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Clínica Médica – Meningites Meninges (camadas de tecido conjuntivo que protege o tecido nervoso): Dura-máter: Mais superficial; Aracnoide: Aderido à dura- máter; Pia-máter: Mais interno; Epidural: Acima da dura-máter Subdural: Abaixo da dura-máter Espaço subaracnóideo - Líquor Líquor Ultrafiltrado de sangue: NaCl, glóbulos brancos e hormônios; Função: Atua na nutrição, substância de drenagem do SNC, remoção de metabólitos e proteção contra impactos; Produzido pelos plexos coroides dos ventrículos III, lateral e IV ventrículo; Circula no espaço subaracnóideo, sendo absorvido pelas vilosidades aracnoides e nos seios da dura- máter; O controle da produção e da sua absorção preserva a PIC. Meningite Meningoencefalite (sinônimo) x Meningite; Infecção das membranas que protegem o SNC, levando a inflamação local, aumento da pressão intracraniana e sintomas sistêmicos; Rápida evolução e alta mortalidade (quadro grave); Se divide em duas origens: Assépticas: Causadas por um microrganismo não vivo) Sépticas: Causadas por um microrganismo vivo ou viral. Encéfalo: Espaço rígido e de volume constante. O aumento do volume desencadeia hipertensão intracraniana. Epidemiologia Infrequente em países desenvolvidos; Brasil: redução de casos após imunização para agentes causadores no calendário vacinal: Meningo C (Meningococo); Pneumo 10 (Pneumococo); Pentavalente (H. influenza tipo B) Risco mais elevado em extremos de idade: Menos de 1 ano (não desenvolveu anticorpos suficientes) e Maior que 60 anos (perda de anticorpos); 1,2 milhão casos/ano. Etiologia MENINGITE ASSÉPTICA Não tem microrganismos; rara, infrequente; Causas: Tumores; Traumas (lesão, dano no tecido que causa processo inflamatório); Vasculites (inflamação dos vasos); LES - Lúpus: Fármacos: Sulfametoxazol-trimetoprim, ciprofloxacino, cefalexina, metronidazol, penicilina, isoniazida, AINES. Meningite Asséptica 2 Meningites Pode ser bacteriana, viral, fúngica ou parasitária. MENINGITE BACTERIANA Colonização e disseminação bacteriana na meninge gerando infecção; Resulta em sintomas sistêmicos e elevação da pressão intracraniana; Via de contaminação: Secundária a inflamação das vias aéreas superiores (90%); Secundária a trauma, contiguidade e outras portas de entrada (10%). Fisiopatologia Porta de entrada: Vias aéreas respiratórias (saliva, gotículas e aerossóis); Acesso à circulação sanguínea pela mucosa => Cápsula polissacarídea impede a fagocitose => Colonização de do plexo coroide e a cesso ao liquor; Líquor possui poucas defesas, sendo adequado para proliferação bacteriana; Resposta imune do hospedeiro gerado pela infecção liquórica é causa de maior parte de sintomas: TNF-a e interleucina 1B => Leucocitose e aumento de proteínas no líquor; Citocinas e EROs geram => Morte celular e alteração da permeabilidade da barreira hematoencefálica (edema vasogênico); Exsudato obstrui fluxo de líquor => Hidrocefalia obstrutiva => Edema intersticial; Menor fluxo sanguíneo resulta em isquemia cerebral e edema citotóxico; Edema vasogênico, intersticial e citogênico => Aumento da PIC. Perde aderência entre os astrócitos Manifestações Clínicas Tríade clássica: Febre + Cefaleia (variável, podendo ser em trovoada) + Rigidez nucal. Quadro típico clássico; Rigidez nucal é sinal de irritação meníngea Hiporexia (redução do apetite); Cervicalgia (dor na região cervical); Convulsões; Sinal de Faget (dissociação temperatura- pulso) – Aumento da temperatura e pulso fraco. Sinal de Kernig (paciente relata dor ao fletir a perna); Sinal de Brudzinski (flexão da cabeça, contrai o corpo em relação ao seu centro, vai adotar