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Direito e Legislação 1 CONTEÚDO - Noções básicas - Direito Público e Direito Privado - Direito Objetivo e Direito Subjetivo - Noções sobre Estado e Nação - Formas de Governo - Sistemas de Governo - Bens e Patrimônio - Classificação dos Bens - Fatos Jurídicos - Atos Jurídicos - Pessoas - Direito das Coisas e Posse - Direito de Propriedade - Direito das Obrigações - Contratos - Contrato de Compra e Venda - Comodato, Mútuo e Fiança - Direito Empresarial - Empresário - Matrícula e Registro da Firma - Principais Sociedades - Títulos de crédito - Legislação do Trabalho - Previdência Social - Tributação - PIS e PASEP Direito e Legislação 2 PARTE I Direito e Legislação Fase A NOÇÕES BÁSICAS O Direito – Fundamentos e Origem A discussão sobre o que é Direito e qual a sua essência é resolvida no âmbito da Filosofia. Transcende, assim, o objeto do curso de Direito Civil. Apresentaremos, então, cinco escolas, ou correntes doutrinárias, que buscam explicar a origem do Direito: I. Escola de Viena: chefiada por Hans Kelsen, afirma que o Estado é a personificação do Direito ou da Ordem Jurídica; II. Escola Alemã (Hegel e Ihering): prega a supremacia do Estado sobre o Direito; III. Escola do Direito Natural: criada pelos pensadores dos Séculos XVII e XVIII, sustenta a idéia de que existe um Direito não escrito, com base na natureza do homem; IV. Escola Histórica de Savigny: tem como pretensão demonstrar que o Direito é um produto da História, e não do raciocínio que nasce das relações sociais; V. Teoria do Direito Divino: aduz que a lei humana é inspirada na lei de Deus. Não há dúvidas de que o Direito nasceu com o homem e, com ele, evoluiu, não obstante Hegel e Ihering ensinarem que o Direito decorre da criação do Estado e somente existe a partir do dia em que o Estado constituído o tornou obrigatório. A Teoria do Direito Natural, segundo a qual o homem nasce livre, com direitos individuais inerentes à sua personalidade, sofreu sérias restrições em face da necessidade da existência de um poder maior que imponha limitação recíproca aos direitos individuais. O jurista francês, Leon Duguit, distingue as doutrinas que buscam explicar a origem do Direito em dois grupos: o das doutrinas do Direito Individual e o das doutrinas do Direito Social. Nessa linha de raciocínio, tem-se que, conquanto o homem já nasça detentor de direitos, tais como à vida e a uma existência digna, o Direito, compreendido como o conjunto de normas destinadas a regular o convívio social, é, na realidade, produto da sociedade e existe em virtude dela para protegê-la e assegurar-lhe o respeito aos direitos individuais de seus membros. As chamadas doutrinas do Direito Social são predominantes pelo fato de que o processo legislativo se pauta no direito de todos (caráter abstrato e impessoal da norma) e não no Direito Individual. A liberdade, segundo Duguit, “é um direito, mas não uma prerrogativa que acompanha o homem pelo fato de ser homem. A liberdade é um direito porque o homem tem o dever de desenvolver a sua vitalidade individual tão completamente quanto lhe seja possível, porque sua atividade individual é fator essencial da solidariedade por divisão do trabalho. Tem, por conseguinte, o direito de desenvolver livremente a sua atividade, mas, ao mesmo tempo, só possui esse direito na medida em que consagra a sua própria atividade à realização da solidariedade social. A liberdade, assim compreendida, recebe um fundamento inabalável, pois ela, então, só consiste na liberdade de se cumprir o dever social”. Moral e Direito Embora conceitualmente distintos, a Moral e o Direito possuem o mesmo fundamento na ordem deontológica do “dever ser”, visto que ambos se destinam a regular a conduta humana. A Moral, no entanto, é unilateral, e o Direito, bilateral. Isso porque a Moral impõe ao sujeito regras a serem observadas em proveito próprio (subjetivas), ao passo que o Direito impõe limitações recíprocas, contrapondo interesses de dois ou mais indivíduos, ou seja, um indivíduo não pode limitar o outro ao exercer seus direitos e deveres (“O seu direito termina onde o meu começa”). Direito e Legislação Fase B DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO Modernamente, diz-se que o Direito é uno, indivisível. O Direito deve ser definido e estudado como um grande sistema, em que tudo se harmoniza no conjunto. A divisão em ramos é meramente didática, para facilitar o entendimento da matéria. Uma vez aceita a classificação dicotômica (Público e Privado) para fins acadêmicos, tem-se que as normas inerentes ao Direito Público regulam as relações estatais; referem-se ao direito do grupo, da sociedade. Já as inerentes ao Direito Privado norteiam as relações travadas entre cidadãos ou entre estes e o Estado, mas livres do exercício do poder de império; referem-se ao direito do indivíduo. Direito e Legislação 3 Na esfera do Direito Público, a intervenção do Estado na vida econômica e social alarga as fronteiras do Direito Público e tem o condão de substituir a atividade privada, regulando-a e alterando a situação jurídica de bens patrimoniais privados. Já no âmbito do Direito Privado, as normas, que possuem caráter imperativo (coativo), contêm comandos absolutos, aos quais todos os indivíduos devem se sujeitar e que, deste modo, não podem ser derrogadas pela vontade das partes. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO O direito subjetivo cinge-se à esfera dos direitos individuais. Consiste no conjunto de normas que resguardam direitos pessoais, tais como os autorais, de propriedade, de ir e vir etc. Já o direito objetivo consiste no comando normativo que cuida de disciplinar as relações do homem quando em sociedade. Neste âmbito, há previsão de sanções a serem infligidas àquele que violar a norma jurídica, inclusive a que resguarda direitos pessoais. O direito subjetivo refere-se a interesses de ordem meramente material ou moral. Esses interesses, como dito, são reconhecidos também na esfera do direito objetivo. O direito subjetivo é o conjunto de prerrogativas de que um sujeito de direitos é titular e abrange normas que garantem a esse titular a faculdade de praticar os atos necessários para proteger e obter a satisfação de seus interesses, ou seja, os atos necessários para obter certo efeito jurídico em virtude de regra de Direito. O direito objetivo, por sua vez, consiste na regra de Direito, ou seja, na norma comportamental soberanamente imposta ao indivíduo, à qual este deve submeter-se. Trata-se do preceito que deve inspirar sua atuação quando na condição de homem social. Fontes do Direito O termo “fontes do direito” é empregado metaforicamente, pois, em sentido próprio, fonte é a nascente de onde brota uma corrente de água. Justamente por tratar-se de expressão figurativa, possui mais de um sentido. Na acepção que nos importa, “fonte do direito” é a origem primária do direito. Trata- se da fonte real ou material do direito, ou seja, dos fatores reais que condicionaram o aparecimento de uma norma jurídica. Ordinariamente, podem ser classificadas em: a) Fontes diretas (ou imediatas): aquelas que, por sua própria força, são suficientes para gerar a regra jurídica. São a Lei e o Costume; b) Fontes indiretas (ou mediatas): não possuem a virtude das fontes diretas, mas conduzem os espíritos à elaboração da norma. São a Doutrina e a Jurisprudência. A Lei Aqui, a lei será conceitualmente tratada em sentido lato, pois, como veremos adiante, não é a única espécie normativa. A Lei consiste na fonte primordial do Direito. Trata-se de norma escrita imposta pelo Estado, cuja observância é obrigatória pela coletividade, visto que dotada de força coativa. A lei deve emanar da autoridade competente, sob pena de perder o caráter impositivo. Via de regra, a autoridade competente para editar leis é o agente políticoque está a serviço do Poder Legislativo, na condição de representante eleito pelo povo, visto que legislar é função típica desta esfera de Poder. No entanto, a iniciativa de determinadas espécies normativas cabe aos agentes políticos a serviço do Poder Executivo, em sua função atípica. Ademais, é interessante observar que o processo legislativo compreende a atuação de mais de uma esfera de Poder, pois, conquanto a edição do texto normativo seja função típica do Poder Legislativo, a lei apenas passará a integrar o mundo jurídico após sua sanção, promulgação e publicação, atos esses emanados do Poder Executivo. A Lei, ou melhor, o projeto de lei, passa por algumas fases antes de integrar o ordenamento jurídico. Primeiramente, temos a fase da discussão e votação, momento em que há a deliberação parlamentar, que culmina na edição do projeto de lei. Terminada a fase de discussão e votação, uma vez aprovado em âmbito parlamentar o projeto de lei, este deverá ser encaminhado para a apreciação do Chefe do Executivo, que poderá vetá-lo, ou sancioná-lo. A sanção é a anuência (aquiescência, concordância, aceitação) manifestada pelo Chefe do Poder Executivo com relação ao teor de determinado projeto de lei e o veto é o oposto, ou seja, é quando aquela autoridade discorda do teor do projeto de lei, total ou parcialmente. Logo após, dá-se início à fase complementar, quando ocorre a promulgação e a publicação do texto normativo. Promulgação nada mais é do que um atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade. Apesar de ainda não estar em vigor, de