 mg/L de glicose. 
Para que o sangue do paciente 
não coagule durante o processo de 
hemodiálise, utiliza-se 
anticoagulante, que normalmente é 
a heparina sódica, cuja dose 
administrada no início da diálise 
deve ser de 100 U/kg. A infusão do 
anticoagulante pode ser contínua 
durante a diálise e deve ser 
descontinuada uma hora antes do 
término da sessão para evitar 
sangramento. Para os pacientes 
com alto risco de sangramento, a 
hemodiálise deve ser feita sem 
heparina. 
Normalmente, a hemodiálise é 
realizada três vezes por semana, 
durante quatro horas, de modo que 
a remoção de líquido seja suficiente 
para que o paciente atinja o peso 
seco (menor peso no qual o paciente 
apresenta-se clinicamente estável) 
ao findar de cada sessão. Se o ganho 
de peso entre as sessões de 
hemodiálise for excessivo, isto é, 
acima de 4%, é possível que a sessão 
de hemodiálise subsequente resulte 
em um peso superior ao peso seco. 
Assim, uma sessão adicional deve 
ser agendada e o paciente deve ser 
instruído quanto ao controle do 
ganho de peso entre as sessões. 
Algumas complicações podem 
ocorrer durante a hemodiálise, 
dentre elas, destaca-se a hipotensão 
arterial, que é a complicação mais 
frequente, ocorrendo em cerca de 
20 a 30% dos procedimentos 
realizados. Associados a este 
quadro, inúmeros sinais e sintomas 
são relatados, como náuseas, 
vômitos, cãibras, sudorese, 
taquicardia, dor precordial e 
confusão mental. Para corrigir a 
hipotensão arterial, coloca-se o 
paciente na posição horizontal e 
infunde-se solução salina (a 0,9% - 
100 mL ou mais) até a estabilização 
da pressão arterial. Não obstante, a 
ocorrência de cãibra, cefaleia, 
reação pirogênica (febre, tremor, 
mialgia e instabilidade 
hemodinâmica) também pode 
acontecer durante ou após a 
hemodiálise. 
 
Diálise Peritoneal: 
 Este método é indicado para 
pacientes que não toleram a 
hemodiálise ou aqueles em que o 
 
 21 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
acesso vascular adequado não é 
possível. Não obstante, este é o 
método preferencial para crianças. 
Existem algumas 
contraindicações à diálise 
peritoneal, as quais estão listadas 
no Quadro 2. Caso o paciente 
apresente estas contraindicações, 
sugere-se a hemodiálise. 
 
Quadro 2. Contraindicações à diálise peritoneal. 
Absolutas 
Perda da função peritoneal ou múltiplas adesões 
peritoneais 
Incapacidade física ou mental para executar o 
método 
Condições cirúrgicas não corrigíveis, como 
hérnias, onfalocele, gastrósquise e extrofia vesical 
Relativas 
Presença de próteses vasculares abdominais há 
menos de 4 meses 
Presença de derivações ventrículo-peritoneais 
recentes 
Episódios frequentes de diverticulite 
Doença inflamatória ou isquêmica intestinal 
Vazamentos peritoneais 
Intolerância à infusão de volume necessário para 
a diálise peritoneal 
Obesidade mórbida 
Adaptado de Gonçalves et al. (2013). 
 
A diálise peritoneal consiste na 
troca de solutos e fluido entre o 
sangue (presente nos capilares 
peritoneais) e o dialisato instalado 
na cavidade abdominal por meio de 
um cateter. 
Uma das grandes vantagens 
desse método é a maior liberdade e 
independência da clínica de 
hemodiálise que o paciente tem, 
pois ele mesmo ou o seu cuidador 
que realizam o procedimento. Não 
obstante, por ser uma técnica 
continua (diariamente), há maior 
possibilidade de a dieta ser flexível. 
Salienta-se, entretanto, a 
importância do ambiente ser estéril 
e dos procedimentos serem 
realizados de maneira adequada a 
fim de evitar contaminação e 
possíveis infecções. 
Existem alguns tipos de diálise 
peritoneal, sendo que a mais 
comum é a diálise peritoneal 
 
