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Eng.º M. A. Mazoca 1ª Edição 2017 E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós. E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado. - Joel 2: 25-26 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS LISTA DE TABELAS III LISTA DE FIGURAS IV PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS I CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 1 1.1. IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 1.2. CONCEITOS PRINCIPAIS DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 3 1.3. TIPOS DE APOIOS OU SUPORTES 6 1.4. TIPOS DE CARREGAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES 7 1.5. CLASSIFICAÇÃO DAS VIGAS 9 1.6. CÁLCULO DAS REACÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 10 CAPÍTULO 2. ESFORÇOS NUMA SECÇÃO TRANSVERSAL 13 2.1. PRINCÍPIO DE CORTE 13 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ESFORÇOS INTERNOS 14 2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ESFORÇOS INTERNOS NUMA SECÇÃO EM ESTRUTURAS PLANAS 16 2.4. DIAGRAMAS DOS ESFORÇOS INTERNOS 27 2.5. ESFORÇOS INTERNOS NUMA SECÇÃO EM ESTRUTURAS TRIDIMENSIONAIS 32 CAPÍTULO 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS 34 CAPÍTULO 4. DEFINIÇÃO DA TENSÃO 35 4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS 36 4.1.1. MATERIAL FRÁGIL 36 4.1.2. MATERIAL DÚCTIL 37 4.2. TENSÃO ADMISSÍVEL 38 4.3. LEI DE HOOKE 38 4.3.1. FORMA GERAL DA LEI DE HOOKE 39 CAPÍTULO 5. TRACÇÃO E COMPRESSÃO 42 5.1. TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 42 5.2. TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS 48 5.3. TENSÕES E DEFORMAÇÕES TÉRMICAS 49 CAPÍTULO 6. TEORIA DE ELASTICIDADE 58 6.1. DEFINIÇÃO DAS TENSÕES 58 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 6.2. ESTADOS DE TENSÃO 60 6.2.1. ESTADO MONOAXIAL DE TENSÃO 60 6.2.2. ESTADO BIAXIAL (PLANO) DE TENSÃO 62 6.3. CÍRCULO DE MOHR 69 6.3.1. PASSOS PRINCIPAIS PARA A CONSTRUÇÃO DO CÍRCULO DE MOHR 69 CAPÍTULO 7. FLEXÃO 73 7.1. GEOMETRIA DE ÁREAS PLANAS 74 7.1.1. MOMENTOS ESTÁTICOS 74 7.1.2. MOMENTOS DE INERCIA E PRODUTOS DE INERCIA 77 7.1.3. TRANSPOSIÇÃO DOS EIXOS DE INERCIA PARALELOS – TEOREMA DE STEINER 78 7.1.4. TRANSPOSIÇÃO ANGULAR DOS EIXOS DE INÉRCIA 80 7.1.5. MOMENTOS E EIXOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA 80 7.2. DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES 88 7.2.1. FLEXÃO RECTA 88 7.2.3. FLEXÃO DESVIADA 89 7.3. DEFORMAÇÃO DEVIDA À FLEXÃO RECTA – EQUAÇÃO DA LINHA NEUTRA 92 7.3.3. CONDIÇÕES DE FRONTEIRA E DE TRANSIÇÃO 95 CAPÍTULO 8. TORÇÃO 102 8.1. DEFORMAÇÃO POR TORÇÃO DE UM VEIO CIRCULAR 102 8.2. FÓRMULA DE TORÇÃO 104 8.2.1. VEIO COM SECÇÃO TRANSVERSAL MACIÇA 106 8.2.2. VEIO COM SECÇÃO TRANSVERSAL OCA 108 8.3. TENSÃO DE TORÇÃO MÁXIMA ABSOLUTA 109 8.4. MOMENTO TORSOR OU TORQUE 114 8.5. TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA 115 8.5.1. PROJECTO DO VEIO 116 8.6. ÂNGULO DE TORÇÃO 118 8.6.1. TORQUE E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSAL CONSTANTES 120 8.6.2. CONVENÇÃO DE SINAIS 121 8.7. ESTRUTURAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS CARREGADAS POR UM TORQUE 138 CAPÍTULO 9. TEOREMA DE CASTEGLIANO 147 9.1. BASES TEÓRICAS 147 9.2. APLICAÇÃO DO TEOREMA DO CASTEGLIANO EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 152 9.3. APLICAÇÃO DO TEOREMA DE CASTEGLIANO EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS 155 9.3.1. ESTRUTURAS EXTERIORMENTE HIPERESTÁTICAS 155 9.3.2. ESTRUTURAS INTERIORMENTE HIPERESTÁTICAS 159 CAPÍTULO 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 165 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca LISTA DE TABELAS Tabela 1. Coeficiente de Poisson ................................................................................ I Tabela 2. Módulo de elasticidade dos materiais .......................................................... I Tabela 3. Pressão ....................................................................................................... I Tabela 4. Peso específico dos materiais .................................................................... II Tabela 5. Coeficiente de dilatação térmica dos materiais........................................... II Tabela 6. Limites de escoamento e de ruptura de alguns materiais .......................... III Tabela 7. Tipos de apoios ou suportes de estruturas ................................................. 6 Tabela 8. Tipos de carregamentos de estruturas e suas aplicações .......................... 8 Tabela 9. Classificação das vigas .............................................................................. 9 Tabela 10 – Tabela de cálculo .................................................................................. 86 Tabela 11 – Tabela de cálculo .................................................................................. 87 Tabela 12 - Tabela de cálculo ................................................................................ 154 Tabela 13 – Tabela de cálculo ................................................................................ 155 Tabela 14 – Tabela de cálculo ................................................................................ 157 Tabela 15 – Tabela de cálculo ................................................................................ 159 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Parafusos usados no acoplamento duma estrutura metálica submetidos à tensão. ..................................................................................................................... 1 Figura 1.2 - Campo de aplicação da resistência dos materiais .................................. 3 Figura 1.3 - Solicitação estática .................................................................................. 5 Figura 1.4 - Solicitação variável .................................................................................. 6 Figura 1.5 - Exemplo 1.1 .......................................................................................... 11 Figura 1.6 - Exemplo 1.2 .......................................................................................... 12 Figura 2.1 - Análise de forças internas [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] ................. 13 Figura 2.2 - Sentido positivo dos momentos e das rotações .................................... 14 Figura 2.3 - Coordenadas cartesianas...................................................................... 14 Figura 2.4 - Classificação dos esforços internos ...................................................... 15 Figura 2.5 - Esforços seccionais ............................................................................... 15 Figura 2.6 - Acção dos esforços seccionais [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] ......... 16 Figura 2.7 - Exemplo 2.1 .......................................................................................... 18 Figura 2.8 - Exemplo 2.2 .......................................................................................... 20 Figura 2.9 - Exemplo 2.3 .......................................................................................... 21 Figura 2.10 - Exemplo 2.4 ........................................................................................ 22 Figura 2.11 - Exemplo 2.5 ........................................................................................ 24 Figura 2.12 - Cargas perpendiculares ao eixo da viga ............................................. 26 Figura 2.13 – Corte da viga por duas secções transversais ..................................... 26 Figura 2.14 - Exemplo 2.6 ........................................................................................ 33 Figura 2.15 - Exemplo 2.7 ........................................................................................ 37 Figura 3.1 - Corpo-de-prova ..................................................................................... 34 Figura3.2 - Máquinas de ensaio de tracção ............................................................. 35 Figura 3.3 - Extensômetro por resistência eléctrica .................................................. 36 Figura 4.1 - Barra prismática sob tracção ................................................................. 35 Figura 4.2 - Tensão normal na barra prismática ....................................................... 36 Figura 4.3 - Diagrama típico de um material frágil .................................................... 36 Figura 4.4 - Diagrama tensão-deformação convencional para material dúctil (aço) . 37 Figura 5.1 - Carregamentos por tracção e compressão ........................................... 42 Figura 5.2 - Tensões e deformações térmicas ......................................................... 50 Figura 6.1 - Definição das tensões ........................................................................... 