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MUSCULAÇÃO
Salime Donida Chedid Lisboa
Adaptações neurais 
ao treinamento de força
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever as adaptações neurais crônicas obtidas com o treinamento 
de força.
 � Discutir os efeitos das adaptações neurais do treinamento de força 
na performance motora.
 � Avaliar os benefícios neurais obtidos com treinamento de força.
Introdução
A prática regular de exercícios físicos promove uma série de respostas 
que impactam diversos sistemas do organismo. O treinamento de força 
é capaz de causar, na musculatura esquelética, importantes efeitos de 
caráter neural e de caráter morfológico. As adaptações neurais compre-
endem alterações no recrutamento e na ativação das unidades motoras 
e redução na coativação antagonista, as quais resultam em incrementos 
na força muscular. Para que os ganhos neurais associados ao treinamento 
de força sejam avaliados, a eletromiografia e a ressonância magnética 
são as principais técnicas utilizadas, uma vez que refletem a ativação da 
musculatura.
Neste capítulo, você vai ler sobre as adaptações neurais oriundas do 
treinamento de força, sobre os mecanismos e os efeitos dessas adap-
tações e sobre os métodos disponíveis para a avaliação das respostas 
neuromusculares ao exercício e treinamento.
1 As adaptações neurais crônicas
Para que ocorram adaptações em resposta a um programa de treinamento 
de força, primeiramente, é necessário se ativar a musculatura para produzir 
força e levantar uma carga. Contudo, para que um músculo seja ativado, 
deve haver a ação da inervação neural, que integra a unidade motora. Como 
apresentado na Figura 1, a unidade motora é composta por um neurônio motor 
alfa e todas as fibras musculares inervadas por ele; sendo assim, a ativação 
dessas unidades motoras implica a contração das fibras musculares. Além 
disso, segundo Fleck e Kraemer (2017), a unidade motora é controlada pelo 
sistema nervoso, fornecendo exatamente o necessário de força para se realizar 
o movimento desejado.
Figura 1. A unidade motora.
Fonte: Adaptada de Alila Medical Media/Shutterstock.com. 
Inervação do músculo esquelético
Axônio do motoneuronio 
(neurônio motor)
Fibras musculares esqueléticas
Núcleo da �bra muscular
Junção 
neuromuscular
Adaptações neurais ao treinamento de força2
Considerando-se a interação bastante íntima entre o sistema nervoso e 
o músculo esquelético, esse sistema é conhecido como neuromuscular, uma 
vez que, em resposta ao treinamento de força, ocorrem adaptações tanto em 
nível neural quanto em nível hipertrófico. As alterações na ativação neural 
acarretadas pelos programas de treinamento de força podem produzir diversos 
tipos de adaptações, em especial incrementos na força muscular, geralmente 
associados a pouca mudança no tamanho das fibras do músculo (FLECK; 
KRAEMER, 2017).
O papel desses fatores neurais é particularmente importante durante a fase 
inicial do treinamento de força. Embora a síntese proteica seja perceptível 
após uma sessão desse tipo de treino, as mudanças evidentes na hipertrofia 
muscular não são observadas de forma significativa até a oitava semana de 
treinamento. Segundo Gabriel, Kamen e Frost (2006), esse “atraso” hipertró-
fico simultaneamente associado a um ganho substancial na força muscular 
demonstra a importância dos fatores adaptativos neurais (Figura 2).
Figura 2. A interação entre fatores neurais e hipertróficos no incremento da força durante 
treinamento em curto e longo prazo
Fonte: Fleck e Kraemer (2017, p. 99).
3Adaptações neurais ao treinamento de força
Normalmente, quando é gerada a maior força muscular possível, são ati-
vadas todas as unidades motoras disponíveis, ou o máximo possível delas. 
De acordo com Fleck e Kraemer (2017), pode-se aumentar a força pelo recru-
tamento de mais unidades motoras, pelo aumento na frequência de disparo da 
unidade motora ou, até mesmo, pela somação de ondas. Além disso, Gabriel, 
Kamen e Frost (2006) afirmam que existem evidências de que o padrão de 
ativação das unidades motoras pode ser, na produção de aumentos na força 
muscular, tão importante quanto o número de unidades motoras ativadas 
ou a frequência de ativação. Portanto, a produção de força máxima requer o 
recrutamento de todas as unidades motoras (inclusive as de alto limiar), que 
devem ser recrutadas a uma taxa de disparo suficientemente alta, para que a 
força máxima seja gerada de modo suficiente (FLECK; KRAEMER, 2017).
