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- -1 ACREDITAÇÃO ACREDITAÇÃO – HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITUAÇÃO - -2 Olá! A acreditação, objeto central de nossa disciplina, tem sido cada vez mais solicitada por muitas organizações da saúde brasileiras, no sentido de garantir seu processo de busca pela melhoria da qualidade. Nesta nossa aula, vamos destacar sucintamente o conceito e a evolução histórica da acreditação nos serviços de saúde. Bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar o conceito de acreditação; 2. Verificar a evolução histórica da acreditação no Brasil e no mundo. 1 Conceituação Todos nós já ouvimos alguma vez a palavra acreditação. Este é um termo que, em um primeiro momento, causa estranheza. Seu significado, no entanto, é muito mais simples do que parece. Na verdade, acreditação vem de acreditar, que, como todos nós sabemos, significa crer, ter confiança, dar crédito. Por sua vez, “ter confiança” e “ter crédito” são termos que trazem à tona a noção de segurança e satisfação. Nesse sentido, são bastante alinhados com aquilo que se espera de organizações de saúde com qualidade. A acreditação é uma forma de certificação. Ou seja, uma forma de afirmação de que determinada situação ocorre de acordo com o que é esperado, que tem conformidade. É uma forma de certificação específica para as organizações da área da saúde. - -3 2 Definição da ONA No Brasil, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) define a acreditação como um sistema de avaliação e certificação da qualidade voltada para os serviços de saúde, que possui caráter necessariamente voluntário e que deve ser periódico. Por ser voluntário, é a própria organização que deverá solicitar o processo de acreditação, caso tenha interesse. Na maioria das vezes, o interesse se baseia em questões relacionadas com uma maior visibilidade da organização, melhores condições de competitividade e com a possibilidade de ser mais atraente para a clientela. A periodicidade se deve ao fato de que a organização precisa passar por reavaliações, para que se possa atestar a continuidade de seu processo de melhoria da qualidade. 3 Características da acreditação A acreditação, portanto, tem um caráter certificador, que possibilita determinar e atestar o nível de qualidade global das organizações de saúde que tenham interesse no processo. Mas, sobretudo, ela possui uma dimensão educacional, que é sua principal característica. Essa dimensão se relaciona ao fato de que o processo possibilita às organizações a criação e o desenvolvimento de uma cultura da qualidade. - -4 Nesse sentido, cabe aqui a consideração de que a acreditação não é, de maneira nenhuma, uma forma de fiscalização. Ela é uma oportunidade para que gestores e colaboradores se apropriem da qualidade no dia a dia das organizações de saúde, buscando, assim, a melhoria contínua de todos os seus processos e resultados. 4 Diferenças das outras certificações No entanto, mesmo sendo semelhante, ela apresenta algumas diferenças importantes em relação às outras formas de certificação da qualidade, mais utilizadas em organizações de outros setores. De modo geral, as certificações tradicionais apenas determinam padrões de conformidade com uma norma ou com uma proposição preestabelecida. O certificado é obtido a partir da verificação dos padrões, caso estejam de acordo com o que é predeterminado. Por sua vez, conforme destacam Rodrigues, et al (2011): (...) a acreditação de uma organização, para que possa conferir a credibilidade esperada como processo, tem a necessidade da intervenção de avaliadores externos, com atuação direcionada para a observação das minúcias da organização e especial referência à estrutura, aos processos e resultados (Rodrigues, 2011). 5 Caráter global da avaliação Os avaliadores externos precisam integrar uma equipe multidisciplinar, com profissionais de saúde e gestores da área, enquanto que em outras formas de certificação as avaliações são efetuadas por especialistas da área da administração. A equipe multidisciplinar permite que o processo de avaliação da acreditação tenha o caráter global necessário. Ou seja, permite a análise criteriosa dos elementos que são indispensáveis: estrutura, processos e resultados. Outra diferença importante da acreditação em relação às outras formas de certificação é que a determinação dos padrões de qualidade é comum ao setor da saúde e é, necessariamente, feita por especialistas da área. Além disso, é externa à organização que será avaliada. 6 Evolução histórica da acreditação Histórico internacional A primeira iniciativa voltada para uma avaliação organizada de serviços de saúde aconteceu em torno de 1910. - -5 Nesse ano, o médico norte-americano Ernest A. Codman, de Boston, elaborou uma proposta de acompanhamento individualizado dos pacientes que deveria ser feita pelo hospital. Tal acompanhamento visava analisar se os objetivos definidos tinham sido atingidos. Caso não fossem atingidos, teria havido falhas, então seria necessário investigar os motivos. Isso permitiria o desenvolvimento de um sistema de correção das falhas detectadas, que serviriam como padrões para serem utilizados em outros casos, possibilitando, então, a busca da melhoria da qualidade dos próximos casos. De acordo com as premissas de Codman, os padrões determinados precisavam ser altos e deviam ser utilizados para destacar os melhores hospitais. Isso incentivaria os outros hospitais a buscar a melhoria de sua qualidade. 