ainda não ser eficaz, por meio do ato da promulgação certifica-se o nascimento da lei. O ato de promulgação tem como conteúdo a presunção de que a lei promulgada é válida, executória e potencialmente obrigatória. Já a publicação é o ato pelo qual se levará ao conhecimento da coletividade o conteúdo da inovação legislativa. Por meio da publicação, tem-se o estabelecimento do momento em que o cumprimento da lei deverá ser exigido. Direito e Legislação 4 Classificação das Leis a) Quanto à sua natureza: podem ser substantivas ou adjetivas. As substantivas são as que tratam do objeto de direito, ou seja, são as normas que reconhecem direitos, impõem obrigações e prevêem sanções. As adjetivas cuidam da materialização desse direito, ou seja, são as normas que tratam do processo, do rito. b) Quanto à sua origem: podem ser federais, estaduais e municipais. c) Quanto aos seus destinatários: podem ser gerais (Código Civil, Código de Processo Civil etc.) ou especiais (Código Comercial, Consolidação das Leis do Trabalho, Código de Defesa do Consumidor etc.); d) Quanto aos seus efeitos: imperativas, proibitivas, facultativas e punitivas. e) Quanto ao ramo do Direito: constitucionais, administrativas, civis, penais, comerciais etc. f) Quanto à sua conformidade em relação à Carta Magna: constitucionais ou inconstitucionais. A hierarquia das normas O Direito regula a sua própria criação, na medida em que uma norma jurídica determina o modo pelo qual outra norma deve ser criada e, até certo ponto, o conteúdo dessa norma secundária. A primeira delas torna-se fundamento de validade da segunda, o que denota uma relação de supra e infra-ordenação, ou seja, de hierarquia. Assim, a estrutura hierárquica da ordem jurídica de um Estado é, grosso modo, a seguinte: pressupondo-se a norma fundamental, a constituição é o nível hierárquico mais alto no Direito nacional. Ela consubstancia-se nas regras que regulam a criação das normas jurídicas gerais e, a fim de salvaguardar tais regras é que se projeta um documento solene, especial, cuja modificação é especialmente difícil. Por causa da constituição material, existe uma forma especial para a criação das leis constitucionais. Ora, se existe uma forma constitucional para a sua criação, então as leis constitucionais devem ser distinguidas das leis ordinárias. A diferença reside no fato de que a criação, emenda e revogação de leis constitucionais é mais difícil que a das leis ordinárias. O Costume Deriva da prática uniforme de certa conduta e da geral e constante repetição de dado comportamento por um determinado grupo (ex.: indígenas, ciganos etc.), e resulta numa normatização, não escrita, que rege o convívio social dos seus integrantes. Sua legitimidade decorre da reiteração, que induz à conformidade geral, transformando-o em ordem coercitiva para o ente coletivo. São condições indispensáveis para a vigência do Costume: a sua continuidade; a uniformidade; a diuturnidade (longa duração); a moralidade; e a obrigatoriedade. A Doutrina A Doutrina, como vimos, é fonte mediata do Direito. Consubstancia-se nos pareceres dos jurisconsultos, nos ensinamentos dos professores, nas opiniões dos tratadistas e nos trabalhos forenses (livros, revistas, periódicos etc.). Por seu intermédio, depura-se o melhor critério para a interpretação do texto normativo (lei, em sentido lato), de modo a orientar o trabalho do julgador e do legislador. A Jurisprudência É a interpretação reiterada que os Tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento e consiste no conjunto de soluções dadas às questões de direito pelos Tribunais Superiores. Direito e Legislação Fase C NOÇÕES SOBRE ESTADO E NAÇÃO A forma de organização política que caracteriza nossa época denomina-se Estado. Por vezes, encontramos doutrinadores denominando-o de Estado Moderno ou de Estado Nacional. Aqueles que utilizam estes adjetivos, o fazem, principalmente, para distingui-lo das outras formas de organização política que existiam anteriormente, especificando, destarte, tratar-se de uma forma predominante atualmente. Segundo esta linha de raciocínio, seriam antecedentes do Estado Moderno ou Nacional, em ordem crescente de anterioridade, O Estado Absolutista, o Estado Medieval e o Estado Antigo. Estado um conceito jurídico, ao passo que país é um conceito geográfico. Por outro lado, pátria também não possui significado jurídico, sendo meramente um conceito que reúne sentimentos de ligação afetiva e de pertinência a um determinado lugar. Direito e Legislação 5 Logo, o Estado é a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado. É o Estado uma sociedade organizada sob a forma de governantes e governados, com território delimitado e dispondo de poder próprio para promover o bem de seus membros, isto é, o bem público. Com o fim precípuo de atingir seus objetivos, o Estado estabelece e impõe normas e regras que orientam sua ação e disciplinam as atividades dos indivíduos e grupos que o compõem. O Estado, sujeito originário de direito internacional público, ostenta três elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana estabelecida sobre essa área, e uma forma de governo não subordinado a qualquer autoridade exterior. Sobressai, pois, como um dos elementos essenciais à existência do Estado, o seu território, que representa o espaço do globo terrestre sobre o qual este exerce a sua soberania. Em relação ao domínio territorial do Estado, ele se apresenta sob aspectos diferentes, podendo ser classificado em: terrestre – compreendendo o solo e o subsolo existentes no limite de suas fronteiras; fluvial e lacustre – compreendendo os rios e demais cursos d’água que cortam ou atravessam o território do Estado, nos trechos situados dentro de seus limites; marítimo – compreendendo as chamadas águas territoriais, isto é, as águas que margeiam as costas do território e que se estendem até certa distância do mesmo, suficientes para a defesa do Estado; e aéreo – espaço correspondente ao território até a altura determinada pelas necessidades de segurança do país, o que nos leva a aceitar uma linha vertical estendida até o infinito. Outro elemento essencial à existência do Estado éo seu povo, que é a população do Estado considerada sob o aspecto puramente jurídico; é o grupo humano encarado na sua integração numa ordem estatal determinada; é o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas leis, cidadãos de um mesmo Estado. Nesse sentido, o elemento humano do Estado é sempre um povo, ainda que formado por diversas raças, com interesses e aspirações diferentes. Logo, nem sempre o elemento humano de um Estado é uma nação. Povo é uma entidade jurídica. Em suma, seria o conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania em determinado ordenamento jurídico. Já nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. É uma entidade moral, no sentido rigoroso da palavra. Nação é algo que vai além da noção de Povo; é uma comunidade de consciências, unidas por um sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo (e.g.: palestinos, judeus, ciganos, curdos – Turquia / Iraque, bascos – Espanha / França). No que tange ao elemento governo, tem-se que o Estado moderno é concebido a partir da existência de um poder centralizado e institucionalizado capaz de criar uma ordem jurídica e de aplicá-la com exclusividade às pessoas que se encontrem dentro de um determinado território. Assim, território é o âmbito de validade da ordem jurídica estatal, e povo é o conjunto das pessoas vinculadas a essa mesma ordem jurídica. Essa vinculação tem duas fases: de um lado, o nacional fica sob a proteção do Estado, quer em relação a pessoas e autoridades estrangeiras, quer em relação às pessoas e entidades submetidas à ordem jurídica estatal; de outro, o nacional fica submetido a essa ordem jurídica, que lhe impõe obrigações (serviço militar, pagamento de impostos etc.) e sanções (se violados deveres legais, como ocorre no caso do direito penal). Por fim, salientamos que o fato de uma população estável encontrar-se sobre certo território bem delimitado e sujeita à autoridade de um governo não é o bastante para identificar o Estado como pessoa jurídica de direito das gentes, pois esses três elementos podem ser facilmente encontrados em várias circunscrições administrativas, em províncias federadas como o Estado do Rio de Janeiro, e até mesmo em Municípios como o de Niterói e Recife. Identificamos o Estado quando seu governo, ao contrário do que ocorre com aquelas circunscrições, não se subordina a qualquer autoridade que lhe seja superior; não reconhecendo, em última análise, nenhum poder maior de que dependam a definição e o exercício de suas competências. Assim, a soberania é atributo fundamental do Estado, pois é o que o faz titular de competências que, justamente por existir uma ordem jurídica internacional, não são ilimitadas, mas nenhuma outra entidade as possui superiores. A soberania, por assim dizer, não é apenas uma idéia doutrinária; ela é, atualmente, uma afirmação do direito internacional positivo, no mais alto nível de seus textos convencionais. FORMAS DE GOVERNO A teoria política moderna distingue três formas de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia. A organização do poder soberano é apresentada como critério dessa classificação. Quando o poder soberano de uma comunidade pertence a um único indivíduo, diz-se que o governo, ou a constituição, é monárquico. Quando