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Acreditação 8

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ACREDITAÇÃO
ACREDITAÇÃO – MODELOS E PROCESSOS
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Olá!
A Acreditação, sendo uma forma de certificação da qualidade, utiliza modelos e ferramentas específicas para
direcionar o desenvolvimento de suas atividades. Neste momento de nossa disciplina, vamos discutir os
principais modelos e os instrumentos utilizados no cenário brasileiro para a realização dos processos de
Acreditação nas organizações de saúde. Bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os três principais modelos de Acreditação;
2. Reconhecer os três principais instrumentos de avaliação da Acreditação no Brasil.
1 Modelos brasileiros de acreditação
Conforme já discutimos em nossa aula anterior, a Acreditação é uma forma de certificação da qualidade. Ela é
semelhante à já bastante conhecida ISO ( ), mas é voltadaInternational Organization for Stardadization
exclusivamente para as organizações da área da saúde.
A Acreditação também pode ser entendida como uma forma de gestão amplamente favorecedora do
entendimento estratégico, da unidade e do compromisso multidisciplinar e da melhoria da qualidade.
No Brasil, algumas instituições especializadas operam há anos atividades com instrumentos de avaliação da
qualidade.
Entre as principais, uma é a Organização Nacional de Acreditação (ONA), e outra é o Consórcio Brasileiro de
Acreditação (CBA), sobre as quais comentamos na aula anterior.
Porém, elas não são as únicas, conforme destaca Rodrigues (2011):
[...] Mais recentemente, o manual do Accreditacion Canada passou a orientar algumas organizações no
cumprimento dos padrões na busca da acreditação.
Os instrumentos de avaliação são elaborados de acordo com as características dos serviços a serem
avaliados (Rodrigues, 2011).
Esses instrumentos de avaliação são em geral elaborados na forma de manuais, que contêm os padrões de
Acreditação e as informações e instruções necessárias.
O primeiro Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar foi publicado no ano de 1998. Desde então, passa por
sucessivas revisões, sendo publicado em novas edições.
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Discutiremos agora os instrumentos de avaliação relacionados às instituições especializadas que operam as
atividades de avaliação da qualidade hospitalar no Brasil.
2 ONA – Organização Nacional de Acreditação
Na nossa última aula, vimos que a ONA é a instituição responsável por coordenar o sistema de avaliação dos
hospitais no país, ou seja, o Sistema Brasileiro de Acreditação.
Nesse sentido, ela é a organização responsável por definir os padrões de avaliação e por revisar constantemente
seus manuais, incluindo o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar.
De acordo com as normas brasileiras, as atividades práticas da Acreditação são desenvolvidas por Instituições
Acreditadoras Credenciadas (IAC), que podem ser nacionais ou estrangeiras.
Como é a organização coordenadora do Sistema Nacional de Acreditação, a ONA tem também a responsabilidade
pelo processo de credenciamento de tais instituições.
Por sua vez, as IAC, que fazem a avaliação de fato, podem se responsabilizar pelo desenvolvimento dos
diagnósticos e pela capacitação das organizações da saúde.
O instrumento de avaliação da ONA, o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, possui uma lógica estrutural.
É composto por seções, que contêm os serviços e setores que são da mesma especificidade.
Por sua vez, essas seções contêm as subseções, que apresentam os padrões de avaliação e as orientações
necessárias.
3 Seções e subseções do Manual Brasileiro de Acreditação 
Hospitalar
A seguir, são apresentadas as seções e subseções conforme a ordem em que se encontram no manual
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acreditacao_hospitalar.pdf):
1) - Subseções: direção e liderança, gestão de pessoas, gestão administrativaSeção: liderança e administração
e financeira, gestão de materiais e suprimentos e gestão da qualidade.
2) - Subseções: corpo clínico e enfermagem.Seção: serviços profissionais e organização da assistência
3) - Subseções: internação, recepção, transferência, referênciaSeção: serviços de atenção ao paciente/ cliente
e contrarreferência, atendimento ambulatorial, emergência, centro cirúrgico, anestesiologia, obstetrícia,
neonatologia, tratamento intensivo, hemoterapia, reabilitação, medicina nuclear e radioterapia.
4) - Subseções: laboratório clínico, diagnóstico porSeção: serviços de apoio diagnóstico e terapêutico
imagem, métodos gráficos e anatomia patológica.
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5) - Subseções: sistema de informação do paciente,Seção: serviços de apoio técnico e abastecimento
prevenção e controle de infecções, assistência farmacêutica, assistência nutricional, central de processamento de
roupas (lavanderia), central de processamento de materiais e esterilização, higiene, segurança e saúde
ocupacional, serviço social e materiais e suprimentos.
6) - Subseções: gestão de projetos físicos, gestão daSeção: serviços de apoio administrativo e infraestrutura
estrutura físico-funcional, gestão de manutenção predial, gestão de resíduos, gestão de equipamentos médico-
hospitalares e gestão da segurança.
7) - Subseções: educação continuada, ensino e pesquisa.Seção: ensino e pesquisa 
4 Avaliação por níveis de complexidade
A avaliação de cada setor é feita por níveis de complexidade: níveis 1, 2 e 3.
O nível 1, de menor complexidade, é aquele com as menores exigências, ou seja, é atingido quando a avaliação
constata que são cumpridas as normas legais e aspectos básicos, mas essenciais, da prestação de assistência.
O nível 2 exige padrões de qualidade no atendimento. É aquele atingido quando, além das exigências mínimas, as
organizações cumprem boas práticas no desenvolvimento da assistência e também é constatado que o cliente é o
foco central da atuação organizacional.