Estudos demonstram que os seres humanos são incapazes de, voluntaria-
mente, ativar os músculos por completo. Para designar possíveis limitações 
quanto ao recrutamento da unidade motora ou à taxa de disparo, emprega-se o 
nome ativação incompleta da unidade motora. Em uma contração máxima, 
um ou mais estímulos supramáximos são entregues ao músculo para ativar 
quaisquer fibras musculares ainda não ativadas pela contração voluntária. 
Sendo assim, a ativação total do músculo não é possível durante o esforço 
máximo. Porém, a magnitude da ativação muscular geral aumenta com o 
treinamento, e essa melhora da ativação muscular pode resultar em maiores 
taxas de descarga (GABRIEL; KAMEN; FROST, 2006). Portanto, uma parte 
das adaptações ao treinamento de força é o desenvolvimento da capacidade 
de se recrutarem todas as unidades motoras e aumentar-se a taxa de disparos, 
o qual, em certa medida, pode ter relação com a redução da inibição neural à 
produção de força máxima (FLECK; KRAEMER, 2017).
Outro fator neural capaz de implicar incrementos na produção de força é 
a maior sincronização da ação das unidades motoras, sendo essa adaptação 
também observada após o programa de treino de força. Segundo Fleck e 
Kraemer (2017), o treinamento parece aumentar o período em que todas as 
unidades motoras podem estar ativadas em uma faixa de até 30 segundos. 
Esse tipo de adaptação pode não acarretar aumento na força máxima, mas 
pode ajudar a mantê-la por mais tempo.
Para Gabriel, Kamen e Frost (2006), a contração de um músculo agindo 
como agonista resulta no movimento do membro na direção desejada, e 
um músculo agindo como antagonista se opõe ao movimento do agonista. 
A coativação dos músculos antagonistas é frequentemente observada quando 
altos níveis de força são aplicados; em algumas ocasiões, esse fenômeno ocorre 
em um grau próximo ao de um movimento em que seriam agonistas. Porém, 
Adaptações neurais ao treinamento de força4
há estudos que apresentam um aumento nos níveis de força de alguns grupos 
musculares após treinamento, sem que a ativação dos músculos agonistas seja 
alterada em longo prazo (BRENTANO; PINTO, 2001). As alterações na ativi-
dade muscular antagonista são uma das adaptações associadas ao treinamento 
de força mais incompreendidas. A literatura sugere que, na coativação dos 
antagonistas, existe uma diminuição pequena, mas significativa, ocorrendo 
durante os estágios adiantados do treinamento de força, sendo ela apontada 
como uma adaptação que não provoca hipertrofia do sistema neuromuscular 
(MAIOR; ALVES, 2003). De acordo com Bentrano e Pinto (2001), analisando-
-se as causas do fenômeno da coativação, é possível inferir que essa inibição 
ocorre basicamente porque o indivíduo aprende e coordena os movimentos, o 
que proporciona aumentos na força produzida pela musculatura agonista sem 
que sejam observadas maiores ativações dessa musculatura.
Como resultado das adaptações neuromusculares, a ativação de todas as 
unidades motoras em todos os músculos envolvidos em certo movimento é 
coordenada ou aprimorada para resultar em força ou potência máxima. Sendo 
assim, o treinamento contribui para uma melhor coordenação de movimentos, 
com produção de força máxima e submáxima. Essa coordenação de unidades 
motoras em todos os músculos envolvidos em um movimento é influenciada 
tanto pela velocidade quanto pelo tipo de ação muscular. Além disso, o sis-
tema nervoso central também consegue limitar a força por meio de ativaçãode mecanismos inibitórios, podendo ser considerado um fator de proteção. 
Ainda, o treinamento pode resultar em mudanças na ordem de recrutamento 
das fibras em agonistas e antagonistas, ou produzir uma diminuição da ini-
bição, evento que pode ser capaz de auxiliar no desempenho de alguns tipos 
de ações musculares (FLECK; KRAEMER, 2017).