59 Figura 6.2 - Barra sujeita à tracção .......................................................................... 60 Figura 6.3 - Estado monoaxial de tensão ................................................................. 61 Figura 6.4 - Estado biaxial de tensão ....................................................................... 63 Figura 6.5 - Tensões que aparecem numa faceta inclinada ..................................... 64 Figura 6.6 - Círculo de tensões ou Círculo de Mohr ................................................. 69 Figura 6.7 - Círculo de Mohr para o estado triaxial de tensão .................................. 71 Figura 7.1 - Viga em consola sob flexão................................................................... 73 Figura 7.2 - Superfície e linha neutra apresentadas num trecho de uma viga flectida ................................................................................................................................. 74 Figura 7.3 - Exemplo 7.1 .......................................................................................... 76 Figura 7.4 - Momentos e produtos de inércia ........................................................... 77 Figura 7.5 - Flexão recta........................................................................................... 88 Figura 7.6 - Flexão desviada .................................................................................... 90 Figura 7.7 - Equação da deformada ......................................................................... 93 Figura 8.1 - Torção de um veio altamente deformável ........................................... 102 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca Figura 8.2 - Ângulo de torção ................................................................................. 103 Figura 8.3 - Deformação por cisalhamento do elemento ........................................ 103 Figura 8.4 - Variação da deformação por cisalhamento ........................................ 104 Figura 8.5 - Variação da tensão de cisalhamento ao longo da recta radial da secção transversal .............................................................................................................. 105 Figura 8.6 - Veio com secção transversal maciça .................................................. 106 Figura 8.7 - Variação da tensão de cisalhamento no veio maciço .......................... 107 Figura 8.8 - Eixo de madeira submetido à torção ................................................... 107 Figura 8.9 - Variação da tensão de cisalhamento no veio oco ............................... 109 Figura 8.10 - Exemplo 8.1 ...................................................................................... 111 Figura 8.11 - Exemplo 8.2 ...................................................................................... 111 Figura 8.12 - Exemplo 8.3 ...................................................................................... 112 Figura 8.13 - Veio em consola submetido à torção ................................................ 114 Figura 8.14 - Exemplo 8.4 ...................................................................................... 117 Figura 8.15 - ângulo de torção ................................................................................ 119 Figura 8.16 - Veio sob torção ................................................................................. 120 Figura 8.17 - Máquina de teste de torção ............................................................... 121 Figura 8.18 - Convenção de sinais do torque e do ângulo de torção ..................... 122 Figura 8.19 - Exemplo de uso de convenção de sinais .......................................... 122 Figura 8.20 - Exemplo 8.6 ...................................................................................... 124 Figura 8.21 - Problema 8.1 ..................................................................................... 126 Figura 8.22 - Problema 8.6 ..................................................................................... 132 Figura 8.23 - Problema 8.7 ..................................................................................... 133 Figura 8.24 - Estruturas estaticamente indeterminadas sob torção ........................ 138 Figura 9.1 - Viga carregada por forças e momentos............................................... 147 Figura 9.2 - Trabalho produzido pelas forças ......................................................... 148 Figura 9.3 - Exemplo 9.1 ........................................................................................ 153 Figura 9.4 - Exemplo 9.2 ........................................................................................ 154 Figura 9.5 - Exemplo 9.3 ........................................................................................ 156 Figura 9.6 - Exemplo 9.4 ........................................................................................ 158 Figura 9.7 - Exemplo 9.5 ........................................................................................ 161 Figura 9.8 - Diagramas dos esforços internos em estruturas interiormente hiperestáticas ......................................................................................................... 163 Propriedades Mecânicas dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca I PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS Tabela 1. Coeficiente de Poisson Material 𝝂 Material 𝝂 Aço 0,25 − 0,33 Latão 0,32 − 0,42 Alumínio 0,32 − 0,36 Zinco 0,21 Bronze 0,32 − 0,35 Pedra 0,16 − 0,34 Cobre 0,31 − 0,34 Vidro 0,25 Tabela 2. Módulo de elasticidade dos materiais Material Modulo de elasticidade 𝑬 [𝑮𝑷𝒂] Material Modulo de elasticidade, 𝑬 [𝑮𝑷𝒂] Aço 210 Latão 117 Alumínio 70 Ligas de Alumínio 73 Bronze 112 Ligas de chumbo 17 Cobre 112 Ligas de estanho 41 Chumbo 17 Ligas de magnésio 45 Estanho 40 Ligas de titânio 114 Ferro 200 Magnésio 43 Zinco 96 Liga de níquel (Monel) 179 Madeira 8 − 12 Observação: É comum encontrar-se o módulo de elasticidade em 𝑀𝑃𝑎 (megapascal): 𝐸9ç; = 2,1 × 10> 𝑀𝑃𝑎 − 𝐴ç𝑜 𝐸AB = 0,7 × 10> 𝑀𝑃𝑎 − 𝐴𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 𝐸IJ = 1,12 × 10> 𝑀𝑃𝑎 − 𝐶𝑜𝑏𝑟𝑒 Tabela 3. Pressão Para obter Multiplicar 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚T 𝑘𝑃𝑎 𝑚𝑚𝐻𝑔 𝑎 0℃ 𝑝𝑠𝑖 𝒂𝒕𝒎 1,0332 101,3171 760 14,696 𝒃𝒂𝒓 1,019716 100 750,062 14,50368 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 − 98,03922 735,5592 14,22334 𝒌𝑷𝒂 0,01020 − 7,5006 0,14504 𝒎𝒎𝑯𝒈 𝒂 𝟎℃ 0,001360 0,133322 − 0,019337 𝒑𝒔𝒊 0,070307 6,89465 51,715 − Propriedades Mecânicas dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca II Tabela 4. Peso específico dos materiais Material Peso específico 𝜸 [𝑵/𝒎𝟑] Material Peso específico 𝜸 [𝑵/𝒎𝟑] Aço 7,70 × 10j Gasolina 15℃ 0,83 × 10j Água destilada 0,98 × 10j Gelo 0,88 × 10j Alvenaria de tijolo 1,47 × 10j Graxa 0,90 × 10j Alumínio 2,55 × 10j Latão 8,63 × 10j Bronze 8,63 × 10j Leite 15℃ 1,02 × 10j Borracha 0,93 × 10j Magnésio1,72 × 10j Cal hidratado 1,18 × 10j Níquel 8,50 × 10j Cerveja 1,00 × 10j Ouro 18,95 × 10j Cimento em pó 1,47 × 10j Papel 0,98 × 10j Concreto 2,00 × 10j Peroba 0,78 × 10j Cobre 8,63 × 10j Pinho 0,59 × 10j Cortiça 0,24 × 10j Platina 20,80 × 10j Chumbo 11,0 × 10j Porcelana 2,35 × 10j Diamante 3,43 × 10j Prata 9,80 × 10j Estanho 7,10 × 10j Talco 2,65 × 10j Ferro 7,70 × 10j Zinco 6,90 × 10j Tabela 5. Coeficiente de dilatação térmica dos materiais Material Coeficiente de dilatação térmica 𝜶 [ ℃l𝟏] Material Coeficiente de dilatação térmica 𝜶 [ ℃l𝟏] Aço 1,2 × 10l> Latão 1,87 × 10l> Alumínio 2,3 × 10l> Magnésio 2,6 × 10l> Bronze 1,87 × 10l> Níquel 1,3 × 10l> Borracha a 𝟐𝟎℃ 7,7 × 10l> Ouro 1,4 × 10l> Chumbo 2,9 × 10l> Platina 0,9 × 10l> Cobre 1,67 × 10l> Prata 2,0 × 10l> Estanho 2,6 × 10l> Tijolo 0,6 × 10l> Ferro 1,2 × 10l> Porcelana 0,3 × 10l> Zinco 1,7 × 10l> Vidro 0,8 × 10l> Propriedades Mecânicas dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca III Tabela 6. Limites de escoamento e de ruptura de alguns materiais Material Limite de escoamento 𝜎o [𝑀𝑃𝑎] Limite de ruptura 𝜎p [𝑀𝑃𝑎] Aços ASTM-A36 (0,25-0,30%C) 250 400 − 500 ASTM-A570 (0,25%C) 230 360 SAE 1008 (0,08%C) 170 305 SAE 1010 (0,10%C) 180 325 SAE 1020 (0,10%C) 210 380 SAE 1045 (0,45%C) 310 560 Ferro fundido Cinzento − 200 Branco − 450 Preto – F − 350 Preto – P − 550 Nodular − 670 Matérias não ferrosos Alumínio 30 − 120 70 − 230 Duralumínio 100 − 420 200 − 500 Cobre 60 − 320 230 − 350 Bronze ao níquel 120 − 650 300 − 750 Magnésio 140 − 200 210 − 300 Titânio 520 600 Zinco − 290 Materiais não metálicos Borracha − 20 − 80 Concreto − 0,8 − 7 Madeira Pinho − 100 − 120 Eucalipto − 100 − 150 Plásticos Nylon − 80 Vidro Vidro plano − 5 − 10 Observação: o aço SAE 1045 não é usado na estrutura propriamente dita, mas somente nos esticadores de tirante