O nível 3, de maior complexidade, exige padrões de excelência. Quando atingido, significa que a organização
busca continuamente a melhoria do seu atendimento e que sua prestação de assistência é feita com padrões de
excelência.
Quando a organização é avaliada nesse modelo da ONA, os resultados possíveis são:
• Não acreditada;
• Acreditada (nível 1);
• Acreditada plena (nível 2);
• Acreditada com excelência (nível 3).
Em seus comentários acerca da avaliação da ONA, Rodrigues et al (2011) destacam que:
Nessa lógica de Acreditação, cada um dos setores é avaliado individualmente, porém só se acredita
um hospital quando todos os serviços e/ou unidades atingirem os padrões definidos.
O hospital será acreditado de acordo com o nível mínimo de referência que atingir em cada seção.
Assim, se algumas estiverem no nível 2 e as demais no 3, a instituição será acreditada no nível 2
(Rodrigues, 2011).
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Essa exigência de alto grau se deve ao entendimento de que todos os processos e estruturas de uma organização
hospitalar são totalmente interligados e interdependentes. Assim, o funcionamento de um interfere diretamente
no do outro.
5 JCI – Joint Commission International
Como já dissemos, esse é o ramo de atuação da Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations
(JCAHO) fora dos EUA, que acredita organizações da saúde em vários países.
O já comentado Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) é o representante do método da JCI aqui no Brasil. O
manual de padrões da JCI é único para qualquer país.
A JCI tem a responsabilidade de determinar o formato da avaliação e os padrões a serem utilizados, além de
participar da avaliação propriamente dita.
Já o CBA, que também participa da avaliação, é o responsável pela estratégia educacional a ser realizada nas
instituições que serão acreditadas nesse modelo.
O sistema de avaliação da JCI tem como bases os macroprocessos do hospital. Assim, cada capítulo do manual de
padrões, que é seu instrumento de avaliação, está relacionado a um determinado grande processo e aos padrões
correlacionados.
Há um grupo de capítulos voltados para o cliente, cujos processos envolvidos são:
• Acesso e continuidadedo cuidado;
• Direitos (do cliente e da família);
• Avaliação dos clientes;
• Cuidado dos clientes;
• Anestesia e cirurgia;
• Medicamentos (gerenciamento e utilização);
• Educação (do cliente e da família).
Há, também, o grupo de capítulos voltados para a gestão organizacional, cujos processos envolvidos são:
• Melhoria da qualidade e segurança do cliente;
• Prevenção e controle das infecções;
• Gerência, liderança e direção;
• Gestão e segurança das instalações;
• Qualificação dos profissionais;
• Gestão da comunicação e informação.
Nesse modelo, não há níveis de complexidade e os resultados possíveis são apenas dois: acreditado ou não
acreditado. Porém, assim como no método da ONA, o resultado da avaliação da instituição é dado considerando
sua totalidade, ou seja, há o entendimento de que todos os processos e estruturas de uma organização hospitalar
são interligados.
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6 ACI – Accreditation Canada International
O é o departamento internacional da já citada . TalAccreditation Canada International Accreditation Canada
departamento é o responsável pela Acreditação das organizações da saúde em outros países. No Brasil, o sistema
do ACI é representado pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que tem a responsabilidade de participar da
avaliação e desenvolver as estratégias educacionais.
O tem um modelo de avaliação que apresenta características estruturais (como a ONA)Accreditation Canada
associadas com características baseadas nos grandes processos (como a JCI). Esse processo metodológico se
baseia no entendimento de que o sistema de Acreditação precisa ser direcionado para as demandas específicas
das organizações que serão avaliadas.
Por conta disso, o ACI não utiliza um manual de padrões único para todos os países, como faz a JCI.
Sobre esse aspecto, Rodrigues et al (2011), destacam que:
(...) seu programa de Acreditação foi elaborado de forma a permitir adaptações ao contexto sociocultural no qual
será desenvolvido, numa abordagem centrada no cliente (...) (Rodrigues, 2011).
O instrumento de avaliação do ACI é dividido em três grupos: clínicos, administrativos e outros.
7 Fatores a serem avaliados
Finalizando nossa aula, é importante observar que a escolha pelo modelo a ser buscado pela organização, para
ser acreditada, baseia-se em muitos fatores.
Incluem-se aí as características da organização, a facilidade do acesso e a relevância de se ter uma certificação
nacional ou internacional para a visibilidade que a organização quer ter.
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Por exemplo: quando uma organização ainda é iniciante, uma avaliação de escopo estrutural pode ser mais
interessante e apontar resultados melhores.
Por outro lado, quando a organização já é bem consistente, as avaliações de escopo processual podem ser as
mais vantajosas.
No entanto, independentemente do modelo escolhido pela organização, é fundamental ter sempre em mente que
a principal dimensão do processo de Acreditação é a educacional.
O processo educativo precisa ser continuado e deve contemplar todo o pessoal, desde a direção ao mais simples
funcionário.
Vale lembrar que a busca e o alcance da excelência dependem diretamente da unidade e da adesão total de todos
aos princípios, metas e objetivos.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Objetivo e relevância do Sistema Brasileiro de Certificação;
• Tipos de certificação;
• Organismos do Sistema Brasileiro de Certificação.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu os principais modelos de Acreditação;
• Conheceu os principais instrumentos de avaliação da Acreditação no Brasil.
Saiba mais
Leia o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar. Disponível . Acesso em 18 fev. 2014.aqui
Leia os manuais e normas da ANVISA.
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Referências
RODRIGUES, M.V. et al. . Rio de Janeiro: FGV, 2011.Qualidade e acreditação em saúde

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