Os mecanismos reflexos de proteção que inibem a ação muscular, como os órgãos 
tendinosos de Golgi, são apontados como fatores limitantes da produção de força 
muscular. Sendo assim, a ativação da musculatura antagonista imediatamente antes 
da realização do exercício pode ser mais eficaz no aumento de força em baixas velo-
cidades se comparada a um programa em que a pré-contração dos antagonistas não 
é realizada. Isso ocorre porque essa pré-contração é capaz de inibir os mecanismos 
protetores neurais, permitindo a execução de ações musculares mais intensas (FLECK; 
KRAEMER, 2017).
5Adaptações neurais ao treinamento de força
Embora as adaptações neurais possam resultar sobretudo em aumentos na 
força muscular, ainda não se sabe de forma precisa como todos os mecanismos 
neurais interagem para gerar tal incremento. Além disso, é possível que exista 
uma elevada variabilidade entre as pessoas em relação a esses mecanismos 
associados à produção de força (FLECK; KRAEMER, 2017). 
Em vista disso, pode-se afirmar que uma maior ativação neural oriunda 
do treinamento de força implica diferentes respostas adaptativas na muscu-
latura esquelética. Desse modo, sugere-se que a maior manifestação a essas 
adaptações neurais ao treinamento é o aumento na força muscular, que pode 
ser considerado o principal efeito sobre o desempenho motor.
2 Os efeitos das adaptações neurais 
sobre a performance motora
O treinamento de força é capaz de gerar estímulos que promovem aumento 
na força máxima. A produção repetida de força pelos músculos esqueléticos 
em níveis acima dos encontrados nas atividades diárias recruta mais unidades 
motoras e, consequentemente, ocasiona maior tensão muscular. Desse modo, 
o aumento na força é proporcional à quantidade de sobrecarga aplicada durante 
o treinamento de força. Sendo assim, os maiores níveis de força muscular 
após o treinamento de força são respostas decorrentes das adaptações neuro-
musculares, entre as quais figura uma maior ativação neural da musculatura 
(MAIOR; ALVES, 2003).
Para Maior e Alves (2003), a força pode ser caracterizada pela habilidade 
do sistema nervoso de ativar os músculos envolvidos em determinados mo-
vimentos. Portanto, os ganhos em força estão relacionados ao sistema ner-
voso por meio das adaptações neurais. Conforme apresentado anteriormente, 
as adaptações neurais compreendem basicamente três fenômenos que in-
fluenciam o incremento da força muscular: o aumento do número de unidades 
motoras recrutadas, o aumento da frequência de disparo dessas unidades 
motoras e a redução na coativação dos grupos musculares antagonistas ao 
movimento (BRENTANO; PINTO, 2001). 
Principalmente em um período inicial de treinamento, podem-se verificar 
adaptações relativas ao padrão de recrutamento das unidades motoras dos 
grupos musculares agonistas. Nessa fase do treinamento, além da importância 
do componente neural sobre incrementos em força na musculatura agonista, 
sugere-se que o fenômeno da coativação também é inibido para que haja a 
aprendizagem e a coordenação dos movimentos (BRENTANO; PINTO, 2001).
Adaptações neurais ao treinamento de força6
A literatura aponta a adaptação neurológica como a primeira resposta ao 
treinamento de força. Como se pode ver no Quadro 1, o aumento inicial na 
força muscular ocorre mais rapidamente do que o ocorrido na hipertrofia 
muscular, relacionando-se ao aprendizado motor. Sendo assim, no início do 
treinamento de força, acontece o desenvolvimento da coordenação intramus-
cular e intermuscular, a sincronização (quando todas as fibras musculares 
ativas são recrutadas ao mesmo tempo), o maior nível de estimulação neural 
e o aumento no recrutamento de unidades motoras. Após a ocorrência dessas 
adaptações em níveis neurais sobre a força muscular, os fatores hipertróficos 
passam a ter maior influência. Estudos demonstram que os ganhos de força 
ocorrem dentro de um prazo de 4 a 8 semanas de treinamento, apresentando 
aumentos na força resultantes das adaptações neurais significativas, sem 
alterações no tamanho muscular (MAIOR; ALVES, 2003). 