dela. Para aços usados em estruturas metálicas não são desejados teores de carbono médios ou altos. Os teores devem estar entre 𝟎, 𝟏𝟎 − 𝟎, 𝟑𝟎% de Carbono, por permitirem solda eléctrica sem cuidados especiais. ASTM – American Society of Testing Materials SAE – Society of Automotive Engineers ISO – International Organization of Standardization RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca Vós servos, sujeitai-vos com todo o temor ao Senhor, não somente ao bom e humano, mas também ao mau; porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente 1Pedro 2: 18-19 Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 1 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS A resistência dos materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas que actuam dentro do corpo. Esse assunto abrange também o cálculo da deformação do corpo e o estudo da sua estabilidade, quando ele está submetido a forças externas. No projecto de qualquer estrutura ou máquina é necessário primeiro usar os princípios da estática para determinar as forças que actuam tanto sobre como no interior de seus vários membros. As dimensões dos elementos, sua deflexão e sua estabilidade dependem não só das cargas internas como também do tipo de material do qual esses elementos são feitos. Assim, a determinação precisa e a compreensão do comportamento do material são de vital importância para o desenvolvimento das equações usadas na resistência dos materiais. Observe que muitas fórmulas e procedimentos de projecto, definidos nas normas da engenharia e usados na prática, baseiam-se nos fundamentos da resistência dos materiais e, por essa razão, compreender os princípios dessa matéria é muito importante. Figura 1.1 - Parafusos usados no acoplamento duma estrutura metálica submetidos à tensão. Na Resistência dos materiais são estudados corpos sólidos submetidos à acção de forças exteriores, os quais se encontram no estado de equilíbrio. Por Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 2 conseguinte, a teoria de Resistência dos Materiais baseia-se de uma maneira geral nas leis e nos teoremas da mecânica geral, e em particular nas leis da Estática. Sem o conhecimento profundo daquelas leis o estudo da Resistência dos Materiais é impossível. Deveremos, no entanto, abandonar a hipótese de um corpo totalmente rígido e considerar nos nossos estudos os estados de tensão e de deformação internos produzidos pela carga exterior que determinam as dimensões necessárias para os elementos estruturais. O objectivo da resistência dos materiais consiste em elaborar e pôr à disposição dos projectistas as bases para a determinação dos estados de tensão e de deformação e para o dimensionamento dos elementos estruturais técnicos, considerando ao mesmo tempo uma segurança suficiente e um óptimo aproveitamento do material (Optimização). 1.1. Importância e Aplicação da Resistência dos Materiais A Resistência dos Materiais é muito importante para a formação dos engenheiros. Seus métodos são necessários aos projectistas de estruturas marítimas, aos engenheiros civis e aos arquitetos no projecto de pontes e edifícios, aos engenheiros mecânicos e químicos para o projecto de mecanismos e de reservatórios sob pressão, aos metalúrgicos, aos eletricistas, etc. Em todas as construções de engenharia, as partes de uma estrutura devem ser devidamente proporcionadas para resistir às cargas que agem sobre elas. Como exemplo podem-se citar: as paredes de um reservatório sob pressão devem resistir à pressão interna; as lajes de piso de um edifício devem suportar o seu peso próprio e a devida sobrecarga; o veio de uma máquina deve ter dimensões adequadas para transmitir o momento de torção especificado; a asa de um avião deve suportar com segurança as cargas aerodinâmicas que agem sobre ela durante o voo ou na aterrissagem. Esse assunto vem sendo estudado há muitos anos, como é possível verificar nos famosos trabalhos de Leonardo da Vinci (1452-1519) e Galileo Galilei (1564- 1642) que fizeram diversas experiências para a determinação da resistência de cabos, barras e vigas, sem contudo desenvolver qualquer estudo teórico para explicar os resultados de seus experimentos. A eles seguiram-se outros estudiosos como Leonard Euler (1701-1783), Coulomb, Poisson, Navier, Saint Venant e Cauchy que, por sua vez, desenvolveram teorias fundamentais. Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 3 Figura 1.2 - Campo de aplicação da resistência dos materiais 1.2. Conceitos principais da resistência dos materiais O problema fundamental da resistência dos materiais é o dimensionamento de estruturas, das máquinas e dos equipamentos em geral, bem como dos seus elementos e a apresentação do respectivo certificado de segurança. Isto significa: § Uma comparação das solicitações máximas possíveis esperadas com as solicitações admissíveis dos materiais usados; § A determinação do estado de deformação das construções, uma vez que pelo seu dimensionamento devem ser garantidas não só uma segurança suficiente mas também deformações dentro de limites determinados; § A garantia da estabilidade das estruturas; § A economia dos materiais disponíveis. Ao contrário da estática onde são estudadas apenas as resultantes as forças internas aplicadas em qualquer secção transversal de um elemento estrutural, na resistência dos materiais não só se determinam os valores e as direcções das forças internas mas também a sua distribuição sobre assecções transversais. As forças internas, no entanto, só podem ser determinadas independentemente das deformações no caso de estruturas isostáticas. Todavia, a maioria dos problemas é hiperestática de modo que só tendo em conta deformações se podem determinar as forças internas. A relação entre as forças internas e as deformações provocadas pelo carregamento determina-se pelas leis da teoria de elasticidade, das quais a mais simples é a “Lei de Hooke”. O cientista Hooke estabeleceu em 1676 a tese seguinte: “quão é a deformação, tal é a força”. Isto significa que a deformação é directamente proporcional à força actuante. Esta proporcionalidade constitui a base para a Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 4 aplicabilidade do “Princípio de Sobreposição”. Em conformidade com esse princípio, as deformações e as forças internas são independentes da ordem temporal da aplicação das forças externas. Isto significa que no caso de se aplicarem várias forças num Sistema, as forças internas, as tensões e as deformações produzidas por cada uma das forças se determinam separadamente, obtendo-se o resultado final como soma vectorial dos resultados parciais. Princípio de Sobreposição As dimensões geométricas de um corpo real variam devido à acção de forças externas. Ao retirar a carga as dimensões restabelecem-se total ou parcialmente. A propriedade dos corpos de restabelecer as suas dimensões geométricas denomina- se “elasticidade”. Em conformidade com isso, os materiais que obedecem à lei de Hooke são considerados como elásticos. Na realidade, verificam-se nos corpos reais, maiores ou menores desvios de elasticidade absoluta. Os desvios aumentam com os valores das cargas actuantes. As deformações residuais irreversíveis são denominadas plásticas e a sua existência torna necessária a aplicação das leis da “Plasticidade”. Nos materiais poliméricos e nos elementos estruturais submetidos a temperaturas elevadas ocorre o fenómeno da “Viscoelasticidade”, isto é, sob a acção de cargas constantes, as deformações variam com a duração do carregamento. Na nossa abordagem limitar-nos-emos a deformações absolutamente elásticas. Os problemas da plasticidade e da viscoelasticidade não serão analisados. Para além disso, pressuporemos deformações pequenas quando comparadas com as dimensões dos elementos estruturais. Como abandonamos a hipótese fictícia do corpo rígido, deveriam também ser estabelecidas, com rigor, as condições de equilíbrio no corpo deformado. No entanto, como trataremos apenas deformações pequenas, continuaremos a estabelecer as condições de equilíbrio dos elementos não deformados. Fala-se neste caso da “teoria da primeira ordem”, que traz consigo simplificações consideráveis. No caso de carregamentos com sequência, deve-se aplicar cada uma das cargas na estrutura não deformada, isto é, cada carga seguinte carrega a estrutura da mesma maneira como a carga inicial. Por isso, pode ser alterada a ordem de aplicação das cargas. No entanto, para alguns problemas, por exemplo, os de estabilidade, a teoria da primeira ordem não tem aplicação. Nesse caso, as condições de equilíbrio estabelecem-se obrigatoriamente com a estrutura deformada, porque são admitidas nestes problemas deformações grandes (teoria da segunda ou terceira ordem). Então, para esses casos, há que considerar a presença de termos que na teoria da primeira ordem se consideram desprezíveis. Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 5 Na Resistência dos Materiais, assim como em qualquer outro ramo das ciências, o estudo da resistência de um objecto real começa com a determinação de um “esquema de cálculo” ou “modelo de cálculo”, que significa frequentemente uma certa simplificação do problema. Esta simplificação torna-se necessária em todos os casos, uma vez que se verifica a impossibilidade de solucionar um problema considerando todas as suas particularidades, por serem em número ilimitado. Portanto, desprezaremos tudo o que se revela como secundário em relação ao essencial, isto é, não tomaremos em conta as particularidades sem importância respeitante à resistência da estrutura. Em relação às propriedades mecânicas dos elementos estruturais basear-nos-emos nas seguintes suposições: § Todos os materiais são considerados como meios contínuos e homogéneos, independentemente das particularidades da sua microestrutura. Um material é homogéneo quando as suas propriedades não dependem do volume do corpo. Disto provém o conceito do meio contínuo. Um meio contínuo caracteriza-se pela ocupação contínua de todo o volume que lhe é atribuído; § Supõe-se que o material tenha as mesmas propriedades em todas as direcções, isto é, seja isotrópico. Isto significa que as propriedades de um corpo destacado de um meio contínuo não dependem da sua orientação angular original dentro deste meio. Embora cada cristal de um metal, tomado separadamente, seja anisotrópico, o metal no seu total é considerado isotrópico, uma vez que o volume real contém um grande número de cristais dispostos aleatoriamente. Porém, existem também materiais anisotrópicos como, por exemplo, a madeira, cujas propriedades dependem da orientação das fibras. Introduzem-se frequentemente simplificações na geometria dos corpos reais considerando-os compostos de corpos regulares da estereometria (cubos, paralelepípedos, cilindros, esferas, etc.). Dependerá, pois, da experiência prática do engenheiro, na medida em que consiga separar o secundário do essencial, facilitar o trabalho sem desobedecer as exigências práticas estabelecidas ou requeridas no modelo real. Por outro lado, o engenheiro deve contar sempre com os perigos possíveis que podem resultar do seu trabalho para a saúde e a vida dos outros, bem como para a economia do país e proteção do meio ambiente. Se não fizer outra referência, suporemos que a carga atinja o seu valor final muito devagar, não instantaneamente, crescendo do valor zero até ao seu valor final, como está representado na Figura 1.3. Nesta condição o elemento estrutural dispõe do tempo necessário para formar em cada momento o estado de equilíbrio entre as forças externas e internas. Fala-se, neste caso, de uma solicitação estática. Figura 1.3 - Solicitação estática Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 6 As cargas introduzidas rapidamente provocam vibrações e aumentam os esforços até ao dobro (Figura 1.4.a). Sob a acção de choques ou impulsos os esforços podem alcançar um múltiplo da solicitação estática (Figura 1.4.b). Conhece-se também, sobretudo devido à acção de máquinas, solicitações periódicas (Figura 1.4.c) que levam à fadiga dos materiais. Para além disso, surgem, por vezes, solicitações totalmente irregulares, não estacionárias, acidentais (Figura 1.4.d) que são produzidas, por exemplo, pelos carros sobre pontes ou pelo vento que actua nas estruturas da engenharia civil. Figura 1.4 - Solicitação variável O nosso estudo da resistência dos materiais limitar-se-á ao estudo das solicitações estáticas em estruturas isostáticas e hiperestáticas. 1.3. Tipos de apoios ou suportes A tabela a seguir ilustra os tipos de apoios e suportes convencionais que passaremos a usar nos capítulos seguintes para efectuar o estudo das estruturas submetidas a vários tipos de solicitação. Tabela 7. Tipos de apoios ou suportes de estruturas Tipo de Apoio Reacções de apoio Cabo – neste tipo de apoio aparece apenas uma reacção (tracção) na direcção do cabo. Uma incógnita: 𝑭 Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 7 Apoio móvel - neste tipo de apoio aparece apenas uma reacção. Uma incógnita: 𝑭 Plano inclinado - neste tipo de apoio aparece apenas umareacção perpendicular ao plano. Uma incógnita: 𝑭 Apoio fixo - neste tipo de apoio aparecem duas reacções de apoio nos eixos ortogonais. Duas incógnitas: 𝑭𝒛 𝒆 𝑭𝒚 Pino interno - neste tipo de apoio aparecem duas reacções de apoio nos eixos ortogonais. Duas incógnitas: 𝑭𝒛 𝒆 𝑭𝒚 Encastramento - neste tipo de apoio aparecem duas reacções nos eixos ortogonais e um momento flector. Três incógnitas: 𝑭𝒛 , 𝑭𝒚 𝒆 𝑴𝒙 1.4. Tipos de carregamentos e suas aplicações Na tabela a seguir apresentam-se alguns carregamentos típicos de estruturas na prática de engenharia e as suas respectivas reacções nos apoios. Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 8 Tabela 8. Tipos de carregamentos de estruturas e suas aplicações Tipo de carregamento Reacções nos apoios Forças concentradas Carga uniformemente distribuída Carga uniformemente variável Momento concentrado Observações: § Para o cálculo das reacções de apoio, a carga uniformemente distribuída é substituída por uma força concentrada equivalente 𝑸 igual a área da figura geométrica descrita pela carga e que passa pelo seu centroide: 𝑄 = 𝑞. 𝑙 Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 9 § Para o cálculo das reacções de apoio, a carga uniformemente variável é substituída por uma força concentrada equivalente 𝑸 igual a área da figura geométrica descrita pela carga e que passa pelo seu centroide: 𝑄 = (𝑞. 𝐿)/2 § Para o cálculo das reacções de apoio, o binário de forças pode ser substituído por um momento correspondente 𝑴 no polo, que será igual à força multiplicada pela distância entre as forças que formam o binário: 𝑀 = 𝐹. 𝑎 1.5. Classificação das vigas Na tabela a seguir apresentam-se algumas classificações típicas de vigas na prática de engenharia. Tabela 9. Classificação das vigas Classificação das vigas § Vigas simplesmente apoiadas § Viga bi-encastrada § Viga encastrada-apoiada Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 10 § Viga em consola § Viga em balanço nas duas extremidades 1.6. Cálculo das reacções de apoio em estruturas isostáticas O cálculo das reacções de apoio em estruturas isostáticas é feito apenas estabelecendo as condições de equilíbrio da estrutura, que genericamente são: § →: o somatório de todas as forças que agem no sentido horizontal (x ou z) deve igual a zero. § ↑: o somatório de todas as forças que agem no sentido vertical (y) deve ser igual a zero. § ↺ 𝑨 𝑜𝑢 ↻ 𝑨: o somatório dos momentos no sentido indicado em relação a um ponto qualquer (A) escolhido convenientemente, deve ser igual a zero. Nota: pode-se, também, estabelecer-se duas condições de equilíbrio fazendo- se o somatório dos momentos em relação a dois pontos quaisquer (A e B) e estabelecer-se a condição de equilíbrio de forças apenas numa direcção, tendo-se assim, as três condições de equilíbrio gerais. Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 11 Exemplo 1.1 Para a estrutura representada na Figura 1.5, pede-se para determinar as reacções nos apoios, negligenciando o peso da viga. Dados: 𝐹 = 4 𝑘𝑁; 𝑞 = 2𝑘𝑁/𝑚; 𝑎 = 1 𝑚; 𝑏 = 0,5 𝑚 Figura 1.5 - Exemplo 1.1 Solução Passo 1. Antes de estabelecer as condições de equilíbrio, é necessário fazer o diagrama de corpo livre, substituindo-se o binário de forças por um momento concentrado: Passo 2. Cálculo do momento concentrado: 𝑀 = 𝐹 × 𝑏 = 4 × 0,5 = 2 𝑘𝑁.𝑚 Passo 3. Cálculo das reacções nos apoios ⟶: 𝐴� = 0 𝑨𝒛 = 𝟎 ↑ : 𝐴� + 𝐵 − 𝑞. 𝑎 − 𝐹 = 0 𝑨𝒚 = −𝟎, 𝟓 𝒌𝑵 𝐴 ↺ : 𝐵. 2𝑎 + 1 2𝑞. 𝑎 T − 𝑀 − 𝐹. 3𝑎 = 0 𝑩 = 𝟔, 𝟓 𝒌𝑵 Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 12 Exemplo 1.2 Para a estrutura representada na Figura 1.6, pede-se para determinar as reacções nos apoios, negligenciando o peso da viga. Dados: 𝐹 = 𝑞. 𝑙 ; 𝑞 = 1𝑘𝑁/𝑚 𝑙 = 1500 𝑚𝑚 ; 1 3 𝑙 = 500 𝑚𝑚 Solução Passo 1. Antes de estabelecer as condições de equilíbrio, é necessário fazer o diagrama de corpo livre: Passo 2. Cálculo das reacções de apoio: →: 𝐴� − 𝐹 = 0 𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑙 𝑨𝒛 = 𝟏𝟓𝟎𝟎 𝑵 ↑ : 𝐴� − 𝑞𝑙 = 0 𝐴� = 𝑞𝑙 𝑨𝒚 = 𝟏𝟓𝟎𝟎 𝑵 ↻ 𝐴: 𝑀A + 1 2𝑞𝑙 T − 1 3𝐹𝑙 = 0 𝑀A = 1 3𝑞𝑙 T − 1 2 𝑞𝑙 T 𝑴𝑨 = 𝟑𝟕𝟓 𝑵.