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DIREITO DAS SUCESSÕES 1 DA SUCESSÃO EM GERAL 1.1 Conceito e classificação: Sucessão = transmissão; A sucessão pode ser legítima ou testamentária; Código Civil Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. 1.2 Abertura da sucessão: Princípio de Saisine: “Aberta a sucessão, a herança transmite- se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.” (Art. 1789, CC). ➢ Regra fundamental, pela qual a morte opera a imediata transferência da herança aos seus sucessores legítimos e testamentários. 1.2.1 Morte civil a) Morte real (Art. 6, CC): de corpo presente, comprovada pela morte cerebral; b) Por declaração de ausência (Art. 22 e ss. CC); c) Morte presumida (Art. 7, CC): - A herança constitui um condomínio pro indiviso. - É cabível usucapião de herança? - Requisitos da usucapião: Animus domini + posse pacífica, pública e contínua + lapso temporal legal APELAÇÃO CÍVEL USUCAPIÃO Sentença de extinção do pedido principal e da reconvenção sem resolução de mérito. Imóvel usucapiendo transmitido por herança. Intenção dos apelantes de separar o quinhão deles das partes dos demais herdeiros e condôminos. Impossibilidade jurídica de individualizar a herança pela via da usucapião. Bem integrante da herança que se transfere a todos os herdeiros em condomínio pro indiviso. Inteligência dos artigos 1.784 e 1.791 do CC . Inadequação da via eleita. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJPR AC 15151725 18ª C.Cív. Rel. Des. Luis Espíndola DJe 25.10.2016 p. 595). Código Civil Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 1.3 Modalidades de herdeiros a) Necessários : Cônjuge, ascendentes e descendentes. b) Facultativos: Colaterais. Código Civil Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. ➢ Proteção da Legítima: Limitação da liberdade de testar! Art. 1.846, CC: “pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.” Cálculo da legítima: a) Para fins de testamento, o cálculo será feito na abertura da sucessão. Código Civil Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. b) Para fins de doação, a legítima deverá ser calculada no momento da liberalidade, ou seja, no momento em que se realiza o ato gratuito de disposição. Código Civil Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Estudo de caso: doação inoficiosa Márcia ajuizou ação de anulação de ato jurídico em face Marinalva, companheira de seu genitor, pleiteando a nulidade do negócio jurídico entabulado por este último em favor de Marinalva, sob o fundamento de que o imóvel objeto da transação seria o único bem de titularidade de Amadeu, de modo que este não poderia dispor do mesmo em sua totalidade. Márcia é filha do casamento de Amadeu com Artina, divorciados desde o ano de 2008. Na ocasião do divórcio foi realizada a partilha dos bens, sendo que posteriormente Amadeu vendeu sua cota parte do imóvel X a sua ex- cônjuge e com o dinheiro adquiriu outro imóvel, o qual é objeto deste litígio, o tendo registrado diretamente em nome de sua companheira Marinalva. Ressalta-se, que ao tempo em que realizado o ato de liberalidade que beneficiou Marinalva, Amadeu não possuía outros bens em seu nome. Diante do caso, responda: a) A pretensão de Márcia merece procedência? 1.4 Norma material aplicável à sucessão: Lei vigente ao tempo da abertura da sucessão (fato morte). Data de abertura da sucessão X data de abertura do inventário. Código Civil Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Ou seja, todos os óbitos verificados antes de 11.01.2003 seguem as regras sucessórias do CC/16, mesmo que a partilha seja ultimada tempos depois da vigência da nova lei civil. 1.5 O lugar da sucessão e as regras de competência do inventário: Último domicílio do falecido. Obs.: aqui o local do óbito é irrelevante. Código de Processo Civil Art. 48, CPC. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis(só imóveis); II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes(inovação legislativa); III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio(aqui sim entram os imóveis). No caso de inventário extrajudicial não incidem as regras de competência do inventário judicial, podendo ser lavrado em qualquer cartório do território nacional; 1.5.1 Inventário e partilha de bens situados no território brasileiro Mesmo se o bens pertencerem a estrangeiro com residência no exterior, a competência é da Justiça Brasileira; O legislador adotou o princípio da igualdade entre nacionais e estrangeiros; CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; De modo diverso, em se tratando de bens situados no exterior, mesmo que pertencentes a um brasileiro, prevalece o entendimento de que a competência para processar e julgar não é da jurisdição brasileira, mas sim da jurisdição do país onde está situado; 1.5.2 Norma sucessória mais benéfica para herdeiros brasileiros quando se tratar de bem situado no Brasil, deixado por estrangeiro Art. 10, § 1º, LINDB: A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9047.htm Código Civil Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela. 1.6 Da responsabilidade dos herdeiros Limites da herança; Código Civil Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. 1.7 Legitimação ou vocação para suceder É a aptidão para ser sucessor, herdeiro ou legatário. CÓDIGO CIVIL Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas(nascituro) no momento da abertura da sucessão. Ou seja, é preciso estar VIVO no momento da abertura da sucessão (morte), sendo nascido ou concebido. Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos(não se confunde com o nascituro), de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Art. 1.801. Não podemser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; ➢As disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder são nulas. 1.8 A sucessão sem herdeiro legítimo ou instituído: Herança jacente e vacante Código Civil Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Herança jacente: É aquela do de cujus que morre sem disposição de última vontade e não deixa herdeiros legítimos notoriamente conhecidos. É transitória – dura até a localização de herdeiros antes desconhecidos ou até a declaração de vacância. Enquanto isso, fica sob a administração de um curador. Código Civil Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação(art. 740, §§1º ao 6º, NCPC) e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual(art. 741, NCPC), e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. Declaração de Vacância: transferem-se os bens ao Estado; A declaração de vacância dá ao Estado (em sentido genérico) apenas a propriedade resolúvel dos bens. Só passa ser definitiva 05 anos após a abertura da sucessão sem a habilitação de qualquer herdeiro. Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal. Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. Os descendentes, ascendentes, cônjuge e companheiro sobreviventes poderão reclamar os bens nos cinco anos seguintes à abertura da sucessão; Também poderão reclamar os quinhões ou bens que lhes couberem, nesse prazo, os herdeiros testamentários e legatários, caso seja descoberto testamento no curso do processo de arrecadação da herança jacente. 1.9 Aceitação e renúncia da herança: A aceitação é o ato do herdeiro que confirma a transmissão da herança; Obs.: a transmissão da herança em si ocorre com a Saisine. Pode ser expressa, tácita ou presumida. Código Civil Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Se o sucessor falecer sem externar sua vontade (dizer se aceita ou não a herança), o direito de aceitar é transmitido a seus sucessores, a menos que haja condição suspensiva; Os sucessíveis do herdeiro que faleceu sem aceitar, concordando em receber a segunda herança poderão aceitar ou renunciar a primeira. Pedro Filho BFilho A Neto C Cônjuge de B 1.9.1 Renúncia da herança A renúncia é a manifestação unilateral de vontade do herdeiro declara que não quer receber a herança; Só poderá ser expressa por instrumento público ou termo judicial. Obs.: Renúncia translativa não é renúncia. Efeitos da renúncia: Considera-se o renunciante como nunca chamado à sucessão. Sua parte acresce aos herdeiros do mesmo grau. Ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante! Código Civil Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. Se, todavia, todos os herdeiros da mesma classe renunciarem ou se se tratar de herdeiro único renunciante, os descendentes poderão receber a herança, mas por direito próprio (ou por cabeça) e NÃO POR DIREITO DE REPRESENTAÇÃO. Código Civil Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. Pai Filho BFilho A Filho C Neto DNeto C 2 DA SUCESSÃO LEGÍTIMA É aquela na qual os herdeiros são designados diretamente pela lei, sem manifestação de vontade do autor da herança. Segundo o art. 1.829, CC há quatro classes de herdeiros: ➢Descendentes em concorrência com o cônjuge; ➢Ascendentes em concorrência com o cônjuge; ➢Cônjuge isoladamente; ➢Colaterais. 2.1 Da sucessão dos descendentes em concorrência com o cônjuge e companheiro STF. Recurso extraordinário n º 878.694, Rel. Min. Luiz Roberto Barroso, julgado em maio de 2017: equiparou o regime de concorrência sucessória do companheiro ao do cônjuge. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Regimes em que o cônjuge concorre com os descendentes Regimes em que o cônjuge não herda com os descendentes Regime da comunhão parcial de bens, havendo bens particulares Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares Regime da participação final dos aquestos Regime da comunhão universal de bens Regime da separação convencional de bens Regime da separação legal ou obrigatória de bens ➢ MEAÇÃO e HERANÇA não se confundem! ➢Onde o cônjuge MEIA, ele NÃO HERDA! a) Regime da comunhão parcial de bens Premissa regra: comunicação dos bens adquiridos durante o casamento com exclusão dos anteriores e os havidos por doação/sucessão. Bens particulares: art. 1.659, CC. Só haverá concorrência sucessória se o autor da herança houver deixado bens particulares. (FGV-OAB-XXII/2017) Clara e Sérgio são casados pelo regime da comunhão parcial de bens. Durante o casamento, o casal adquiriu onerosamente um apartamento e Sérgio herdou um sítio de seu pai. Sérgio morre deixando, além de Clara, Joaquim, filho do casal. Sobre os direitos de Clara, segundo os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. a) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. b) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com Joaquim. c) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim. d) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. Clara Sérgio Joaquim Regime: comunhão parcial Bem comum: apartamento. Bem particular: sítio b) Regime da comunhão universal de bens Premissa regra: comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges. Bens particulares: art. 1668, CC. (FGV-OAB-IX/2012) José, viúvo, é pai de Mauro e Mário, possuindo um patrimônio de R$ 300.000,00. Casou-se com Roberta, que tinha um patrimônio de R$ 200.000,00, pelo regime da comunhão universal de bens. José e Roberta tiveram dois filhos, Bruno e Breno. Falecendo Roberta, a divisão do monte seria a seguinte: a) José recebe R$ 250.000,00 e Mauro, Mário, Bruno e Breno recebem cada um R$ 62.500,00. b) O monte, no valor total de R$ 500.000,00, deve ser dividido em cinco partes, ou seja, José, Mauro, Mário, Breno e Bruno recebem, cada um, R$ 100.000,00. c) José recebe R$ 250.000,00 e Bruno e Breno recebem, cada um, a importância de R$ 125.000,00. d) A herançadeve ser dividida em três partes, cabendo a José, Bruno e Breno 1/3 do monte, ou seja, R$ 166.666,66 para cada um. José Roberta MárioMauro Bruno Breno Regime: comunhão universal Bem particular José: R$ 300.000,00 Bem particular Roberta: R$ 200.000,00 c) Regime da separação convencional de bens Premissa regra: todos os bens são considerados particulares. Como o viúvo não tem direito a meação, faz jus aos direitos sucessórios. d) Regime da participação final dos aquestos Premissa regra: durante o casamento equivale a uma separação convencional e, quando de sua dissolução, se aproxima da comunhão parcial, com a diferença da necessidade de prova do esforço comum. Não há meação, portanto. O cônjuge concorre com os descendentes. 