a posição fletida); Sintomas de elevação da pressão intracraniana: Cefaleia holocraniana em opressão ou aperto. Em algumas condições a cefaleia pode ser em trovoada; Náuseas e vômitos (podem ser em jato); Fotofobia; Alteração do estado mental (75% dos pacientes); Papiledema (menos comum devido a velocidade de progressão do quadro); Meningite Bacteriana 3 Escala de Coma de Glasgow MENINGITE POR N. MENINGITES Bactéria do tipo diplococo Gram negativo: Apresenta cápsula (A, B, C, W, Y e X). Sorotipos B e C tem cobertura vacinal, proteção temporária; LPS atua como endotoxina, não produz exotoxina; o Transmissão: Gotículas e secreções rinofaríngeas (eliminado em 24 h após ATB); o Incubação de 1 a 10 dias; o Tríade: alteração do nível de consciência, febre e rigidez nucal; o Quadro gera menos complicações. Maior letalidade, menor complicações. Meningite x Meningococcemia Pode ter as duas juntas Meningococcemia: Petéquias em todo corpo. Presença do meningococo no sangue, infecção no sangue e nos vasos sanguíneos. MENINGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE Coco Gram negativo; Raro, mais comum na infância; Quadro menos fatal; Geralmente após sinusite aguda, otite média e fratura de crânio; Sequelas: Relacionada a surdez, retardo mental e epilepsia; Gera febre, cefaleia intensa, náuseas e vômitos e rigidez nucal; Redução do número de caso após introdução da vacina pentavalente. MENINGITE POR STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE Diplococo Gram positivo; Faz parte da microbiota do trato respiratório superior; Principal bactéria causada de meningite em adultos. Maior número de casos; Acomete entre 1 e 50 anos; 20-30% de mortalidade. Alta mortalidade; Grande geradora de complicações: alterações visuais e auditivas (surdes), epilepsia, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor. Diagnóstico Cínico e laboratorial; Presença das síndromes: Toxêmica (causada pela ação bacteriana): Febre, mal-estar, prostração ou agitação psicomotora; Irritação meníngea (advém do distúrbio do tecido meníngeo): Rigidez nucal, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski; Hipertensão intracraniana: Cefaleia holocraniana intensa, náuseas, vômitos em jato, fotofobia, confusão mental e convulsões; Laboratorial (avaliar resposta imune celular): Hemograma (tende encontrar neutrofilia, desvio a esquerda, leucocitose), TGO, TGP (dano hepático e função renal), Ur, Cr, EAS (ver insuficiência renal), hemocultura; Exame de imagem: Descartar lesão em massa, outras causas e herniação, descartar Meningite por N. Meningites Meningite por Haemophilus Influenzae Meningite por Streptococcus Pneumoniae 4 situações semelhantes a meningite e sinais de hipertensão intracraniana. Realizar antes de punção liquórica; Punção liquórica (padrão-ouro), confirmar diagnóstico. Observa-se a foice dividindo o encéfalo em 2 partes, os ventrículos, os sulcos, consegue diferenciar substância branca e córtex. Hipodenso e hiperdenso. Não diferencia substância branca da cinzenta, não se observa sulcos ou ventrículos, cérebro está edemaciado. Está sofrendo processo inflamatório; a meninge está enchida de contraste. Não diferencia substância branca da cinzenta, meninge bem definida e impregnada. Punção liquórica A medula é de T2 a L3. A punção se faz: L3-L4, L4- L5, L5-S1. Faz para baixo para não perfurar a dura-máter. Não fazer se: Alteração do estado de consciência com Glasgow < 9, anisocoria, sinais neurológicos focais; Instabilidade cardiorrespiratória; Convulsão prolongada; Sinais de HIC (papiledema, paresia do NCIII, IV e VI; Convulsão prolongada; Infecção do sítio de punção; Plaquetopenia, discrasia