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Neurofisiologia 
da Visão
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Henrique Barros Barroso
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Sistema Nervoso
Sistema Nervoso
 
 
• Compreender as divisões anatômicas e funcionais do sistema nervoso humano, bem como 
suas integrações; 
• Desenvolver a capacidade de predictibilidade comportamental fisiológica perante estímulos 
específicos, em especial no contexto visual.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• O Sistema Nervoso Humano;
• Divisões Básicas do Sistema Nervoso;
• Neuróglia;
• Bainha de Mielina;
• Integração Neuronal;
• Arco Reflexo;
• Sistema Nervoso Central (SNC);
• Sistema Nervoso Periférico (SNP).
UNIDADE Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Humano
Sistema nervoso é aquilo que nos define. Nossos atos, pensamentos, controle de 
nossas funções fisiológicas, reflexos automáticos a estímulos nocivos, tudo! Todas as 
interações com o mundo que nos circunda são processadas por esse conjunto bas-
tante específico e complexamente organizado de células chamado de sistema nervoso. 
Este material não tem o objetivo de abordar todas suas nuances, detalhes e funções. 
Pelo contrário, a ideia é munir o leitor de ferramentas que o possibilitem entendê-lo 
como um todo, de maneira mais ampla. Você encontrará aqui um mapa mental sobre 
a organização básica do sistema nervoso. É extremamente aconselhável que você 
acompanhe esse organograma conforme evolui em seus estudos, de forma a com-
preender visualmente, e com maior facilidade, sua organização. 
O sistema nervoso trabalha captando estímulos sensitivos por meio de recep-
tores sensitivos. Todas as informações captadas são chamadas de aferências sen-
sitivas. Essas informações serão computadas em um processo conhecido como 
integração. A integração será responsável por gerar uma resposta à aferência, acio-
nando órgãos ou tecidos efetores por meio de uma resposta eferente motora. 
Figura 1 – Integração do sistema nervoso
Fonte: Adaptado de MARIEB, WILHELM e MALLAT (2008)
Muito embora os anatomistas e fisiologistas façam classificações morfológicas e 
funcionais do sistema nervoso bastante conhecidas, é fundamental ter em mente que, 
na prática, o sistema nervoso é apenas um, funcionando em conjunto, como uma série 
de engrenagens de um relógio que se interligam e são codependentes umas das outras.
Divisões Básicas do Sistema Nervoso
Anatomicamente, dividimos o sistema nervoso em Sistema Nervoso Central 
(SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é composto pelo encéfalo e 
pela medula espinal (ou espinhal), que estão contidos no crânio e no canal vertebral, 
respectivamente. É ele o responsável pela integração de estímulos sensitivos, gerando 
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uma resposta eferente motora correspondente. O SNP, por outro lado, é composto 
por nervos tanto aferentes quanto eferentes, além de gânglios, aglomerados de corpos 
celulares distribuídos pelo corpo, fora do SNC. Os nervos do SNP que fazem conexão 
com o encéfalo são chamados de nervos cranianos e são divididos em 12 pares. 
Os que fazem conexão com a medula espinal são chamados de nervos espinais. 
Iniciaremos nosso estudo do sistema nervoso sob uma perspectiva microscópica 
e, em seguida, macroscópica. Antes, contudo, de discutirmos as diferenças funcio-
nais do sistema nervoso, é importante deixarmos alguns conceitos e terminologias 
bem explicados ao leitor. 
• Axônios: são prolongamentos de corpos celulares de neurônios, por onde per-
corre o potencial de ação; 
• Fibra nervosa: nada mais é do que um axônio longo;
• Nervo: várias fibras nervosas, organizadas de forma paralela entre si, recobertas 
por tecido conjuntivo. Fazem parte do SNP;
• Tratos nervosos: conjunto de fibras nervosas que percorrem o mesmo cami-
nho, mas, ao contrário dos nervos, não são envoltos por tecido conjuntivo. 
Fazem parte do SNC. 
Classificação Funcional das Fibras Nervosas
Como visto, fibras nervosas têm tanto a função de perceber estímulos (vias aferen-
tes) quanto a de responder a esses estímulos, ativando órgãos ou tecidos-alvo, como 
músculos ou glândulas (vias eferentes). Essas fibras são classificadas de acordo com sua 
função (sensitiva/motora) e de acordo com sua inervação (somática/visceral), ou seja, 
seu local de ação. Compreende-se por fibra somática toda aquela que inerva a re-
gião externa à cavidade ventral do corpo (pele e músculos esqueléticos, por exemplo). 
