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2 - Apostila - 02 Direito

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Direito e Legislação 1 
 
 
CONTEÚDO 
 
 
 
- Noções básicas 
- Direito Público e Direito Privado 
- Direito Objetivo e Direito Subjetivo 
- Noções sobre Estado e Nação 
- Formas de Governo 
- Sistemas de Governo 
- Bens e Patrimônio 
- Classificação dos Bens 
- Fatos Jurídicos 
- Atos Jurídicos 
- Pessoas 
- Direito das Coisas e Posse 
- Direito de Propriedade 
- Direito das Obrigações 
- Contratos 
- Contrato de Compra e Venda 
- Comodato, Mútuo e Fiança 
- Direito Empresarial 
- Empresário 
- Matrícula e Registro da Firma 
- Principais Sociedades 
- Títulos de crédito 
- Legislação do Trabalho 
- Previdência Social 
- Tributação 
- PIS e PASEP 
 
 
Direito e Legislação 2 
 
PARTE I 
Direito e Legislação 
Fase A 
NOÇÕES BÁSICAS 
 
O Direito – Fundamentos e Origem 
A discussão sobre o que é Direito e qual a sua essência é resolvida no âmbito da Filosofia. 
Transcende, assim, o objeto do curso de Direito Civil. Apresentaremos, então, cinco escolas, ou correntes 
doutrinárias, que buscam explicar a origem do Direito: 
I. Escola de Viena: chefiada por Hans Kelsen, afirma que o Estado é a personificação do Direito ou 
da Ordem Jurídica; 
II. Escola Alemã (Hegel e Ihering): prega a supremacia do Estado sobre o Direito; 
III. Escola do Direito Natural: criada pelos pensadores dos Séculos XVII e XVIII, sustenta a idéia de 
que existe um Direito não escrito, com base na natureza do homem; 
IV. Escola Histórica de Savigny: tem como pretensão demonstrar que o Direito é um produto da 
História, e não do raciocínio que nasce das relações sociais; 
V. Teoria do Direito Divino: aduz que a lei humana é inspirada na lei de Deus. 
Não há dúvidas de que o Direito nasceu com o homem e, com ele, evoluiu, não obstante Hegel e 
Ihering ensinarem que o Direito decorre da criação do Estado e somente existe a partir do dia em que o 
Estado constituído o tornou obrigatório. 
A Teoria do Direito Natural, segundo a qual o homem nasce livre, com direitos individuais 
inerentes à sua personalidade, sofreu sérias restrições em face da necessidade da existência de um poder 
maior que imponha limitação recíproca aos direitos individuais. 
O jurista francês, Leon Duguit, distingue as doutrinas que buscam explicar a origem do Direito em dois 
grupos: o das doutrinas do Direito Individual e o das doutrinas do Direito Social. Nessa linha de 
raciocínio, tem-se que, conquanto o homem já nasça detentor de direitos, tais como à vida e a uma 
existência digna, o Direito, compreendido como o conjunto de normas destinadas a regular o convívio 
social, é, na realidade, produto da sociedade e existe em virtude dela para protegê-la e assegurar-lhe o 
respeito aos direitos individuais de seus membros. 
As chamadas doutrinas do Direito Social são predominantes pelo fato de que o processo 
legislativo se pauta no direito de todos (caráter abstrato e impessoal da norma) e não no Direito 
Individual. 
A liberdade, segundo Duguit, “é um direito, mas não uma prerrogativa que acompanha o 
homem pelo fato de ser homem. A liberdade é um direito porque o homem tem o dever de desenvolver a 
sua vitalidade individual tão completamente quanto lhe seja possível, porque sua atividade individual é 
fator essencial da solidariedade por divisão do trabalho. Tem, por conseguinte, o direito de desenvolver 
livremente a sua atividade, mas, ao mesmo tempo, só possui esse direito na medida em que consagra a 
sua própria atividade à realização da solidariedade social. A liberdade, assim compreendida, recebe um 
fundamento inabalável, pois ela, então, só consiste na liberdade de se cumprir o dever social”. 
 
Moral e Direito 
Embora conceitualmente distintos, a Moral e o Direito possuem o mesmo fundamento na ordem 
deontológica do “dever ser”, visto que ambos se destinam a regular a conduta humana. A Moral, no 
entanto, é unilateral, e o Direito, bilateral. Isso porque a Moral impõe ao sujeito regras a serem 
observadas em proveito próprio (subjetivas), ao passo que o Direito impõe limitações recíprocas, 
contrapondo interesses de dois ou mais indivíduos, ou seja, um indivíduo não pode limitar o outro ao 
exercer seus direitos e deveres (“O seu direito termina onde o meu começa”). 
 
Direito e Legislação 
Fase B 
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
Modernamente, diz-se que o Direito é uno, indivisível. O Direito deve ser definido e estudado 
como um grande sistema, em que tudo se harmoniza no conjunto. A divisão em ramos é meramente 
didática, para facilitar o entendimento da matéria. 
Uma vez aceita a classificação dicotômica (Público e Privado) para fins acadêmicos, tem-se que 
as normas inerentes ao Direito Público regulam as relações estatais; referem-se ao direito do grupo, da 
sociedade. Já as inerentes ao Direito Privado norteiam as relações travadas entre cidadãos ou entre estes e 
o Estado, mas livres do exercício do poder de império; referem-se ao direito do indivíduo. 
 
 
Direito e Legislação 3 
Na esfera do Direito Público, a intervenção do Estado na vida econômica e social alarga as 
fronteiras do Direito Público e tem o condão de substituir a atividade privada, regulando-a e alterando a 
situação jurídica de bens patrimoniais privados. Já no âmbito do Direito Privado, as normas, que possuem 
caráter imperativo (coativo), contêm comandos absolutos, aos quais todos os indivíduos devem se sujeitar 
e que, deste modo, não podem ser derrogadas pela vontade das partes. 
 
