Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU BACHARELADO EM FARMÁCIA R TECNOLOGIAS E METODOLOGIAS PARA SÍNTESE DE FÁRMACOS ARAPIRACA-AL 2023 RAYLA KARLA DE ARAÚJO COSTA - 01343917 TECNOLOGIAS E METODOLOGIAS PARA SÍNTESE DE FÁRMACOS Trabalho enviado à disciplina de Planejamento e Síntese Molecular/Biotecnologia, ministrada pelo professor Jose Willian de Almeida Silva para obtenção de nota. ARAPIRACA - AL 2023 TECNOLOGIAS PARA SÍNTESE DE FÁRMACOS A introdução de novas tecnologias na produção de medicamentos é cada dia maior e mais importante sob o aspecto da qualidade, de modo a produzir medicamentos que atendam às suas especificações e às exigências das autoridades sanitárias quanto a eficácia e segurança, bem como para a descoberta de novos fármacos e transformação destes em novos medicamentos. Para tanto as empresas devem buscar novas tecnologias e profissionais capacitados para trabalhar com estas inovações. O principal objetivo de se adquirir conhecimento tecnológico é melhorar a capacidade tecnológica da empresa e por consequência a sua sofisticação tecnológica, além de absorver a nova tecnologia, as empresas devem ser capazes de adaptá-la e melhorá-la. Nos dias de hoje vários são os fatores que motivam a grande competição na indústria farmacêutica, dentre os quais podemos citar: a elevação dos custos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D&I) de novos medicamentos, o avanço dos medicamentos genéricos, e a ampliação dos mecanismos públicos e privados de regulação com o objetivo de reduzir custos com a aquisição de medicamentos. Em resposta a esses fatores, as companhias farmacêuticas globais usam novas estratégias comerciais como as grandes operações de fusões e aquisições, principalmente de empresas de biotecnologia e de pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Dentre todas novas tecnologias que surgiram, podemos mencionar duas, são elas: Inteligência Artificial (IA) e Nanotecnologia. ✔ Inteligência Artificial (IA) A inteligência artificial pode ser utilizada em todas as etapas do processo de desenvolvimento de medicamentos, desde a descoberta até o teste clínico e a produção. A descoberta de novos medicamentos é um processo demorado e caro. A IA pode ajudar a acelerar esse processo ao analisar grandes conjuntos de dados e identificar moléculas promissoras que possam ser usadas como base para novos medicamentos. Essa análise pode ser feita com muito mais rapidez e precisão do que se fosse feita manualmente. Uma vez que uma molécula promissora tenha sido identificada, a IA pode ser usada para ajudar no processo de desenvolvimento do medicamento. Por exemplo, a IA pode ser usada para projetar moléculas mais eficazes e seguras, bem como para prever os efeitos colaterais e as interações medicamentosas. Os testes clínicos são uma parte crucial do processo de desenvolvimento de medicamentos, mas podem levar anos e custar milhões de dólares. A IA pode ser usada para acelerar esse processo ao identificar pacientes adequados para testes clínicos e prever quais pacientes terão uma resposta positiva ao medicamento. A IA também pode ser usada na produção de medicamentos para otimizar os processos de fabricação e garantir a qualidade e a segurança dos medicamentos produzidos. A aplicação da inteligência artificial na indústria farmacêutica tem o potencial de trazer muitos benefícios, incluindo: a) Descoberta de Novos Medicamentos: A IA pode ajudar a identificar novas moléculas promissoras para o desenvolvimento de medicamentos, o que pode levar à descoberta de novos tratamentos para doenças. b) Aceleração do Processo de Desenvolvimento de Medicamentos: A IA pode ajudar a acelerar o processo de desenvolvimento de medicamentos, permitindo que os medicamentos cheguem ao mercado mais rapidamente e a um custo menor. c) Redução do Custo de Desenvolvimento de Medicamentos: A IA pode ajudara reduzir o custo de desenvolvimento de medicamentos ao identificar moléculas promissoras mais rapidamente e eficientemente, bem como ao otimizar os processos de fabricação. d) Personalização de Tratamentos: A IA pode ajudar a personalizar os tratamentos para pacientes individuais, levando em consideração suas características genéticas e biomarcadores. Isso pode levar a um tratamento mais eficaz e personalizado para cada paciente. e) Identificação de Efeitos Colaterais e Interações Medicamentosas: A IA pode ajudar a identificar possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas antes mesmo que um medicamento seja testado em humanos. Isso pode reduzir o risco de efeitos colaterais indesejados e garantir a segurança dos pacientes. ✔ Nanotecnologia A nanotecnologia farmacêutica está relacionada ao desenvolvimento, caracterização e aplicação de sistemas em escala nanométrica, que podem variar de 1 a 100 nanômetros (nm), e possuem como característica proporcionar ao fármaco a sua liberação controlada, possibilitando dessa forma que o mesmo, seja entregue num receptor específico mantendo suas concentrações plasmáticas em níveis constantes, por um período controlado de tempo. O precursor da nanotecnologia, o físico Richard Freymer (1959) por meio de uma apresentação intitulada “There's Plenty of Room at the Bottom”, levantou a ideia da possibilidade de organizar e manipular materiais a nível atômico, desde que as leis naturais se mantivessem constante, possibilitando a exploração da dimensão nanométrica, que atualmente é chamada de nanotecnologia. Na área farmacêutica, existem inúmeros estudos sobre a aplicação desta nova tecnologia, que evidenciam a eficácia de nanomedicamentos, sendo considerado uma possível ferramenta para o tratamento de diversas doenças, trazendo dessa forma grandes benefícios para a saúde humana, por meio do carreamento eficiente de fármacos com a liberação controlada e como também a diminuição da resistência de alguns medicamentos. No Brasil, os estudos na área de nanotecnologia são incentivados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT). Em 2020, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o Marco Legal da Nanotecnologia e Materiais Avançados (PL 880/2019), que busca incentivar a pesquisa e o desenvolvimento científico relacionados a área da nanotecnologia. No setor da nanotecnologia farmacêutica, os nanocarreadores (NC) têm sido empregados na condução da droga ao tecido alvo de interesse, visando potencializar a sua ação farmacológica, sem apresentar danos ao organismo humano. Deste modo, é levantado a discursão acerca da empregabilidade dos nanocarreadores no desenvolvimento de fármacos, visto que é necessário colocar em consideração fatores importantes antes da sua escolha como: tamanho, superfície da partícula (pode ter um grupo funcional em sua superfície, carga particular ou ligante), estabilidade, cinética de liberação e facilidade de ser reconhecido pela célula e forma para que ocorra o desenvolvimento das formulações farmacêuticas com eficácia. METODOLOGIAS PARA SÍNTESE DE FÁRMACOS A descoberta de um novo fármaco e sua consequente introdução na terapêutica está associada a métodos como: extração de fontes naturais, ao caso, triagem empírica, modificação molecular de um fármaco já conhecido e o planejamento racional, que juntamente com a otimização e o desenvolvimento do protótipo, compreendem as etapas para a sínese de fármacos. a) Extração de fontes naturais: É sabido que desde a antiguidade, a humanidade utiliza plantas e órgão de animais com o principal objetivo de obter o alívio e a cura das doenças. A grande utilização desses produtos acarretou no isolamento e identificação dos princípios ativos presentes nesses extratos, tendo hoje uma variedade de medicamentos, cujos princípios ativos são extraídos de fontes naturais. A citar os alcaloides, os antibióticos,os hormônios e as vitaminas como principais exemplos. Cerca de 25 % dos fármacos disponíveis no mercado farmacêutico tem origem natural b) Ao caso: Certos fármacos introduzidos na terapêutica foram resultantes de uma descoberta ao acaso. O termo ao acaso nos remete a sorte, entretanto pode-se dizer que na gênese de fármacos, a sorte favorece as mentes preparadas. Alexander Fleming, por exemplo, poderia ter jogado fora sua colônia contaminada e atrasado alguns bons anos de desenvolvimento de antibióticos – a sorte favorece mentes preparadas – mas ao invés, fez uma das descobertas mais importantes para a humanidade e a partir dela derivaram-se novos antibióticos β-lactâmicos como as cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos. c) A triagem empírica: é um método não muito convencional de gênese de fármacos, uma vez que essa técnica é caracterizada pelo teste de todas substâncias químicas existentes frente a uma variedade de ensaio biológicos, totalmente randômico. Eventualmente alguma substância terá algum efeito biológico