Fonte: Adaptado de Maior e Alves (2003).
População Ganhos de força (%)
Destreinados 40%
Moderados 20%
Treinados 16%
Avançados 10%
Elite 2%
Quadro 1. Os ganhos de força de acordo com a progressão do treinamento
Indivíduos treinados em força devem ter ajustes mais frequentes e diversificados 
na planilha de treinamento em relação às suas variáveis (como volume, intensidade, 
recuperação e ações musculares) e/ou à adoção de novos métodos (como pliometria, 
levantamentos olímpicos e treinamentos complexos) a fim de que haja a continuidade 
das adaptações neurais já alcançadas nas fases iniciais do programa (IDE et al., 2014).
7Adaptações neurais ao treinamento de força
O drive neural pode ser definido como uma medida da quantidade e 
da amplitude dos impulsos elétricos nervosos direcionados aos músculos. 
Na literatura, há dados demonstrando que um aumento no drive neural máximo 
para um músculo pode implicar incrementos na capacidade de produção de 
força. Por outro lado, estudos demonstram que, após o treinamento, menos 
unidades motoras podem ser necessárias para se levantar uma carga igual 
à levantada no momento pré-treinamento. Assim, na fase inicial do treino, 
pode-se ver um de seus efeitos: uma quantidade maior de força pode ser de-
senvolvida por área de seção transversal muscular. Portanto, se um programa 
progressivo de força não for usado para recrutar mais unidades motoras após 
essa primeira fase de adaptação ao treino, será observado um platô ou um 
progresso limitado. Sendo assim, Fleck e Kraemer (2017) afirmam que devido 
a uma melhor ativação do músculo ou a um padrão de recrutamento mais efi-
ciente das fibras musculares, faz-se necessário um menor drive neural para se 
produzir qualquer força submáxima após programas de treinamento de força.
Sugere-se que os aumentos na força muscular relacionados ao treinamento 
estão associados também a uma redução na coativação antagonista, isto é, 
a ativação dos antagonistas é reduzida em alguns movimentos, resultando no 
incremento da força dos agonistas. Como a atividade muscular antagonista 
está associada a uma força que se opõe à direção desejada do movimento, 
reduções na coativação antagonista permitiriam que a força muscular agonista 
se manifestasse sem o impedimento da contração do grupo muscular oposto 
(GABRIEL; KAMEN; FROST, 2006). Dessa forma, o treinamento de força 
causa um aumento na inibição dos antagonistas, e essa redução da coativação 
explica parte dos ganhos de força atribuídos aos fatores neurais (MAIOR; 
ALVES, 2003).
Por outro lado, a potência máxima descreve o nível mais alto de força 
(trabalho/tempo) alcançado nas contrações musculares. De uma perspectiva 
aplicada, a potência máxima representa a maior potência instantânea durante 
um único movimento realizado com o objetivo de se produzir velocidade 
máxima na decolagem, na liberação ou no impacto. A capacidade superior 
de se gerar potência máxima normalmente acarreta melhor desempenho 
físico, sendo o incremento na potência uma resposta do treinamento de força. 
Cormie, McGuigan e Newton (2011) afirmam que a potência muscular máxima 
é influenciada por uma ampla variedade de fatores neuromusculares advindos 
do treinamento, incluindo recrutamento de unidades motoras, frequência de 
disparo, sincronização e coordenação intermuscular. 
Adaptações neurais ao treinamento de força8
Existem três teorias comuns de adaptação no recrutamento de unidades 
motoras que pode ocorrer em resposta ao treinamento. Sugere-se que o treina-
mento resulta em aumento do recrutamento de unidadesmotoras, recrutamento 
preferencial de unidades motoras de alto limiar e/ou redução dos limiares de 
recrutamento de unidades motoras. Todas essas possíveis adaptações atuariam 
para aumentar a ativação do agonista, implicando aumento na tensão do mús-
culo e, consequentemente, melhora da produção de potência. Por outro lado, 
há dados disponíveis apontando que o aumento da frequência máxima de 
disparo das unidades motoras pode contribuir para melhorar o surgimento de 
força e potência, especialmente nas fases iniciais do treinamento. O treinamento 
também é capaz de gerar maior sincronização, que é teorizada como uma 
adaptação do sistema nervoso que auxilia na coativação de vários músculos 
diferentes, a fim de melhorar a potência. Ainda, a capacidade de se gerar 
potência máxima durante os movimentos é consideravelmente influenciada 
pela coordenação intermuscular, sendo essa um fenômeno que descreve a 
ativação apropriada dos músculos agonistas, sinergistas e antagonistas durante 
um movimento (CORMIE; MCGUIGAN; NEWTON, 2011).