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO 
O direito subjetivo cinge-se à esfera dos direitos individuais. Consiste no conjunto de normas 
que resguardam direitos pessoais, tais como os autorais, de propriedade, de ir e vir etc. Já o direito 
objetivo consiste no comando normativo que cuida de disciplinar as relações do homem quando em 
sociedade. Neste âmbito, há previsão de sanções a serem infligidas àquele que violar a norma jurídica, 
inclusive a que resguarda direitos pessoais. 
O direito subjetivo refere-se a interesses de ordem meramente material ou moral. Esses 
interesses, como dito, são reconhecidos também na esfera do direito objetivo. O direito subjetivo é o 
conjunto de prerrogativas de que um sujeito de direitos é titular e abrange normas que garantem a esse 
titular a faculdade de praticar os atos necessários para proteger e obter a satisfação de seus interesses, ou 
seja, os atos necessários para obter certo efeito jurídico em virtude de regra de Direito. 
O direito objetivo, por sua vez, consiste na regra de Direito, ou seja, na norma comportamental 
soberanamente imposta ao indivíduo, à qual este deve submeter-se. Trata-se do preceito que deve inspirar 
sua atuação quando na condição de homem social. 
 
Fontes do Direito 
O termo “fontes do direito” é empregado metaforicamente, pois, em sentido próprio, fonte é a 
nascente de onde brota uma corrente de água. Justamente por tratar-se de expressão figurativa, possui 
mais de um sentido. Na acepção que nos importa, “fonte do direito” é a origem primária do direito. Trata-
se da fonte real ou material do direito, ou seja, dos fatores reais que condicionaram o aparecimento de 
uma norma jurídica. Ordinariamente, podem ser classificadas em: 
a) Fontes diretas (ou imediatas): aquelas que, por sua própria força, são suficientes para gerar a 
regra jurídica. São a Lei e o Costume; 
b) Fontes indiretas (ou mediatas): não possuem a virtude das fontes diretas, mas conduzem os 
espíritos à elaboração da norma. São a Doutrina e a Jurisprudência. 
 
A Lei 
Aqui, a lei será conceitualmente tratada em sentido lato, pois, como veremos adiante, não é a 
única espécie normativa. A Lei consiste na fonte primordial do Direito. Trata-se de norma escrita imposta 
pelo Estado, cuja observância é obrigatória pela coletividade, visto que dotada de força coativa. A lei 
deve emanar da autoridade competente, sob pena de perder o caráter impositivo. Via de regra, a 
autoridade competente para editar leis é o agente políticoque está a serviço do Poder Legislativo, na 
condição de representante eleito pelo povo, visto que legislar é função típica desta esfera de Poder. 
No entanto, a iniciativa de determinadas espécies normativas cabe aos agentes políticos a serviço do 
Poder Executivo, em sua função atípica. Ademais, é interessante observar que o processo legislativo 
compreende a atuação de mais de uma esfera de Poder, pois, conquanto a edição do texto normativo seja 
função típica do Poder Legislativo, a lei apenas passará a integrar o mundo jurídico após sua sanção, 
promulgação e publicação, atos esses emanados do Poder Executivo. 
A Lei, ou melhor, o projeto de lei, passa por algumas fases antes de integrar o ordenamento 
jurídico. Primeiramente, temos a fase da discussão e votação, momento em que há a deliberação 
parlamentar, que culmina na edição do projeto de lei. Terminada a fase de discussão e votação, uma vez 
aprovado em âmbito parlamentar o projeto de lei, este deverá ser encaminhado para a apreciação do 
Chefe do Executivo, que poderá vetá-lo, ou sancioná-lo. 
A sanção é a anuência (aquiescência, concordância, aceitação) manifestada pelo Chefe do Poder 
Executivo com relação ao teor de determinado projeto de lei e o veto é o oposto, ou seja, é quando aquela 
autoridade discorda do teor do projeto de lei, total ou parcialmente. Logo após, dá-se início à fase 
complementar, quando ocorre a promulgação e a publicação do texto normativo. 
Promulgação nada mais é do que um atestado da existência válida da lei e de sua 
executoriedade. Apesar de ainda não estar em vigor, de ainda não ser eficaz, por meio do ato da 
promulgação certifica-se o nascimento da lei. O ato de promulgação tem como conteúdo a presunção de 
que a lei promulgada é válida, executória e potencialmente obrigatória. Já a publicação é o ato pelo qual 
se levará ao conhecimento da coletividade o conteúdo da inovação legislativa. Por meio da publicação, 
tem-se o estabelecimento do momento em que o cumprimento da lei deverá ser exigido. 
 
 
 
Direito e Legislação 4 
Classificação das Leis 
a) Quanto à sua natureza: podem ser substantivas ou adjetivas. As substantivas são as que tratam 
do objeto de direito, ou seja, são as normas que reconhecem direitos, impõem obrigações e 
prevêem sanções. As adjetivas cuidam da materialização desse direito, ou seja, são as normas que 
tratam do processo, do rito. 
b) Quanto à sua origem: podem ser federais, estaduais e municipais. 
c) Quanto aos seus destinatários: podem ser gerais (Código Civil, Código de Processo Civil etc.) 
ou especiais (Código Comercial, Consolidação das Leis do Trabalho, Código de Defesa do 
Consumidor etc.); 
d) Quanto aos seus efeitos: imperativas, proibitivas, facultativas e punitivas. 
e) Quanto ao ramo do Direito: constitucionais, administrativas, civis, penais, comerciais etc. 
f) Quanto à sua conformidade em relação à Carta Magna: constitucionais ou inconstitucionais. 
 