As fibras viscerais, por outro lado, inervam os órgãos compreendidos dentro da cavida-
de ventral, ou seja, as vísceras (musculatura lisa do trato digestório, por exemplo). Com 
essa classificação em mente, estudemos as classificações das fibras nervosas do SNP:
• Sensitiva Somática (SS): O corpo humano é repleto de receptores sensitivos, 
células nervosas especializadas em captar informações advindas do meio exter-
no. De forma geral, são responsáveis por captar nossos sentidos de visão, au-
dição, tato, vibração, propriocepção, dor, pressão e percepção de temperatura. 
As fibras SS são responsáveis por transmitir ao SNC todas essas informações 
captadas pelos receptores sensitivos somáticos distribuídos pelo corpo;
• Sensitiva Visceral (SV): da mesma forma que possuímos receptores sensitivos 
somáticos, possuímos receptores sensitivos viscerais. A fome é um ótimo exem-
plo de percepção por via SV. Cabe aqui destacar que o paladar e o olfato são 
considerados sentidos viscerais especiais;
• Motor Somático (MS): essas fibras são específicas para a inervação da muscu-
latura estriada esquelética. É por meio dessas fibras que nosso SNC, voluntaria-
mente, envia um sinal aos nossos músculos para que eles contraiam e exerçam 
movimento. Você escolhe executar o movimento;
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UNIDADE Sistema Nervoso
• Motor Visceral (MV): as fibras motoras viscerais são responsáveis pela iner-
vação das vísceras. É através delas que o SNC envia sinais para a contração 
involuntária da musculatura lisa do trato digestório. Você não consegue escolher 
se executa ou não o movimento, como é o caso dos movimentos peristálticos, 
responsáveis por propelir o alimento pelo tubo digestório.
Neuróglia
A neuróglia, ou simplesmente células da glia, pode ser entendida como o conjunto 
de células que fazem contato íntimo com os neurônios, dando suporte a eles. Uma 
série de células diferentes compõem a neuroglia, cada uma com sua função específi-
ca. Os astrócitos, por exemplo, se ligam aos neurônios e aos capilares sanguíneos, 
sinalizando aos capilares para que aumentem seu fluxo sanguíneo nas regiões de 
maior atividade do cérebro, controlando o ambiente iônico ao redor dos neurônios. 
A micróglia, por outro lado, são os macrófagos do SNC, apresentando a função de 
proteção imunológica e limpeza tecidual por remoção de células lesionadas. As células 
ependimárias, que recobrem internamente o canal da medula espinal e os ventrículos 
encefálicos, têm ainda o papel da produção do líquido cerebrospinal, ou líquor, res-
ponsável por participar da nutrição e da proteção do SNC contra impactos mecânicos. 
A neuroglia não é uniforme para todo o sistema nervoso. Algumas células são encon-
tradas exclusivamente no SNC, enquanto outras, exclusivamente no SNP. Essa distinção 
é fundamental para a compreensão fisiopatológica e diagnóstico diferencial de determi-
nadas patologias. Sob essa perspectiva, destaca-se a grande diferença entre a neuroglia 
responsável pela produção da bainha de mielina de nervos (cranianos e espinais).
Bainha de Mielina
A bainha de mielina é uma espécie de capa segmentada que pode envolver os 
axônios de maior calibre. Produzida pelas Células de Schwann no SNP e pelos 
Oligodendrócitos no SNC, proporcionam uma propagação muito mais rápida do 
potencial de ação pelo axônio no neurônio. Dizemos que um axônio é mielinizado 
quando é envolto pela bainha de mielina, e é não mielinizado quando não é envolto 
por bainha de mielina. 
O nervo óptico, via SS da visão, é um nervo mielinizado, permitindo que as informações 
cheguem rapidamente a níveis superiores de processamento pelo encéfalo. É interessanteressaltar que ele, embora seja tradicionalmente classificado como um nervo pertencente do 
SNP, formado inclusive dentro da órbita (fora do crânio, do encéfalo), possui sua bainha de 
mielina formada por oligodendrócitos, responsáveis pela formação da bainha de mielina do 
SNC. Doenças que afetam a bainha de mielina do SNC, como a Esclerose Múltipla, afetam 
o nervo óptico, mas não os outros nervos do corpo. Sobre tal perspectiva, podemos ainda 
dizer que, ao realizarmos uma oftalmoscopia, procedimento que avalia o tecido retiniano, 
estamos vendo nada menos que uma projeção do SNC. 
