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Farmacotécnica I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Esp. Rosana Maria Zanoli
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
Embalagens Farmacêuticas 
e Pré-Formulação
 
 
• Conhecer os métodos utilizados na biofarmacotécnica e compreender a sua importância na 
eficácia e na segurança do medicamento;
• Aprimorar o conhecimento nos cálculos farmacotécnicos.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Biofarmacotécnica;
• Planejamento de Formas Farmacêuticas;
• Cálculos de Normalidade e Molaridade.
UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
Biofarmacotécnica
Conforme já abordado nas Unidades anteriores sobre os estudos de pré-formulação, 
e de acordo com Allen et al. (2013), cada substância apresenta características químicas e 
físicas que devem ser consideradas antes do desenvolvimento da formulação farmacêutica, 
como a solubilidade, o coeficiente de partição, a velocidade de dissolução, a forma física 
e a estabilidade. 
Fatores como os citados são de extrema importância na preparação de formas 
farmacêuticas para os ensaios clínicos e o desenvolvimento de um produto final que será 
submetido à aprovação da FDA (Food and Drug Administration) para comercialização 
nos Estados Unidos, e em nosso caso, pela Anvisa.
A eficácia clínica de um medicamento não está relacionada somente à atividade 
farmacológica do fármaco.
Nas Unidades anteriores, vimos que deve ser considerada a influência dos seguintes fa-
tores, que interferem na fase biofarmacotécnica do desenvolvimento de uma formulação:
• Físicos e físico-químicos ligados ao fármaco e adjuvantes farmacotécnicos;
• Forma farmacêutica;
• Fisiológicos;
• Fisiopatológicos relacionados ao paciente. 
O estudo da Biofarmacotécnica preconiza que determinada forma farmacêutica de 
um medicamento libere o fármaco com o máximo de biodisponibilidade, isto é, a quanti-
dade de fármaco e a velocidade com a qual ele atinge a corrente circulatória, bem como 
a segurança com que isso acontece. 
DeLucia (2014) descreve que, para a otimização da Terapia Farmacológica, deve-se 
considerar basicamente a ocorrência de três fases: Biofarmacêutica, Farmacocinética 
e Farmacodinâmica.
Excipientes
Forma
farmacêuticaFármaco Fármaco
Liberação Absorção
Farmacocinética
Figura1 – Fase Biofarmacotécnica ilustrada em rosa, sendo 
parte da fase Farmacotécnica e da fase Farmacocinética
A Fase Biofarmacêutica envolve o monitoramento da liberação do fármaco da For-
mulação Farmacêutica, e é nessa fase que o fármaco se torna disponível para a absorção 
(Figura 1). 
DeLucia (2014) salienta que a Fase Biofarmacêutica só ocorre quando o fármaco 
liberado é transferido do sítio de absorção para a corrente circulatória utilizando di-
versos mecanismos de transporte: ativo, passivo, facilitado, par iônico e pinocitose, 
dentre outros.
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Forma farmacêutica e efeito farmacológico
FASE
Biofarmacêutica
FASE
Farmacocinética
FASE
Farmacodinâmica
Fármaco disponível
sítio de absorção
Fármaco disponível
para ação
Efeito do fármaco
modelo temporal
Liberação Interação
com o receptor
• Absorção;
• Distribuição;
• Metabolismo;
• Excreção.
FÁRMACO
forma farmacêutica
Figura 2 –Transferência do fármaco do sítio de ação: 
Fases Biofarmacêutica, Farmacocinética e Farmacodinâmica
Fonte: Adaptada de DELUCIA, 2014
Lembre-se de que a Farmacocinética pode ser denominada o monitoramento dos pro-
cessos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção do fármaco no organismo, 
fase em que o fármaco se torna disponível para a ação farmacológica, estando relacio-
nada à curva de concentração plasmática do fármaco X tempo, variando conforme a:
• Dose administrada;
• Formulação farmacêutica;
• Frequência de dose;
• Via de administração.
Como você pode perceber, a associação das Fases Biofarmacêutica e Farmacocinética 
possibilita o monitoramento dos processos do sistema ADME (Absorção/Distribuição/
Metabolização/Excreção), ocorrendo na liberação do fármaco e de sua dissolução, e ini-
ciando a fase farmacocinética com a absorção, ambas influenciando na segurança e na 
eficácia do medicamento, de acordo com a quantidade e a velocidade em que ocorrem.