 22 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
ambulatorial contínua (DPAC), na 
qual são realizadas de 4 a 5 trocas 
diariamente, de forma manual, com 
2 a 2,5 L em cada troca, sendo que 
cada troca deve permanecer de 4 a 8 
horas na cavidade peritoneal. 
Outro tipo de diálise peritoneal 
é a automatizada (diálise peritoneal 
automatizada – DPA), na qual 3 a 6 
trocas são realizadas por meio de 
uma cicladora automática apenas 
durante à noite. Embora este último 
método seja mais vantajoso, ele é 
muito mais caro e, portanto, para a 
maior parte dos pacientes com DRC 
ele não é viável. 
Quanto àscaracterísticas do 
dialisato, este apresenta pH baixo 
(~ 5,5) de forma a evitar a 
caramelização da glicose. No 
entanto, alguns pacientes podem 
sentir dor durante a infusão em 
virtude desta característica (pH 
baixo). A concentração de glicose no 
dialisato é normalmente elevada, 
pois esta atua como agente 
osmótico, o que pode resultar em 
hiperglicemia, dislipidemia, 
obesidade e lesão do peritônio com 
o uso crônico da diálise peritoneal. 
No que se refere às complicações da 
diálise peritoneal, destacam-se: 
vazamento pericateter, falências de 
drenagem, dor na infusão do 
dialisato, edema, hérnias, 
hipoalbuminemia (em virtude das 
perdas significativas desta proteína 
através da membrana peritoneal), 
ganho de peso, hiperglicemia e 
hipertrigliceridemia, complicações 
infecciosas (como peritonite, que é a 
complicação mais grave em 
pacientes que realizam a diálise 
peritoneal, sendo que dor 
abdominal, líquido de diálise turvo 
e febre denunciam o problema), 
falência da técnica etc. 
 
Transplante Renal 
Os pacientes que são 
submetidos a transplantes renais 
bem-sucedidos apresentam menor 
taxa de mortalidade e melhor 
qualidade de vida quando em 
comparação com os pacientes em 
tratamento dialítico.Os 
transplantes renais podem ser 
categorizados segundo o tipo de 
doador em: doador vivo (podendo o 
doador ser familiar ou não do 
paciente) ou doador falecido (em 
morte encefálica). Quando na 
possibilidade de transplante, o 
doador precisa ser submetido a 
alguns testes de compatibilidade, 
como avaliação imunológica 
(avaliação do tipo sanguíneo, prova 
cruzada e tipagem HLA), avaliação 
clínica geral e triagem de doenças 
infecciosas, triagem de 
comorbidades, avaliação da 
anatomia dos vasos e do trato 
 
 23 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
urinário etc. Os exames que devem 
ser realizados nos possíveis 
doadores são apresentados no 
Quadro 3. 
 
 
Quadro 3. Exames para avaliação de possível doador. 
Tipagem do grupo sanguíneo ABO 
Tipagem dos antígenos HLA-A, B e DR 
Hemograma completo, glicemia de jejum, creatinina, TGO, TGP, colesterol total e frações, 
triglicérides, urina I, determinação de proteinúria de 24 horas, clearance de creatinina, 
teste de tolerância oral à glicose (em indivíduos com histórico familiar de diabete melito) 
Sorologias para hepatites B e C, doença de Chagas, HIV, HTLV I e II, sífilis, toxoplasmose, 
CMV e EBV 
Radiografia simples de tórax, eletrocardiograma e ultrassonografia de abdome total 
Avaliação urológica (triagem para câncer de próstata) nos homens acima de 45 anos 
Avaliação ginecológica (triagem para câncer de mama e de colo de útero) nas mulheres 
acima de 40 anos 
Ecocardiograma e fundo de olho em indivíduos com histórico familiar de hipertensão 
arterial sistêmica 
Urografia excretora 
Aortografia abdominal (artérias renais) ou angiorressonância 
Adaptado de Moura & Canziani (2013). 
 
