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Fundamentos da Avaliação Psicológica

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Fundamentos Básicos da 
Avaliação Psicológica
A origem da palavra e seu significado
TESTE
Testis (Latim)
-
Test (Inglês)
Testemunha
-
Prova
Ou seja:
Testes psicológicos são utilizados como ferramentas na tomada
de decisões que envolvem pessoas a partir do desempenho ou
autorrelato em provas, questionários ou escalas que avaliam
características psicológicas (AMBIEL; PACANARO, 2011).
O uso de testes na história
- 12.000 a.C – Período Neolítico
- 10.000 a.C. – Culturas Egípcias e Sumérias.
- 200 a.C. – Concursos Públicos na China – Provas de Música, uso do
arco, montaria, agricultura, geografia, etc. (URBINA, 2007).
- Século XIX – Alemanha e França – Uso de testes de forma clínica para
avaliar o funcionamento cognitivo de pessoas com danos cerebrais e
outros transtornos (MCREYNOLDS, 1986).
Testes e o desenvolvimento científico 
da psicologia
Wilhelm Wundt Weber e Fechner (Psicofísicos)
Francis Galton (Discriminação sensorial
– Percepção de Comprimento, métodos
estatísticos)
Testes e o desenvolvimento científico 
da psicologia
James M. Cattell (Processos elementares
– Acuidade sensorial, tempo de reação,
etc).
Testes e o desenvolvimento científico 
da psicologia
1900 – Críticas de Binet e Simon (França)
Embora permitissem maior precisão nas medidas, os testes
sensoriais apenas mediam habilidades muito específicas, não
oferecendo uma relação importante com as funções intelectuais.
Os testes deveriam ater-se às funções mais amplas como
memória, imaginação, compreensão, entre outras.
1905 – Escala Simon-Binet = Mensuração da Capacidade Cognitiva
Escala Simon-Binet
✓ Constituída de 30 itens com dificuldade progressiva
✓ Objetivo de avaliar Julgamento, Compreensão e Raciocínio
NÍVEL DE INTELIGÊNCIA
✓ Desenvolvido a pedidos do Governo Francês.
✓ Identificar crianças com deficiência intelectual e criar um sistema
diferenciado de educação para as mesmas.
Escala Simon-Binet
✓ 1908 e 1911 = Revisão, Ampliação e Aperfeiçoamento
✓ 1912 = Wilhelm Stern propôs o Q.I. – Quociente Intelecutal
✓ 1916 = Lewis Terman – Refinamento do Q.I.
Para a obtenção do QI, que exprime numericamente e de forma padronizada a
capacidade intelectual dos avaliandos, Stern e Terman sugeriram um cálculo
que se baseava na divisão da idade mental (IM) pela idade cronologica (IC)
multiplicada por cem.
Se a idade mental fosse maior que a cronológica = Resultado > 100
Se a idade mental fosse menor que a cronológica = Resultado < 100
Nova escala Stanford-Binet e outros 
instrumentos
▪ Lewis Terman (Adaptação da escala francesa para os Estados Unidos)
▪ Nasciam outros instrumentos inspirados na escala Simon-Binet
➢ 1914 – 1918 = Primeira Guerra Mundial
➢ Instrumentos rápidos, precisos e coletivos que pudessem avaliar a
capacidade intelectual.
• Army Alpha (Verbal)
• Army Beta (Não-verbal)
Avaliação educacional e Psicometria
A partir do desenvolvimento da testagem psicológica foram surgindo
provas para avaliação do desempenho escolar e habilidades acadêmicas
específicas:
School Aptitude Teste (SAT)
Graduate Record Exam (GRE)
Medical College Admision Test (MCAT)
Law School Admission Test (LSAT)
✓ 1920 – 1930 (Estados Unidos)
✓ Charles Spearman (Inglaterra) – Psicometria
Aplicação de modelos matemáticos ao estudo do funcionamento mental;
Refinamento do método de correlação, previamente desenvolvido por
Karl Pearson; e desenvolvimento da técnica de análise fatorial.
O fator g. e suas críticas
1904 - Spearman sugeriu a Teoria de que todas as habilidades cognitivas 
convergiam para uma capacidade Geral, denominado fator g.