De acordo com DeLucia (2014), o monitoramento do efeito farmacológico após a 
administração da medicação ocorre na Fase Farmacodinâmica, pela variação das con-
centrações do fármaco no local de ação, em função do tempo, relacionando-se à insta-
lação do efeito e da magnitude do efeito máximo produzido, duração do efeito máximo 
e tempo requerido para o desaparecimento do efeito.
Assim, o desempenho terapêutico depende de estudos farmacodinâmicos, clínicos e 
farmacocinéticos.
A solubilidade e a permeabilidade são parâmetros básicos que controlam a absorção 
dos fármacos, nos quais é baseada a Classificação Biofarmacêutica.
O Sistema de Classificação Biofarmacêutico (SCB) divide os fármacos em quatro 
classes, de acordo com as suas características de permeabilidade e solubilidade, e seus 
princípios são aplicáveis em todas as etapas do desenvolvimento de novos produtos.
A RDC nº 37, de 3 de agosto de 2011, dispõe sobre o Guia para isenção e substi-
tuição de estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência, sendo esta bioisenção 
baseada no SCB, que produziu impacto significativo na diminuição de custos dos pro-
gramas de desenvolvimento clínico dos fármacos, assim como o desenvolvimento de 
medicamentos industriais genéricos e similares.
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
A biodisponibilidade é avaliada in vitro por meio de testes dissolução/permeação e 
in vivo pela determinação de curvas de concentração do fármaco x tempo em tecidos 
ou sangue e urina.
De acordo com DeLucia (2014), os estudos de biodisponibilidade são usados para 
determinar a: 
• Quantidade ou a proporção de fármaco absorvido a partir da formulação farmacêutica; 
• Velocidade na qual o fármaco foi absorvido; 
• Duração da presença do fármaco nos líquidos biológicos (sangue e linfa) ou tecido, 
correlacionada às respostas do paciente; 
• Relação entre níveis sanguíneos do fármaco e a eficácia clínica ou os efeitos tóxicos.
Perceba que os conceitos descritos implicam comparação. Dessa forma, se a compa-
ração é feita entre uma formulação oral e uma intravenosa – 100% biodisponibilidade 
– de um fármaco, temos que a medida é a biodisponibilidade absoluta. A biodisponibili-
dade relativa implica a comparação entre duas formulações diferentes.
De acordo com Consiglieri e Storpirtis (2000), a bioequivalência pode ser denominada 
como a aplicação dos conhecimentos de biodisponibilidade em estudos comparativos.
Dessa forma, dois produtos com o mesmo fármaco são considerados bioequivalentes 
quando, ao serem administrados pela mesma via, nas mesmas condições experimentais 
e na mesma dose molar, não apresentarem diferenças significativas em relação à quan-
tidade de fármaco absorvida e à velocidade do processo de absorção.
Importante!
Leia e saiba mais sobre os requisitos que os fabricantes devem apresentar, parâmetros 
utilizados para a bioisenção e métodos de ensaios que devem ser apresentados na RDC 
nº 37/2011. Disponível em: https://bit.ly/3r2pqxE
Para ser registrado e na ocorrência de alterações pós-registro, o medicamento deve 
passar por ensaios físico-químicos, como os ensaios de dissolução, e incluem: 
• Teste de dissolução; 
• Perfil de dissolução – Condições farmacopeicas; 
• Perfil de dissolução em diversas condições.
Em síntese, de acordo com a SCB, constante na RDC nº 37/2011, é possível apro-
veitar os Estudos Clínicos completos de um medicamento para outro, diminuindo, dessa 
maneira, a complexidade de ensaios de segurança e eficácia que o fabricante deve apre-
sentar para obter o registro do medicamento.