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Sob a perspectiva embriológica e pediátrica, vale lembrar que a bainha de mielina 
não está completamente formada ao nascimento, justificando um dos motivos pelos 
quais a acuidade visual do neonato é tão baixa. 
A bainha de mielina não é contínua por todo o axônio do neurônio. Aproximada-
mente, a cada 1 mm há uma interrupção, conhecida como nódulo de Ranvier. Os 
nódulos de Ranvier são os elementos da bainha de mielina que possibilitam que o 
potencial de ação (PA) consiga percorrer o axônio do neurônio com velocidade muito 
maior, acontecendo de forma saltatória, de nódulo em nódulo.
Integração Neuronal
Como visto, as regras mais gerais e amplas que explicam o funcionamento do 
sistema nervoso não são tão complicadas de se entender: um estímulo é captado por 
fibras aferentes do SNP (SS ou SV), que, por meio de potenciais de ação, levam essa 
informação para o SNC. O SNC vai então integrar, processar essa informação e gerar 
uma resposta, por fibras eferentes, de volta ao SNP (MS ou MV). Esse processo que 
liga o SNP ao SNC é conhecido como integração. Macroscopicamente, podemos 
identificar dois aspectos quanto à coloração do SNC: (1) uma região cinzenta e outra 
(2) região branca. A região cinzenta, ou massa cinzenta, é composta por corpos ce-
lulares de neurônios, enquanto a massa branca é composta pelos inúmeros axônios 
desses neurônios. É justamente na substância cinzenta do SNC que ocorre o processo 
de integração neuronal. Para fácil compreensão do conceito de integração neuronal, 
iremos estudá-lo quando ele ocorre da maneira mais simples possível: o arco reflexo.
Arco Reflexo
Arco reflexo é uma resposta automática, autônoma e motora do SNC a um es-
tímulo advindo do SNP. Podemos citar, como exemplo, um indivíduo que encosta 
inadvertidamente em uma panela quente. Sem que haja uma escolha voluntária, ele 
irá afastar rápida e bruscamente sua mão do estímulo agressor, de forma a evitá-lo. 
São dois os tipos de arcos reflexos, os monossinápticos e os polissinápticos. 
Monossinápticos são aqueles que fazem apenas uma sinapse na substância cinzenta 
do SNC: a fibra aferente faz sinapse direto com a fibra eferente. Muitos músculos 
de nosso corpo possuem sensores de estiramento, de forma a perceber a distensão 
muscular. Um arco reflexo monossináptico causa a contração do próprio músculo, 
de forma a manter o equilíbrio corporal (MARIEB, WILHELM e MALLAT, 2014).
Polissinápticos são arcos reflexos que envolvem um ou mais neurônios interme-
diários no SNC, os chamados interneurônios. Vale ressaltar que, em paralelo ao 
arco reflexo, o SNC envia ainda sinais para outras áreas do próprio SNC, a fim de, 
por exemplo, se aprender com a experiência pregressa. Após se queimar em uma 
panela, você aprende que panelas em cima de fogões acesos representam uma ame-
aça à sua integridade física.
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UNIDADE Sistema Nervoso
Sistema Nervoso Central (SNC)
O SNC, centro integrativo de nosso sistema nervoso, é compreendido pelo encé-
falo, parte do sistema nervoso dentro do crânio, e pela medula espinal, contida no 
canal vertebral. Os anatomistas usam uma nomenclatura específica para se referen-
ciar a estruturas pertencentes a esse sistema. Regiões mais altas são referidas como 
rostrais (“na direção do focinho”), enquanto regiões mais inferiores são referidas 
como caudais (“na direção da cauda”). É válido recordar que, embriologicamente, o 
sistema nervoso deriva do tubo neural. O desenvolvimento – e dobramento – rostral 
do tubo neural origina as áreas encefálicas conhecidas da vida adulta. Durante esse 
desenvolvimento, a cavidade central do tubo neural se dilata, formando cavidades 
que permanecem na vida adulta. Essas cavidades internas são chamadas de ventrí-
culos (“pequenos ventres”), são preenchidas por líquido cefalorraquidiano e serão 
usadas como referência anatômica em nosso estudo.