sanguínea ou uso de anticoagulante. Avaliação liquórica Presença de leucocitose; Análise da glicose no liquor; Relação glicose liquor/sangue; Relação de proteínas no líquor; Bacterioscopiacom coloração de Gram; Cultura de líquor. Tratamento Cuidados gerais Isolamento respiratório por 24 horas; Uso de EPI (máscaras, luvas e lavagem de mão) na avaliação; A transmissão é por gotícula, aerossol e contato. Cuidados gerais: Paciente em um quarto isolado ou com outro paciente com o mesmo agente etiológico. Medidas gerais Fornecer O2 se necessário (menor que 90%); Cabeceira elevada a 30º a 45º; Evitar hiper-hidratação; Sintomáticos: Dipirona ou AINES se dor ou febre; Antieméticos se náuseas e vômitos; Diazepam se convulsões, fenitoína ou fenobarbital para controle; Avaliar sintomas de edema cerebral e HIC: 5 Sinais neurológicos focais; Flutuação de consciência; Anisocoria, pupilas pouco reativas; Posturas anômalas (decorticação, descerebração); Antibioticoterapia (de 7 a 14 dias) Iniciar ATB empírico o mais rápido possível; Até 3 meses: Ceftriaxona + ampicilina; 3 meses a 50 anos: Ceftriaxona ou cefotaxime; 50 anos: Ceftriaxona + ampicilina; Pós-neurocirurgia: Vancomicina + ceftriaxona; Obs: Acrescentar vancomicina se pneumococo resistente; o Dexametasona junto ou antes de ATB; Meningococo Ceftriaxona; Penicilina G cristalina (2ª opção); Haemophilus Ceftriaxona; Clorafenincol (2ª opção); Pneumococo Ceftriaxona; Penincilina G cristalina (2ª opção); Vancomicina: Utilizado para aqueles que tem resistência. Sinais de mau prognóstico Atraso no diagnóstico e início do tratamento; Fatores do hospedeiro: Imunodeficiência e idade < 6 meses; Tipo de virulência: Microrganismos multirresistentes a antimicrobianos; Glicorraquia < 20-40 mg/ ml na admissão; Alta concentração de bactérias no líquor; Convulsões tardias (72 horas após início da antibioticoterapia); Sinais de gravidade à admissão (sinais neurológicos focais + Glasgow < 13); Profilaxia ao meningococo Rifampicina ou ceftriaxona; Indicação: Contatos familiares e íntimos do paciente (> 4 horas/dia por 5 a 7 dias/semana); Profissionais de saúde expostos a secreções respiratórias; Vacinação: Vacina conjugada contra o meningococo sorotipo C. Profilaxia ao Haemophilus Rifampicina. Indicação: Contatos familiares quando há outra criança e com < 4 anos não vacinada; 2 crianças infectadas em 24 meses em creches e escolas; Vacinação: Pentavalente. Complicações Coma; Choque séptico; Comprometimento de pares cranianos: VII e VIII; Secreção inapropriada de ADH; Empiema subdural; Ventriculite; Hidrocefalia; Epilepsia; MENINGITES VIRAIS Mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens; Quadro clínico: Náuseas e vômitos, cefaleia, diarreia e rash maculopapular (enteroviroses); Pode ser precedido por quadro respiratório; Encefalite: Agitação, rebaixamento do nível de consciência, crises convulsivas; Meningites Virais 6 Sintomas são súbitos, mas geralmente mais brandos e autolimitados; Etiologia: Mais frequentes: Echovírus, poliovírus, coxsakievírus e enterovírus Menos frequentes: Herpes vírus, citomegalovírus, epstein barr, hiv; Vias de transmissão: Respiratória (tosse, espirros) Fecal-oral (enterovírus) Contato direto (herpes vírus) Sangue (CMV e HIV) Diagnóstico: Clínico-laboratorial; Exame de imagem; Punção liquórica; Tratamento: Não há tratamento específico (exceto herpes vírus): Aciclovir EV 10 mg/kg/dose a cada 8 horas por 14 a 21 dias; Suporte: Fornecer o2 se necessário (sat < 90%); Antitérmicos (dipirona); Antieméticos (metoclopramida); Controle das convulsões se houver; Cabeceira elevada 30°.
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