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Pré e Pós-Operatório 1 Pré e Pós-Operatório PREVALÊNCIA 5 REVISÃO Em geral, o risco cirúrgico de pacientes saudáveis é extremamente baixo. Sendo assim, é importante estratificar o risco por critérios objetivos. Um dos passos mais importantes ao lidar com o paciente pré-cirúrgico é a avaliação da sua capacidade funcional, refletida no que o paciente desempenha no dia a dia, ou, então, no quão comprometidas estão as atividades básicas do paciente. O termo METS refere-se ao equivalente metabólico tolerado pelo paciente. É uma forma de quantificar a tolerância do paciente em estresse e demanda energética/metabólica (através da estimativa do consumo de oxigênio/kg/min), sendo avaliado a partir das atividades diárias do paciente, no intuito de inferir a sua capacidade funcional habitual. Para avaliar, consideramos as atividades diárias e seues equivalentes metabólicos: Caminhar uma quadra ou duas no plano 2.5 Fazer trabalhos leves em casa, como juntar o lixo e lavar a louça 2.5 Fazer trabalhos moderados em casa, como passar o aspirador de ó, varrer o chão ou guardar/carregar mantimentos 3.5 Fazer trabalhos no jardim/quintal, como usar o rastelo, juntar folhas ou usar a máquina de cortar grama 4.5 Subir um lance de escada ou caminhar em uma subida 5.5 Participar de atividades esportivas, como natação, tênis individual ou futebol 7.5 Fazer trabalhos pesados em casa, como esfregar/lavar o piso, levantar ou deslocar móveis pesados 8 Correr uma distância curta 8 Pré e Pós-Operatório 2 Uma cirurgia sob anestesia geral exige, no mínimo, 4 METS. Um paciente que tolere 4 METS tem melhor prognóstico coronariano e essa é uma das melhores formas de avaliar o paciente do ponto de vista cardiovascular. Esse paciente só necessitará de avaliação escializada se outro dadoapontar para um risco elevado cardiovascular. Já pacientes que não toleram 4 METS são considerados de alto risco cardiovascular e devem passar por avaliação especializada. A escala de Karnofsky valia o paciente em seu Performance Status. No entanto, avalia não numa situação de demanda energética, como o METS, mas sim o quão comprometido está o estado basal do paciente. A classificação parte de 100% no paciente normal e vai descrescento a partir do quão comprometido o paciente está. Até 70%, o paciente tem capacidade de autocuidado. Entre 40 e 60%, o paciente tem necessidade de auxílio de cuidadores. Entre 20 e 30%, o paciente necessita de cuidados hospitalares. A classificação é feita da seguinte forma: 100% normal, sem doença. 90% normal, com poucos sintomas da doença. 80% normal, com algumas dificuldades pela doença. 70% capaz de autocuidado, mas incapaz de atividade normal ou trabalho. 60% autocuidado pouco, dependente de ajuda. 50% ajuda frequentemente necessitada e atenção médica frequente. 40% incapaz, necessita de cuidados especiais. 30% gravemente incapaz, necessitando de hospitalização mas sem risco de morte. 20% muito odente, necessita de hospitalização imediata para suporte ou tratamento. 10% moribundo, rápida progressão a óbito. 0% óbito. Pré e Pós-Operatório 3 A classificaçao ASA classifica o paciente em 4 graus, de acordo com o seu estado físico e comorbidades. Essa classificação tem valor prognóstico (quanto maior o ASA, pior o prognóstico e maior a mortalidade) e também serve de norte para cuidados pré-operatórios. A classificação é feita da seguinte forma: ASA I Paciente hígido. Sem comorbidades, não tabagista, não etilista. ASA II Doença sistêmica leve. Doença sistêmica leve semlimitação funcional. Tabagista ativo, etilismo social, gestação, obesidade grau I e II, DM controlado, hAS controlado. ASA III Doença sistêmica grave. Doença sistêmica