Encéfalo
Parte do SNC contida no crânio é, normalmente, dividida em quatro partes:
• Tronco encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo);
• Cerebelo;
• Diencéfalo;
• Telencéfalo.
Ventrículos Encefálicos
Revestidos por células ependimárias (células da glia), produtoras de líquido 
cefalorraquidiano, são cavidades contínuas ao canal ependimário, canal central da 
medula espinal. Os ventrículos encefálicos são descritos, a seguir, de suas localiza-
ções mais rostrais para suas localizações mais caudais:
Figura 2 – Ventrículos encefálicos
Fonte: MARIEB, WILHELM e MALLAT (2008)
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• Ventrículos laterais (antigos 1º e 2º ventrículos): na forma de chifres, separam-
-se anteriormente por uma fina membrana, chamada de septo pelúcido;
• Terceiro ventrículo: comunica-se com os ventrículos laterais pelo fora-
me interventricular;
• Aqueduto do mesencéfalo: cavidade fina, na forma de tubo, no mesencéfalo, 
que liga o terceiro ao quarto ventrículo.
• Quarto ventrículo: situado no tronco encefálico, apresenta três aberturas (aber-
turas laterais e abertura mediana), por onde o líquido cefalorraquidiano migra, 
permitindo que preencha o espaço subaracnóideo, ou seja, o “espaço entre a 
membrana aracnóide e a pia mater” (DECS, 2020). O quarto ventrículo é contí-
nuo, caudalmente, ao canal ependimário da medula espinal.
Tronco Encefálico
O tronco encefálico, região mais caudal do encéfalo, é subdividido em, de cau-
dal para rostral: bulbo, ponte e mesencéfalo. Seria uma grande ingenuidade tentar 
descrever, em poucas páginas, a organização estrutural e funcional do tronco ence-
fálico. Não podemos, contudo, deixar de citar algumas de suas características funda-
mentais para a compreensão de sua participação neurofisiológica na visão humana. 
Em linhas gerais, o tronco encefálico apresenta quatro funções fundamentais:
• Age como uma via de passagem para todos os tratos fibrosos que vão do cere-
belo até a medula espinal; 
• Participa ativamente da inervação da face e da cabeça; 10 a 12 pares de nervos 
craniais conectam-se a ele; 
• Produz comportamentos rigidamente programados e automáticos, necessários 
para a sobrevivência;
• Integra os reflexos auditivos e visuais (MARIEB, 2014, p. 392). 
Fica evidente, desde já, a relevância do estudo do tronco encefálico no con-
texto visual. 
A visão envolve inúmeros nervos cranianos, que se originam ou fazem conexão direta com o 
tronco encefálico. Da inervação ocular podemos citar, brevemente, o II par, nervo óptico, via afe-
rente visual; o III par, oculomotor, via eferente, responsável pela inervação da musculatura ciliar, 
pelo esfíncter da pupila e pela maioria da musculatura extrínseca ocular (m. reto medial, m. 
reto superior, m. reto inferior, m. oblíquo inferior), o IV par, nervo troclear, que inerva o m. 
oblíquo superior, o VI par, nervo abducente, que inerva o m. reto lateral, além do próprio 
nervo oftálmico, ramo do V par, nervo trigêmeo, que inerva ricamente a córnea. 
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UNIDADE Sistema Nervoso
Figura 3 – Tronco encefálico; (a) visão ventral e (b) visão lateral e squerda
Fonte: MARIEB, WILHELM e MALLAT (2008)
Figura 4 – Tronco encefálico; (c) visão dorsal
Fonte: MARIEB, WILHELM e MALLAT (2008)
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A seguir, citaremos muito brevemente, a título de conhecimento, as principais carac-
terísticas e funções de cada segmento do tronco encefálico: bulbo, ponte e mesencéfalo.
Bulbo
O bulbo é a parte mais caudal do tronco encefálico, além de ser contínua com a 
medula espinal. Em seu interior, está contido o quarto ventrículo. A substância bran-ca advinda de níveis superiores encefálicos passa por ele antes de seguir à medula. 