Outras adaptações estão relacionadas ao incremento na potência. Como os 
sinergistas desempenham um papel na produção máxima de potência, teoriza-
-se que a ativação e/ou a coordenação aprimoradas dos músculos sinérgicos 
podem contribuir para melhorias de desempenho após o treinamento. Além 
disso, devido ao fato de que a coativação excessiva de antagonistas pode 
influenciar negativamente a capacidade de se realizarem movimentos com 
potência máxima, sugere-se que uma redução na coativação antagonista durante 
movimentos tão complexos contribuiria para melhorias na potência máxima 
após o treinamento (CORMIE; MCGUIGAN; NEWTON, 2011).
Contudo, a coordenação intramuscular pode ser considerada um dos fatores 
decorrentes da adaptação neurogênica e está relacionada à função repre-
sentada pelas unidades motoras nesse processo. A melhora da ativação das 
unidades motoras compreende uma das primeiras alterações adaptativas no 
sistema neuromuscular. Em relação à melhoria das funções intramusculares, 
o aumento da capacidade de um músculo de mobilizar um maior número de 
unidades motoras causa uma maior capacidade de desenvolvimento de força 
de contração. Ou seja, ao contrário do que se observa em destreinados, que 
apenas têm a capacidade de colocar simultaneamente em ação um determinado 
percentual de fibras musculares ativáveis, a melhora na coordenação intramus-
cular promove uma maior quantidade de fibras musculares contráteis ativadas 
9Adaptações neurais ao treinamento de força
sincronizadamente. Como consequência, ocorre um maior recrutamento de 
unidades motoras, bem como uma maior força total do músculo. No início do 
programa de treinamento de força, constata-se a importância da existência da 
coordenação intramuscular para todas as modalidades esportivas, sobretudo 
para aquelas que exigem potência e força (MAIOR; ALVES, 2003).
Por outro lado, a coordenação intermuscular ocorre quase juntamente com 
a coordenação intramuscular, diferenciando-se dessa devido à ocorrência de 
ajustes entre as musculaturas envolvidas em um ato motor. O aprimoramento 
das capacidades coordenativas dos sistemas musculares acontece por meio do 
aumento da inervação nas musculaturas, o qual ocorre por causa da melhoria 
da coordenação dos grupos musculares participantes de um determinado 
movimento. Portanto, a coordenação intermuscular representa a cooperação de 
diversos músculos em relação a um movimento a ser produzido. Sendo assim, 
ela é de muita importância em esportes que demandam altos níveis de força e 
técnica, nos quais ocorre associação entre a eficiência e a coordenação motora. 
Além disso, segundo Maior e Alves (2003), a coordenação intermuscular 
aparece também como ferramenta de incremento da força.
No que diz respeito aos aspectos relacionados ao treinamento, tem-se 
recomendado que o conceito de sobrecarga progressiva seja modificado para 
o de treinamento periodizado, em que são usadas variações nas cargas e no 
volume de exercício, pois esse método pode propiciar uma melhor recuperação 
de determinadas fibras musculares. Com o aumento da força muscular ao longo 
de um programa de treinamento, o uso de cargas pesadas, moderadas e leves 
promove certa recuperação, visto que não recruta intensamente algumas fibras 
musculares específicas em dias de treinamento de leve a moderado. Da mesma 
forma, um aumento de tensão por área muscular ativada teria potencial de 
provocar um estímulo fisiológico para ganhos de força e crescimento tecidual. 
Portanto, os dias de treinamento de alta intensidade podem ativar ao máximo 
a musculatura disponível, mas, ao se alterarem as intensidades de treino ao 
longo do tempo, podem-se minimizar tanto o overtraining quanto uma falta de 
recuperação. Essas manipulações de treinamento periodizado são consideradas 
importantes quando se objetivam ganhos de força, especialmente com aumento 
do nível de condicionamento ou treinamento (FLECK; KRAEMER, 2017).