o poder é exercido por vários indivíduos, a constituição é chamada Direito e Legislação 6 republicana. Uma república pode ser uma aristocracia ou uma democracia, conforme o poder soberano pertença a uma minoria ou à maioria do povo. Democracia significa que a vontade representada na ordem jurídica do Estado é idêntica às vontades dos sujeitos. O seu oposto é a aristocracia, em que os sujeitos são excluídos da criação da ordem jurídica. A monarquia é a forma mais pronunciada de autocracia. Sob essa forma de governo, também conhecida como despotismo, a ordem jurídica, em todos os seus estágios, é criada e aplicada diretamente pelo monarca ou por órgãos que ele nomeou. A posição de monarca é hereditária, ou, então, cada monarca escolhe seu sucessor. SISTEMAS DE GOVERNO Os regimes de governo, ou sistemas de governo, traduzem o grau de concentração de poder nas mãos do governante, e, particularmente, o grau de coesão e/ou independência das funções clássicas do poder estatal (executiva, legislativa e judiciária). Um dos sistemas de governo é o Presidencialismo, caracterizado pela independência dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, visto que não há subordinação de um ao outro. O Poder Executivo é materializado na pessoa do Presidente da República, eleito pelo povo, que o exerce de maneira autônoma, auxiliado pelos ministros ou secretários de Estado. O outro sistema é o Parlamentarismo, que, para muitos estudiosos, é o sistema de governo mais perfeito, pois se baseia num típico e original sistema representativo, havendo, paralelamente, o exercício pleno da soberania nacional. Funda-se, assim, na existência de partidos, geralmente, organizados de modo compacto, tendo como representantes homens que lutam pela vontade soberana do povo. A vontade do povo se faz de forma tão presente, que tal regime é denominado governo de opinião. O povo é valorizado e tem participação constante nos atos do governo. Apresenta, sob o ângulo funcional-orgânico, os três poderes clássicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) acrescido do Poder Moderador, representado pelo rei (em caso de Estado Monárquico) ou pelo Presidente da República (em caso de Estado Republicano). Tanto o Rei quanto o Presidente da República, via de regra (exceção – França e Portugal, p. ex.), permanecem fora da articulação político-partidária, havendo, para ambos, um gabinete ou Conselho de Ministros que essencialmente dirige a política geral do país. Insta salientar que a atual Constituição da República, de 05/10/1988, ao fortalecer as atribuições do Poder Legislativo, com a presença de um Congresso bastante atuante, fez surgir, no seio de nosso sistema presidencialista, um sistema parlamentarista, o que nos leva a considerar que vivemos num sistema mitigado. Direito e Legislação Fase D BENS E PATRIMÔNIO Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica. É importante salientar que os bens são coisas, porém nem todas as coisas são bens. As coisas são o gênero do qual os bens são espécies. As coisas abrangem tudo quanto existe na natureza, com exceção das pessoas, mas só serão considerados bens as coisas que proporcionem ao homem alguma utilidade e que sejam suscetíveis de apropriação, constituindo, então, o seu patrimônio. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS Os bens, considerados em si mesmos, são classificados em: a) Corpóreos, se tiverem existência material; ou incorpóreos, se não tiverem; b) Móveis, se puderem ser transportados, sem destruição e sem alteração de sua substância, de um lugar para outro; ou imóveis, se não puderem ser transportados sem destruição de sua substância. Os bens móveis são subdivididos em: b.1) móveis por natureza: coisas corpóreas suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia sem alteração de sua substância. Os que se removem de um lugar para outro, por movimento próprio, são os semoventes (animais), e, por força estranha, as coisas inanimadas; b.2) móveis por antecipação: bens imóveis mobilizados por finalidade econômica (ex.: árvores abatidas para serem convertidas em lenha); b.3) móveis por determinação legal: são as energias que tenham valor econômico (elétrica, nuclear, térmica etc.). Os bens imóveis são subdivididos em: b.4) imóveis por sua natureza: abrangendo o solo e tudo quanto se lhe incorpora naturalmente, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Direito e Legislação 7 b.5) imóveis por acessão física artificial:quando se incorporam ao solo de modo artificial e permanente, de modo que não possam ser retirados sem destruição, modificação, fratura ou dano (p. ex.: edifícios e construções); b.6) imóveis por acessão intelectual: são todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel mantiver, duradoura e intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade. c) Fungíveis e infungíveis, isto é, os que podem, ou não, ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade; d) Consumíveis, se terminarem logo como primeiro uso, havendo imediata destruição de sua substância; e inconsumíveis, se puderem ser usados continuadamente, possibilitando que se retirem todas as suas utilidades sem atingir sua integridade; e) Divisíveis, que podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam; e indivisíveis por natureza, por determinação legal (Código Civil, artigos 1.386, 1.421 e 1.791, parágrafo único) e pela vontade das partes; f) Singulares, que, embora reunidos, são considerados independentemente dos demais; e coletivos, que, constituídos por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, formam um todo único, que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam sua autonomia funcional. Os bens, reciprocamente considerados, são classificados em: a) Principais, que existem independentemente de outros; e b) Acessórios, cuja existência pressupõe a do bem principal. Os bens, em relação ao titular do domínio, são classificados em: a) Públicos, que são de domínio nacional, pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e se subdividem em: a.1) de uso comum do povo: são os que, embora pertencentes à pessoa jurídica de direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição, gratuita ou onerosamente, por todos, sem a necessidade de qualquer permissão especial; a.2) de uso especial: são imóveis utilizados pelo próprio poder público, aplicados ao serviço ou estabelecimento da Administração Pública; a.3) dominicais: que compõem o patrimônio da União, dos Estados e dos Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas de direito público interno. b) Privados, que têm como titular do seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado. E, por fim, os bens, quanto à possibilidade de comercialização, são classificados em: a) Alienáveis, os que estão livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou apropriação, podendo, portanto, passar, gratuita ou onerosamente, da esfera patrimonial de um indivíduo a de outro; b) Inalienáveis, os que não são apropriáveis por sua natureza (o ar, o mar, a luz solar etc.) ou os que, apesar de serem suscetíveis de apropriação pelo homem, têm sua comercialidade excluída por lei para atender aos interesses econômico-sociais, à defesa social e à proteção de determinadas pessoas. O Bem de Família O bem de família, conforme art. 1º, caput, da Lei nº 8.009/1990, é aquele residencial (prédio urbano ou rural), próprio do casal ou da entidade familiar. É impenhorável e não responde por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. Direito e Legislação Fase E FATOS JURÍDICOS Fato jurídico lato sensu é o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica. É o acontecimento natural, independente da vontade humana ou para o qual esta concorre indiretamente, em virtude do qual nascem, subsistem e se extinguem relações jurídicas, ou seja, direitos e deveres. Seja qual for sua natureza, todos os direitos se originam de algum fato, positivo ou negativo, ordinário ou extraordinário, instantâneo ou progressivo. O fato jurídico pode ser natural, quando advém de fenômeno natural sem intervenção da vontade humana, que produz algum efeito jurídico, ou humano, que é o acontecimento que depende da vontade humana, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. Direito e Legislação 8 Dentre os fatos jurídicos de maior relevância, podemos destacar, em relação à pessoa natural: o nascimento, a nacionalidade, a interdição, a morte; em relação às coisas: o desabamento de um edifício, o abandono do álveo pelo rio, a aluvião e a avulsão; e, em relação aos direitos em geral: o decurso do tempo, o caso fortuito e a força maior, em relação aos direitos em geral. Notas: Aluvião: são os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas (art. 1.250, caput, Código Civil); Avulsão: se dá quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro (art. 1.251, caput, Código Civil); Álveo: superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural (art. 1.252, Código Civil). Aquisição de direitos A aquisição de um direito é a sua conjunção com seu titular. Assim, surge a propriedade quando o bem se subordina a um detentor. No âmbito patrimonial, dois são os modos de adquirir direitos. Diz-se que o modo de aquisição de um direito é originário se o direito nascer no momento em que o titular se apropria do bem, de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa (ex.: a ocupação de uma coisa abandonada, a usucapião). Será