Na Disciplina de Farmacologia, é descrito que o fármaco precisa ser previamente dissol-
vido no líquido situado no local de absorção para poder ser absorvido. O exemplo mais 
clássicoestá na administração por via oral, sob a forma farmacêutica sólida de cápsula 
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ou comprimido, pois suas partículas devem se solubilizar nos líquidos presentes no tra-
to gastrintestinal. DeLucia (2014) salienta que, se o processo de dissolução é rápido, 
a velocidade de absorção obviamente dependerá apenas da capacidade absortiva no 
local de administração. Por outro lado, se o processo for lento, outras implicações de 
ordem farmacocinética e farmacodinâmica passarão a ocorrer. Na Unidade anterior, 
vimos que a dissolução de um fármaco pode ser intensificada aumentando-se a super-
fície de contato soluto-solvente (por exemplo, diminuindo o tamanho das partículas 
de soluto ou aumentando a solubilidade do fármaco na camada de difusão ou, ainda, 
por fatores englobados dentro da constante K – por exemplo, aumentando a intensi-
dade de agitação do solvente ou interferindo no coeficiente de difusão do fármaco). 
Entretanto, todas essas técnicas devem ser utilizadas após minucioso estudo das ca-
racterísticas do fármaco e dos adjuvantes a serem utilizados na formulação, durante a 
conferência de fórmulas em Farmácias de Manipulação.
Planejamento de Formas Farmacêuticas
Allen et al. (2013) salientam que, antes de produzir um fá rmaco em forma farmacê u-
tica, o produto desejado deve ser delineado tã o bem quanto possí vel para estabelecer 
uma metodologia de trabalho para seu desenvolvimento. 
A formulaç ã o que melhor satisfizer as metas traç adas em estudo piloto é selecionada 
e denominada de fó rmula-padrã o, sendo que cada lote do produto subsequentemente 
preparado deve atender à s especificaç õ es estabelecidas nessa fó rmula.
As formas farmacê uticas possuem outras funções, além de disponibilizar o fármaco 
na dose adequada: 
• Proteger o fá rmaco contra oxidação ou da umidade – Comprimidos revestidos;
• Proteger o fá rmaco do á cido gá strico (comprimidos com revestimento enté rico);
• Mascarar o sabor, seja amargo ou pungente como o ferro, e o odor do fá rmaco 
(cá psulas, comprimidos revestidos, xaropes pelo uso de adjuvantes edulcorantes 
e flavorizantes ou, por exemplo, do ferro tastfree, que não deixa o sabor residual 
comum do mineral);
• Permitir a aç ã o controlada do fá rmaco (comprimidos de liberaç ã o controlada);
• Proporcionar a aç ã o ó tima dos fá rmacos a partir do local de administraç ã o tó pica 
(pomadas, cremes, adesivos transdé rmicos e preparaç õ es otoló gicas, nasais e 
oftá lmicas), desde que sejam bem delineadas e formuladas; 
• Permitir a colocaç ã o do fá rmaco diretamente na circulaç ã o sanguí nea ou nos tecidos 
corporais (injeç õ es);
• Proporcionar a aç ã o adequada do fá rmaco por meio de terapia inalató ria (inalantes 
e aerossó is para inalaç ã o).
Há muitas formas nas quais um fármaco pode ser disponibilizado de maneira convenien-
te para o paciente e levando em consideração fatores tais como: de que forma uma doença 
será tratada – local ou sistemicamente, bem como a idade e estado fisiológico do paciente. 
Veja exemplos a seguir.
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
Administração oral e uso sistêmico
Para a administração oral, geralmente, são preparados comprimidos ou cápsulas, 
adequados à autoadministração. 
Comprimidos mastigáveis dissolvem-se na boca em cerca de 10 a 15 segundos. Indi-
cados para pacientes com dificuldade de deglutir, inclusive devido ao sabor desagradável, 
sendo para isso utilizados edulcorantes e aromatizantes.
Comprimidos e cápsulas de liberação controlada não devem ser amassados ou mas-
tigados, pois isso altera sua integridade e a ação desejada.
Muitos idosos fazem uso de vários medicamentos diariamente – múltiplas terapias ou 
polifarmácias, sendo uma função do farmacêutico auxiliá-los a diferenciar aspectos de for-
mas farmacêuticas sólidas como cápsulas – o tamanho e a cor – facilitando a identificação 
do medicamento, inclusive pela dificuldade de visão que os idosos possam ter. 