A hierarquia das normas 
O Direito regula a sua própria criação, na medida em que uma norma jurídica determina o modo 
pelo qual outra norma deve ser criada e, até certo ponto, o conteúdo dessa norma secundária. A primeira 
delas torna-se fundamento de validade da segunda, o que denota uma relação de supra e infra-ordenação, 
ou seja, de hierarquia. 
Assim, a estrutura hierárquica da ordem jurídica de um Estado é, grosso modo, a seguinte: 
pressupondo-se a norma fundamental, a constituição é o nível hierárquico mais alto no Direito nacional. 
Ela consubstancia-se nas regras que regulam a criação das normas jurídicas gerais e, a fim de 
salvaguardar tais regras é que se projeta um documento solene, especial, cuja modificação é 
especialmente difícil. 
Por causa da constituição material, existe uma forma especial para a criação das leis 
constitucionais. Ora, se existe uma forma constitucional para a sua criação, então as leis constitucionais 
devem ser distinguidas das leis ordinárias. A diferença reside no fato de que a criação, emenda e 
revogação de leis constitucionais é mais difícil que a das leis ordinárias. 
 
O Costume 
Deriva da prática uniforme de certa conduta e da geral e constante repetição de dado 
comportamento por um determinado grupo (ex.: indígenas, ciganos etc.), e resulta numa normatização, 
não escrita, que rege o convívio social dos seus integrantes. 
Sua legitimidade decorre da reiteração, que induz à conformidade geral, transformando-o em ordem 
coercitiva para o ente coletivo. 
São condições indispensáveis para a vigência do Costume: a sua continuidade; a uniformidade; a 
diuturnidade (longa duração); a moralidade; e a obrigatoriedade. 
 
A Doutrina 
A Doutrina, como vimos, é fonte mediata do Direito. Consubstancia-se nos pareceres dos 
jurisconsultos, nos ensinamentos dos professores, nas opiniões dos tratadistas e nos trabalhos forenses 
(livros, revistas, periódicos etc.). Por seu intermédio, depura-se o melhor critério para a interpretação do 
texto normativo (lei, em sentido lato), de modo a orientar o trabalho do julgador e do legislador. 
 
A Jurisprudência 
É a interpretação reiterada que os Tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento e consiste no conjunto de soluções dadas às questões de direito pelos Tribunais Superiores. 
 
Direito e Legislação 
Fase C 
NOÇÕES SOBRE ESTADO E NAÇÃO 
A forma de organização política que caracteriza nossa época denomina-se Estado. Por vezes, 
encontramos doutrinadores denominando-o de Estado Moderno ou de Estado Nacional. Aqueles que 
utilizam estes adjetivos, o fazem, principalmente, para distingui-lo das outras formas de organização 
política que existiam anteriormente, especificando, destarte, tratar-se de uma forma predominante 
atualmente. 
Segundo esta linha de raciocínio, seriam antecedentes do Estado Moderno ou Nacional, em 
ordem crescente de anterioridade, O Estado Absolutista, o Estado Medieval e o Estado Antigo. 
Estado um conceito jurídico, ao passo que país é um conceito geográfico. Por outro lado, pátria também 
não possui significado jurídico, sendo meramente um conceito que reúne sentimentos de ligação afetiva e 
de pertinência a um determinado lugar. 
 