É no bulbo que esses tratos decussam, resultando no controle motor contralateral 
encefálico. Alguns núcleos (aglomerados de corpos celulares) estão presentes no 
bulbo e apresentam funções específicas, como centros retransmissores propriocepti-
vos, de tato e de pressão. Uma série de pequenos núcleos pode ser encontrada por 
toda a extensão do tronco encefálico, inclusive no bulbo, e é chamada de formação 
reticular. Encontramos três núcleos de grande importância na formação reticular, 
ao nível do bulbo:
• Centro vasomotor: recebe sinais aferentes advindos das grandes artérias de 
todo o corpo, especialmente de barorreceptores localizados no arco aórtico e 
no seio carotídeo. Reagem, portanto, ao estiramento da parede dos vasos, regu-
lando a vasoconstrição ou vasodilatação, controlando assim a pressão arterial. 
• Centro respiratório: a respiração é acelerada caso haja excesso de CO2 no 
sangue, a fim de se eliminar esse gás e absorver mais O2. O CO2 é insolúvel no 
plasma sanguíneo, de forma a ser transportado pelo sangue através da hema-
tose, uma reação química promovida pela enzima anidrase carbônica, que, na 
presença de água, transforma o CO2 em H+ + H2CO3
-. Esse íon H+ livre acidifica 
o sangue, reduzindo seu pH. Nesse contexto, o núcleo respiratório é capaz de 
detectar tais alterações, acelerando ou desacelerando a frequência respiratória, 
a fim de compensá-las, resultando na manutenção constante e involuntária das 
concentrações de O2 e CO2 no sangue.
Ponte
Tratos corticais descem ao cerebelo pela ponte, que, localizada entre o bulbo e 
o mesencéfalo, faz, como o próprio nome diz, uma ponte entre o tronco encefálico 
e o cerebelo. É separado desse último, em sua face dorsal, pelo quarto ventrículo. 
Alguns núcleos, tanto retransmissores quanto de nervos cranianos, são encontrados 
na ponte.
Mesencéfalo
O mesencéfalo é tipicamente dividido pelo aqueduto do mesencéfalo. Anterior a 
ele temos os pedúnculos cerebrais, e posterior a ele, o teto do mesencéfalo. Den-
tre as inúmeras funções e características morfológicas do mesencéfalo, vale ressaltar 
a formação do núcleo do III par de nervos cranianos, o nervo oculomotor. 
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UNIDADE Sistema Nervoso
Figura 5 – Corte transversal do mesencéfalo na altura dos colículos superiores
Fonte: MARIEB, WILHELM e MALLAT (2008)
Anteriormente à substância cinzenta que envolve o aqueduto do mesencéfalo, a 
substância cinzenta periaquedutal, região mais conhecida como pré-tectal do 
mesencéfalo, encontra-se o par de núcleos oculomotores, que originam o III par de 
nervos cranianos, o nervo oculomotor. Esse nervo será responsável pela inervação 
da maior parte da musculatura extrínseca oculomotora ocular, bem como pela iner-
vação do esfíncter da pupila e musculatura ciliar no processo acomodativo.
Ainda sobre a relação do mesencéfalo com o sentido da visão, encontramos, no 
teto do mesencéfalo, duas protuberâncias, dispostas aos pares, chamadas de colícu-
los superiores e colículos inferiores. Os colículos superiores estão especialmente 
relacionados ao sentido da visão, sendo centros responsáveis pelos reflexos visuais 
de objetos em movimento, como o acompanhar intuitivo do movimento do jogador 
pelos olhos de alguém que assiste a um jogo de futebol. 
Cerebelo
O cerebelo, de aspecto semelhante a uma couve-flor, localiza-se posteriormente 
ao tronco encefálico, separado deste pelo quarto ventrículo. Embora o cerebelo, 
segunda maior região do encéfalo, tenha uma importância ímpar nos processos 
fisiológicos humanos, não é objeto de estudo da optometria, cabendo aqui apenas 
dizer que ele é o responsável pela suavização e coordenação de nossos movimentos, 
participando de nosso equilíbrio. Ele compara os movimentos planejados pelo cére-
bro com a posição real de nosso corpo, ajustando quaisquer discrepâncias entre o 
planejado e o real. 
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Diencéfalo
O diencéfalo é um conjunto de três partes, localizado imediatamente rostral ao 
término do tronco encefálico (mesencéfalo). Suas subdivisões são o tálamo, o hipo-
tálamo e o epitálamo.