𝒎 Figura 1.6 - Exemplo 1.2 Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu apecto perece: assim se murchará, também, o rico, nos seus caminhos. – Tiago 1:1 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 13 CAPÍTULO 2. ESFORÇOS NUMA SECÇÃO TRANSVERSAL 2.1. Princípio de corte Embora comummente o problema da determinação dos esforços numa secção e dos seus diagramas se considere como parte da estática, queremos tratá-lo pormenorizadamente antes de chegarmos ao próprio assunto da "Resistência dos materiais", tendo em conta a importância básica que cabe àquele problema. Na estática estudámos como as forças exteriores aplicadas num corpo se distribuem pelos apoios. Como estruturas isostáticas determinamos facilmente, usando equações de equilíbrio, as reacções de apoio como funções das forças externas aplicadas ao corpo. Queremos investigar, agora, como o corpo sólido está em condições de transmitir as cargas exteriores aos apoios, como se realiza a comunicação entre as forças exteriores e as reacções de apoio. Esta comunicação resulta da acção das forças internas, provocadas pelo carregamento da estrutura, que se opõem à deformação e garantem a ligação interna dos corpos solicitados. Trata-se de forças internas de coesão molecular que só se manifestam se o corpo for seccionado. Para investigarmos as forças internas imaginemos um corpo qualquer, sob a acção de um sistema de forças que satisfaça às condições de equilíbrio, seccionado por uma superfície plana (Figura 2.1). Figura 2.1 - Análise de forças internas [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] As acções moleculares exercidas pela parte direita (parte B) sobre a parte esquerda (A) manifestam-se através da força resultante R, que passa pelo ponto de referência S, e do momento resultante M, relacionado com o mesmo ponto, e equilibram, evidentemente, a acção das forças F1 e F2. Da mesma maneira, as forças internas actuantes sobre a parte direita representam a acção das forças exteriores aplicadas na parte esquerda e equilibram a acção das forças que se aplicam na parte direita. Portanto, pode-se determinar a resultante R e o momento M indiferentemente, a partir das forças exteriores situadas Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 14 à esquerda do ponto de corte ou a partir das forças situadas à direita da secção, invertendo-se, apenas os sentidos ao mudar o lado da secção considerada. Para facilitar o estudo posterior é mais cómodo escolher como ponto de referência S o centro de gravidade da secção transversal. A resultante R e o momento M aplicados em cada parte do corpo seccionado são, pelas condições de equilíbrio, iguais e opostos. O método de seccionar o corpo para que asforças internas surjam explicitamente é denominado “princípio do corte”. Para determinar facilmente o esforço interno em cada secção seccionada deve-se decompor a força resultante R e o momento resultante M em componentes segundo direcções distintas que são as direcções dos eixos das coordenadas usadas. Portanto, torna-se necessário estabelecer convenções sobre o sistema de coordenadas e sobre os sinais a adoptar em todos os capítulos seguintes, quando em contrário nada for assinalado. Aplicaremos coordenadas cartesianas que formam um triedro de referência sinistrógiro ou direito (Figura 2.3). A posição espacial do sistema de coordenadas é arbitrária, mas em geral fixa-se de modo que o eixo 𝒛 coincida com o eixo do corpo em questão. O sinal ⨀ significa que o vector unitário que define o terceiro eixo se orienta de trás para a frente do plano da figura. O sinal ⊗ indica que o eixo está orientado para trás da figura. Figura 2.3 - Coordenadas cartesianas Definimos como “sentido positivo dos momentos e das rotações” o sentido da rotação de um saca-rolhas quando progride segundo o sentido positivo do eixo considerado (Figura 2.2). 2.2. Classificação dos esforços internos As forças e os momentos internos serão considerados positivos se os seus vectores têm os sentidos positivos dos respectivos eixos coordenados quando a normal exterior da secção transversal em que actuam também tem sentido positivo, Figura 2.2 - Sentido positivo dos momentos e das rotações Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 15 ou quando os ditos vectores têm sentidos opostos aos dos eixos em causa, se a normal exterior também tem sentido oposto ao eixo positivo (Figura 2.4). Figura 2.4 - Classificação dos esforços internos Decompondo a resultante R e o momento M da Figura 2.1 em componentes segundo os eixos das coordenadas x, y e z obtêm-se os seguintes esforços seccionais (Figura 2.5): Figura 2.5 - Esforços seccionais § Esforço normal N, cuja tendência é comprimir (sinal negativo) ou traccionar (sinal positivo, Figura 2.6.a) a secção. § Esforços transversos 𝑻𝒙 𝒆 𝑻𝒚, cuja tendência é cortar a secção ou provocar o deslizamento mútuo das secções (Figura 2.6.b). § Momento torçor 𝑴𝒕, cuja tendência é torcer a secção em torno da sua normal (Figura 2.6.c). § Momentos flectores 𝑴𝒙 𝒆 𝑴𝒚, cuja tendência é girar a secção em torno dos eixos localizados no seu próprio plano, x e y respectivamente, comprimindo uma parte da secção transversal e distendendo (traccionando) a outra (Figura 2.6.d). Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 16 Algumas das componentes de R e M representadas na Figura 2.5 são dirigidas contrariamente aos sentidos positivos dos eixos coordenados, sendo por isso designadas por sinais negativos. O esforço normal N é um esforço actuando na direcção do eixo do corpo, portanto, normalmente ao plano da secção transversal. E a soma algébrica das projecções das forças exteriores situadas de um mesmo lado da secção, sobre a normal à mesma. Figura 2.6 - Acção dos esforços seccionais [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] Os esforços transversos T são esforços actuando perpendicularmente ao eixo do corpo, portanto, no plano da secção transversal. São determinados pelas somas algébricas das projecções das forças exteriores situadas de um mesmo lado da secção, sobre os eixos coordenados localizados no plano da mesma. O momento torçor 𝑴𝒕 é um esforço provocado por um conjugado que actua no plano da secção transversal. É a soma algébrica dos momentos, em relação ao eixo do corpo, das forças exteriores situadas de um mesmo lado da secção. Os momentos flectores M são esforços provocados por conjugados que actuam nos planos perpendiculares ao plano da secção, definidos pelo eixo do corpo e por cada um dos outros dois eixos coordenados. São as somas algébricas das projecções, sobre os eixos coordenados localizados no plano da secção transversal, dos momentos das forças situadas de um mesmo lado da secção, em relação ao centro de gravidade da mesma. 2.3. Classificação dos esforços internos numa secção em estruturas planas Na prática da engenharia as estruturas possuem, frequentemente, um plano de simetria no qual estão situados todos os eixos dos elementos estruturais e todas as forças exteriores. Limitemo-nos, por isso, primeiramente, à determinação analítica dos esforços seccionais de estruturas planas carregadas no plano de simetria 𝒚𝒛. Os esforços dependem do ponto de corte, quer dizer, são funções das chamadas "coordenadas de trecho z" a introduzir. Os seus valores podem ser Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 17 determinados para qualquer secção, aplicando as condições de equilíbrio. Como nas secções em que há descontinuidades da carga ou variações bruscas da direcção do eixo do elemento estrutural ou da área da secção transversal aparecem também descontinuidades nas funções dos esforços, é conveniente, subdividir a estrutura em vários trechos, que começam e terminam nesses pontos de descontinuidade. Ao subdividir a estrutura em vários trechos, pode-se introduzir para cada trecho "𝒊" uma coordenada "𝒛𝒊", ou utilizar uma só coordenada geral "𝒛". O segundo método apenas se aplica em estruturas não ramificadas e sem variações bruscas das secções transversais e das direcções dos eixos dos seus elementos estruturais. Com o fim de obtermos para cada trecho as representações analíticas das leis de variação dos esforços como funções da coordenada 𝒛, imaginemos, sucessivamente dentro de cada trecho, a estrutura cortada em qualquer secção e introduzamos os esforços positivos no lugar de corte, estabelecendo, ainda, as condições de equilíbrio para a parte cortada, ou para a parte restante da estrutura. Para isso é necessário determinar previamente as reacções de apoio. A seguir tem-se a resolução de alguns problemas elucidativos, que acredita-se serem suficientes para a melhor compreensão da matéria deste capítulo. Começaremos por estudar os esforços internos da estrutura apresentada no Exemplo 1 do Capítulo 1. Antes de começarmos a resolução dos problemas, é necessário definir as direcções e os sentidos convencionais dos esforços internos que surgem quando seccionamos a viga. Estas convenções são ilustradas na figura ao lado, para as diferentes orientações do eixo da viga (vertical ou horizontal). Exemplo 2.1 Para a estrutura representada na Figura 2.7, pede-se para determinar as reacções nos apoios, negligenciando o peso da viga. Dados: 𝐹 = 4 𝑘𝑁; 𝑞 = 2𝑘𝑁/𝑚; 𝑎 = 1 𝑚; 𝑏 = 0,5 𝑚 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 18 Figura 2.7 - Exemplo 2.1 Solução: Passo 1. Fazemos o diagrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das reacções nos apoios e calcular as reacções de apoio em função das cargas externas. Como no capítulo anterior esse trabalho já foi feito, a seguir apresenta-se apenas o diagrama de corpo livre e os resultados das reacções. 