 
Direito e Legislação 5 
Logo, o Estado é a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, 
com governo próprio e território determinado. É o Estado uma sociedade organizada sob a forma de 
governantes e governados, com território delimitado e dispondo de poder próprio para promover o bem de 
seus membros, isto é, o bem público. Com o fim precípuo de atingir seus objetivos, o Estado estabelece e 
impõe normas e regras que orientam sua ação e disciplinam as atividades dos indivíduos e grupos que o 
compõem. 
O Estado, sujeito originário de direito internacional público, ostenta três elementos conjugados: 
uma base territorial, uma comunidade humana estabelecida sobre essa área, e uma forma de governo não 
subordinado a qualquer autoridade exterior. 
Sobressai, pois, como um dos elementos essenciais à existência do Estado, o seu território, que 
representa o espaço do globo terrestre sobre o qual este exerce a sua soberania. 
Em relação ao domínio territorial do Estado, ele se apresenta sob aspectos diferentes, podendo 
ser classificado em: terrestre – compreendendo o solo e o subsolo existentes no limite de suas fronteiras; 
fluvial e lacustre – compreendendo os rios e demais cursos d’água que cortam ou atravessam o território 
do Estado, nos trechos situados dentro de seus limites; marítimo – compreendendo as chamadas águas 
territoriais, isto é, as águas que margeiam as costas do território e que se estendem até certa distância do 
mesmo, suficientes para a defesa do Estado; e aéreo – espaço correspondente ao território até a altura 
determinada pelas necessidades de segurança do país, o que nos leva a aceitar uma linha vertical 
estendida até o infinito. 
Outro elemento essencial à existência do Estado éo seu povo, que é a população do Estado 
considerada sob o aspecto puramente jurídico; é o grupo humano encarado na sua integração numa ordem 
estatal determinada; é o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas leis, cidadãos de um mesmo Estado. 
Nesse sentido, o elemento humano do Estado é sempre um povo, ainda que formado por diversas raças, 
com interesses e aspirações diferentes. Logo, nem sempre o elemento humano de um Estado é uma 
nação. Povo é uma entidade jurídica. Em suma, seria o conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania 
em determinado ordenamento jurídico. 
Já nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses 
comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. É uma entidade moral, no sentido rigoroso da 
palavra. Nação é algo que vai além da noção de Povo; é uma comunidade de consciências, unidas por um 
sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo (e.g.: palestinos, judeus, ciganos, curdos 
– Turquia / Iraque, bascos – Espanha / França). 
No que tange ao elemento governo, tem-se que o Estado moderno é concebido a partir da 
existência de um poder centralizado e institucionalizado capaz de criar uma ordem jurídica e de aplicá-la 
com exclusividade às pessoas que se encontrem dentro de um determinado território. Assim, território é o 
âmbito de validade da ordem jurídica estatal, e povo é o conjunto das pessoas vinculadas a essa mesma 
ordem jurídica. 
Essa vinculação tem duas fases: de um lado, o nacional fica sob a proteção do Estado, quer em 
relação a pessoas e autoridades estrangeiras, quer em relação às pessoas e entidades submetidas à ordem 
jurídica estatal; de outro, o nacional fica submetido a essa ordem jurídica, que lhe impõe obrigações 
(serviço militar, pagamento de impostos etc.) e sanções (se violados deveres legais, como ocorre no caso 
do direito penal). 
Por fim, salientamos que o fato de uma população estável encontrar-se sobre certo território bem 
delimitado e sujeita à autoridade de um governo não é o bastante para identificar o Estado como pessoa 
jurídica de direito das gentes, pois esses três elementos podem ser facilmente encontrados em várias 
circunscrições administrativas, em províncias federadas como o Estado do Rio de Janeiro, e até mesmo 
em Municípios como o de Niterói e Recife. 
Identificamos o Estado quando seu governo, ao contrário do que ocorre com aquelas 
circunscrições, não se subordina a qualquer autoridade que lhe seja superior; não reconhecendo, em 
última análise, nenhum poder maior de que dependam a definição e o exercício de suas competências. 
Assim, a soberania é atributo fundamental do Estado, pois é o que o faz titular de competências que, 
justamente por existir uma ordem jurídica internacional, não são ilimitadas, mas nenhuma outra entidade 
as possui superiores. 
A soberania, por assim dizer, não é apenas uma idéia doutrinária; ela é, atualmente, uma 
afirmação do direito internacional positivo, no mais alto nível de seus textos convencionais. 
 
FORMAS DE GOVERNO 
A teoria política moderna distingue três formas de governo: a monarquia, a aristocracia e a 
democracia. A organização do poder soberano é apresentada como critério dessa classificação. 
Quando o poder soberano de uma comunidade pertence a um único indivíduo, diz-se que o governo, ou a 
constituição, é monárquico. Quando o poder é exercido por vários indivíduos, a constituição é chamada 
 
 
Direito e Legislação 6 
republicana. Uma república pode ser uma aristocracia ou uma democracia, conforme o poder soberano 
pertença a uma minoria ou à maioria do povo. Democracia significa que a vontade representada na 
ordem jurídica do Estado é idêntica às vontades dos sujeitos. O seu oposto é a aristocracia, em que os 
sujeitos são excluídos da criação da ordem jurídica. 
A monarquia é a forma mais pronunciada de autocracia. Sob essa forma de governo, também 
conhecida como despotismo, a ordem jurídica, em todos os seus estágios, é criada e aplicada diretamente 
pelo monarca ou por órgãos que ele nomeou. A posição de monarca é hereditária, ou, então, cada 
monarca escolhe seu sucessor. 
 
SISTEMAS DE GOVERNO 
Os regimes de governo, ou sistemas de governo, traduzem o grau de concentração de poder nas 
mãos do governante, e, particularmente, o grau de coesão e/ou independência das funções clássicas do 
poder estatal (executiva, legislativa e judiciária). 
Um dos sistemas de governo é o Presidencialismo, caracterizado pela independência dos 
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, visto que não há subordinação de um ao outro. O Poder 
Executivo é materializado na pessoa do Presidente da República, eleito pelo povo, que o exerce de 
maneira autônoma, auxiliado pelos ministros ou secretários de Estado. 
O outro sistema é o Parlamentarismo, que, para muitos estudiosos, é o sistema de governo mais 
perfeito, pois se baseia num típico e original sistema representativo, havendo, paralelamente, o exercício 
pleno da soberania nacional. Funda-se, assim, na existência de partidos, geralmente, organizados de modo 
compacto, tendo como representantes homens que lutam pela vontade soberana do povo. A vontade do 
povo se faz de forma tão presente, que tal regime é denominado governo de opinião. O povo é valorizado 
e tem participação constante nos atos do governo. Apresenta, sob o ângulo funcional-orgânico, os três 
poderes clássicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) acrescido do Poder Moderador, representado pelo 
rei (em caso de Estado Monárquico) ou pelo Presidente da República (em caso de Estado Republicano). 
Tanto o Rei quanto o Presidente da República, via de regra (exceção – França e Portugal, p. ex.), 
permanecem fora da articulação político-partidária, havendo, para ambos, um gabinete ou Conselho de 
Ministros que essencialmente dirige a política geral do país. 
Insta salientar que a atual Constituição da República, de 05/10/1988, ao fortalecer as atribuições 
do Poder Legislativo, com a presença de um Congresso bastante atuante, fez surgir, no seio de nosso 
sistema presidencialista, um sistema parlamentarista, o que nos leva a considerar que vivemos num 
sistema mitigado. 
 