Tálamo
Localizado logo acima do mesencéfalo, o tálamo é considerado a porta de entrada 
para o córtex cerebral. Todos os sentidos aferentes, exceto o olfato, necessariamente 
passam pelo tálamo antes de se dirigirem para o córtex cerebral. É composto por 
uma série de núcleos, divididos em três grupos: (1) anterior, (2) mediano e (3) lateral. 
Dos laterais, um deles se destaca no contexto optométrico, o corpo geniculado la-
teral, que recebe estímulos visuais, os processa e retransmite esse sinal processado 
para o córtex visual. 
Hipotálamo
Parte mais caudal do diencéfalo, localiza-se abaixo do tálamo e forma as paredes 
ínfero-laterais do terceiro ventrículo. Apresenta uma protuberância com projeção 
anterocaudal, chamada de hipófise ou glândula pituitária. Constituído por vários nú-
cleos, é o principal centro de controle de funções viscerais do corpo, como controle 
de ciclo menstrual, da temperatura corporal, ciclo circadiano, controle do sistema 
endócrino, das respostas emocionais, formação de memória, dentre muitos outros.
Epitálamo
Localizado dorsalmente em relação ao hipotálamo, formando parte do teto do 
terceiro ventrículo, é formado por pequenos núcleos que formam a glândula pineal, 
que, sob influência do hipotálamo, secreta o hormônio melatonina, responsável pelo 
controle do ciclo sono-vigília.
Telencéfalo
Conhecido genérica e popularmente apenas como “cérebro”, o telencéfalo é en-
contrado dividido em dois lobos, cobrindo o diencéfalo, como se fosse um capacete 
do diencéfalo. Encontramos, em sua região cortical, massa cinzenta. Em sua medu-
la, massa branca, e, mergulhada profundamente na medula, mais massa cinzenta. 
Fissuras delimitam seus hemisférios: a fissura transversa separa o telencéfalo do ce-
rebelo, enquanto a fissura longitudinal separa os hemisférios em direito e esquerdo. 
Marcos anatômicos interessantes são usados para estudar o telencéfalo por regiões, 
de acordo com sua classificação funcional; são eles os sulcos e os giros. Sulcos são 
dobras rasas, que delimitam abaulamentos chamados de giros. Alguns dos sulcos 
mais profundos dividem o telencéfalo em lobos: 
• Lobo frontal: posterior ao osso frontal e anterior ao sulco central. O giro pré-
-central contém o córtex motor primário (planeja a execução de movimentos);
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UNIDADE Sistema Nervoso
• Lobo parietal: abaixo dos ossos parietais, posterior ao sulco central e anterior 
ao sulco parietoccipital. Delimitado lateralmente pelo sulco lateral. O giro 
pós-central contém o córtex somestésico primário (responsável pela autoper-
cepção do corpo pelo indivíduo, por meio de aferências proprioceptivas);
• Lobo occipital: abaixo do osso occipital, separado e posterior ao lobo parietal 
pelo sulco parietoccipital. Contém o córtex visual;
• Lobo temporal: abaixo do osso temporal, separado dos lobos parietal e frontal 
pelo sulco lateral. Contém o córtex olfatório e auditivo;
• Ínsula (“ilha”): mergulhada profundamente no sulco lateral, coberta por todos 
os lobos, com exceção do occipital. Contém o córtex sensitivo visceral do pala-
dar, bem como o córtex de sensibilidade visceral. 
Depois do exposto, mesmo que as regras gerais de funcionamento do sistema 
nervoso sejam relativamente simples (aferência-integração-eferência), fica evidente 
que a plena compreensão de sua fisiologia é incrivelmente complexa. Não cabe à 
nossa abordagem compreendê-la, tampouco estudar todas as suas nuances. Para 
facilitar o processo de aprendizagem, a tabela a seguir – drasticamente resumida – 
pode ajudar a organizar seu raciocínio acerca das principais funções de cada estru-
tura encefálica estudada.
Tabela 1
Estrutura Principal Subárea Função Principal
Tronco encefálico
Bulbo Controle da pressão arterial e frequência respiratória.
Ponte Conexão entre cerebelo e córtex do telencéfalo.
Mesencéfalo Reflexos visuais e auditivos.
DiencéfaloTálamo Porta de entrada do córtex para aferências sensitivas (ex-
ceto auditivas).
Hipotálamo Principal centro de controle visceral e autônomo.
Epitálamo Glândula pineal, secreta o hormônio melatonina.
Telencéfalo
Lobo frontal Córtex motor primário.