Em emergências ou se o paciente não estiver em condições de ingerir o medicamento, 
a forma injetável é a mais adequada.
Supositórios
Para efeito local ou sistêmico, de uso pediátrico ou adulto, com finalidade terapêutica 
local, como um supositório de glicerina, ou disponibilizando um anti-inflamatório via 
retal para pacientes com gastrite.
Adesivos transdérmicos
Em situações terapêuticos, como o uso de hormônios, como contraceptivos, facilitando 
a administração, não sendo necessário administração diária.
Soluções aquosas, xaropes e suspensões flavorizados
Indicados para crianças, sendo administrados diretamente na boca, com auxílio de 
conta-gotas ou copo-medida, sendo, portanto, a idade do paciente um fator relevante no 
planejamento e no desenvolvimento de formas farmacêuticas.
Allen et al. (2013) lembram que uma única preparação pediátrica líquida pode ser 
usada em crianças de todas as idades, com a dose do fármaco variando de acordo com 
o volume administrado. 
São indicados, também, para a administração de fármacos em idosos, seja em forma 
líquida oral, seja em formas extemporâneas, como envelopes ou sachês. 
Parâmetros físico-químicos
Dentre os fatores que afetam a biodisponibilidade de um fármaco, estão:
• Forma farmacêutica;
• Natureza do excipiente: Alguns excipientes – adjuvantes farmacotécnicos – quando 
em determinadas concentrações, podem retardar a dissolução de um fármaco e 
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diminuir a sua absorção, enquanto outros excipientes podem ser utilizados devido à 
ação contrária, por aumentarem a solubilidade de um fármaco, e sua consequente 
velocidade de absorção;
• Propriedades físico-químicas do fármaco : A s formas farmacêuticas sólidas, como 
cápsulas e comprimidos, são desintegradas no trato gastrointestinal, sendo liberadas 
as partículas do fármaco, que sofrem dissolução no suco gástrico ou intestinal e, 
depois, passam por absorção através de membranas celulares (Figura 3).
Figura3 – Absorção de medicamentos
Fonte: ares.unasus.gov.br
Dentre as características físico-químicas dos fármacos, que interferem em sua absor-
ção, estão:
» Solubilidade: um fármaco pouco solúvel em meio aquoso terá dificuldade de se 
dissolver no meio gástrico e entérico. Terá baixa velocidade de dissolução se for 
pouco absorvido, sua biodisponibilidade será baixa, sendo utilizado, em alguns 
casos como esse, agentes molhantes, como docusato sódico, que aumenta sua 
biodisponibilidade;
» pKa e perfil de pH: lembre-se de que o pKa refere-se ao pH no qual as formas 
ionizadas estão em proporção igual.
» Envolvidos em sua solubilidade e estabilidade, a forma como a droga se apresen-
ta, por exemplo, eritromicina base – estável em pH neutro ou alcalino e em pH 
ácido, como do estômago, tem sua decomposição acelerada, enquanto que sais 
de eritromicina, como o estolato de eritromicina, são estáveis em pH ácido;
» Estado de ionização do fármaco: importante fator envolvido na absorção, em 
que a fração não ionizada é absorvida, e que a relação das formas ionizadas e não 
ionizadas dependem do pH do meio e do pKa do fármaco.
Aulton (2016) ressalta que os fatores dominantes que influenciam a absorção de áci-
dos e as bases fracas é o pH no local de absorção e a solubilidade em meio lipofílico da 
forma não ionizada. 
No entanto, esses fatores não descrevem por completo o processo de absorção, como 
demonstra o fato de certas substâncias apresentarem uma boa disponibilidade, apesar 
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
de terem baixo coeficiente de partição ou de serem fortemente ionizados em todas as 
faixas de pH fisiológico, demonstrando claramente o envolvimento de outros fatores.
O pH no local de absorção e a lipossolubilidade da forma não ionizada, em conjunto 
com a equação de Henderson-Hasselbalch para calcular as proporções de espécies ioni-
zadas e não ionizadas, a um determinado valor de pH, constituem a Teoria da Absorção 
de Fármacos em função do coeficiente de partição e pH.