Direito e Legislação 
Fase D 
BENS E PATRIMÔNIO 
Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de 
objeto a uma relação jurídica. É importante salientar que os bens são coisas, porém nem todas as coisas 
são bens. As coisas são o gênero do qual os bens são espécies. As coisas abrangem tudo quanto existe na 
natureza, com exceção das pessoas, mas só serão considerados bens as coisas que proporcionem ao 
homem alguma utilidade e que sejam suscetíveis de apropriação, constituindo, então, o seu patrimônio. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
Os bens, considerados em si mesmos, são classificados em: 
a) Corpóreos, se tiverem existência material; ou incorpóreos, se não tiverem; 
b) Móveis, se puderem ser transportados, sem destruição e sem alteração de sua substância, de um 
lugar para outro; ou imóveis, se não puderem ser transportados sem destruição de sua substância. 
Os bens móveis são subdivididos em: 
b.1) móveis por natureza: coisas corpóreas suscetíveis de movimento próprio ou de remoção 
por força alheia sem alteração de sua substância. Os que se removem de um lugar para 
outro, por movimento próprio, são os semoventes (animais), e, por força estranha, as coisas 
inanimadas; 
b.2) móveis por antecipação: bens imóveis mobilizados por finalidade econômica (ex.: árvores 
abatidas para serem convertidas em lenha); 
b.3) móveis por determinação legal: são as energias que tenham valor econômico (elétrica, 
nuclear, térmica etc.). 
Os bens imóveis são subdivididos em: 
b.4) imóveis por sua natureza: abrangendo o solo e tudo quanto se lhe incorpora naturalmente, 
compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. 
 
 
Direito e Legislação 7 
b.5) imóveis por acessão física artificial:quando se incorporam ao solo de modo artificial e 
permanente, de modo que não possam ser retirados sem destruição, modificação, fratura ou 
dano (p. ex.: edifícios e construções); 
b.6) imóveis por acessão intelectual: são todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel 
mantiver, duradoura e intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, 
aformoseamento ou comodidade. 
c) Fungíveis e infungíveis, isto é, os que podem, ou não, ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade; 
d) Consumíveis, se terminarem logo como primeiro uso, havendo imediata destruição de sua 
substância; e inconsumíveis, se puderem ser usados continuadamente, possibilitando que se 
retirem todas as suas utilidades sem atingir sua integridade; 
e) Divisíveis, que podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição considerável 
de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam; e indivisíveis por natureza, por determinação legal 
(Código Civil, artigos 1.386, 1.421 e 1.791, parágrafo único) e pela vontade das partes; 
f) Singulares, que, embora reunidos, são considerados independentemente dos demais; e coletivos, 
que, constituídos por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, formam um todo único, 
que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam 
sua autonomia funcional. 
Os bens, reciprocamente considerados, são classificados em: 
a) Principais, que existem independentemente de outros; e 
b) Acessórios, cuja existência pressupõe a do bem principal. 
Os bens, em relação ao titular do domínio, são classificados em: 
a) Públicos, que são de domínio nacional, pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e 
se subdividem em: 
a.1) de uso comum do povo: são os que, embora pertencentes à pessoa jurídica de direito 
público interno, podem ser utilizados, sem restrição, gratuita ou onerosamente, por todos, 
sem a necessidade de qualquer permissão especial; 
a.2) de uso especial: são imóveis utilizados pelo próprio poder público, aplicados ao serviço ou 
estabelecimento da Administração Pública; 
a.3) dominicais: que compõem o patrimônio da União, dos Estados e dos Municípios, como 
objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas de direito público interno. 
b) Privados, que têm como titular do seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito 
privado. 
E, por fim, os bens, quanto à possibilidade de comercialização, são classificados em: 
a) Alienáveis, os que estão livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou 
apropriação, podendo, portanto, passar, gratuita ou onerosamente, da esfera patrimonial de um 
indivíduo a de outro; 
b) Inalienáveis, os que não são apropriáveis por sua natureza (o ar, o mar, a luz solar etc.) ou os que, 
apesar de serem suscetíveis de apropriação pelo homem, têm sua comercialidade excluída por lei 
para atender aos interesses econômico-sociais, à defesa social e à proteção de determinadas 
pessoas. 
 
O Bem de Família 
O bem de família, conforme art. 1º, caput, da Lei nº 8.009/1990, é aquele residencial (prédio urbano ou 
rural), próprio do casal ou da entidade familiar. É impenhorável e não responde por qualquer tipo de 
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais 
ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. 
 
Direito e Legislação 
Fase E 
FATOS JURÍDICOS 
Fato jurídico lato sensu é o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a 
criação da relação jurídica. É o acontecimento natural, independente da vontade humana ou para o qual 
esta concorre indiretamente, em virtude do qual nascem, subsistem e se extinguem relações jurídicas, ou 
seja, direitos e deveres. Seja qual for sua natureza, todos os direitos se originam de algum fato, positivo 
ou negativo, ordinário ou extraordinário, instantâneo ou progressivo. 
O fato jurídico pode ser natural, quando advém de fenômeno natural sem intervenção da vontade 
humana, que produz algum efeito jurídico, ou humano, que é o acontecimento que depende da vontade 
humana, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. 
 
 
Direito e Legislação 8 
Dentre os fatos jurídicos de maior relevância, podemos destacar, em relação à pessoa natural: o 
nascimento, a nacionalidade, a interdição, a morte; em relação às coisas: o desabamento de um edifício, o 
abandono do álveo pelo rio, a aluvião e a avulsão; e, em relação aos direitos em geral: o decurso do 
tempo, o caso fortuito e a força maior, em relação aos direitos em geral. 
Notas: 
Aluvião: são os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros 
naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas (art. 1.250, caput, Código 
Civil); 
Avulsão: se dá quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio 
e se juntar a outro (art. 1.251, caput, Código Civil); 
Álveo: superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural (art. 1.252, Código Civil). 
 