Adaptações neurais ao treinamento de força10
Em suma, as adaptações neurais resultantes do treinamento de força são 
capazes de gerar respostas que influenciam no desempenho motor dos indi-
víduos. Dentre elas, ganham destaque os ganhos em força, embora também 
se possam verificar melhorias em potência, coordenação e técnica. Para que 
sejam avaliados os mecanismos adaptativos que geram esses efeitos, diferentes 
métodos são empregados tanto na ciência quanto na prática. Atualmente, duas 
técnicas são predominantemente utilizadas com o intuito de se verificarem 
as adaptações neurais advindas do treinamento, sendo uma delas um método 
mais simples e de acesso mais facilitado e outra, de maior nível de sofisticação 
e acesso laboratorial.
3 Avaliação das adaptações neurais
A força pode aumentar em consequência de adaptações neurais mesmo com 
pequenas mudanças na hipertrofia do músculo, em especial nas primeiras 
semanas de treino. Sendo assim, diferentes técnicas podem ser utilizadas para 
a demonstração desse fenômeno (FLECK; KRAEMER, 2017).
Na maioria dos casos, a eletromiografia (EMG) é utilizada para se avalia-
rem as adaptações neurais geradas pelo treinamento de força. Os fenômenos 
neurais relacionados ao aumento do número de unidades motoras recrutadas 
e ao aumento da frequência de disparo dessas unidades motoras influen-
ciam na amplitude e na densidade do sinal eletromiográfico (BRENTANO; 
PINTO, 2001). De acordo com Fleck e Kraemer (2017) e Ocarino et al. (2005), 
a EMG é uma técnica que permite o registro dos sinais elétricos gerados pela 
despolarização das membranas das células musculares. Ou seja, essa técnica 
possibilita o registro da atividade muscular durante o movimento. O sinal 
do método de EMG compreende o somatório dos potenciais de ação oriun-
dos das unidades motoras ativas que são lançados para a superfície da pele. 
Incrementos na amplitude do sinal representam o aumento na capacidade de 
recrutamento de unidades motoras. Já o aumento na frequência de disparos 
representa o incremento na velocidade de condução dos potenciais de ação 
das unidades motoras ativas de maior diâmetro, como se pode observar na 
Figura 3 (IDE et al., 2014).
11Adaptações neurais ao treinamento de força
Figura 3. Eletromiografia do músculo vasto lateral, de indivíduo não treinado em força e 
de indivíduo treinado em força, sobre 3 repetições com intensidades de 30%, 50% e 70% 
da contração voluntária máxima (CVM) e uma CVM em isometria por aproximadamente 
3 segundos. 
Fonte: Ide et al. (2014, documento on-line).
O uso da EMG de superfície apresenta uma série de vantagens, uma vez 
que é um método não invasivo, seguro e fácil que permite a quantificação da 
atividade elétrica muscular. É importante salientar que, para o controle das 
interferências no sinal eletromiográfico, são essenciais a minimização da im-
pedância, a amplificação diferencial, a rejeição do modo comum e a filtragem. 
Além disso, para que seja realizada uma análise crítica dos dados, devem-seconsiderar os processos utilizados para quantificação e normalização dos 
sinais eletromiográficos. Isso é importante porque processos de quantificação 
e normalização distintos podem conduzir a resultados diferentes. Segundo 
Ocarino et al. (2005), quando todos esses fatores são considerados, a EMG 
se torna uma ferramenta amplamente adequada para o registro da atividade 
elétrica muscular.
Adaptações neurais ao treinamento de força12
Também se podem verificar variáveis adicionais relacionadas ao sinal 
eletromiográfico. Na avaliação das adaptações neurais relativas à potência, é 
importante a taxa de aumento do sinal EMG em determinados intervalos (por 
exemplo, 100ms, 500ms). Esse fenômeno é capaz de evidenciar uma melhora 
na capacidade de recrutamento rápido de um determinado grupo muscular 
(CADORE; PINTO; KRUEL, 2012). Um método de estudo de padrões de coa-
tivação entre grupos musculares antagônicos usa um coeficiente de correlação 
cruzada entre os sinais eletromiográficos agonista e antagonista. O coeficiente 
de correlação cruzada varia de 0 a 1. Um alto coeficiente de correlação cruzada 
indica que os dois músculos têm formas de ação da unidade motora e taxas de 
disparo semelhantes (GABRIEL; KAMEN; FROST, 2006). Ainda, os sinais 
eletromiográficos obtidos antes e depois de um programa de treinamento 
podem determinar o fenômeno de economia neuromuscular. De acordo com 
Fleck e Kraemer (2017), se resultado é verificado por meio da comparação 
dos valores obtidos em cada momento sobre uma mesma carga submáxima. 