𝑨𝒛 = 𝟎 𝑨𝒚 = −𝟎, 𝟓 𝒌𝑵 𝑩 = 𝟔, 𝟓 𝒌𝑵 Passo 2. Subdividimos a estrutura em trecho, com base nos pontos de descontinuidade, e introduzimos uma coordenada 𝒛𝟏 , 𝒛𝟐 , 𝒛𝟑 e 𝒛𝟒 para cada trecho como se mostra na figura a seguir: Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 19 19 Passo 3. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. § Trecho 1 ⟶: 𝑁� = 0 ↓: 𝑇� + 𝑞. 𝑧� = 0 𝑧� ↺ : 𝑀� + 1 2𝑞𝑧� T = 0 𝑁� = 0 𝑇� = −2𝑧� 𝑀� = −𝑧�T § Trecho 2⟶: 𝑁T = 0 ↓ : 𝑇T + 𝑞. 𝑎 − 𝐴� = 0 𝑧T ↺ : 𝑀T + 𝑞. 𝑎 � 1 2𝑎 + 𝑧T� − 𝐴�. 𝑧T = 0 𝑁T = 0 𝑇T = −2,5 𝑘𝑁 𝑀T = −2,5𝑧T § Trecho 3 ⟵: 𝑁� = 0 ↑ : 𝑇� − 𝐹 = 0 𝑧� ↻ : 𝑀� + 𝐹. 𝑧� = 0 ⟵: 𝑁� = 0 ↑ : 𝑇� − 𝐹 = 0 𝑧� ↻ : 𝑀� + 𝐹. 𝑧� = 0 § Trecho 4 ⟵: 𝑁j = 0 ↑ : 𝑇j + 𝐵 − 𝐹 = 0 𝑧j ↻ : 𝑀j − 𝐵. 𝑧j + 𝐹(𝑎 + 𝑧j) = 0 𝑁j = 0 𝑇j = −2,5 𝑘𝑁 𝑀j = 2,5𝑧j − 4 Exemplo 2.2 Determinar as leis de variação dos esforços seccionais para a estrutura representada na Figura 2.8. Dados: 𝐹, 𝑎. 𝐹� = √2𝐹 ; 𝐹 = 𝑞𝑎 ; 𝛼 = 45° Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 20 20 Figura 2.8 - Exemplo 2.2 Solução: Passo 1. Fazemos o diagrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das reacções nos apoios e calcular as reacções de apoio em função das cargas externas. Podemos, também, nesta fase, subdividir a estrutura em trechos e introduzir a coordenada 𝒛𝟏, 𝒛𝟐 e 𝒛𝟑 para cada trecho: →: 𝐴� − 𝐹 = 0 ↑ : 𝐴� + 𝐵� − 2𝑞𝑎 − 𝐹 = 0 𝐴 ↺ : 𝐵. 4𝑎 − 𝐹. 3𝑎 − 2𝑞𝑎T = 0 𝐴� = 𝐹 𝐴� = 7 4𝐹 𝐵 = 5 4𝐹 Passo 2. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. § Trecho 1 →: 𝐴� + 𝑁� = 0 ↑ : 𝐴� − 𝑞𝑧� − 𝑇� = 0 𝑧� ↺ : 𝑀� + 𝑞 𝑧�T 2 − 𝐴�𝑧� = 0 𝑁� = −𝐹 𝑇� = 7 4𝐹 − 𝑞𝑧� 𝑀� = 7 4𝐹𝑧� − 𝑞 𝑧�T 2 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 21 21 § Trecho 2 ↑ : 𝐴� − 2𝑞𝑎 − 𝑇T = 0 → : 𝐴� + 𝑁T = 0 𝑧T ↺ : 𝑀T − 𝐴�(2𝑎 + 𝑧T) + 2𝑞𝑎(𝑎 + 𝑧T) = 0 𝑇T = 𝐴� − 2𝑞𝑎 = −14𝐹 𝑁T = −𝐴� = −𝐹 𝑀T = 𝐹 �32𝑎 − 1 4 𝑧T� § Trecho 3 ↑ : 𝐵 + 𝑇� = 0 → : −𝑁� = 0 𝑧� ↺ : 𝐵. 𝑧� −𝑀� = 0 𝑇� = −54𝐹 𝑁� = 0 𝑀� = 5 4𝐹𝑧� Exemplo 2.3 Para a estrutura representada na Figura 1.6, pede-se para determinar as equações dos esforços internos. Dados: 𝐹 = 𝑞. 𝑙 ; 𝑞 = 1𝑘𝑁/𝑚 𝑙 = 1500 𝑚𝑚 ; 1 3 𝑙 = 500 𝑚𝑚 Solução: Passo 1. Fazemos o digrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das reacções nos apoios e calcular as reacções em função das cargas externas. Podemos também, nesta fase, subdividir a estrutura em trechos e introduzir a coordenada 𝑧� e 𝑧T para cada trecho: Figura 2.9 - Exemplo 2.3 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 22 22 →: 𝐴� − 𝐹 = 0 ↑ : 𝐴� − 𝑞𝑙 = 0 ↻ 𝐴: 𝑀A + 1 2𝑞𝑙 T − 13𝐹𝑙 = 0 𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑙 𝐴� = 𝑞𝑙 𝑀A = 1 3𝑞𝑙 T − 12 𝑞𝑙 T 𝑨𝒛 = 𝟏𝟓𝟎𝟎 𝑵 𝑨𝒚 = 𝟏𝟓𝟎𝟎 𝑵 𝑴𝑨 = 𝟑𝟕𝟓 𝑵.𝒎 Passo 2. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. § Trecho 1 ↓ : 𝑁� = 0 ← : 𝑇� + 𝐹 = 0 𝑧� ↻ : 𝑀� − 𝐹𝑧� = 0 𝑁� = 0 𝑇� = −𝐹 𝑀� = 𝐹𝑧� § Trecho 2 ←: 𝑁T + 𝐹 = 0 ↑ : 𝑇T − 𝑞𝑧T = 0 𝑧T ↻:𝑀T − 1 3𝐹𝑙 + 1 2 𝑞𝑧T T = 0 𝑁T = −𝐹 𝑇T = 𝑞𝑧T 𝑀T = 1 3𝐹𝑙 − 1 2 𝑞𝑧T T Exemplo 2.4 Determinar as equações dos esforços internos para a estrutura abaixo representada, sendo: Dados: 𝑞¡á£ = 3𝑞¤ ; 𝐹 = 𝑞¤𝑎 Figura 2.10 - Exemplo 2.4 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 23 23 Solução: Passo 1. Cálculo das reacções de apoio →: 𝐴� − 𝐹 = 0 ↑ : 𝐴� − 1 23𝑞¤ . 3𝑎 = 0 𝐴 ↺ : −𝑀A − 1 23𝑞¤ . 3𝑎 . 1 3 3𝑎 − 𝐹𝑎 = 0 𝑨𝒛 = 𝑭 𝑨𝒚 = 𝟒, 𝟓 𝑭 𝑴𝑨 = −𝟓, 𝟓 𝑭𝒂 Passo 2. Determinação dos esforços internos Subdividimos a estrutura em dois trechos e introduzimos para cada trecho “𝒊” uma coordenada “𝒛”". Fazemos coincidir em cada vez a coordenada 𝒛 com o eixo da parte da estrutura em causa, contando 2, quer a partir da extremidade direita do trecho, quer da extremidade esquerda. Os sentidos dos 𝒛¥ de vários trechos são arbitrários, podendo ser opostos. Elementos estruturais verticais são estudados como um desenho técnico, isto é, do lado direito. Estudando cada trecho deste modo, introduzimos os esforços positivos. Assim, para a parte do lado esquerdo do ponto de corte, o esforço normal tem o sentido positivo para a direita, o esforço transverso tem o sentido positivo para baixo e o momento flector tem o sentido positivo oposto ao movimento dos ponteiros do relógio, enquanto para a parte do lado direito do ponto de corte os sentidos são contrários. § Trecho 1 →: 𝑁� = 0 ↑: 𝐹 − 𝑇� = 0 𝑧� ↺ : 𝑀� − 𝐹𝑧� = 0 𝑁� = 0 𝑇� = 𝐹 𝑀� = 𝐹𝑧� Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 24 24 § Trecho 2 →: −𝑁T − 𝐹 = 0 ↑ : 𝑇T − 𝑞(𝑧T) 𝑧T 2 = 0 𝑧T ↺ : −𝑀T − 𝐹𝑎 − 𝑞(𝑧T). 𝑧T 2 . 𝑧T 3 = 0 𝑁T = −𝐹 = −𝑞¤𝑎 𝑇T = 𝑞¤ 𝑧TT 2𝑎 𝑀T = −𝐹𝑎 − 𝑞¤ 𝑧T� 6𝑎 = −𝑞¤𝑎T − 𝑞¤ 𝑧T� 6𝑎 sendo: 𝑞(𝑧T) = 𝑞¡á£. 𝑧T 3𝑎 = 𝑞¤. 𝑧T 𝑎 Exemplo 2.5 Determinar as equações dos esforços internos para a estrutura representada na figura abaixo ao lado. Dados: 𝑞, 𝑎 𝐹 = 𝑞. 𝑎 Solução: Passo 1. Cálculo das reacções de apoio →: 𝐴� − 𝐹 = 0 ↑ : 𝐴� + 𝐵 − 4𝑞𝑎 = 0 𝐴 ↺:𝐵. 3𝑎 − 𝐹𝑎 − 𝑞. 4𝑎. 2𝑎 = 0 𝐴� = 4𝑞𝑎 − 3𝑞𝑎 = 𝑞𝑎 𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑎 𝐵 = 3𝐹 = 3𝑞𝑎 Figura 2.11 - Exemplo 2.5 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 25 25 Passo 2. Determinação das equações dos esforços internos § Trecho 1 →: 𝑇� = 0 ↑ : 𝑁� + 𝐵 = 0 ↺ 𝑧�: 𝑀� = 0 𝑇� = 0 𝑁� = −𝐵 = −3𝑞𝑎 𝑀� = 0 § Trecho 2 →:𝑇T − 𝐹 = 0 ↑ : 𝑁T + 𝐵 = 0 ↺ 𝑧T: 𝑀T − 𝐹𝑧T = 0 𝑇T = 𝐹 = 𝑞𝑎 𝑁T = −𝐵 = −3𝑞𝑎 𝑀T = 𝐹𝑧T = 𝑞𝑎𝑧T § Trecho 3 ←: 𝑁� = 0 ↑ : 𝑇� − 𝑞𝑧� = 0 ↻ 𝑧�: 𝑀� + 1 2𝑞𝑧� T = 0 𝑁� = 0 𝑇� = 𝑞𝑧� 𝑀� = −12𝑞𝑧� T § Trecho 4 →: 𝑁j + 𝐴� = 0 ↓ : 𝑇j + 𝑞𝑧j − 𝐴� = 0 ↺ 𝑧j: 𝑀j + 1 2𝑞𝑧j T − 𝐴�𝑧j = 0 𝑁j = −𝐴� = −𝑞𝑎 𝑇j = 𝑞𝑎 − 𝑞𝑧j 𝑀j = 𝑞𝑎𝑧j − 𝑞𝑧jT 2 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 26 26 Analisemos agora as relações existentes entre o momento flector, o esforço transverso e as cargas perpendiculares ao eixo da viga: Consideremos uma distribuição qualquer da carga vertical q(z) aplicada a uma viga (Figura 2.12). Essa carga induz na viga um esforço transverso T(z) e um momento flector M(z). Figura2.12 - Cargas perpendiculares ao eixo da viga Cortamos da viga um elemento por duas secções transversais adjacentes, distante uma da outra de dz e estabelecemos as condições de equilíbrio do elemento. Ao passar da secção de abcissa z à secção de abcissa z+dz, variam os esforços por valores diferenciais. Essas variações são consideradas pela primeira parcela de correcção da série de Taylor 𝑓(𝑧 + 𝑑𝑧) = 𝑓(𝑧) + 𝑑𝑓 𝑑𝑧 𝑑𝑧 + 1 2! 𝑑T𝑓 𝑑𝑧T (𝑑𝑧)T +⋯ Os esforços seccionais sofrem, pois, um acréscimo diferencial: Figura 2.13 – Corte da viga por duas secções transversais As condições de equilíbrio aplicadas no elemento cortado fornecem: →: −𝑁(𝑧) + 𝑁(𝑧) + 𝑑𝑁 = 0 ↑: 𝑇(𝑧) − 𝑇(𝑧) − 𝑑𝑇 − 𝑞(𝑧)𝑑𝑧 = 0 ↺ 𝑧: − 𝑀(𝑧) + 𝑀(𝑧) + 𝑑𝑀 − 𝑇(𝑧) 𝑑𝑧 2 − 𝑇(𝑧) 𝑑𝑧 2 − 𝑑𝑇 𝑑𝑧 2 = 0 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 27 27 Desprezamos a última parcela da equação dos momentos por ser infinitamente pequena comparada com as restantes obtemos: ⎩ ⎪ ⎨ ⎪ ⎧ 𝑁 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. 𝑑𝑇 𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧) 𝑑𝑀 𝑑𝑧 = 𝑇(𝑧) ⇛ 𝑑T𝑀 𝑑𝑧T = 𝑑𝑇 𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧) Percorrendo o trecho da esquerda para a direita constatamos que o esforço transverso é a derivada do momento flector e a função da carga distribuída q(z) é a derivada da função do esforço transverso. Disto se conclui que a função T(z) representa a tangente à função M(z) e que a função do momento flector tem um valor extremo nas secções em que o esforço transverso é igual a zero. No caso em que a coordenada z vai da direita para a esquerda obtém-se a relação: 𝑑T𝑀 𝑑𝑧T = − 𝑑𝑇 𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧) Como se pode facilmente verificar. 