Aquisição de direitos 
A aquisição de um direito é a sua conjunção com seu titular. Assim, surge a propriedade quando 
o bem se subordina a um detentor. No âmbito patrimonial, dois são os modos de adquirir direitos. Diz-se 
que o modo de aquisição de um direito é originário se o direito nascer no momento em que o titular se 
apropria do bem, de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa (ex.: a ocupação de 
uma coisa abandonada, a usucapião). Será derivado o modo de aquisição de um direito se houver 
transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação jurídica entre o 
anterior e o atual titular (p. ex.: a compra e venda e a herança). 
Quanto à aquisição dos direitos, infere-se das normas do Código Civil que: 1) os direitos podem 
ser adquiridos por ato do próprio adquirente ou por intermédio de outrem. Nesse último caso, tratando-se 
de titular incapaz de exercer certos atos da vida civil, seja total ou parcialmente, a aquisição de seus 
direitos se dará por representação legal (tutela, curatela, poder familiar). E, se capaz o seu titular, tem-se a 
figura da representação convencional, que se opera por meio de mandato (procuração) ou por contrato 
gestão de negócio; 2) a pessoa pode adquirir direitos para si, como comumente ocorre, ou em favor de 
terceiros (mera liberalidade), independentemente de representação, legal ou convencional; e 3) os direitos 
completamente adquiridos são atuais, ou seja, já estão em condição de serem exercidos por se incorporar 
imediatamente ao patrimônio do adquirente, e os futuros são aqueles cuja aquisição, por ocasião da 
realização do negócio, não se operou, dado que sua efetivação depende de uma condição ou de um prazo. 
 
Defesa dos direitos 
O art. 75 do Código Civil de 1916, já revogado, previa que “[a] todo o direito corresponde uma 
ação, que o assegura”. Para resguardar seus direitos, o titular deve, então, praticar atos que visem à sua 
conservação. Quando sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo pode ser salvaguardado por ação 
judicial (art. 5º, XXXV, da CRFB/88, e art. 189 do Código Civil). 
Para propor ou contestar uma ação, é necessário ter legítimo interesse econômico ou moral (art. 
3º do CPC, e verbete nº 409 da Súmula do STF). A ação judicial é o direito que todos têm de movimentar 
a máquina judiciária para pedir proteção a fim de fazer cessar a violação de um direito subjetivo, desde 
que demonstrados a legitimação para agir e o interesse econômico (apreciável em dinheiro) ou moral 
(concernente à honra, à liberdade, ao decoro etc.) no provimento judicial. 
 
Extinção dos direitos 
Os direitos se extinguem quando ocorrer: 
a) Perecimento do objeto sobre o qual recaem se esse objeto perder suas qualidades essenciais; se se 
confundir com outro de modo que não possa ser distinguido; e se cair em lugar onde não pode 
maisser retirado; 
b) Alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo perda do direito 
para o antigo titular; 
c) Renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito dele se despoja sem transferi-lo a 
quem quer que seja; 
d) Abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa, porque não quer mais continuar 
sendo seu dono; 
e) Falecimento do titular, quando tratar-se de direito personalíssimo e, por isso, intransmissível aos 
herdeiros; 
f) Prescrição, que, extinguindo a pretensão, faz com que o direito desapareça por ausência de tutela 
jurídica; 
g) Decadência, que atinge o próprio direito; 
h) Abolição de uma instituição jurídica, assim como aconteceu coma escravidão, dote e usufruto 
vidual (referente à viuvez); 
 
 
Direito e Legislação 9 
i) Confusão, se, numa só pessoa, se reúnem as qualidades de credor e de devedor 
concomitantemente; 
j) Implemente de uma condição resolutiva; 
l) Escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo; 
m) Perempção da instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação; 
n) Aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o suplanta. 
Em todos esses casos, o direito não renasce. 
No Código Civil há previsão de diversos casos de extinção de direito, tais como: a perda da 
posse (art. 1.223); a perda da propriedade imóvel (art. 1.275) a resolução do domínio (art. 1.359); a 
extinção das servidões (arts. 1.387 a 1.389); a extinção do usufruto (art. 1.410 e 1.411); a extinção do 
penhor (art. 1.436); a extinção da hipoteca (art. 1.499 e 1.500). 
 
Prescrição e Decadência 
Inicialmente, salientamos que, embora relacionados, os institutos da decadência e da prescrição 
não se confundem. 
A prescrição tem por objeto as pretensões. Por ser uma exceção oposta ao exercício da ação, a 
prescrição tem por escopo extingui-la com fundamento no interesse jurídico-social. Esse instituto foi 
criado como medida de ordem pública para proporcionar segurança às relações jurídicas, que seriam 
comprometidas em razão da instabilidade ocasionada pela possibilidade do exercício da ação por prazo 
indeterminado. Violado um direito, nasce para o seu titular a pretensão, ou seja, o poder de exigir, em 
juízo, uma prestação que lhe é devida. Assim, a prescrição faz extinguir essa pretensão, obstando tanto o 
direito de ação como o de exceção, visto que o meio de defesa de direito material deve ser exercido no 
mesmo prazo em que prescreve a pretensão. 
Já a decadência é a extinção do direito pela inércia do respectivo titular, que deixa decorrer o 
prazo, legal ou voluntariamente fixado, para o seu exercício. O objeto da decadência é, portanto, o direito, 
que, por determinação legal ou por vontade unilateral ou bilateral, está subordinado à condição de 
exercício em certo espaço de tempo, sob pena de caducidade, ou seja, uma vez perecido o direito, não 
mais será lícito ao seu titular exercê-lo. 
 