7 Padronização dos hospitais nos EUA Alguns anos depois, em 1918, com base nessa ideia inicial e a partir de iniciativa do Colégio Americano de Cirurgiões, começou de fato o movimento de padronização dos hospitais nos Estados Unidos. A premissa adotada foi a do “padrão mínimo”, na qual foi determinado um grupo de cinco padrões oficiais para os serviços hospitalares. Em um primeiro momento, a estratégia de padronização foi idealizada para a proteção do médico de seu ambiente de trabalho, que possui característica desfavorável. No entanto, logo depois a prática clínica passou a ser entendida como essencial no processo e foi enfatizada pelas estratégias de padronização. O programa acabou tendo bastante êxito, e seu sucesso foi logo se espalhando. Com isso, cada vez mais e mais hospitais passaram a ter interesse em participar do processo. Só para se ter uma ideia, entre 1919 e 1950 a quantidade de hospitais aprovados por esse sistema de padronização passou de 89 para quase 3.400! Fique ligado Esses padrões incluíam: • Corpo clínico organizado e ético; • Corpo clínico com graduação apropriada e com registro legal; • Trabalho profissional do hospital feito a partir de regulamentos e políticas predeterminadas; • Registro padronizado e adequado de todos os atendimentos; • Disponibilidade de equipamentos e de instalação adequados para o diagnóstico e o tratamento dos clientes. • • • • • - -6 8 Estratégias de padronização A partir de 1951, segundo ressaltam Rodrigues, et al (2011): (...) devido ao aumento da complexidade, da abrangência e dos custos para sustentar o programa de padronização de hospitais, o Colégio Americano de Cirurgiões juntou-se ao Colégio Americano de Clínicos, à Associação Americana de Hospitais, à Associação Médica Americana e à Associação Médica Canadense, passando a compor a Joint Commission on Hospital Accreditation (JCHA). (Rodrigues, 2011). No ano de 1952, a JCHA passou a ser a responsável oficial pelo programa de acreditação. A Associação Médica Canadense integrou a JCHA até 1958, quando saiu para fazer parte da criação do Canadian Council on Hospital Accreditation. 9 Outros países - -7 1988 A JCHA passa a se chamar Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) a partir de , porque amplia suas ações de acreditação para as demais1988 organizações de saúde, não mais só hospitais. 1990 Em toda a América Latina, somente a partir dos anos é que foram realmente1990 massificadas as atividades voltadas para a qualidadena área da saúde, especialmente por iniciativas da Organização Panamericana de Saúde (OPAS). No Brasil, embora algumas atividades direcionadas para a avaliação de hospitais tenham sido desenvolvidas desde os anos 1970, o grande impulso para um sistema de certificação da qualidade também veio com os incentivos da OPAS, na década de 1990. 1992 Entre as ações de apoio da OPAS, esteve a formação, em , do Grupo Técnico de1992 Acreditação Hospitalar (GTA), que trabalhou em cima de propostas de organização de um sistema de acreditação no Brasil. 1994 Dois anos depois, em , a Academia Nacional de Medicina, junto com a Universidade1994 do Estado do Rio de Janeiro e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões, desenvolveram o Programa de Avaliação e Certificação de Qualidade em Saúde (PACQS), que virou o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) em 1997. 1998 Nessa época, o Ministério da Saúde passou a discutir e buscar formas de elaborar propostas de acreditação de caráter uniforme, que pudessem ser aplicadas em todo o país. Assim, conforme aponta Rodrigues, et al (2011): “Em fevereiro de foi formado um grupo executivo no MS, encarregado do Programa1998 Brasileiro de Acreditação. O MS coordenou o teste piloto, bem como o aprimoramento do instrumento que foi adotado pelo programa brasileiro – fruto do trabalho do GTA”. 1999 Essa entrada em cena do Ministério da Saúde acrescentou à busca pela acreditação o apoio institucional que era necessário e que faltava para que afinal fosse desenvolvido oficialmente um sistema de acreditação para o Brasil. No ano seguinte, em , foi criada a Organização Nacional de Acreditação (ONA), com o1999 objetivo de coordenar o sistema de avaliação dos hospitais em todo o país. Ampliando - -8 ainda mais sua estratégia de crescimento, a JCAHO desenvolveu uma proposta de padrões internacionais e criou a , voltada para o desenvolvimentoJoint Commission International de atividades fora dos EUA. 2001 O Ministério da Saúde passa a reconhecer oficialmente a ONA no ano de . A partir daí,2001 garante seu caráter de organização capacitada para direcionar e efetuar o desenvolvimento do processo de acreditação hospitalar no Brasil. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Principais modelos de acreditação; • Instrumentos de avaliação da acreditação no Brasil. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Entendeu o processo de evolução histórica da acreditação; • Conheceu a conceituação de acreditação. Fique ligado Atualmente, o CBA representa a proposta metodológica da noJoint Commission International país. Saiba mais Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise no site da Organização Nacional de Acreditação. • • • • - -9 Referências RODRIGUES, M.V.; et al. . Rio de Janeiro: FGV, 2011.Qualidade e acreditação em saúde Olá! 1 Conceituação 2 Definição da ONA 3 Características da acreditação 4 Diferenças das outras certificações 5 Caráter global da avaliação 6 Evolução histórica da acreditação 7 Padronização dos hospitais nos EUA 8 Estratégias de padronização 9 Outros países O que vem na próxima aula CONCLUSÃO Referências
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