De acordo com Aulton (2016):
• Um fármacoácido fraco em um pH alto estará completamente ionizado e no seu má-
ximo de solubilidade, e sob condições de pH baixo, ocorrerá o oposto, podendo ser 
definido em gráfico pela equação de Henderson-Hasselbalch para ácidos fracos, 
que mostra a relação entre pH, pKa e grau de ionização para um fármaco fraca-
mente ácido;
• Uma base fraca estará ionizada e no seu máximo de solubilidade no estômago ácido, 
e não ionizada no intestino delgado mais alcalino, no qual, portanto, será mais 
facilmente absorvida. A escolha do pKa de um fármaco é, pois, de importância 
fundamental na administração por via oral.
É previsto pelas equações de Henderson-Hasselbalchque que quando o pH é igual 
ao pKa do fármaco este está 50% ionizado; 
Leia o Cap. 3 – Propriedades das soluções: Ionização de solutos (AULTON, 2013) e com-
preenda melhor como o pH do meio, o grau de ionização do fármaco e a sua lipossolubi-
lidade interferem na absorção do fármaco, bem como o uso das equações de Henderson-
-Hasselbalch no cálculo do grau de ionização de fármacos fracamente ácidos ou básicos. 
Disponível em: https://bit.ly/38Y3iOD
• Tamanho da partícula: já vimos que esse é um fator que altera a solubilidade e 
a velocidade de dissolução. Na Farmácia de Manipulação, reduzimos o tamanho 
da partícula com a utilização do gral e do almofariz. Dessa forma, aumenta-se a 
área de superfície total das partículas, aumentando a penetração de água entre 
as partículas;
• Polimorfismo: o arranjo de uma substância em várias formas cristalinas ou poli-
morfas altera sua estabilidade e sua solubilidade. O polimorfo possui a mesma es-
trutura química, mas as propriedades físicas, como a solubilidade, a densidade e as 
características de compressão – informação útil para encapsulação. Ferreira (2000) 
lembra que algumas drogas interagem com o solvente durante a preparação, for-
mando um cristal, chamado solvato, como, por exemplo, a cafeína hidratada, sendo 
uma opção o uso da cafeína anidra, para evitar a formação de solvatos;
• Coeficiente de partição: afinidade relativa da droga para óleo e água;
• Interação com excipientes;
• pH de estabilidade: é imperioso saber o pH de estabilidade dos fármacos e dos 
adjuvantes, desde o momento da manipulação, na qual o meio em que o fármaco 
será disperso poderá ser diferente do pH de sua estabilidade. 
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Anteriormente, mencionamos que o pH de estabilidade do fármaco pode ser dife-
rente do meio gástrico e, com a finalidade de evitar sua degradação, o estudo do 
perfil de estabilidade auxilia nessa prevenção.
Cálculos de Normalidade e Molaridade
Existem diferentes formas de expressar a concentração de soluções, ou seja, refere-se 
à quantidade de uma substância em um volume definido de solução. Os métodos titrimé-
tricos ou volumétricos são utilizados na química quantitativa.
De acordo com Ferreira (2000), na análise quantitativa, usam-se soluções-padrões, 
nas quais a unidade básica da quantidade empregada é o mol, embora em análises far-
macêuticas seja utilizada a concentração de soluções-padrões em normalidade.
A palavra mol deriva do latim moles, que significa “porção” ou “quantidade”. O nú-
mero de mol representa a quantidade de matéria de uma substância com referência à 
massa especificada de carbono 12.
Ao nos referirmos à massa de 1mol de qualquer elemento, átomo, íon, ou molécula, 
estamos nos referindo à massa molar, simbolizada por “M” e cuja unidade é gramas por 
mol (g/mol). 
Assim, o valor da massa molar será o mesmo dado para a massa atômica, porém a 
unidade utilizada será “g/mol”.
Revise as unidades de medidas, em “Preparo de soluções – Reações e Interações Químicas”, 
no Cap. 1 – 1.2. Disponível em: https://bit.ly/38Y3iOD
Algumas soluções-padrões são expressas em concentrações molares ou molaridade 
(M), definidas em termos do nº de moles do soluto dissolvidos em 1l da solução:
Molaridade (M) = ( )
 
 
moles do soluto
volumeda solução L
Para facilitar o cálculo da molaridade, podemos utilizar a seguinte fórmula:
M = 
.
m
MM V
Onde:
• M: molaridade da solução;
• m: massa do soluto (g);
• MM: massa molecular;
• V: volume (l).