Direito e Legislação 
Fase F 
ATOS JURÍDICOS 
Ato jurídico, em sentido estrito, é o que gera conseqüências jurídicas previstas em lei e não pelas 
partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada. Os atos jurídicos podem ser 
lícitos, ou seja, praticados em conformidade à lei, resultantes de simples ações humanas, positivas ou 
negativas, bem como da declaração de vontade (negócio jurídico); e ilícitos, que são os atos praticados 
em descompasso com o direito positivo, dividindo-se em ilícitos cíveis e penais (delitos ou quase delitos). 
 
Classificação 
Em relação à categoria dos atos jurídicos lícitos, especialmente os provenientes da declaração de 
vontade (negócio jurídicos), podemos abordar as seguintes classificações: 
1) Quanto às vantagens que produzem: gratuitos, se as partes obtiverem benefícios ou 
enriquecimento patrimonial sem qualquer contraprestação; onerosos, se os sujeitos visarem, 
reciprocamente, a obter vantagem para si ou outrem; bifrontes, se, conforme a vontade das partes, 
puderem ser gratuitos ou onerosos; ou neutros, se lhes faltar atribuição patrimonial; 
2) Quanto às formalidades: solenes, se requererem, para sua existência, forma especial prescrita em 
lei (ex.: testamento); e não solenes, se não for exigida a observância de forma legal para sua 
efetivação (ex.: compra e venda de bem móvel); 
3) Quanto ao conteúdo: patrimoniais, se versarem sobre questões suscetíveis de aferição econômica; 
e extrapatrimoniais, se atinentes aos direitos personalíssimos e ao direito de família; 
4) Quanto à manifestação de vontade: unilaterais, se o ato volitivo provier de um ou mais sujeitos, 
desde que estejam na mesma direção, colimando um único objetivo; e bilaterais ou plurilaterais, 
conforme a declaração volitiva emane de duas ou mais pessoas, porém dirigidas em sentido 
contrário (interesses opostos); 
5) Quanto ao tempo em que produzem efeitos: inter vivos, se acarretarem conseqüências jurídicas, 
em vida, aos interessados; e motis causa, se regularem relações de direito após a morte do sujeito. 
 
Defeitos dos negócios jurídicos 
A manifestação de vontade exerce papel fundamental no negócio jurídico, tratando-se de um de 
seus elementos básicos. Assim, a manifestação de vontade deve ser livre e de boa-fé, pois, caso 
 
 
Direito e Legislação 10 
comprovado que a mesma está inquinada de vícios, sejam de consentimento ou sociais, o negócio jurídico 
não terá validade, visto que defeituoso. 
Ensejam defeito do negócio jurídico os vícios: 
1) De consentimento: 
a) Erro: é a noção inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que 
influencia a formação da vontade; 
b) Dolo: é o emprego de um artifício ou expediente astucioso para induzir alguém à prática de 
um ato que o prejudica e que aproveita àquele que o empregou ou, ainda, a um terceiro. 
Essa manobra pode sugerir o falso ou suprimir o verídico, mediante mentiras ou omissões; 
c) Coação: é qualquer pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, seus bens, sua honra 
ou sobre alguém com quem a vítima mantenha relação de parentesco ou afinidade, 
suficiente para obrigá-la ou induzi-la a efetivar um negócio jurídico; 
2) Sociais: 
a) Simulação: é a declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito jurídico diverso 
do ostensivamente indicado; 
b) Fraude contra credores: é a prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam o seu 
patrimônio, com o escopo de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento 
dos direitos creditórios alheios. 
 
Direito e Legislação 
Fase G 
PESSOAS 
Para a doutrina tradicional, “pessoa” é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e 
obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito. Sujeito de direito é o sujeito de um dever jurídico, de 
uma pretensão ou titularidade jurídica. Somente pessoas podem ser sujeitos de direito. 
Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e 
contrair obrigações. Ora, sendo a pessoa, natural/física (ser humano) ou jurídica (agrupamentos 
humanos), sujeito das relações jurídicas e a personalidade a possibilidade de ser sujeito, conclui-se que 
toda pessoa é dotada de personalidade. 
Conquanto a personalidade da pessoa física tenha início com o nascimento com vida, a lei 
assegura, desde a concepção, os direitos do nascituro (pessoa gerada, mas que ainda está no ventre 
materno). 
Capacidade, por sua vez, é a medida jurídica da personalidade, ou seja, a manifestação do poder 
de ação implícito no conceito de personalidade. Assim, para ser pessoa, basta que o homem exista, mas, 
para ser capaz, o ser humano precisa preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito 
ativo ou passivo de uma relação jurídica. Daí, a distinção entre capacidade de direito ou de gozo e 
capacidade de fato ou de exercício. 
Dá-se o nome de capacidade de direito à aptidão, oriunda da personalidade, de adquirir direitos 
e contrairobrigações na vida civil. A capacidade de direito não pode ser recusado ao indivíduo, sob pena 
de se negar sua qualidade de pessoa, despindo-o dos atributos da personalidade. Já a capacidade de fato 
é a aptidão de exercer, por si só, os atos da vida civil. Assim, o discernimento do lícito e do ilícito, a 
prudência, o juízo e a inteligência são pressupostos para o reconhecimento dessa capacidade. 
 
Direito e Legislação 
Fase H 
DIREITO DAS COISAS E POSSE 
 
Coisas 
As coisas constituem domínio ideal do objeto de direito. Tudo aquilo de ordem material sobre o 
qual o homem exerce seu domínio na satisfação de suas necessidades pode ser objeto de direito. Constitui 
bem material tudo o que possa ser delimitado no espaço, sujeito à vontade humana e suscetível de 
avaliação monetária. Quanto à divisão tradicional das coisas (classificação), nos reportamos ao conteúdo 
estudado nos tópicos “Bens e Patrimônio” e “Classificação dos Bens”. 
 