grave com limitação funcional. DM ou HAS não controlados, obesidade grave, marcapasso, doença renal crônica não dialítica, DPOC, IAM e AVC há mais de 90 dias. ASA IV Doença sistêmica grave que é risco constante à vida. IAM e AVC há menos de 90 dias, aangin instável, disfunção valvar grave, sepse, doença renal crônica dialítica. ASA V Moribundo, que não irá sobreviver sem a cirurgia. Aneurisma aórtico roto, politrauma, hemorragia intracraniana com efeito de massa. ASA VI Morte encefálica. Paciente que será submetido à cirurgia de captação de órgãos. Adicionar a letra E a cirurgias de urgência/emergência. De acordo com comorbidades, o paciente pode precisar de exames complementares específicos, assim como de acordo com a sua idade e a cirurgia proposta. Os exames mais solicitados em pré-operatório de rotina são: Hemograma completo. Ureia e creatinina. Sódio e potássio. Glicemia de jejum. Coagulograma. Pré e Pós-Operatório 4 Radiografia de tórax. Eletrocardiograma. Pacientes 40 anos, ASA 1 não necessitam de exames complementares. Em relação às comorbidades, temos que: Pacientes com HAS devem ter solicitados ECG, função renal e eletrólitos. Pacientes com IC devem ter solicitado o ecocardiograma. A presença de IC por si só já configura alto risco cardiovascular, sobretudo se na presença de disfunção valvar importante. As coronariopatias são doenças de alto risco cardiovascular, necessitando de avaliação especializada do cardiologista no pré-operatório. Pacientes com angina estável devem ter a avaliação clínica com METS realizada. Pacientes com angina instável são de muito alto risco cardiovascular e só devem ser operados em situações de exceção ou emergência. Pacientes com IAM recente pós revascularização funcionam como pacientes com angina estável. A investigação complementar inclui ecocardiograma de estresse, cintilografia miocárdica, angiotomografia coronarian ou cineangiocoronariografia. Pacientes com bradiarritmias devem ter uma estratégia de manejo clara da FC, com atropina a postos, se necessário, para a cirurgia. Pode ser necessário o uso de marca-passo transcutâneo ou transvenoso. Pacientes com taquiarritmias devem estar em uso correto dos fármacos para ccontrol da FC. Nas ditas arritmias de alto grau há um alto risco cardiovascular associado. Pacientes com DPOC devem passar por avaliação pelo pneuomlogista, ccomplementada com espirometria. Pacientes com asma se benificiam de uma terapia inalatória pré e pós- operatória com beta-2-agonista de longa duração e corticóide inalatória. A DM traz risco aumentado de eventos desfavoráveis no pós-operatório. Deve-se dosar a glicemia de jejum e a HbA1c no pré-operatório, além de ECG, hemograma, função renal e eletrólitos. O risco cardiovascular refere-se à tentativa de identificar fatores de risco para a ocorrência de eventos CV maiores no pós-operatório, como a SCA e, a partir Pré e Pós-Operatório 5 daí, prossegue-se à investigação ou terapia cardiovascular no pré-operatório. Os principais achados de alto risco CV são: IAM recente 60 dias. Angina instável. Arritmias de alto grau. Doença valvar hemodinamicamente relevante. METS 4. Pacientes com alto RCV devem recever AAS e sinvastatina. Se tolera 4 METS mas tem fatores de risco, deve ser submetido a um teste de esforço. Se não tolera 4 METS e tem fatores de risco, deve-se realizar teste com estresse farmacológico. Além disso, pode ser necessário um exame mais profundo e específico, ocmo angioTC coronária ou cineangiocoronariografia. Pacientes com hb 7 (anemia significativa) devem receber concentrado de hemácias no pré-operatório. Transfunde-se mais precocemente (hb 9 em casos específicos, como coronariopatas ou cirurgia de alto risco específico de sangramento. Plaquetopenias 