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
Veja o exemplo a seguir:
Preparar 240ml de KCl 3M (3 mol/l):
74,5g x 3 = 223,5g
Mas, só precisamos preparar 250ml = 0,250l (1/4 de 1l; portanto, basta dividir a 
massa molecular por 4:
223,5 / 4 = 55,875g
ou, facilitando, utilizaremos a fórmula: M = 
.
m
MM V
3 = 74,5.0,250
m
 => 55,875g
Para o preparo de soluções utilizando uma solução mais concentrada que possuímos 
em estoque, utilizamos a seguinte fórmula:
C1.V1 = C2.V2, por exemplo:
Preparar 200ml de HNO3 a 0,5M a partir do HNO3 a 2M 
Aplicando a fórmula:
2.V1 = 0,5.200 V1= 100 / 2 V1= 50 (ml)
O método de preparo seria: 
Pipetar 50,0ml da solução de HNO32M.
Transferir para um balão volumétrico de 200ml e completar com água purificada até 
o menisco.
Figura 4 – Frascos com soluções químicas
Fonte: Getty Images
Quanto à Normalidade, você se recorda de seu conceito e quando a concentração 
expressa em unidade de normalidade é utilizada?
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A Normalidade (N) é definida como o nº de equivalentes-grama de um reagente con-
tido em 1l de solução, escrita como:
Normalidade = 
º 
º 
N equivalentes grama
n delitro
−
Podemos encontrar as seguintes abreviaturas:
• N: normalidade;
• neqg: equivalente-grama do soluto;
• V: volume da soluç ã o.
A unidade de normalidade é o normal (N).
Antes de realizar o cá lculo do equivalente-grama, primeiro temos de descobrir o valor 
do neqg, que pode ser feito de duas formas:
• Recorrer à seguinte equaç ã o: 
E = 
MM
k
Onde:
• E: equivalente-grama;
• MM: massa molecular da molécula;
• K: valor de molé culas que sofreram alteraç ã o.
Importante!
O equivalente-grama é a quantidade de substância:
• Reage ou fornece mol de íons de hidrogênio em reações de neutralização;
• Produz ou consome 1mol de elétrons em reações de oxirredução;
• Reage ou fornece 1mol de íons hidroxila.
Isto é, a normalidade será utilizada especificamente em reações volumétricas e em 
soluções alcalinizantes, por exemplo, em que desejamos corrigir o pH, aumentando-o 
de uma solução.
Em á cidos, calculamos o equivalente-grama relativo ao nú mero de íons H+ ionizados 
em soluç ã o. 
Para bases, calculamos essa relaç ã o para o nú mero de OH – dissociados em soluç ã o.
Para sais, calculamos o equivalente-grama para o nº de elé trons transferidos em soluç ã o;
• Temos o eqg pela divisão da MM da molécula a ser utilizada pela quantidade de 
prótons (em se tratando de ácidos), hidroxilas (em se tratando de bases) ionizáveis 
presentes na solução, e nº de elétrons que participam da reação, por exemplo:
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
HCl, possui MM = 36,5 e possui apenas um próton hidrogênio, portanto: 
Eqg de HCl = 36,5/1 => 36,5
Para uma solução de 1N temos 36,5g de HCl, diluídos em 1000ml de solvente.
Para saber mais sobre Normalidade, leia Ferramentas on-line para o preparo de soluções 
químicas. Disponível em: https://bit.ly/3qZXEBH
Importante!
Você sabe o que significa teor e fator de correção?
Muitos reagentes, como o HCl (Ácido Clorídrico), e insumos ativos são comercializados 
na forma diluída.
São substâncias que devido a questões farmacotécnicas e de segurança são diluídas 
na Farmácia e sais minerais ou minerais quelatos para os quais a dose é expressa em 
teor elementar, dentre outras situações.