1938 – Thurstone sugeriu a existência de habilidades específicas 
independentes que não se organizavam ao redor de uma habilidade geral
Era implícito nas teorias que o fator geral dependeria de uma energia
mental essencialmente biológica e inata, enquanto que os fatores
específicos dependeriam da aprendizagem (RIBEIRO, 1998)
“Essas questões teóricas foram discutidas ao longo de todo o
século XX, por Cattell (1940; 1971), Horn (1991) e, finalmente,
por Carroll (1993), que apresentou uma proposta de integração
das teorias da inteligência, por meio de um modelo hierárquico
das habilidades.” (AMBIEL; PACANARO, 2011, p. 16-17)
Avaliação Psicológica 
no Brasil
Surge antes mesmo da profissão de Psicologia ser estabelecida no Brasil,
através das necessidades práticas de atender Demandas diversas:
INDUSTRIAL
EDUCACIONAL
CLÍNICA
SOCIAL
Aptidões
Interesses
Motivações e Habilidades Específicas
Condições Intelectuais e de Aprendizagem
Processos Psicopatológicos
Avaliação para Dirigir Veículos (Psicologia do Trânsito)
Perícias Psicológicas (Psicologia Jurídica)
A partir do conhecimento científico gerado sobre teorias psicológicas, métodos e
instrumentos de mensuração em Psicologia surge o reconhecimento legal e social dos
seguintes:
Uso Privativo dos 
Testes Psicológicos
Perícia em Matéria 
de Psicologia
1964
Diagnóstico
Psicológico
Uma viagem no tempo: 
As etapas históricas da Avaliação Psicológica no 
Brasil
Produção médico-acadêmica sobre funções psicológicas
1890 – Rio de Janeiro - Criação do primeiro laboratório de psicologia aplicada à educação –
Pedagogium
Até 1897 teve importância na divulgação dos estudos de problemas psicológicos no meio
acadêmico pedagógico
1897 – José Joaquim Medeiros e Albuquerque assume como Diretor da instrução pública e
reformula o Pedagogium, transformando-o em um centro de cultura superior abertoao público.
Conferências e Cursos (Fisiologia do sistema nervoso e teoria das emoções).
No início da década de 1900 - Primeiro Laboratório de Psicologia Experimental do país – Binet
Entre 1840 e 1900 foram produzidas 42 Teses relacionadas ao corpo de conhecimentos da
psicologia na Faculdade de Medicina da Bahia.
Produção médico-acadêmica sobre funções psicológicas
1914 – Laboratório de Pedagogia Experimental (Escola Normal de São Paulo) – Interesse em
estudos sobre memória, inteligência infantil e psicomotricidade.
1918 – Fernandes Figueira (Médico pediatra) aplica os testes de inteligência (Binet-Simon) na
avaliação dos internos do Hospício Nacional.
1923 – Laboratório de Psicologia do Hospital do engenho de Dentro (Colônia dos Psicopatas).
1925 – Ulisses Pernambucano – Recife – Cria o Instituto de Psicologia - Investigação sobre
medidas de nível mental e aptidões.
• Revisão Pernambucana da Escala Métrica de Inteligência – Binet-Simon-Terman
• Psicodiagnóstico de Rorschach
• Médias de estaturas de escolares em Pernambuco
1929 – Criação do Laboratório de Psicologia da Escola de aperfeiçoamento pedagógico, sobre
orientação de Theodore Simon (Simon-Binet).
Produção médico-acadêmica sobre funções psicológicas
Isaías Alves, Bacharel em Direito e Educador, destaca-se por suas pesquisas sobre
educação e evolução psicológica da criança, além de contribuir para políticas públicas na
educação.
Autor das seguintes obras:
1928 – Teste individual de inteligência: noções gerais sobre testes (abordando a fórmula
Simon-Binet-Terman e sua adaptação para a realidade Brasileira)
1930 – Os testes e a reorganização escolar (procura demonstrar a aplicabilidade dos
testes à situação escolar)
A partir deste ponto, a psicologia no Brasil firmou-se entre as décadas 1920 e 1930 após criação
das condições iniciais para um desenvolvimento da psicologia como ciência e profissão, e que
foram influenciadas por três áreas distintas:
1 – Instrumentalização do conhecimento psicológico no meio pedagógico. (uso de conceitos e
instrumentos de exame das condições cognitivas sobre aprendizagem e desenvolvimento da
linguagem);
2 – Produção científica no meio acadêmico e a geração de processos de intervenção clínica na
psiquiatria e psicologia (Hospitais, manicômios e outras instituições associadas à saúde.);
3 – Introdução progressiva do conhecimento oriundo da psicologia industrial e do trabalho, como
o trabalho de Roberto Mange na seleção e orientação de ferroviáriosem São Paulo.