50.000 devem ser corrigidas — cirurgias oftalmológicas e neurocirurgias usam 100.000 como corte. Coagulopatias com INR 1,5 também devem ser corrigidas com transfusão de plasma fresco congelado — se em tempo hábil, a injeção de vitamina K por 3 idas pode corrigir o problema e, assim, economizar a necessidade do plasma. No que diz respeito aos medicamentos, no geral são mantidos. Algumas drogas, porém, devemser ajustadas, substituídas ou suspensas. O AAS tem tendência a ser mantido, uma vez que o benefício de proteção CV vence o risco de sangramento promovido pela medicação. Entretanto, em casos de baixo RCV e/ou alto risco de sangramento cirúrgico (como neurocirurgias ou cirurgias oftalmológicas), pode ser suspenso 7 dias antes. O clopidogrel é rotineiramente suspenso 5 dias antes do prorcedimento. A dupla antiagregação plaquetária AAS clopidogrel é suspensa de 7 a 10 dias antes da cirurgia. A varfarina é um potente anticoagulante e eleva muito o risco de sangramento intraoperatório. Deve ser descontinuada pelo meno 5 dias antes do procedimento e é necessário verificar o INR nesse intervalo o Pré e Pós-Operatório 6 paciente é mantido sob anticoagulação com heparinização plena. Quando necessário, para reversão da anticoagulação por varfarina, pode-se utilizar a reposição de vitamina K por 3 dias ou transfusão de plasma fresco congelado. As heparinas são suspensas 12h antes do procedimento e reintroduzidas de 12 a 24h após. A rivaroxabana devem ser interrompidos 24 a 28h antes do procedimento. Os corticoides sistêmicos de uso crônico têm importância relacionada à supressão suprarrenal induzida pelo fármaco, expondo o paciente ao risco de insuficiência suprarrenal no pós-operatório devido à demanda de produção de corticoide endógeno pós trauma cirúrgico. Nesses casos, o corticoide sistêmico deve ser mantido no pré-operatório e sua dose deve ser elevada no intra e pós-operatório por, pelo menos, 48h. Os hipoglicemiantes são suspensos e substituidos por insulinoterapia na internação. Pacientes em uso prévio de insulina devem ter a dose reduzida a metade a 2/3 da original. A avaliação do estado nutricional do paciente é feita a partir de uma história clínica completa e exame físico minucioso. Existe um modelo de avaliação chamado Avaliação Subjetiva Global (avaliação de Detsky) utilizado para isso. Avaliam-se os seguintes parâmetros: padrão de apetite e ingesta, sintomas GI, capacidade funcional, estresse e demanda metabólica, associados a dados específicos de exame físico, como perda de gordura/massa muscular e edema de partes moles. O sintoma mais importante de desnutriçõa é a perda ponderal não intencional de 5% do peso em 1 mês ou 10% em 6 meses. O paciente desnutrido deve ser submetido a uma reabilitação nutricional por, pelo menos 10 a 14 dias no caso de doenças oncológicas ou por 3 semanas no caso de doenças benignas. No pré-operatório podemos detectar dados que apontam o risco de uma via aérea difícil. O primeiro dado é a classificação de Mallampati. Os graus III e IV apontam para uma via aérea difícil. Mallampati I palato mole, úvula, fauces e pilares amigdalianos visíveis. Pré e Pós-Operatório 7 Mallampati II palato mole, fauces e maior parte da úvula visíveis. Mallampati III palato mole, fauces e base da úvula visíveis. Mallampati IV apenas palato duro visível. Também apontam para via aérea difícil outros dados clínicos, como anquilose cervical, obesidade cervical anterior (ˮpapoˮ), microstomia e abertura oral inadequada, alteraçõa anatômica orofaríngea/glótica (como tumores). Se histórico, mesmo que relatadao, de intubação prévia com dificuldade, o paciente é considerado com via aérea difícil.
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