2.1.1 Da reserva da quarta parte da herança para o cônjuge Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. Garantia de mínimo vital ao cônjuge O que fazer no caso de sucessão híbrida? Ou seja, diante da existência de herdeiros comuns com o cônjuge e exclusivos do autor da herança. A posição majoritária recomenda considerar todos os descendentes como exclusivos do autor da herança, de modo que não será observada, nesse contexto, a reserva da quarta parte. João Maria LucasPedro Beatriz Larissa Mateus Filipe 2.2 Direito de representação Exceção à máxima de que a classe mais próxima exclui a mais remota. A ideia é garantir que os herdeiros pré-mortos tenham seus direitos transmitidos a seus sucessores. Conceito: Direito garantido aos sucessores do herdeiro pré-morto ou excluído da sucessão de receber a parte que caberia àquele. 1) Pré-morte; 2) Herdeiro excluído: O direito de representação acontece nesse caso, pois a pena não pode ser transmitida a seus herdeiros. Obs.: no caso de herdeiro renunciante Não há direito de representação. 2.2.2 Direito de representação na linha descendente O direito de sucessão dá-se na linha reta descentente! Sucessão por cabeça ou direito próprio X sucessão por representação ou por estirpe Pedro Lucas Lara Jorge Lorenzo 2.3 Da sucessão dos ascendentes em concorrência com o cônjuge e companheiro Art. 1829, II – aos ascendentes em concorrência com o cônjuge; O grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas. Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna e materna herdam em partes iguais. O cônjuge concorre INDEPENDENTEMENTE do regime de bens; Concorrendo com ascendente em primeiro grau (o pai ou a mãe do falecido), ao cônjuge tocará um terço da herança; Caber-lhe-á metade desta, todavia, se houver um só ascendente vivo, ou se maior for aquele grau (concorrendo com os avós, por exemplo). João Maria MãePai Regime de bens: comunhão parcial Patrimônio: R$ 150.000,00 2.3.1 Inexistência de direito de representação na linha reta ascendente Diz a lei que não há direito de representação na linha ascendente! Mãe Jorge Pai Avô 2.4 Da sucessão do cônjuge ou companheiro isoladamente Art. 1.829, III, CC – ao cônjuge sobrevivente. Na falta de descendentes e ascendentes, a sucessão será deferida por INTEIRO ao cônjuge sobrevivente (Art. 1.838, CC). A sucessão ocorrerá INDEPENDENTEMENTE do regime de bens Condições para a sucessão do cônjuge sobrevivente, ISOLADAMENTE ou em CONCORRÊNCIA: [...] ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente (Art. 1830, CC). Direito real de habitação (Art. 1.831, CC): Independente do regime, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. A norma consagra proteção do direito à moradia ao cônjuge, enquanto não se constituir nova relação. 2.5 Da sucessão dos colaterais Art. 1.829, IV, CC – aos colaterais São herdeiros os colaterais até 4º grau: ✓ Irmãos (colaterais de 2º grau); ✓Tios e sobrinhos (colaterais de 3º grau); ✓ Primos, tios-avós e sobrinhos-netos (colaterais de 4º grau). Aqui o cônjuge não concorre! Os colaterais são herdeiros facultativos. Para excluí-los da sucessão, o autor da herança/testador simplesmente dispõe do patrimônio sem os contemplar. Regras de sucessão: ✓Os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação de filhos de irmãos. ✓Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e somente na falta de sobrinhos herdarão os tios. Pedro Irmão Sobrinho Pai Tio Avô ✓Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais e unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. Pedro Irmão bilateral Irmão bilateral Irmão bilateral Irmão unilateral Obs.: a mesma regra é utilizada na concorrência entre sobrinhos unilaterais ou bilaterais. 2.5.1 Direito de representação na linha colateral Na linha colateral, o direito de representação é conferido somente aos filhos de irmãos. Marcos Irmão 2 Sobrinho Sobrinha Sobrinho neto Sobrinho neto Irmão 1 3. DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 3.1 TESTAMENTO Negócio jurídico unilateral por meio do qual o testador faz disposições de ordem patrimonial ou não para depois de sua morte. Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. [...] § 2 º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. 