derivado o modo de aquisição de um direito se houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular (p. ex.: a compra e venda e a herança). Quanto à aquisição dos direitos, infere-se das normas do Código Civil que: 1) os direitos podem ser adquiridos por ato do próprio adquirente ou por intermédio de outrem. Nesse último caso, tratando-se de titular incapaz de exercer certos atos da vida civil, seja total ou parcialmente, a aquisição de seus direitos se dará por representação legal (tutela, curatela, poder familiar). E, se capaz o seu titular, tem-se a figura da representação convencional, que se opera por meio de mandato (procuração) ou por contrato gestão de negócio; 2) a pessoa pode adquirir direitos para si, como comumente ocorre, ou em favor de terceiros (mera liberalidade), independentemente de representação, legal ou convencional; e 3) os direitos completamente adquiridos são atuais, ou seja, já estão em condição de serem exercidos por se incorporar imediatamente ao patrimônio do adquirente, e os futuros são aqueles cuja aquisição, por ocasião da realização do negócio, não se operou, dado que sua efetivação depende de uma condição ou de um prazo. Defesa dos direitos O art. 75 do Código Civil de 1916, já revogado, previa que “[a] todo o direito corresponde uma ação, que o assegura”. Para resguardar seus direitos, o titular deve, então, praticar atos que visem à sua conservação. Quando sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo pode ser salvaguardado por ação judicial (art. 5º, XXXV, da CRFB/88, e art. 189 do Código Civil). Para propor ou contestar uma ação, é necessário ter legítimo interesse econômico ou moral (art. 3º do CPC, e verbete nº 409 da Súmula do STF). A ação judicial é o direito que todos têm de movimentar a máquina judiciária para pedir proteção a fim de fazer cessar a violação de um direito subjetivo, desde que demonstrados a legitimação para agir e o interesse econômico (apreciável em dinheiro) ou moral (concernente à honra, à liberdade, ao decoro etc.) no provimento judicial. Extinção dos direitos Os direitos se extinguem quando ocorrer: a) Perecimento do objeto sobre o qual recaem se esse objeto perder suas qualidades essenciais; se se confundir com outro de modo que não possa ser distinguido; e se cair em lugar onde não pode maisser retirado; b) Alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo perda do direito para o antigo titular; c) Renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito dele se despoja sem transferi-lo a quem quer que seja; d) Abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa, porque não quer mais continuar sendo seu dono; e) Falecimento do titular, quando tratar-se de direito personalíssimo e, por isso, intransmissível aos herdeiros; f) Prescrição, que, extinguindo a pretensão, faz com que o direito desapareça por ausência de tutela jurídica; g) Decadência, que atinge o próprio direito; h) Abolição de uma instituição jurídica, assim como aconteceu coma escravidão, dote e usufruto vidual (referente à viuvez); Direito e Legislação 9 i) Confusão, se, numa só pessoa, se reúnem as qualidades de credor e de devedor concomitantemente; j) Implemente de uma condição resolutiva; l) Escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo; m) Perempção da instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação; n) Aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o suplanta. Em todos esses casos, o direito não renasce. No Código Civil há previsão de diversos casos de extinção de direito, tais como: a perda da posse (art. 1.223); a perda da propriedade imóvel (art. 1.275) a resolução do domínio (art. 1.359); a extinção das servidões (arts. 1.387 a 1.389); a extinção do usufruto (art. 1.410 e 1.411); a extinção do penhor (art. 1.436); a extinção da hipoteca (art. 1.499 e 1.500). Prescrição e Decadência Inicialmente, salientamos que, embora relacionados, os institutos da decadência e da prescrição não se confundem. A prescrição tem por objeto as pretensões. Por ser uma exceção oposta ao exercício da ação, a prescrição tem por escopo extingui-la com fundamento no interesse jurídico-social. Esse instituto foi criado como medida de ordem pública para proporcionar segurança às relações jurídicas, que seriam comprometidas em razão da instabilidade ocasionada pela possibilidade do exercício da ação por prazo indeterminado. Violado um direito, nasce para o seu titular a pretensão, ou seja, o poder de exigir, em juízo, uma prestação que lhe é devida. Assim, a prescrição faz extinguir essa pretensão, obstando tanto o direito de ação como o de exceção, visto que o meio de defesa de direito material deve ser exercido no mesmo prazo em que prescreve a pretensão. Já a decadência é a extinção do direito pela inércia do respectivo titular, que deixa decorrer o prazo, legal ou voluntariamente fixado, para o seu exercício. O objeto da decadência é, portanto, o direito, que, por determinação legal ou por vontade unilateral ou bilateral, está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de caducidade, ou seja, uma vez perecido o direito, não mais será lícito ao seu titular exercê-lo. Direito e Legislação Fase F ATOS JURÍDICOS Ato jurídico, em sentido estrito, é o que gera conseqüências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada. Os atos jurídicos podem ser lícitos, ou seja, praticados em conformidade à lei, resultantes de simples ações humanas, positivas ou negativas, bem como da declaração de vontade (negócio jurídico); e ilícitos, que são os atos praticados em descompasso com o direito positivo, dividindo-se em ilícitos cíveis e penais (delitos ou quase delitos). Classificação Em relação à categoria dos atos jurídicos lícitos, especialmente os provenientes da declaração de vontade (negócio jurídicos), podemos abordar as seguintes classificações: 1) Quanto às vantagens que produzem: gratuitos, se as partes obtiverem benefícios ou enriquecimento patrimonial sem qualquer contraprestação; onerosos, se os sujeitos visarem, reciprocamente, a obter vantagem para si ou outrem; bifrontes, se, conforme a vontade das partes, puderem ser gratuitos ou onerosos; ou neutros, se lhes faltar atribuição patrimonial; 2) Quanto às formalidades: solenes, se requererem, para sua existência, forma especial prescrita em lei (ex.: testamento); e não solenes, se não for exigida a observância de forma legal para sua efetivação (ex.: compra e venda de bem móvel); 3) Quanto ao conteúdo: patrimoniais, se versarem sobre questões suscetíveis de aferição econômica; e extrapatrimoniais, se atinentes aos direitos personalíssimos e ao direito de família; 4) Quanto à manifestação de vontade: unilaterais, se o ato volitivo provier de um ou mais sujeitos, desde que estejam na mesma direção, colimando um único objetivo; e bilaterais ou plurilaterais, conforme a declaração volitiva emane de duas ou mais pessoas, porém dirigidas em sentido contrário (interesses opostos); 5) Quanto ao tempo em que produzem efeitos: inter vivos, se acarretarem conseqüências jurídicas, em vida, aos interessados; e motis causa, se regularem relações de direito após a morte do sujeito. Defeitos dos negócios jurídicos A manifestação de vontade exerce papel fundamental no negócio jurídico, tratando-se de um de seus elementos básicos. Assim, a manifestação de vontade deve ser livre e de boa-fé, pois, caso Direito e Legislação 10 comprovado que a mesma está inquinada de vícios, sejam de consentimento ou sociais, o negócio jurídico não terá validade, visto que defeituoso. Ensejam defeito do negócio jurídico os vícios: 1) De consentimento: a) Erro: é a noção inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que influencia a formação da vontade; b) Dolo: é o emprego de um artifício ou expediente astucioso para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica e que aproveita àquele que o empregou ou, ainda, a um terceiro. Essa manobra pode sugerir o falso ou suprimir o verídico, mediante mentiras ou omissões; c) Coação: é qualquer pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, seus bens, sua honra ou sobre alguém com quem a vítima mantenha relação de parentesco ou afinidade, suficiente para obrigá-la ou induzi-la a efetivar um negócio jurídico; 2) Sociais: a) Simulação: é a declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito jurídico diverso do ostensivamente indicado; b) Fraude contra credores: é a prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam o seu patrimônio, com o escopo de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. Direito e Legislação Fase G PESSOAS Para a doutrina tradicional, “pessoa” é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito. Sujeito de direito é o sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica. Somente pessoas podem ser sujeitos de direito. Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Ora, sendo a pessoa, natural/física (ser humano) ou jurídica (agrupamentos humanos), sujeito das relações jurídicas e a personalidade a possibilidade de ser sujeito, conclui-se que toda pessoa é dotada de personalidade. Conquanto a personalidade da pessoa física tenha início com o nascimento com vida, a lei assegura, desde a concepção, os direitos do nascituro (pessoa gerada, mas que ainda está no ventre materno). Capacidade, por sua vez, é a medida jurídica da personalidade, ou seja, a manifestação do poder de ação implícito no conceito de personalidade. Assim, para ser pessoa, basta que o homem exista, mas, para ser capaz, o ser humano precisa preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de uma relação jurídica. Daí, a distinção entre capacidade de direito ou de gozo e capacidade de fato ou de exercício. Dá-se o nome de capacidade de direito à aptidão, oriunda da personalidade, de adquirir direitos e contrairobrigações na vida civil. A capacidade de direito não pode ser recusado ao indivíduo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa, despindo-o dos atributos da personalidade. Já a capacidade de fato é a aptidão de exercer, por si só, os atos da vida civil. Assim, o discernimento do lícito e do ilícito, a prudência, o juízo e a inteligência são pressupostos para o reconhecimento dessa capacidade. Direito e Legislação Fase H DIREITO DAS COISAS E POSSE Coisas As coisas constituem domínio ideal do objeto de direito. Tudo aquilo de ordem material sobre o qual o homem exerce seu domínio na satisfação de suas necessidades pode ser objeto de direito. Constitui bem material tudo o que possa ser delimitado no espaço, sujeito à vontade humana e suscetível de avaliação monetária. Quanto à divisão tradicional das coisas (classificação), nos reportamos ao conteúdo estudado nos tópicos “Bens e Patrimônio” e “Classificação dos Bens”. Posse A posse é o exercício de fato, pleno ou não, de alguns direitos do domínio ou da propriedade sobre uma coisa, e é absolutamente distinta dos mesmos. Esse exercício é protegido juridicamente e, para efetivação dessa proteção não se faz necessário qualquer título. A posse é um poder de fato e a Direito e Legislação 11 propriedade, um poder de direito. A posse é tradicionalmente conceituada em justa, injusta, violenta, clandestina, precária, de boa-fé ou de má-fé. Direito de Propriedade Direito de propriedade é o poder de dispor, de livremente utilizar a coisa e usufruir de seus frutos. A propriedade é o mais amplo dos direitos reais e atribui ao titular, em geral, as faculdades de usar, gozar e dispor da coisa. A coisa pode ser encarada do ponto de vista jurídico e econômico (senhoria). A coisa tem uma finalidade econômica que logo é reconhecida. Adequar a coisa a essa destinação econômica é usar. Se da coisa forem extraídos frutos ou produtos, dá-se a fruição. Se a coisa é alienada, há a disposição. Usar, fruir e dispor compõem a senhoria. Essas faculdades podem, no entanto, sofrer limitações de tal ordem que o conteúdo do direito de propriedade se reduza a mero título jurídico. A par disso, o direito de propriedade persiste, e, uma vez extinta a causa da limitações, ele readquire seu conteúdo. A esse fenômeno dá-se o nome de Elasticidade do Domínio. Essas limitações podem decorrer da vontade do proprietário, de causa natural ou da lei. Vale ressaltar que o direito de propriedade é essencialmente econômico, cabendo-nos, aqui, apresentar seu duplo aspecto: elemento interno ou econômico: uso, fruição e disposição; e elemento externo ou jurídico: a defesa. Condomínio Condomínio é o direito de propriedade em comum, ou seja, exercido por duas ou mais pessoas. Diz-se que há comunhão jurídica quando um direito pertence a duas ou mais pessoas. Essa comunhão pode derivar, ou não, da vontade dos sujeitos de direito. No condomínio, há uma pluralidade de direitos de propriedade, tendo cada condômino uma cota ideal da coisa indivisa. Direitos reais sobre coisas alheias O direito real é o ramo do direito civil regente da situação jurídica gerada pela norma que confere ao indivíduo o poder de titularidade dos direitos sobre os bens apropriáveis, apontando sua extensão e seus limites, fundados, primordialmente, na função social e na boa-fé. Dos direitos reais, citamos, abaixo, aqueles que são exercidos sobre coisas (bens) alheias: - Servidão predial: consiste num encargo para o prédio serviente e incide sobre bem imóvel vizinho pertencente a proprietário diverso. É inalienável, indivisível e perpétua. A servidão predial representa um ônus para o prédio serviente a partir do momento em que for registrado, no cartório imobiliário competente, o seu ato constitutivo. O objeto da servidão é sempre bem imóvel vizinho, sendo que a palavra “vizinho” não é sinônima de contigüidade, ou seja, é possível que um prédio situado há vários metros do outro estabeleça com este uma servidão predial, desde que a utilização de um possa repercutir no outro (p. ex.: uma fazenda que extraísse água de outra, sem que elas sejam confinantes). - Usufruto: usufruto é um direito real sobre coisa alheia exercido pelo usufrutuário, que adquire o direito temporário de uso e fruição do bem pertencente ao nu-proprietário, utilizando o bem e extraindo todas as vantagens que forem possíveis, todavia com a obrigação de manter a substância da coisa. O usufruto pode ter por objeto: bens móveis, imóveis, coletivos, patrimônio inteiro ou parte deste, títulos de crédito, ações das sociedades anônimas e incidir até sobre os lucros da empresa na execução judicial. O usufruto tem como partes o nu-proprietário e o usufrutuário. O nu-proprietário é quem desdobra os poderes dominiais de usar e fruir em favor da outra parte, a quem se chama usufrutuário. - Uso: o direito real de uso assegura ao usuário o direito de usar do bem em consonância com as necessidades exigidas pela sua família. Pode ser constituído por contrato ou por testamento. O nu- proprietário outorga a ele um direito mais restrito que o usufruto. - Habitação: o direito real de habitação consiste na possibilidade de o habitador utilizar, gratuita e temporariamente, bem imóvel alheio para fim exclusivo de sua moradia e de sua família. Desta forma, não poderá alugar nem emprestar o imóvel, sob pena de rescisão do contrato. O direito real de habitação pode ser constituído por contrato, por testamento ou pela lei. No primeiro caso, por incidir sobre bem imóvel, sua criação se dará com o registro do contrato no cartório imobiliário. - Hipoteca: é direito real de garantia incidente sobre bens imóveis e móveis infungíveis, que, dispensando a tradição, mantém o devedor na posse do bem, exigindo-se, tão-somente, a solenidade de averbação da especial situação no cartório de registro geral de imóvel. A hipoteca não implica tradição porque sua pretensão é justamente que o bem permaneça na posse do devedor para que este possa perceber os frutos da coisa e pagar a dívida. Assim, este instituto não impede o aproveitamento da coisa, ou seja, o devedor continua exercendo todos os seus direitos de proprietário (uso, dispor, fruir). Caso a dívida não seja adimplida, a propriedade do imóvel passará para o credor hipotecário. Direito e Legislação 12 - Penhor: é direito real de garantia incidente sobre bens móveis e mobilizáveis que depende da tradição (transferência do bem). O credor pignoratício tem o direito de guardar a coisa (depositário), mas dela não pode se assenhorar sem que restem preenchidas as condições legais, em virtude da cláusula comissória. - Anticrese: é direito real de garantia que consiste na entrega do imóvel que o devedor faz ao credor em compensação da dívida, a fim de que este perceba os frutos e rendimento proporcionados pela coisa. Direito e Legislação Fase I DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Obrigação é um vínculo jurídico que une credor e devedor, uma vez que o este deve àquele uma prestação economicamente apreciável. As obrigações se dividem em: a) Obrigação de dar: quando a prestação tem como objeto a entrega de uma coisa. Pode ser uma coisa certa, quando o objeto da prestação for individualizado, determinado, insuscetível de se confundir com outro qualquer. Nessa hipótese, não há obrigatoriedade de o credor receber outra coisa, ainda que mais valiosa, diversa da que lhe é devida; ou uma coisa incerta, cujo objeto será individualizado, ao menos, pelo gênero e pela quantidade, tratando-se, portanto de coisa determinável. Essa incerteza somente perdurará até o momento da escolha, a ser realizada por uma das partes; b) Obrigação de fazer: quando o devedor se compromete a realizar dada tarefa em benefício do credor. A prestação pode consistir num trabalho físico ou intelectual como também na prática de um ato jurídico; c) Obrigação de não fazer: quando a avençaimplica abstenção ou omissão de fato em benefício do credor. Tal obrigação se extingue caso se torne impossível para o devedor a abstenção ou omissão ajustada, desde que tal impossibilidade não se dê por culpa sua; d) Obrigação alternativa: quando o pactuado pressupõe mais de uma opção para satisfação da obrigação, mas apenas um dos objetos será suficiente para o cumprimento da obrigação. De regra, o direito de opção cabe ao devedor, desde que não haja estipulação contratual em sentido diverso; e) Obrigação divisível: a obrigação é considerada divisível quando o objeto da prestação for divisível por lei, pela vontade das partes ou pela natureza da obrigação; f) Obrigação indivisível: quando o objeto da prestação não pode ser fracionado por disposição legal, pela vontade das partes, nem pela natureza da obrigação sem que isso implique comprometimento de seu valor substancial e de sua própria utilidade. Nessa hipótese, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou; g) Obrigação solidária: dá-se quando, na mesma obrigação, concorre mais de um credor ou mais de um devedor, cada qual com direito ou obrigação à dívida toda. A solidariedade não se presume, mas