Para muitos casos, utiliza-se a Correção do Teor do Ativo, sendo muito importante 
que o farmacêutico, por meio de avaliação e estudo do certificado do fornecedor da 
matéria-prima, certifique-se quanto à necessidade do uso de fator de correção, seja nas 
farmacopéias, seja em outros compêndios oficiais e com o próprio fornecedor.
O Fator de Correção (FCr) é utilizado, como o próprio nome descreve, para cor-
rigir a diluição de uma substância, o teor ou o grau de pureza do insumo ativo, o teor 
elementar de ummineral, do marcador de um extrato seco fitoterápico ou a umidade 
presente, por exemplo. 
Realize as correções baseadas nos certificados de análise das matérias-primas, 
sempre confirmando e se baseando pelas informações farmacopeicas, quando 
aplicáveis, ou nas diluições feitas na Farmácia, seja para facilitar a pesagem de baixas 
doses, seja obrigatórias, como para substâncias de baixo índice terapêutico.
Para calcular o FCr, basta dividir 100 (total) pelo teor da substância.
Veja:
FCr = 100/ % teor ou pureza expresso no laudo do fornecedor
O FCr será multiplicado pelo valor total a ser utilizado do reagente ou do insumo.
No caso do HCl, por exemplo, que possui um grau de pureza em torno de 37%, sem-
pre verifique o valor exato desse teor no Certificado de Análise do fornecedor. 
O fator de correção será: 2,70.
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Outro cálculo importante que você já aprendeu nas Disciplinas Básicas de Química e 
Físico-química é a densidade, pois alguns insumos como o HCl estão na forma líquida e, 
devido à sua volatilidade, alguns cuidados são necessários em seu manuseio, como 
a quantidade a ser utilizada, que deve ser convertida em volume. Para isso, utiliza-
mos outra informação importante presente no rótulo e no Certificado de Análise do 
fornecedor: a densidade!
Veja, por exemplo, a densidade do HCl,que é 1,18. Assim, após realizarmos os cálcu-
los da quantidade a ser utilizada, como no caso citado acima, de 1l de solução de HCl 
1N, em que sabemos utilizar 36,5g, nós o converteremos em ml, da seguinte forma:
d = m/v => 1,18 = 36,5/v => 30,93 ml de HCl
será pipetado em uma capela de exaustão e adicionado à determinada quantidade de 
água em um balão volumétrico e completado o volume de água em q.s.p. (quanti-
dade suficiente para) 1000ml (1l) de água purificada.
O preparo de soluções envolve cálculos baseados em unidades de medidas e de con-
centração e, muitas vezes, é necessário utilizar solução em estoque que possui unidade 
de concentração diferente da solução que iremos preparar.
Para isso, fico atento aos cálculos que você já aprendeu em Disciplinas anteriores, como 
Físico-Química, por exemplo, bem como o Método de Preparo e as Vidrarias adequadas.
Para relembrar conceitos e cálculos utilizados na rotina dos Laboratórios de Farmacotécnica, 
desde o Controle de Qualidade até o Laboratório de Líquidos e como realizar conversões de 
unidades de concentração, leia Ferramentas on-line para o preparo de soluções químicas. 
Disponível em: https://bit.ly/3c1WxNF
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UNIDADE Embalagens Farmacêuticas e Pré-Formulação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Preparo de soluções: reações e interações químicas
MELZER, E. E. M. Preparo de soluções: reações e interações químicas. São Paulo: 
Érica, 2014. Cap. 6 – Cálculos em Análises Quantitativas. 
https://bit.ly/38Y3iOD
 Leitura
A equivalência farmacêutica no contexto da intercambialidade entre 
medicamentos genéricos e de referência: bases técnicas e científicas
https://bit.ly/3tzYvuA
Modelos in vitro para determinação da absorção de 
fármacos e previsão da relação dissolução/absorção
https://bit.ly/2OOmKGK
Manual de Equivalência e Correção
https://bit.ly/3tCbITQ
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Referências
ALLEN, L. V.; POPOVICH, N. G. ANSEL, H. C. Formas farmacê uticas e sistemas 
de liberaç ã o de fá rmacos [Recurso Eletrô nico]. 9.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Dis-
ponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788565852852/>. 
Acesso em: 28/10/2020.
AULTON, M. E. A. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 4.ed. Rio de Janeiro : 
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