2.4. Diagramas dos esforços internos Como os esforços calculados como funções das coordenadas 𝒛𝒊 não dão uma ideia sobre a sua variação ao longo da viga, é conveniente usar-se uma representação gráfica daquelas funções. Para além disso, frequentemente, como por exemplo no processo do dimensionamento duma estrutura, basta conhecer os valores extremos dos esforços que podem ser facilmente deduzidos das suas representações gráficas. As representações gráficas da variação dos esforços ao longo dos eixos dos elementos estruturais chamam-se “diagrama dos esforços” ou “linhas de estado”. É importante conhecer pelo exame simples dos diagramas os sinais dos esforços. Para esse fim marcam-se de um lado do eixo da viga os positivos e do outro os negativos. As convenções mais adoptadas são as seguintes: 1. O diagrama do momento flector é representado do lado da fibra de tracção, isto é, tendo em conta as convenções dos sinais feitas no Capítulo 2.2, os momentos flectores positivos são marcados do lado debaixo das vigas horizontais e do lado direito das vigas verticais; 2. O diagrama do esforço transverso representa-se no lado oposto, quer dizer, os esforços transversos positivos do lado de cima das vigas horizontais e do lado Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 28 28 esquerdo das verticais, enquanto os esforços transversos negativos se representam respectivamente do lado de baixo e do lado direito das vigas horizontais e verticais; 3. O diagrama do esforço normal é marcado em qualquer lado dos elementos estruturais, indicando no próprio diagrama por meio dos sinais “+” e “−“as regiões de tracção ou compressão respectivamente. Comummente aplica-se, no entanto, a mesma regra que para o esforço transverso. Para maior segurança também se pode indicar nos diagramas do momento flector e do esforço transverso os sinais dos esforços. Como exemplos representamos a seguir os diagramas correspondentes aos 3 exemplos tratados no capítulo precedente: Exemplo 2.1 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 29 29 Exemplo 2.2 Exemplo 2.3 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 30 30 Exemplo 2.4 Exemplo 2.5 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 31 31 Se não se precisar das expressões analíticas das funções dos esforços, os diagramas dos esforços podem ser traçados simplesmente, renunciando às equações dos esforços. Para esse fim, calculam-se numericamente os valores dos esforços no início e no fim de cada trecho. Esses valores marcam-se à escala, com base nas convenções acima estabelecidas respeitantes aos diagramas dos esforços, a partir do eixo das estruturas. As ordenadas deste modo fixadas serão sucessivamente ligadas entre si percorrendo cada trecho da esquerda para a direita, e considerando as regras a seguir citadas, que têm carácter geral e objectivo didáctico e facilitam consideravelmente o traçado dos diagramas dos momentos flectores e dos esforços transversos: 1. Se um trecho é sujeito a nenhumas forças exteriores: § O diagrama do momento é uma recta; § O diagrama do esforço transverso passa paralelamente ao eixo do trecho 2. Se um trecho é sujeito a uma força concentrada: § O diagrama do momento tem um ponto angular nesta secção, cuja ponta é orientada no sentido da força; § O diagrama do esforço transverso salta nesta secção. Intensidade e direcção do salto correspondem à intensidade e ao sentido da força aplicada. 3. Se um trecho é sujeito a uma carga uniformemente distribuída: § O diagrama do momento é uma parábola, cuja convexidade é orientada no sentido da carga; § O diagrama do esforço transverso é uma recta inclinada. 4. Se um trecho é sujeito a uma carga triangularmente distribuída: § O diagrama do momento é uma parábola cúbica, cuja convexidade é orientada no sentido da carga; § O diagrama do esforço transverso é uma parábola. 5. No início e no fim duma carga distribuída o diagrama do esforço transverso tem um ponto angular (uma “quebra”), o diagrama do momento flector passa tangencialmente da recta para a parábola. Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 32 32 6. Nas secções onde o esforço transverso muda de sinal o momento flector tem um valor extremo. 7. Num nó rígido em que concorrem apenas duas vigas (variação brusca da direcção do eixo da estrutura) os momentos flectores em ambos os lados do nó são iguais (veja Figura 2.13.d). 8. No caso em que 3 ou mais vigas concorrem num nó rígido, o somatório dos momentos flectores nestas vigas no lugar do nó é nulo. 9. Numa articulação o momento flector é nulo. Para além disso, essas regras deveriam estar sempre presentes na apreciação de cada caso particular, uma vez que representam provas úteis para os diagramas construídos. Com experiência crescente o engenheiro estará em condições, com estas bases, de desenvolver sucessivamente os diagramas sem calcular os valores dos esforços em cada ponto de descontinuidade. O tracejado perpendicular ao eixo estrutural dos diagramas do momento flector e do esforço transverso e o tracejado paralelo ao eixo do diagrama do esforço normal não tem fim decorativo, servindo para evitar dúvidas sobre o trecho a que dizem respeito. 2.5. Esforços internos numa secção em estruturas tridimensionais Em contraposição às estruturas planas em que aparecem apenas 3 esforços numa secção, nas estruturas espaciais teremos que considerar todos os 6 esforços apresentados no Capítulo 2.2. As equações dos esforços são encontradas, imaginando cortada a estrutura sucessivamente em cada trecho limitado por pontos de descontinuidade adjacentes e estabelecendo de cada uma das vezes as 6 condições de equilíbrio do espaço tridimensional. Os esforços transversos e normal resultam, como nas estruturas planas, da soma algébrica das componentes das forças exteriores nas respectivas direcções. Paraa determinação dos momentos tem de se tomar em consideração, que eles resultam da soma dos momentos produzidos pelas componentes das forças exteriores nas duas outras direcções: 𝑀£´́´́´⃗ +¶(𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́ ⃗ − 𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́´⃗ ) ¥ = 0 𝑀�´́´́ ´⃗ +¶(𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹£·´́ ´́ ⃗ − 𝑟£·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́ ⃗) ¥ = 0 𝑀�´́´́´⃗ +¶(𝑟£·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́´⃗ − 𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹£·´́ ´́ ⃗) ¥ = 0 Sendo 𝐹£·´́ ´́ ⃗, 𝐹�·´́´́´⃗ , 𝐹�·´́´́ ⃗ as componentes da força �⃗� segundo os eixos 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧 respectivamente �⃗� = »𝐹£·´́ ´́ ⃗, 𝐹�·´́´́´⃗ , 𝐹�·´́´́ ⃗ ¼, e os 𝑟£·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗ as componentes do raio vector 𝑟, da Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 33 33 força �⃗� relacionado com a secção do corte em que consideramos situada a origem do sistema de coordenadas 𝑟 = »𝑟£·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗¼. Por analogia com os problemas planos, em que fazemos coincidir a coordenada do trecho 𝒛𝒊 com o eixo do elemento em questão, introduzimos nas estruturas espaciais para cada trecho 𝒊, uma coordenada 𝒛¥ ao longo do eixo do trecho, como está indicado na Figura 2.14. Ao estabelecer as equações dos esforços considera-se a origem do sistema de coordenadas, inicialmente fixado, sucessivamente situada em cada trecho nos pontos de coordenada 𝒛. Exemplo 2.6 Para a estrutura tridimensional carregada na sua extremidade mostrada na figura ao lado, é necessário: a) Calcular as reacções de apoio b) Determinar as equações dos esforços internos e c) Desenhar os diagramas dos esforços. Dados: 𝐹� = 3 𝑘𝑁, 𝐹T = 5 𝑘𝑁 𝑒 𝐹� = 20 𝑘𝑁. Solução § Cálculo das reações de apoio ↑ : 𝐴� − 𝐹� = 0 → : −𝐴� + 𝐹T = 0 ↗ : 𝐴£ − 𝐹� = 0 ↑↑ 𝐴: 𝑀A� − 𝐹T. 2 − 𝐹�. 0,5 = 0 →→ 𝐴: −𝑀A� − 𝐹�. 2 + 𝐹�. 3 = 0 ↗↗ 𝐴: 𝑀A£ + 𝐹T. 3 + 𝐹�. 0,5 = 0 𝐴� = 20 𝑘𝑁 𝐴� = 5 𝑘𝑁 𝐴£ = 3 𝑘𝑁 𝑀A� = 11,5 𝑘𝑁𝑚 𝑀A� = −31 𝑘𝑁𝑚 𝑀A£ = −25 𝑘𝑁𝑚 Figura 2.14 - Exemplo 2.6 Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 34 34 § Determinação dos esforços internos Trecho 1: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido positivo (sentido do eixo coordenado z), os esforços vectores têm os sentidos dos eixos coordenados. →: 𝑁� + 𝐹T = 0 𝑁� = −5 𝑘𝑁 ↑ : −𝑇�� − 𝐹� = 0 𝑇�� = −20 𝑘𝑁 ↗ : −𝑇�£ − 𝐹� = 0 𝑇�£ = −3 𝑘𝑁 →→: 𝑀¾� = 0 𝑀¾� = 0 ↑↑ : −𝑀�� − 𝐹�𝑧� = 0 𝑀�� = −20𝑧� ↗↗: −𝑀�£ + 𝐹�𝑧� = 0 𝑀�£ = 3𝑧� Trecho 2: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido positivo (sentido do eixo coordenado x), os esforços vectores têm os sentidos dos eixos coordenados. →: 𝑇T� + 𝐹T = 0 𝑇T� = −5 𝑘𝑁 ↑ : −𝑇T� − 𝐹� = 0 𝑇T� = −20 𝑘𝑁 ↗ : −𝑁T − 𝐹� = 0 𝑁T = −3 𝑘𝑁 →→: 𝑀T� − 𝐹�𝑧T = 0 𝑀T� = 20𝑧T ↑↑ : −𝑀T� + 𝐹�. 1 − 𝐹T𝑧T = 0 𝑀T� = 3 − 5𝑧T ↗↗: −𝑀¾T − 𝐹�. 1𝑚 = 0 𝑀¾T = −20 𝑘𝑁𝑚 Trecho 3: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido negativo (sentido oposto ao eixo coordenado z), os esforços vectores têm sentidos opostos aos dos eixos coordenados. →: −𝑁� + 𝐹T = 0 ↑ : 𝑇�� − 𝐹� = 0 ↗ : 𝑇�£ − 𝐹� = 0 →→: −𝑀¾� − 𝐹�. 2 = 0 ↑↑ : 𝑀�� − 𝐹T. 2 + 𝐹�(1 − 𝑧�) = 0 ↗↗: 𝑀�£ − 𝐹�(1 − 𝑧�) = 0 𝑁� = 5 𝑘𝑁 𝑇�� = 20 𝑘𝑁 𝑇�£ = 3 𝑘𝑁 𝑀¾� = −40 𝑘𝑁𝑚 𝑀�� = 7 + 3𝑧� 𝑀�£ = 20 − 20𝑧� Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 35 35 Trecho 4: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido negativo (sentido oposto ao eixo coordenado y), os esforços vectores têm sentidos opostos aos dos eixos coordenados. →: −𝑇j� − 𝐴� = 0 𝑇j� = −5 𝑘𝑁 ↑ : 𝑁j + 𝐴� = 0 𝑁j = −20 𝑘𝑁 ↗ : 𝑇j£ + 𝐴£ = 0 𝑇j£ = −3 𝑘𝑁 →→: −𝑀j� − 𝑀A� + 𝐴£𝑧j = 0 𝑀j� = 31 + 3𝑧j ↑↑ : 𝑀¾j +𝑀A� = 0 𝑀¾j = −11,5 𝑘𝑁𝑚 ↗↗: 𝑀j£ = +𝑀A£ + 𝐴�𝑧j = 0 𝑀j£ = 25 − 5𝑧j § Diagrama dos esforços seccionais 1. O diagrama do esforço normal é marcado em qualquer lado dos elementos estruturais, indicando no próprio diagrama por meio dos sinais “+” e “-” as regiões de tracção ou compressão respectivamente. 