resulta da lei ou da vontade das partes. CONTRATOS O contrato constitui-se uma das fontes de obrigação, que decorre de uma manifestação de vontade, expressa ou tácita, de duas ou mais pessoas, tratando-se, portanto, de um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. Conforme estabelecido pelas partes, o acordo de vontades pode criar, modificar, extinguir ou resguardar direitos de natureza patrimonial. Os contratos podem ser públicos, quando uma pessoa jurídica de direito publico for uma das partes contraentes, ou particular, quando a avença é firmada entre pessoas jurídicas de direito privado. Podem ser civis ou comerciais, dependendo do seu objeto. São espécies de contrato: compra e venda, doação, troca, locação, empréstimo, depósito, gestão de negócios, de sociedade, da constituição de renda, de seguro, de fiança, de trabalho, de comodato, de mútuo e outros. CONTRATO DE COMPRA E VENDA O contrato de compra e venda é o segundo contrato mais antigo, pois o primeiro é o de escambo, a troca. O contrato de compra e venda é aquele em que uma parte se obriga a transferir a propriedade de um bem, caso a outra lhe pague o preço. Dentre as cláusulas especiais do contrato de compra e venda, podemos destacar as seguintes: a) Retrovenda: cláusula que reserva ao vendedor, em certo prazo, o direito de recomprar o bem imóvel, sob a condição de restituir o preço, ressarcir os gastos efetuados pelo comprador e de reembolsá-lo pelo valor dos melhoramentos acrescentados ao imóvel; Direito e Legislação 13 b) Venda a contento: que se consumará segundo o desejo do comprador. Reputa-se feita sob condição suspensiva se o contrato não lhe atribuír expressamente o caráter de condição resolutiva. As obrigações daquele que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são de mero comodatário, enquanto não manifestar a aceitação. Se o comprador não fizer declaração alguma dento do prazo, reputar-se-á perfeita a venda, quer seja suspensiva, quer seja resolutiva, havendo, no primeiro caso, o pagamento do preço como expressão de que aceita a coisa vendida; c) Preempção ou preferência: cláusula contratual que impõe ao comprador a obrigação de, ao alienar a coisa comprada, oferecê-la ao vendedor de quem a obteve, tendo este, preço por preço, preferência para readquiri-la, com exclusão dos outros interessados; d) Pacto de melhor comprador: cláusula que autoriza o distrato se, dentro de certo prazo, aparecer quem ofereça maiores vantagens; e) Do pacto comissório: que consiste na possibilidade de o vendedor exigir a dissolução do contrato caso o preço não seja pago até certo dia. COMODATO, MÚTUO E FIANÇA Comodato consiste em empréstimo gratuito de coisa não fungível, a qual deve ser restituída no tempo convencionado. Mútuo é empréstimo por meio do qual se transfere a propriedade duma coisa fungível a outrem, que se obriga a pagar-lhe outra coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade. Fiança é obrigação acessória assumida por terceira pessoa, que se responsabiliza, total ou parcialmente, pelo cumprimento da obrigação do devedor, caso este não a cumpra ou não possa cumpri- la. PARTE II Direito e Legislação Fase A DIREITO EMPRESARIAL É o conjunto de normas que disciplina o exercício do comércio, as relações de direito que tal exercício suscita, a condição jurídica do comerciante e a do estabelecimento comercial. O direito comercial, como tipo de relacionamento jurídico distinto do civil e plenamente autônomo, surgiu por diferenciação do direito comum e com delineamentos vigorosos a partir da Idade Média. Seu núcleo inicial foi constituído pelo direito corporativo dos mercadores medievais. O que distingue uma sociedade comercial de uma sociedade civil é o intuito de lucro que a primeira sempre possui. O direito comercial brasileiro é regulado pelo Código Comercial, Lei nº 556, de 25/06/1850, que sofreu alterações legislativas ao longo do tempo, em especial, com o advento do Código Civil de 2002, que, em seu art. 2.045, revogou a primeira parte daquele código. Organização jurídica da empresa Empresa é pessoa jurídica constituída mediante contrato celebrado entre os sócios. Nesse contrato, os sócios se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para a realização da atividade comercial, visando a obter lucro a ser partilhado entre os mesmos. As empresas possuem patrimônio próprio e órgão de direção e de execução que traduzem sua vontade, que é autônoma e inconfundível com a vontade dos indivíduos que a integram. As empresas têm como características básicas: a) a personalidade jurídica própria, que é adquirida após sua formação pelos sócios e registro do ato constitutivo; b) constituição por meio de contrato social, no qual os sócios estabelecem direitos e deveres; e c) fins lucrativos. EMPRESÁRIO De acordo com o art. 966, caput, do Novo Código Civil, “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Seu parágrafo único estabelece que “não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. No que tange à capacidade, o art. 972 do mesmo Código estabelece que “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não foram legalmente impedidos”. É possível que o incapaz, por meio de represente ou devidamente assistido, continue a empresa exercida por ele quando era capaz, ou exercida por seus pais ou pelo autor da herança, desde que o seu exercício seja precedido de autorização judicial (art. 974, caput e §1º, do Código Civil). Direito e Legislação 14 Consistem obrigações gerais do empresário: seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e levantar anualmente o balanço patrimonial e de resultado econômico (art. 1.179, caput, CC), sendo que o pequeno empresário de que trata o art. 970 do Código Civil, é dispensado do cumprimento dessas exigências (art. 1,179, §2º, CC), além de dever conservar, em boa guarda, toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados (art. 1.194, CC). Direito e Legislação Fase B MATRÍCULA E REGISTRO DE FIRMA Nome comercial é aquele sob o qual o comerciante exerce sua atividade mercantil e se divide em duas espécies, a saber: - Firma: firma ou razãosocial é o nome adotado para o exercício de um comércio e sob o qual as obrigações do mesmo são contraídas, podendo ser individual ou coletiva. Firma individual é aquela composta por apenas um indivíduo. A legislação brasileira exige que a firma individual conste em nome do empresário, completo ou abreviado (art. 1.156 do CC). Firma coletiva é a composta por dois ou mais indivíduos. - Denominação: a pessoa jurídica geralmente usa a denominação como nome comercial, a qual não necessita trazer os nomes dos sócios. É o nome fantasia. Junta Comercial: legalmente, a sociedade só passa a existir depois do registro do seu respectivo ato no Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas comercias ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (arts. 1.150 e 1.151, ambos do Código Civil). Contrato Social: instrumento constitutivo da sociedade comercial e que será levado a registro na Junta Comercial. Nele são distinguidos elementos gerais, encontrados em todos os contratos, e certos elementos específicos, que o caracterizam de modo exclusivo e singular. - Elementos gerais do contrato social: a) Capacidade das partes: para celebrar contrato social, as partes devem ter capacidade jurídica para o ato; b) Objeto lícito: os objetivos manifestados no contrato devem ser lícitos, isso é, conforme as normas jurídicas, a moral e os bons costumes; c) Forma prescrita ou não proibida por lei: o direito comercial não exige forma solene para a constituição da sociedade, mas, apenas, que o contrato seja expresso e levado à registro nas Juntas Comerciais; - Elementos específicos do contrato social: a) Pluralidade de sócios: o contrato deve ser firmado entre duas ou mais pessoas; b) Formação do capital social: é a soma total das contribuições em bens, tanto em pecúnia como de outra natureza econômica, de cada sócio; c) Vontade de União e Colaboração: a sociedade comercial deve estruturar-se com base na atitude de colaboração entre os sócios, que unem bens ou serviços para obter resultados comuns; d) Participação nos lucros e nas perdas: os sócios deverão estipular, no contrato, as respectivas participações nos lucros e nas perdas decorrentes do exercício empresarial. Direito e Legislação Fase C PRINCIPAIS SOCIEDADES Os principais tipos de sociedade comercial são: - Sociedade em nome coletivo: nela os sócios têm responsabilidade solidária e ilimitada. Em caso de dívidas, serão executados primeiramente os bens da sociedade, e, se estes não foram suficientes para o pagamento da dívida, serão executados os bens pessoais de cada sócio. - Sociedade em comandita simples: possui dois tipos de sócios: os sócios comanditários, que entram para a sociedade com uma cota determinada de capital, denominada comandita, e cuja responsabilidade, em caso de dívidas, está limitada ao total de sua comandita; e os sócios comanditados, os que possuem responsabilidade ilimitada e solidária, assim, em caso de insolvência, os seus bens poderão ser arrecadados para pagar as dívidas da empresa. É interessante observar que a firma dessa sociedade será obrigatoriamente formada pelo nome dos sócios comanditados com acréscimo da expressão “& Cia”. O nome dos sócios comanditários não pode integrar o nome da firma. Direito e Legislação 15 - Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada: a