pertinente, contudo estima-se que para descoberta de um novo fármaco é necessário triar 200.000 compostos novos. Todavia, a triagem empírica racionalmente dirigida é uma variante deste processo que utiliza meios racionais para descoberta de novos fármacos. Sabe-se por exemplo que substâncias provindas de micro-organismos e plantas podem conter atividade antibacteriana, portanto extrair todo tipo possível de substâncias desses organismos e testá-los frente a colônias de bactérias soa mais lógico do que testar todas as substâncias químicas existentes. d) A modificação molecular: é a técnica mais empregada na descoberta de novos fármacos. É considerado um desenvolvimento natural da química orgânica. Este método envolve a utilização de uma substância química, bem definida e com ação biológica caracterizada, como protótipo para criação de análogos, homólogos ou congêneres estruturais do fármaco protótipo. Ao realizar essas modificações na molécula inicial pode-se descobrir o grupamento farmacofórico, isto é, o grupo funcional químico presente na molécula responsável pelo efeito farmacológico. Ademais, as mudanças estruturais presentes nos análogos derivados permitem a obtenção de fármacos superiores tanto em potência como, especificidade, tempo de ação, rotas de administração, estabilidade e custo de produção. e) Planejamento Racional: O avanço da tecnologia permitiu a introdução de metodologias computacionais com objetivo de aumentar a eficiência na descoberta de novos fármacos, que se mostra um grande desafio para a indústria farmacêutica. No planejamento racional existem dois métodos utilizados para descoberta de novas entidades químicas, podendo ser baseado na estrutura alvo molecular (SBDD – structure based drug design) ou baseado em um ligante já conhecido (LBDD – ligand based drug design). Ambos processos utilizam a triagem virtual (VS – virtual screening) e a triagem biológica automatizada em alta escala (HTS – High throughput screening) para identificação de novos compostos de maneira mais ágil que o habitual. Apesar de serem técnicas amplamente utilizadas pelas indústrias farmacêuticas, como toda metodologia possuem pontos contra e favor. A facilidade de encontrar novas entidades químicas para determinados alvos em um curto espaço de tempo valorizou muito o planejamento racional, no entanto rapidamente reconheceu-se sua principal desvantagem, o número elevado de falsos-positivos gerados. A busca por novos fármacos está inserida no desenvolvimento do ser humano há séculos, seja por conclusões empíricas ou fundamentadas. Desde as formas mais primitivas de se obter os efeitos biológicos desejados, como mastigar folhas, até o planejamento racional por meio de fundamentos computacionais, o homem sempre buscou meios de obtenção desses produtos bem como sua otimização. As técnicas apresentadas demonstram um pouco da capacidade humana de superar desafios através da química orgânica e do raciocínio lógico. Com as técnicas disponíveis atualmente, as indústrias farmacêuticas têm investido anualmente bilhões na descoberta de novas entidades na busca de uma cura, além do retorno financeiro, o que torna essas descobertas algo mais do que apenas fazer o “bem” ou desenvolver a ciência. O desenvolvimento da química farmacêutica afetou diretamente a relação do homem com o medicamento, uma vez que antigamente diversos medicamentos eram comercializados sem pensar em seus efeitos adversos. Hoje, diversos candidatos a fármacos são “barrados” durante a transição da fase pré-clínica para fase clínica, no qual 70% falham devido a toxicidade. Da mesma forma que a química farmacêutica foi capaz de contornar as dificuldades impostas a ela, o homem será capaz, cada vez mais, de produzir moléculas bioativas com maior eficiência. REFERÊNCIAS 1. chrome- extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://files.cercomp.ufg.br/weby/u p/67/o/1%C2%B0_Semin%C3%A1rio_PRISCILLA_NASCIUTTI.pdf?1350665 635 2. chrome- extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.far.fiocruz.br/wp- content/uploads/2016/09/Inovacao.pdf 3. A nanotecnologia aplicada ao desenvolvimento de fármacos: revisão integrativa da literatura 4. https://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=9218 5. https://altox.com.br/desenvolvimento-de-medicamentos-inovadores-como-as- tecnologias-computacionais-podem-ajudar/ https://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=9218