Lobo parietal Córtex somestésico primário.
Lobo occipital Córtex visual.
Lobo temporal Córtex olfatório e auditivo.
Ínsula Córtex visceral sensitivo do paladar e sensibilidade visceral. 
Sistema Nervoso Periférico (SNP)
Como visto, o SNC é responsável pelo processo integrativo dos estímulos sensiti-
vos. Ele recebe uma informação (via aferente), processa e gera uma resposta motora 
a ela (via eferente). A comunicação do SNC com o mundo é, assim, feita pelo Sistema 
Nervoso Periférico, ou SNP. Todas suas fibras, de maneira geral, podem ser classifi-
cadas, também como já visto, em Sensitivas Somáticas (SS), Sensitivas Viscerais (SV), 
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Motoras Somáticas (MS) ou Motoras Viscerais (MV). Os componentes viscerais do 
sistema nervoso funcionam autonomicamente. Não podemos, por exemplo, volunta-
riamente controlar nossos movimentos peristálticos, a secreção de bile pela vesícula 
biliar, ou ainda nossa frequência cardíaca. Por se tratar de funções autônomas, essa 
parte do sistema nervoso é classificada como Sistema Nervoso Autônomo (SNA), 
parte, portanto, do SNP.
O SNA, portanto, de ação autônoma (sem nosso controle voluntário), é composto 
por fibras SV e MV. Ao estudarmos o tipo de neurotransmissor secretado por es-
sas fibras, conseguimos ainda classificar o SNA como simpático ou parassimpático. 
Em linhas gerais, fibras do SNA simpático secretam norepinefrina, enquanto fibras 
do SNA parassimpático secretam acetilcolina. Tenha em mente que as funções 
simpática e parassimpática, em determinado órgão ou tecido-alvo, normalmente têm 
ações antagônicas. A norepinefrina, secretada por fibras simpáticas, sobre o nodo 
sinoatrial do coração, promove o aumento da frequência cardíaca (FC), enquanto a 
acetilcolina, secretada por fibras do SNA parassimpático (por meio do nervo vago), 
promove uma diminuição na FC.
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UNIDADE Sistema Nervoso
Classificação Macroscópica do SNP
Macroscopicamente, é possível identificar padrões diferentes quanto à disposição 
das fibras do SNP, diferenças condizentes com as diferenças do padrão funcional do 
SNP (simpático/parassimpático).
Fazem parte do SNP os nervos e gânglios. Quando os nervos fazem conexão 
com o tronco encefálico, são chamados de nervos cranianos, e são encontrados aos 
pares, 12 no total. Quando fazem conexão com a medula espinal, são chamados de 
nervos espinais. Gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares fora do 
SNC. A organização do SNP, de forma geral, tem origem no SNC, onde um neurônio 
emite um axônio para o SNP. Esse axônio irá fazer conexão com o corpo celular de 
outro neurônio, em um gânglio. A esse neurônio, que sai do SNC e faz sinapse em 
um gânglio, é dado o nome de neurônio pré-ganglionar. O neurônio, cujo corpo ce-
lular encontra-se no gânglio e emite seu axônio para a periferia do corpo, é chamado 
de neurônio pós-ganglionar.
Algumas fibras do SNP controlam funções autônomas do organismo e são, por-
tanto, classificadas como fibras do SNA. Encontramos uma característica bastante 
marcante quanto à relação entre morfologia e função dessas fibras:
• SNA simpático: neurônio pré-ganglionar curto e neurônio pós-ganglionar longo;
• SNA parassimpático: neurônio pré-ganglionar longo e neurônio pós-ganglio-
nar curto.
O sistema nervoso é incrivelmente complexo e extenso. Conhecer suas principais 
características e fisiologia básica é premissa fundamental para compreender os pro-
cessos neurovisuais a ele relacionados. A leitura complementar é sempre uma forma 
de aprofundar sua compreensão nessa vasta área do conhecimento neurológico. 
Por hora, os temas abordados são suficientes para desenvolvermos nossa linha de 
raciocínio rumo à compreensão da neurovisão. 
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Figura 6 – Sistema nervoso
Fonte: Acervo do conteudista
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UNIDADE Sistema Nervoso
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Anatomia humana sistêmica e segmentar
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. 
São Paulo: Atheneu, 2007.
Tratado de fisiologia médica
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2017. 
Histologia básica: texto & atlas
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Referências
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