2. O diagrama do esforço transverso deve-se traçar tendo em consideração o sistema de coordenadas convencional adoptado, isto é, o esforço transverso positivo traça-se do lado positivo do eixo e o negativo do lado negativo do eixo. 3. O diagrama do momento flector é traçado seguindo-se as seguintes convenções: § Se o momento em “x” é positivo, traça-se do lado positivo do eixo “y” ou do lado negativo do eixo “z” § Se o momento em “y” é positivo, traça-se do lado positivo do eixo “z” ou do lado negativo do eixo “x” § Se o momento em “z” é positivo, traça-se do lado positivo do eixo “x” ou do lado negativo do eixo “y” § Se o momento em “x” é negativo, traça-se do lado positivo do eixo “z” ou do lado negativo do eixo “y” § Se o momento em “y” é negativo, traça-se do lado positivo do eixo “x” ou do lado negativo do eixo “z” § Se o momento em “z” é negativo, traça-se do lado positivo do eixo “y” ou do lado negativo do eixo “x” Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 36 36 Usando as convenções acima citadas, resultam os seguintes diagramas dos esforços seccionais: Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 37 37 Exemplo 2.7 Para a estrutura representada na Figura 2.15, pede-se para determinar as equações dos esforços internos e as respectivas linhas de estado. Dados: 𝐹� = 100 𝑁, 𝐹T = 150 𝑁, 𝐹� = 75 𝑁, 𝑞 = 2𝑁/𝑐𝑚 , 𝑎 = 50 𝑐𝑚 Figura 2.15 - Exemplo 2.7 Solução § Como se pode ver na figura, para a determinação das equações dos esforços internos e o desenho dos respectivos diagramas, não é necessário conhecer os valores das reacções de apoio por isso, negligenciaremos o seu cálculo. Divisão da estrutura em trechos Trecho 1 § Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido positivo (sentido do eixo coordenado x), os esforços vectores têm os sentidos dos eixos coordenados. ↗ : −𝑁� + 𝐹T = 0 𝑁� = 𝐹T ↑ : −𝑇�� − 𝐹� = 0 𝑇�� = −𝐹� →:𝑇�� − 𝐹� = 0 𝑇�� = 𝐹� ↗↗: −𝑀¾� = 0 𝑀¾� = 0 ↑↑ : −𝑀�� + 𝐹�𝑠� = 0 𝑀�� = 𝐹�𝑠� →→: 𝑀�� − 𝐹�𝑠� = 0 𝑀�� = 𝐹�𝑠� Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 38 38 Trecho 2 § Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido negativo (sentido oposto ao eixo coordenado z), os esforços vectores têm sentidos opostos aos dos eixos coordenados. →: −𝑁T − 𝐹� = 0 𝑁T = −𝐹� ↗ : 𝑇T£ + 𝐹T = 0 𝑇T£ = −𝐹T ↑ : 𝑇T� − 𝐹� − 𝑞𝑠T = 0𝑇T� = 𝐹� + 𝑞𝑠T →→: −𝑀¾T − 𝐹�. 3𝑎 = 0 𝑀¾T = −𝐹�. 3𝑎 ↗↗: 𝑀T£ + 𝐹�𝑠T + 𝑞 𝑠TT 2 = 0 𝑀T£ = −𝐹�𝑠T − 𝑞 𝑠TT 2 ↑↑ : 𝑀T� + 𝐹�. 3𝑎 + 𝐹T𝑠T = 0 𝑀T� = −𝐹�. 3𝑎 − 𝐹T𝑠T Diagramas dos esforços seccionais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas o, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará Publicamente - Mateus 6: 2 - 4 Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 34 34 CAPÍTULO 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS A resistência de um material depende da sua capacidade de suportar a carga sem deformação excessiva ou rotura. Essa propriedade é inerente ao próprio material e deve ser determinada por experimento. Um dos testes mais importantes a realizar nesse sentido é o teste de tracção ou compressão. Embora muitas propriedades mecânicas importantes de um material possam ser determinadas por meio desse teste, ele é usado principalmente para determinar a relação entre a tensão normal média e a deformação normal média em muitos materiais da engenharia, tais como metais, cerâmicas, polímeros e materiais compósitos. Para realizar o teste de tracção ou compressão é feito um corpo de prova do material, com o formato e tamanho “padronizados”. Figura 3.1 - Corpo-de-prova Antes do teste, são feitas duas pequenas marcas de punção ao longo do comprimento do corpo-de-prova, distantes de ambas as extremidades, porque a distribuição da tensão nas é complexa devido à fixação nos acoplamentos em que a carga é aplicada. Medem-se, então, a área da secção transversal do corpo-de-prova 𝐴¤ e o comprimento de referência 𝐿¤ entre as marcas de punção. Por exemplo, quando é usado um corpo-de-prova de metal em um teste de tracção, geralmente ele tem diâmetro inicial 𝑑¤ = 13 𝑚𝑚 e um comprimento de referência 𝐿¤ = 50 𝑚𝑚. A fim de se aplicar uma carga axial sem flexão do corpo-de-prova, as extremidades são, em geral, assentadas em juntas universais. Uma máquina de teste, como mostrada na Figura 3.2, é então usada para estirar o corpo-de-prova com taxa muito lenta e constante até que ele atinja o ponto de ruptura. A máquina é projectada para ler a carga necessária para manter o estiramento uniforme. Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 35 35 Figura 3.2 - Máquinas de ensaio de tracção Os dados da carga aplicada são registados a intervalos frequentes à medida que são lidos no visualizador digital. Além disso, mede-se o alongamento 𝛿 = 𝐿 − 𝐿¤ entre as marcas de punção no corpo-de-prova por meio de um calibre ou um dispositivo óptico denominado extensômetro. O valor 𝛿 é então usado para calcular a deformação normal média do corpo-de-prova. Algumas vezes, entretanto, essa medida não é feita, visto também ser possível obter a deformação directamente, a partir de um extensômetro por resistência eléctrica como mostrado na Figura 3.3 Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 36 36 Figura 3.3 - Extensômetro por resistência eléctrica A operação de tal extensômetro baseia-se na mudança da resistência eléctrica de um arame muito fino ou pedaço de folha de metal submetido à deformação. Essencialmente, o extensômetro é colado ao corpo-de-prova em uma direcção especificada. Se a cola for muito forte em comparação com o extensômetro, então o extensômetro será na verdade parte integrante do corpo-de-prova, de modo que, quando o corpo-de-prova for estirado na direcção do extensômetro, o arame e o corpo-de-prova sofrerão a mesma deformação. Medindo-se a resistência eléctrica do arame, o extensômetro pode ser calibrado para ler valores da deformação normal directamente. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros. - 1Samuel 15:22 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 35 35 CAPÍTULO 4. DEFINIÇÃO DA TENSÃO Os conceitos de tensão e deformação podem ser ilustrados considerando-se o alongamento de uma barra prismática (barra de eixo recto e de secção constante em todo o comprimento). Considere-se uma barra prismática carregada nas extremidades por forças axiais 𝑭 e 𝑭′ (forças que actuam no eixo barra), que produzem alongamento uniforme ou tracção na barra. Sob acção dessas forças originam-se esforços internos no interior da barra. Para o estudo desses esforços internos, considera-se um corte imaginário na secção m-m, normal ao seu eixo. Removendo-se qualquer parte cortada do corpo, os esforços internos na secção considerada (m-m) transforma-se em esforços externos. Figura 4.1 - Barra prismática sob tracção Para que não se altere o equilíbrio, estes esforços internos devem ser equivalentes à resultante 𝑵(𝒛), também longitudinal de intensidade igual a 𝑭. Na prática, supõe-se que estes esforços internos sejam distribuídos uniformemente sobre toda a secção transversal. Quando estas forças são distribuídas perpendiculares e uniformemente sobre toda a secção transversal, recebem o nome de tensão normal, sendo comummente designada pela letra grega 𝝈 (sigma). Pode-se ver facilmente que a tensão normal, em qualquer parte da secção transversal é obtida dividindo-se o valor do esforço interno normal 𝑵(𝒛) pela área da secção transversal 𝑨, ou seja, 𝜎 = 𝑁(𝑧) 𝐴 [3.1] Quando a barra é alongada, a tensão resultante é uma tensão de tracção e se as forças internas comprimem a barra, tem-se tensão de compressão. A condição necessária para validar a equação [3.1] é que a tensão 𝜎 seja uniforme em toda a secção transversal da barra. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 36 36 Figura 4.2 - Tensão normal na barra prismática O alongamento total de uma barra submetida a uma força axial é designado pela letra grega 𝛿 (delta). O alongamento por unidade de comprimento é denominado deformação específica e é representado pela letra grega 𝜀 (épsilon): 𝜀 = 𝛿 𝑙 [3.2] Onde, ∆𝑙 é o alongamento ou o encurtamento da barra e 𝑙 é o comprimento total da barra. Note-se que a deformação 𝜀 é uma quantidade adimensional. É de uso corrente no meio técnico representar a deformação por uma fracção percentual (%) multiplicando-se o valor da deformação específica por 100. 4.1. Classificação dos Materiais Os materiais, conforme as suas características, são classificados como dúcteis e frágeis. 4.1.1. Material frágil O material é classificado como frágil, quando submetido a um ensaio de tracção e não apresenta deformação plástica, passando da deformação elástica para a ruptura. Os materiais frágeis ou quebradiços se deformam relativamente pouco antes da ruptura. São exemplos de material frágil: o concreto, ferro fundido, vidro, porcelana, cerâmica, gesso, cristal, acrílico, baquelite, etc. Figura 4.3 - Diagrama típico de um material frágil RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 37 37 4.1.2. Material Dúctil O material é classificado como dúctil, quando submetido a um ensaio de tracção,
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