3.1.1 Legítima § 1 º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. DIANTE DA EXISTÊNCIA DE HERDEIROS NECESSÁRIOS (CÔNJUGE, ASCENDENTE OU DESCENDENTE), O AUTOR DA HERANÇA SÓ PODERÁ LIVREMENTE DISPOR DE 50 % DE SEU PATRIMÔNIO. Pertence aos herdeiros necessários a metade dos bens da herança, constituindo a LEGÍTIMA; Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes QUANDO DA ABERTURA DA SUCESSÃO. 3.1.2 Possibilidade de imposição de cláusulas restritivas à legítima Obs.: Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. 3.1.1 Características do testamento a) Personalíssimo; b) Unilateral; c) Gratuito; d) Com eficácia post mortem; e) Formal, de acordo com a lei; f) Revogável a qualquer tempo. 3.2 PROIBIÇÃO DO PACTO SUCESSÓRIO Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Razões da proibição: a) prejudicaria a revogabilidade da disposição; b) Geraria a expectativa da morte. Obs.1: Hipótese diversa é a transferência do patrimônio antecipada do patrimônio, o que dispensa futuro inventário. Obs.2: Nada impede que o sujeito opere liberalidades com seu patrimônio. Mas, havendo doações a descendentes e cônjuge, estas terão que ser submetidas à colação, por ocasião do inventário. 3.3 CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA 3.3.1 Capacidade testamentária ativa Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. Obs.: Estatuto da pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015) Momento de verificação da capacidade testamentária ativa: Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. A CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA DEVE SER AFERIDA NO MOMENTO DE SUA ELABORAÇÃO 3.3.2 Capacidade testamentária passiva Podem suceder as pessoas nascidas ou já concebidas, por forçado art. 1.798, CC. Especificamente em relação à sucessão testamentária: Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. 3.4 DAS MODALIDADES DE TESTAMENTO Público; Cerrado; Particular. 3.4.1 Testamento público É lavrado por tabelião de notas ou seu substituto, de acordo com as declarações do testador; Lido em voz alta e, em seguida, assinado por todos. Falecendo o testador, qualquer interessado poderá requerer ao juiz o seu cumprimento. Obs.1: Se o testador não souber ou não puder assinar, uma das testemunhas assina a seu rogo. Obs.2: O indivíduo surdo poderá testar se souber ler ou, se não souber, designando quem o faça; Obs.3: Ao cego só se permite o testamento público, lido duas vezes, pelo tabelião e uma das testemunhas. 3.4.2 Testamento particular ou hológrafo Escrito pelo próprio testador sem maiores formalidades. Exigências: a) redigido e assinado pelo testador; b) Com participação e assinatura de três testemunhas; c) Não conter rasuras ou espaços. O testamento particular exige confirmação em juízo. Poderá ser requerida em juízo sua publicação pelo herdeiro, pelo legatário ou por quem o detenha. O testamento precisará ser confirmado em juízo, através da inquirição das testemunhas Art. 1.879, CC. Em circunstâncias excepcionais declaradas na própria cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. 3.5 LEGADO Disposição específica (coisa certa e determinada) sucessória realizada a título singular, por meio de testamento. Sua eficácia, portanto, fica condicionada ao falecimento do testador. 3.5.1 Eficácia do legado O herdeiro, legítimo ou testamentário pela Saisine recebe desde logo a propriedade e a posse da herança. O legatário, a priori, recebe somente a propriedade com a abertura da sucessão. Quanto à posse direta, aberta a sucessão, adquire somente o direito de pedi-la aos herdeiros instituídos. 3.5.2 Caducidade dos legados: art. 1939, CC Corresponde à ineficácia, por causa ulterior de disposição testamentária válida. Caducando o legado (em qualquer caso) retorna ele à massa hereditária. a) se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que possuía; b) se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador; ➢ Hipóteses legais: art. 1939, CC. c) se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento; d) se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815; e) se o legatário falecer antes do testador;
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