Estabelecimento e difusão do ensino da Psicologia nas Universidades
Roberto Mange foi um expoente da Psicologia do Trânsito.
1947 – É fundado o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) no Rio de Janeiro.
• Publicações
• Capacitação Profissional
• Validação e Padronização de testes, técnicas e baterias.
A partir de 1951, o ISOP começou a examinar os candidatos para obtenção da CNH através de
entrevistas, provas de aptidão e personalidade.
Em 1962 o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estendeu o exame psicotécnico a todos os
candidatos.
Estabelecimento e difusão do ensino da Psicologia nas Universidades
Criação dos cursos de graduação em Psicologia
Nos anos 60 a Psicologia se caracteriza pela regulamentação dos cursos de formação (graduação)
e expansão do ensino no Brasil.
Lei nº 4119 de 1962 – Reconhecimento enquanto disciplina e profissão.
Lei nº 5766 de 1974 – Criação dos Conselhos Federais e Regionais de Psicologia.
Implantação dos cursos de pós-graduação stricto sensu em Psicologia
Década de 1970 
Foi marcada pelo movimento cultural de reação à quantificação, ao positivismo e suas 
manifestações técnicas. Houve um Desinteresse na área de Avaliação Psicológica e uma 
banalização do uso dos instrumentos objetivos.
Década de 1980
Retomada de estudos e pesquisas na área a partir dos cursos de pós-graduação stricto sensu. 
Emergência dos laboratórios e núcleos de pesquisa em Avaliação Psicológica e correlatos.
Emergência dos cursos de pós-graduação lato sensu em Avaliação Psicológica.
Criação de diversos laboratórios de avaliação psicológica responsáveis pelo aumento na 
qualificação de pesquisadores e profissionais em medidas psicológicas.
Desde então, há um avanço no uso de avaliação psicológica como fonte de pesquisa e consulta 
bibliográfica, com aumento de qualidade e quantidade de pesquisadores e eventos nessa área. 
Resolução 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia
Instituiu critérios mínimos de qualidade para se considerar um teste psicológico apto para uso 
profissional:
➢ Fundamentação Teórica
➢ Evidências Empíricas
➢ Padronização, Validade e Precisão dos testes.
➢ Sistemas de Correção e Interpretação dos resultados.
➢ Compilação de todas essas informações no Manual Técnico de cada teste.
Criação do SATEPSI
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
Comissão integrada por psicólogos convidados, de reconhecido saber em avaliação psicológica, 
que analisam e emitem pareceres sobre os testes psicológicos.
Todos os instrumentos considerados psicológicos ou não, que são encaminhados ao CFP, passam 
por uma avaliação do SATEPSI.
Os instrumentos podem receber dois pareceres: FAVORÁVEL OU DESFAVORÁVEL.
Recebe um parecer FAVORÁVEL quando, por
decisão do plenário do CFP, o teste é
considerado em condições de uso, pois
cumpriu os requisitos mínimos para a
comercialização de um teste psicológico.
Recebe um parecer DESFAVORÁVEL quando, por
decisão do plenário do CFP, o teste não
apresenta condições mínimas para uso. Nesse
caso o parecer deve especificar as razões da
reprovação, bem como as orientações para
futuras mudanças e melhoras nos procedimentos
para o uso do instrumento
Após a revisão e a reformulação, o pesquisador
poderá reapresentar o material a qualquer
tempo, e todos os procedimentos de análise
serão seguidos novamente.
Após receber aprovação para publicação, comercialização e utilização profissional, o
instrumento deve obedecer às regras da resolução nº 006/2004 do CFP, que exige que os dados
empíricos de um instrumento sejam revisados periodicamente.
Para os dados referentes à padronização, o intervalo entre um estudo e outro não pode
ultrapassar 15 anos.
Para os dados referentes à validação e precisão, o período deve ser de no máximo 20 anos.
O SATEPSI disponibiliza, em seu site, uma lista completa dos instrumentos favoráveis e
desfavoráveis de uso privativo ou não do psicólogo.
http://satepsi.cfp.org.br
http://satepsi.cfp.org.br/
Referências
AMBIEL, R. A. M. et al. Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e 
profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
ALCHIERI, J. C.; Cruz, R. M. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

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