Outra adaptação neural detectada pela EMG é a melhora na economia neuromuscular. 
Em estudo realizado em 2010, observou-se uma redução no sinal EMG normalizado a 
40%, 60% e 80% da força máxima isométrica (CIVM) pré-treinamento no vasto lateral e 
a 60% e 80% no reto da coxa, após treinamento de força em idosos. Esses resultados 
sugerem que, para a mesma carga absoluta, esses indivíduos precisaram de um menor 
número de unidades motoras para realizar o esforço no momento pós-treinamento 
(CADORE et al., 2010)
Em resumo, pode-se inferir que o treinamento de força acarreta um aumento 
na amplitude do sinal da EMG, bem como uma redução no sinal normalizado 
para a mesma carga submáxima. Esse aumento está relacionado às adaptações 
neurais ao treinamento de força, já que tal incremento ocorre paralelamente 
ao aumento na força máxima (CADORE; PINTO; KRUEL, 2012).
13Adaptações neurais ao treinamento de força
Mais recentemente, outro método de avaliação passou a ser utilizado na 
verificação do aspecto neural ao treinamento de força. Como se pode observar 
na Figura 4, a ressonância magnética (RM) é capaz de verificar as proporções 
ativadas e inativadas dos músculos (BRENTANO; PINTO, 2001). A imagem 
por RM possibilita a visualização dos grupos musculares inteiros, e os mús-
culos ativados podem ser observados mediante alterações nas imagens, antes 
e depois dos exercícios. As imagens obtidas por meio dessa técnica mostram 
que a ativação muscular pode ter relação direta com o desenvolvimento de 
força resultante de ações musculares geradas por ações voluntárias e por 
estimulação elétrica de superfície (FLECK; KRAEMER, 2017).
Sugere-se que a maior vantagem da utilização de imagens de RM é a pos-
sibilidade de avaliar-se a musculatura que não está posicionada na superfície, 
diferentemente da EMG de superfície, que permite apenas a avaliação dos 
músculos superficiais (BRENTANO; PINTO, 2001). 
Figura 4. Imagens de ressonância magnética da porção média da coxa antes e depois de 
exercício de extensão de joelhos. A cor mais clara da condição após o exercício demonstra 
a quantidade de ativação e exatamente onde ela foi mais intensa. 
Fonte: Fleck e Kraemer (2017, p. 95).
Adaptações neurais ao treinamento de força14
Apesar de as técnicas de avaliação das adaptações neurais ao treinamento 
de força serem, na maior parte dos casos, aplicadas no âmbito da ciência, 
muitas vezes a utilização na prática pode ser de grande utilidade. Por meio 
delas, podem-se verificar tanto a ativação muscular em resposta aos exer-
cícios realizados quanto as respostas ao treinamento ao longo do tempo. 
Cronicamente, o treinamento de força promove aumento na capacidade de 
recrutamento de unidades motoras e maior frequência de disparos delas, sendo 
esses fenômenos evidenciados mediante tais técnicas. Além disso, a redução 
na coativação dos grupos musculares antagonistas ao movimento também é 
considerada uma resposta neural ao treinamento e, juntamente com as demais 
adaptações relacionadas às unidades motoras, influenciam de forma direta o 
incremento da força muscular. 
BRENTANO, M. A.; PINTO, R. S. Adaptações neurais ao treinamento de força. Revista 
Brasileira de Atividade Fisíca & Saúde, v. 6, nº. 3, 2001. Disponível em: http://rbafs.org.br/
RBAFS/article/view/946/1248. Acesso em: 29 mar. 2020. 
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15Adaptações neurais ao treinamento de força
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Leitura recomendada
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