responsabilidade dos sócios é solidária, porém limitada ao montante do capital social. O nome desse tipo de sociedade deverá conter, obrigatoriamente, a expressão Limitada (LTDA). - Sociedade Anônima: nesse tipo de sociedade, o capital é dividido em ações, ficando a responsabilidade dos sócios limitada de acordo com o valor das ações que adquiriram. Direito e Legislação Fase D TÍTULOS DE CRÉDITO Título de crédito é qualquer documento ou declarações escrita que ateste a existência de uma obrigação. São instrumentos que viabilizam uma operação de crédito sem a circulação de numerário ou que concedem esse numerário numa necessidade presente, contraindo-se uma obrigação futura. São, assim, títulos especiais, representativos de direitos creditórios, transmissíveis de pessoa para pessoa, que constituem direitos certos e determinados, revestidos de garantias jurídicas. É por intermédio desses instrumentos que grande quantidade de riquezas futuras passa a circular, antecipadamente, sob a forma de títulos negociáveis. Dentre os vários títulos de crédito, enumeramos alguns diretamente ligados à utilização pela pessoa física na obtenção ou operação de crédito: - Duplicata de fatura: funciona como instrumento de crédito na venda mercantil a prazo. Sua existência está vinculada à confiança depositada na pessoa do comprador, seu natural sacado. - Letra de Câmbio ou Cambial: é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo, que uma pessoa ou instituição dirige à outra para pagar a terceiro. - Nota Promissória: é uma promessa de pagamento emitida a favorecido certo. Como instrumento de crédito, vincula diretamente o devedor ao credor e constitui compromisso solene pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro. - Cheque: é ordem de pagamento à vista de quem o emite para quem o porta (portador). Se nominal, restringe o pagamento à pessoa em favor da qual oi emitido. Pressupõe um depósito prévio de numerário disponível. As principais espécies de cheque são: nominativo, ao portador, cruzado, visado e administrativo. - Debênture: é um título de crédito ao portador emitido em séries uniformes por sociedade anônimas contra garantia do seu ativo. Vencem juros e possuem prazo certo para resgate. - Letra Hipotecária: representa os empréstimos hipotecários de longo prazo, cuja soma corresponde à soma nominal dos títulos. - Certificado de Depósitos Bancários: são títulos negociáveis representativos de um depósito a prazo fixo. Vence juros e correção monetária entre compra e venda. São emitidos tanto por bancos comerciais como de investimentos. Como promessa de pagamento à ordem, esses títulos podem ser transmitidos por endosso, datado e assinado pelo seu titular com indicação do nome e com a qualificação do endossatário. Muitos outros títulos, de utilização mais específica, como os Certificados de Depósitos de Ações, os Títulos de Crédito à Exportação, a Cédula de Crédito Industrial etc., figuram nas diversas modalidades de transações creditícias operadas em nosso país. Classificação geral dos títulos de crédito Em função dos vários critérios oferecidos pela doutrina para a classificação dos títulos de crédito, podemos apresentar o seguinte quadro: a) Quanto à relação fundamental: causais e abstratos; b) Quanto ao titular: ao portador, nominativos e à ordem; c) Quanto à prestação: contra dinheiro e contra mercadorias; d) Quanto ao prazo: à vista e a prazo; e) Quanto à nacionalidade: nacional e estrangeiro; f) Quanto ao emitente: públicos e privados; g) Quanto ao campo de atuação: mercado de capitais e extra-mercado; h) Quanto à sua ordem: principais e acessórios; i) Quanto à emissão: definitivos e provisórios; j) Quando ao número: individuais e seriados. Agentes ou instituições de crédito Dentre os vários agentes e instituições, destacamos as Instituições Financeiras Públicas; Instituições Financeiras Privadas Bancárias; Instituições Financeiras Privadas Não-Bancárias. Direito e Legislação 16 Características dos títulos de crédito Os títulos de crédito têm, como atributos essenciais, a cartularidade, a literalidade e a autonomia. A cartularidade significa a densificação do direito de crédito no documento. O direito pode exercitar-se em virtude do documento, ou seja, o documento torna-se imprescindível à existência do direito nele apontado e necessários para sua exigibilidade. A literalidade é o predicado de correspondência entre o teor do documento e o direito representado. O direito emergente do título é o direito tal qual escrito nodocumento. A autonomia é de cada direito mencionado no título. Cada obrigação contida no documento é autônoma, existe por si só, de modo que o adquirente ou portador do título pode exercitar seu direito sem qualquer dependência das outras relações obrigacionais que o antecederam. Modos de circulação Os títulos podem ser: a) nominativos, quando emitidos em favor de pessoa certa; b) à ordem, quando essa pessoa certa pode transmitir o título a outrem, aquém fica o devedor obrigado a pagar; e c) ao portador, quando o devedor assume a obrigação de satisfazer a prestação a quem quer que lhe apresente o título. Principais atos cambiários - Saque: é o ato cambiário que tem por objetivo a criação de um título de crédito. Saque é, aqui, sinônimo de emissão. - Aceite ou vista: é o ato cambiário pelo qual o sacado reconhece a validade da ordem de pagamento. O aceite somente é utilizado no caso de ordem de pagamento a prazo. - Endosso: é o ato cambiário que tem por objetivo transferir o direito documentado pelo título de crédito de um credor para outro. O endosso pode ser em branco, quando o endossante, ao assinar, não identifica a pessoa do endossatário, situação em que o título passa a circular como se fosse título ao portador. Esse endosso em branco deve ser aposto na parte de trás do título; ou em preto, quando o endossante identifica, expressamente, o nome do endossatário. Esse endosso pode ser conferido tanto na parte de trás como na parte da frente do título. - Aval: é o ato cambiário por meio do qual um terceiro, denominado avalista, garante o pagamento do título de crédito. O avalista assume a responsabilidade solidária pelo pagamento da obrigação e, se o título não for pago no dia do vencimento, o credor poderá cobrá-lo diretamente do avalista, se assim o desejar. Ao avalista é assegurado o exercício do direito de regresso contra o avalizado. Direito e Legislação Fase E LEGISLAÇÃO DO TRABALHO Direito do trabalho é parte especial e relativamente recente do Direito Privado, que regula as relações trabalhistas entre empregados e seus empregadores, a vida corporativa profissional (sindicatos) e as instituições de assistência destinadas a assegurar a proteção dos trabalhadores. Empregado é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário (art. 3º, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). Empregador é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço (art. 2º, caput, CLT). Contrato de Trabalho Contrato de trabalho é o acordo pelo qual o empregado, em troca de salário, presta serviços continuados ao seu empregador, subordinando-se profissionalmente à sua direção. O contrato de trabalho é a principal base jurídica das relações do trabalho assalariado. As relações contratuais podem ser objeto de livre estipulação das partes contratantes, desde que não contrariem as normas trabalhistas que regem a alteração, a suspensão ou interrupção e a rescisão do contrato de trabalho, e a remuneração, inclusive compromissos relacionados com o aviso prévio e estabilidade. O contrato de trabalho pode ser verbal ou escrito. Todavia, a Carteira de Trabalho e Previdência Social é o documento hábil para o registro das condições do trabalho do empregado. A carteira deverá ser apresentada pelo empregado ao empregador, mediante recibo. Ao admitir o empregado, a empresa terá o prazo de quarenta e oito horas para anotar a data de admissão, a remuneração e as condições do serviço (art. 29, caput, CLT). Recusando-se a empresa a fazer tais anotações ou a devolver a carteira, o empregado poderá apresentar reclamação perante a Delegacia Regional do Trabalho (art. 36, CLT). Direito e Legislação 17 Rescisão do contrato de trabalho A homologação da rescisão dos contratos de trabalhos individuais vigente há mais de um ano deve ser feita obrigatoriamente no sindicato da categoria profissional ou perante órgão do Ministério do Trabalho. A rescisão do contrato de trabalho ocorre quando o empregado pede dispensa ou o empregador decide despedi-lo, com ou sem justa causa. Tratando-se de menor de dezoito anos, a rescisão do contrato de trabalho só terá validade mediante a assistência do pai, ou da mãe, ou do seu responsável legal (art. 439, CLT). O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou e cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro (art. 477, §4º, CLT). Férias A cada período de doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito ao gozo de um período de férias, sem prejuízo de sua remuneração, na seguinte proporção (art. 130, CLT): 1) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 05 (cindo) vezes; 2) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 06 (seis) a 14 (quatorze) faltas; 3) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; 4) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas). A CLT, em seu art. 136, caput, dá ao empregador o direito de marcar a época de concessão das férias aos seus funcionários. O empregador tem um limite de doze meses subseqüentes à aquisição do direito pelo empregado para marcar suas férias (art. 134, caput). Ultrapassado esse período, o empregador deverá pagar a respectiva remuneração em dobro (art. 137, caput). Salário e Remuneração Salário é toda contraprestação ou vantagem em pecúnia ou em utilidade devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado, em virtude do contrato de trabalho pelos serviços prestados ou pelo tempo em que este ficou à disposição daquele, quando a lei assim o determinar. Remuneração é a soma do pagamento direto com o pagamento indireto, este último entendido como toda contraprestação paga por terceiros ao trabalhador em virtude de um contrato de trabalho que este mantém com seu empregador. Salário mínimo Dispõe o art. 7º, IV, da Constituição da República, que é direito do trabalhador, urbanos e rurais, além de outras garantias que visem à melhoria de sua condição social, salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que preservem o poder aquisitivo do trabalhador. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS O FGTS é a atual, única e genérica proteção legal ao tempo de serviço do empregado, em substituição ao antigo regime previsto na CLT – art. 478. Em favor do empregado, são depositadas, sem qualquer desconto salarial, em instituições bancárias indicadas pela lei, importâncias mensais correspondentes a 8% da remuneração paga pelo empregador ou por terceiros (ex.: gorjetas). Os recursos do em dinheiro provenientes do FGTS são administrados, atualmente, pela Caixa Econômica Federal (CEF) no financiamento de moradias populares. Foi a Lei nº 5.107/66 a primeira a regular o FGTS e a trazer a opção aos empregados quanto ao regime de proteção de tempo de serviço. Hoje, a matéria é disciplinada pela Lei nº 8.036/90 e não é mais uma opção, mas, sim, um regime obrigatório. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas hipóteses previstas nos incisos do art. 20 da Lei nº 8.036/90. Ali, foram elencadas inúmeras hipóteses de levantamento das quantias depositadas, das quais cumpre destacar as seguintes: para emprego do dinheiro em aquisição de imóvel residencial pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH); com vistas ao reembolso de despesas médico-hospitalaresefetuadas pelo trabalhador; em casos de despedida sem justa causa, por culpa recíproca ou por força maior; fechamento da empresa onde trabalhava etc. Direito e Legislação Fase F PREVIDÊNCIA SOCIAL Previdência social é um seguro coletivo, público e compulsório, destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios Direito e Legislação 18 indispensáveis de subsistência ao segurado e à sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei, tais como: incapacidade, idade avançada, encargos de família, morte e reclusão. (art. 201, da CRFB/88, c/c o art. 1º da Lei nº 8.213/91). Os Princípios da Previdência Social estão previsto no art. 2º da Lei nº 8.213/91. Beneficiários As pessoas cobertas pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS – são denominadas beneficiárias, ora classificadas como segurados ou dependentes. Observa-se que somente as pessoas físicas podem ser beneficiárias da Previdência Social. Os segurados são obrigatórios ou facultativos. Aquele primeiro grupo abrange: o empregado; o empregado doméstico; o trabalhador avulso; o contribuinte individual; e o segurado especial. É segurado facultativo aquele que, sendo maior de dezesseis anos, não desempenha atividade própria de segurado obrigatório. De acordo com o art. 16 da Lei nº 8.213/1991, são dependentes do Regime Geral da Previdência Social, nesta ordem: I – o cônjuge, companheira, companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição (ou seja, o enteado, o menor tutelado, o filho adotivo ou natural, havido, ou não, na constância do casamento), menor de 21 (vinte e um) anos de idade ou inválido; II – os pais; III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos de idade ou inválido. No que tange aos dependentes previstos na classe (inciso) “I”, a dependência econômica é presumível e, com relação aos demais, esta deve ser comprovada para que possam fazer jus à percepção de benefício. Para a Previdência Social, os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições (rateio do benefício ante a existência de mais de um dependente integrante da mesma classe). No entanto, a existência de dependentes de classe próxima afasta o direito dos das classes remotas. Considera-se companheiro ou companheira a pessoa que mantenha união estável com o segurado ou segurada. União estável é aquela verificada entre o homem e a mulher, como entidade familiar, que preencham todos os requisitos estabelecidos no Código Civil para a contração de matrimônio. Assim, para a Previdência Social, o segurado casado não pode alegar que mantém união estável com vistas a inscrever o concubino como dependente. Benefícios As prestações constituem os benefícios e serviços oferecidos pela Previdência Social aos beneficiários (segurados e dependentes). Os benefícios são prestações pecuniárias pagas aos segurados ou dependentes, ao passo que os serviços são prestações sem cunho monetário postos à disposição dos beneficiários com vistas à melhoria de sua condição de vida. O RGPS compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de evento decorrente de acidente de trabalho, expressas em benefícios e serviços (art. 18 da Lei nº 8.213/1991): 1) Quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial; e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente. 2) Quanto ao dependente: a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão; 3) Quanto ao segurado e dependente: a) reabilitação profissional; b) serviço social. Direito e Legislação Fase G TRIBUTAÇÃO O Código Tributário Nacional – CTN – define, em seu art. 3º, que “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Direito e Legislação 19 Diz-se que é prestação pecuniária compulsória porque decorre do poder de império do Estado sobre o particular. Seu pagamento deve ser efetuado em dinheiro ou bens cujo valor possa ser exprimido em moeda. A lei determina que tributo não deve constituir sanção de ato ilícito, visto que a finalidade do tributo não é punir, mas custear o avanço da máquina estatal, conferindo-lhe recursos que serão aplicados em medidas que beneficiarão a coletividade. O tributo se distingue da penalidade pelo fato de que esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, ao passo que a hipótese de incidência do tributo é sempre um ato lícito. Atividade administrativa plenamente vinculada quer significar que a autoridade administrativa não pode preencher com seu juízo pessoal, subjetivo, o campo de indeterminação normativa, buscando realizar em cada caso a finalidade da lei. Tal determinação é tradução do princípio da reserva legal em matéria tributária, segundo o qual, não há tributo sem lei anterior que o institua. Obrigação tributária A relação entre o Estado e as pessoas sujeitas à tributação não é simplesmente de poder, mas jurídica, de natureza obrigacional, que constitui objeto essencial do Direito Tributário. A relação tributária, como qualquer outra relação jurídica, surge da ocorrência de um fato previsto em uma norma como capaz de produzir esse efeito. A lei descreve um fato e atribui a este o efeito de criar uma relação entre alguém e o Estado. Ocorrido o fato, que, em direito Tributário denomina-se fato gerador, nasce a relação tributária que compreende o dever de um alguém (sujeito passivo da obrigação tributária) e o direito do Estado (sujeito ativo da obrigação tributária). Assim, o dever e o direito (no sentido de direito subjetivo) são efeitos da incidência da norma. Espécies de Tributo Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte (art. 16, CTN). Taxa é o tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público divisível e específico prestado ao contribuinte (art.77, CTN). Contribuição de Melhoria é o tributo cuja obrigação tem como fato gerador a valorização de imóveis decorrente de obra pública. Contribuições Sociais aquelas que a União Federal pode instituir com fundamento nos artigos 149 e 195 da CRFB/88. Dividem-se em três subespécies, a saber: as do art. 149, que são as contribuições de intervenção no domínio econômico e contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas; e, as do art. 195, contribuições de seguridade social. Empréstimos Compulsórios, que visam a atender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, e no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado, nesse último caso, o princípio da anterioridade. Principais tipos de Impostos IR – Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza: sua instituição é de competência da União e tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. IPI – Imposto sobre produtos industrializados: também é de competência da União. Para efeitos de incidência, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou, ainda, o aperfeiçoe para o consumo. ICMS – Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços: é de competência dos Estados e do Distrito Federal e regulado pela Lei Complementar nº 87/96, que estabelece normas gerais do imposto. ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza: é de competência dos Municípios e tem como fato gerador a prestação de
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