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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.
Emily Stocco Tori [footnoteRef:1] [1: Acadêmica do Programa de Pós-Graduação stricto sensu da UNIOESTE, mestrado especial, na disciplina de Tópicos Especiais ABA e Autismo. 
] 
Com o intuito de expandir o conhecimento sobre os fundamentos históricos do transtorno do espectro autista, este trabalho tem como objetivo apresentar brevemente os conceitos históricos apresentados por Paulo Liberalesso no livro: Autismo: Compreensão e Práticas Baseadas em Evidências. Liberalesso (2020) no capitulo intitulado Transtorno Do Espectro Autista Evidências Científicas no Campo das Intervenções Terapêuticas evidencia conceitos e apresenta fatos históricos de como o TEA foi surgindo dentro da sociedade. 
O autor inicia o texto fazendo um relato histórico de como surgiram os primeiros conceitos do que hoje conhecemos como Transtorno do Espectro Autista. Segundo ele:
O termo “autismo” foi utilizado, pela primeira vez, em 1908 pelo psiquiatra suíço Paul Eugen Bleuler para descrever pacientes com sintomas que ele julgava semelhantes àqueles observados na esquizofrenia (LIBERALESSO, 2020, p. 15).
Nesse período também surgiram diversos pesquisadores que foram centrais para que hoje tivéssemos os conceitos conhecidos. Bleuler, pesquisador dentro do campo da psicologia, construiu e fundamentou seu pensamento de que o “autismo faria parte de um grupo maior de psicopatologias, incluindo-o como algo semelhante à esquizofrenia” (Liberalesso 2020, p.15). 
Em 1943, Leo Kanner, um psiquiatra austríaco-americano, publicou um artigo descrevendo um grupo de crianças com características específicas de comportamento, Ele identificou padrões de comportamento distintos, como dificuldades de comunicação, padrões repetitivos e interesses restritos.
Por volta de 1944, o pediatra austríaco Hans Asperger publicou o artigo “A Psicopatia Autista da Infância”, descrevendo pacientes com sinais e sintomas semelhantes aos observados por Kanner, mas “destacando que parte deles apresentava um interesse intenso e restrito por assuntos específicos” (Liberalesso, 2020, p.16). Essa descrição mais tarde levaria à identificação da Síndrome de Asperger, que foi incluída no espectro do autismo.
Nas décadas seguintes, houve uma expansão e refinamento do conceito de autismo. Lorna Wing, psiquiatra e mãe de um autista, realizou ampla pesquisa científica no campo do desenvolvimento humano socioemocional e, posteriormente, no campo do autismo propriamente dito. Lorna fundou em 1962 no Reino Unido, a National Autistic Society. 
A NAS é uma das organizações pioneiras no apoio a pessoas com autismo e suas famílias, fornecendo informações, suporte, advocacia e serviços práticos. Essa organização foi essencial na conscientização sobre o autismo, na defesa por direitos e na promoção de uma melhor compreensão da condição ao longo dos anos.
Posteriormente, houve uma expansão e refinamento do conceito de autismo. O autismo passou a ser entendido como um espectro amplo de condições, com uma variedade de apresentações e níveis de gravidade. Isso resultou em várias revisões nos critérios diagnósticos ao longo do tempo, como no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Segundo Liberalesso (2020)
No DSM, constam os critérios clínicos, sinais e sintomas necessários para o diagnóstico de cada transtorno mental, sendo um uniformizador de termos e conceitos para os profissionais de saúde ao redor do mundo (LIBERALESSO, 2020, p. 18). 
Além disso, o DSM é significativo para que os pesquisadores possam entender, de maneira precisa, os termos utilizados em pesquisas clínicas. Em meados de 1952, a Associação Americana de Psiquiatria publicou a primeira edição do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais” (DSM-I), classificando o autismo como um subgrupo da esquizofrenia infantil.
Com a publicação do DSM-II, o autismo foi classificado como parte integrante das doenças psiquiátricas. Seguidamente, com o DSM-III, o autismo passou a ser reconhecido como uma entidade diferente passou a ser classificada como “transtornos invasivos do desenvolvimento (TID), juntamente com a síndrome de Rett, o transtorno desintegrativo da infância e os transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra classificação” (Liberalesso, 2020, p.19). Por fim, com a última publicação do DSM-5 a nomenclatura transformou-se em “transtorno do espectro autista”.
Através do DSM-5 o diagnóstico do TEA passou a ser divido em dois grupos: 1º déficits persistentes na comunicação e na interação social verbal e não verbal em múltiplos contextos e 2º que eram os padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
O primeiro grupo abordava a socialização, a conversa coerente com seus pares, interações sociais, emoções e afeto. No segundo grupo, havia a analise dos comportamentos comunicativos verbais e não verbais dentro das interações socais, incluindo contato visual, linguagem corporal, gestou e ausência de expressões sociais. 
Tratando-se do diagnostico do TEA Liberalesso expõe que,
É fundamental que os sinais e sintomas anteriormente descritos estejam presentes de forma precoce no desenvolvimento da criança (uma vez que o autismo é classificado como uma alteração do neurodesenvolvimento) (LIBERALESSO, 2020, p. 24).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por uma ampla variedade de sintomas e níveis de gravidade, que podem variar significativamente de uma pessoa para outra. O autor pontua que não há uma classificação de "níveis" de TEA, mas geralmente os profissionais utilizam uma abordagem dimensional para avaliar a gravidade dos sintomas e o impacto nas habilidades sociais, comunicativas e comportamentais da pessoa.
Nível 1, é exposto pelo autor que as pessoas apresentam sintomas leves que requerem algum apoio. Eles apresentam uma dificuldade social perceptível, como dificuldade em iniciar interações sociais e manter conversas, bem como padrões de comportamento repetitivos ou restritos que interferem levemente nas atividades diárias.
O nível 2 é considerado moderado, pois as pessoas apresentam déficit severos nas suas habilidades de comunicação social (verbal e não verbal). Podem apresentar comportamentos repetitivos ou restritos que interferem significativamente nas atividades diárias.
Já o nível 3 temos indivíduos com sintomas graves que requerem um apoio muito substancial. Eles apresentam deficiências acentuadas na comunicação social e interação, bem como padrões de comportamento repetitivos ou restritos que causam grande impacto nas atividades diárias. Pessoas com TEA nível 3 podem ter dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal, além de necessitar de apoio intensivo em múltiplos ambientes.
Em suma, a leitura e os apontamentos aqui feitos foram de extrema importância para a compreensão da origem e dos termos atuais que caracterizam o TEA. O texto é enriquecedor e trás ótimas reflexões que são importantes para o processo de formação. 
REFERÊNCIAS
LIBERALESSO, Paulo. Autismo: compreensão e práticas baseadas em evidências (livro eletrônico). Paulo Liberalesso e Lucelmo Lacerda. 1º edição. Curitiba: Marcos Valentino de Sousa, 2020. 
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