Ressalta-se que o doador deve 
apresentar no mínimo 18 anos e, 
normalmente, no máximo 80 anos 
(porém depende das condições do 
doador). Vale salientar, ainda, que 
nem todos os pacientes com DRC 
são elegíveis para o transplante, 
sendo que as situações 
contraindicadas ao transplante 
renal são: 
 História recente de câncer (2 
a 5 anos dependendo do tipo de 
tumor); 
 Infecção em atividade; 
 Doença extrarrenal intratável 
ou grave, como doença 
cardiovascular e pulmonar sem a 
possibilidade de transplante 
combinado; 
 Uso de drogas ilícitas; 
 
 24 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
 História recidivante de má 
adesão a tratamento clínico. 
Além destes, existem ainda 
critérios de exclusão relativos ou 
temporários, como anomalias 
urológicas ou vesicais graves, 
crianças com peso inferior a 15 kg, 
obesidade grave, ausência de 
suporte familiar ou social para 
adesão ao tratamento, doenças 
neuropsiquiátricas etc. 
É importante ressaltar que 
idade avançada e infecção por HIV 
não são mais condições 
consideradas como contrárias ao 
transplante de órgãos. Não 
obstante, salienta-se que, conforme 
legislação brasileira, os pacientes só 
podem ser submetidos ao 
transplante quando apresentarem 
clearance de creatinina menor que 
10 ml por minuto ou menor que 15 
ml por minuto, desde que o receptor 
seja diabético ou menor de 18 anos 
de idade. Referente às complicações 
após o transplante renal, destacam-
se: necrose tubular aguda 
(especialmente associada ao 
elevado período em que o rim 
permanece fora do corpo em 
doadores falecidos) e a rejeição ao 
enxerto. Podem ocorrem também 
complicações durante a cirurgia, 
por exemplo: fistula urinária, 
trombose vascular e hematoma 
perirrenal. 
Questões de múltipla 
escolha: 
QUESTÃO 02. Qual destes 
não é um fator de risco para o 
desenvolvimento de DRC? 
f) Eutrofia; 
g) Sobrepeso; 
h) Obesidade; 
i) HAS; 
j) DM. 
Comentário: Dos fatores 
listados, a eutrofia (peso corporal 
saudável) é o único que não é um 
fator de risco para o 
desenvolvimento de DRC. 
 
 
 
 
 26 
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Abreu, P.F. Epidemiologia. Em: 
Cuppari, L.; Avesani, C.M.; 
Kamimura, M.A. Nutrição na 
doença renal crônica. 1ª ed. Manole: 
São Paulo, 2013. 
Ammirati, A.L. Fisiopatologia da 
doença renal crônica. Em: Cuppari, 
L.; Avesani, C.M.; Kamimura, M.A. 
Nutrição na doença renal crônica. 
1ª ed. Manole: São Paulo, 2013. 
Gonçalves, E.A.P. Terapia renal 
substitutiva – diálise. Em: Cuppari, 
L.; Avesani, C.M.; Kamimura, M.A. 
Nutrição na doença renal crônica. 
1ª ed. Manole: São Paulo, 2013. 
Moura, L.R.R.; Canziani, M.E.F. 
Terapia renal substitutiva – 
transplante renal. Em: Cuppari, L.; 
Avesani, C.M.; Kamimura, M.A. 
Nutrição na doença renal crônica. 
1ª ed. Manole: São Paulo, 2013. 
Cuppari, L.; Avesani, C.M.; 
Kamimura, M.A. Nutrição na 
doença renal crônica. 1ª ed. Manole: 
São Paulo, 2013. 
Cuppari, L. Guias de medicina 
ambulatorial e hospitalar da EPM-
UNIFESP: Nutrição clínica no 
adulto. 3ª ed. Manole: São Paulo, 
2014. 
Cuppari, L.; Avesani, C.M.; 
Kamimura, M.A. Nutrição na 
doença renal crônica. 1ª ed. Manole: 
São Paulo, 2013. 
Cuppari, L. Guias de medicina 
ambulatorial e hospitalar da EPM-
UNIFESP: Nutrição clínica no 
adulto. 3ª ed. Manole: São Paulo, 
2014. 
Cuppari, L. Nutrição nas doenças 
crônicas não-transmissíveis. 1ª ed. 
Manole: São Paulo, 2009. 
Cozzolino, SMF; Cominetti, C. 
Livro: Bases bioquímicas e 
fisiológicas da nutrição, nas 
diferentes fases da vida, na saúde e 
na doença. Ed. Manole, 1ª edição, 
2013. 
Guyton, A.C.; Hall, J.E. Tratado de 
fisiologia médica. 13ª Ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier. 2017. 
Van de Graaff. Anatomia humana. 
6ª Ed. São Paulo: Manole. 2013. 
 
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