Posse 
A posse é o exercício de fato, pleno ou não, de alguns direitos do domínio ou da propriedade 
sobre uma coisa, e é absolutamente distinta dos mesmos. Esse exercício é protegido juridicamente e, para 
efetivação dessa proteção não se faz necessário qualquer título. A posse é um poder de fato e a 
 
 
Direito e Legislação 11 
propriedade, um poder de direito. A posse é tradicionalmente conceituada em justa, injusta, violenta, 
clandestina, precária, de boa-fé ou de má-fé. 
 
Direito de Propriedade 
Direito de propriedade é o poder de dispor, de livremente utilizar a coisa e usufruir de seus 
frutos. A propriedade é o mais amplo dos direitos reais e atribui ao titular, em geral, as faculdades de usar, 
gozar e dispor da coisa. 
A coisa pode ser encarada do ponto de vista jurídico e econômico (senhoria). A coisa tem uma 
finalidade econômica que logo é reconhecida. Adequar a coisa a essa destinação econômica é usar. Se da 
coisa forem extraídos frutos ou produtos, dá-se a fruição. Se a coisa é alienada, há a disposição. Usar, 
fruir e dispor compõem a senhoria. 
Essas faculdades podem, no entanto, sofrer limitações de tal ordem que o conteúdo do direito de 
propriedade se reduza a mero título jurídico. A par disso, o direito de propriedade persiste, e, uma vez 
extinta a causa da limitações, ele readquire seu conteúdo. A esse fenômeno dá-se o nome de Elasticidade 
do Domínio. Essas limitações podem decorrer da vontade do proprietário, de causa natural ou da lei. 
Vale ressaltar que o direito de propriedade é essencialmente econômico, cabendo-nos, aqui, apresentar 
seu duplo aspecto: elemento interno ou econômico: uso, fruição e disposição; e elemento externo ou 
jurídico: a defesa. 
 
Condomínio 
Condomínio é o direito de propriedade em comum, ou seja, exercido por duas ou mais pessoas. 
Diz-se que há comunhão jurídica quando um direito pertence a duas ou mais pessoas. Essa comunhão 
pode derivar, ou não, da vontade dos sujeitos de direito. No condomínio, há uma pluralidade de direitos 
de propriedade, tendo cada condômino uma cota ideal da coisa indivisa. 
 
Direitos reais sobre coisas alheias 
O direito real é o ramo do direito civil regente da situação jurídica gerada pela norma que 
confere ao indivíduo o poder de titularidade dos direitos sobre os bens apropriáveis, apontando sua 
extensão e seus limites, fundados, primordialmente, na função social e na boa-fé. 
Dos direitos reais, citamos, abaixo, aqueles que são exercidos sobre coisas (bens) alheias: 
- Servidão predial: consiste num encargo para o prédio serviente e incide sobre bem imóvel 
vizinho pertencente a proprietário diverso. É inalienável, indivisível e perpétua. A servidão predial 
representa um ônus para o prédio serviente a partir do momento em que for registrado, no cartório 
imobiliário competente, o seu ato constitutivo. O objeto da servidão é sempre bem imóvel vizinho, sendo 
que a palavra “vizinho” não é sinônima de contigüidade, ou seja, é possível que um prédio situado há 
vários metros do outro estabeleça com este uma servidão predial, desde que a utilização de um possa 
repercutir no outro (p. ex.: uma fazenda que extraísse água de outra, sem que elas sejam confinantes). 
- Usufruto: usufruto é um direito real sobre coisa alheia exercido pelo usufrutuário, que adquire 
o direito temporário de uso e fruição do bem pertencente ao nu-proprietário, utilizando o bem e extraindo 
todas as vantagens que forem possíveis, todavia com a obrigação de manter a substância da coisa. O 
usufruto pode ter por objeto: bens móveis, imóveis, coletivos, patrimônio inteiro ou parte deste, títulos de 
crédito, ações das sociedades anônimas e incidir até sobre os lucros da empresa na execução judicial. O 
usufruto tem como partes o nu-proprietário e o usufrutuário. O nu-proprietário é quem desdobra os 
poderes dominiais de usar e fruir em favor da outra parte, a quem se chama usufrutuário. 
- Uso: o direito real de uso assegura ao usuário o direito de usar do bem em consonância com as 
necessidades exigidas pela sua família. Pode ser constituído por contrato ou por testamento. O nu-
proprietário outorga a ele um direito mais restrito que o usufruto. 
- Habitação: o direito real de habitação consiste na possibilidade de o habitador utilizar, gratuita 
e temporariamente, bem imóvel alheio para fim exclusivo de sua moradia e de sua família. Desta forma, 
não poderá alugar nem emprestar o imóvel, sob pena de rescisão do contrato. O direito real de habitação 
pode ser constituído por contrato, por testamento ou pela lei. No primeiro caso, por incidir sobre bem 
imóvel, sua criação se dará com o registro do contrato no cartório imobiliário. 
- Hipoteca: é direito real de garantia incidente sobre bens imóveis e móveis infungíveis, que, 
dispensando a tradição, mantém o devedor na posse do bem, exigindo-se, tão-somente, a solenidade de 
averbação da especial situação no cartório de registro geral de imóvel. A hipoteca não implica tradição 
porque sua pretensão é justamente que o bem permaneça na posse do devedor para que este possa 
perceber os frutos da coisa e pagar a dívida. Assim, este instituto não impede o aproveitamento da coisa, 
ou seja, o devedor continua exercendo todos os seus direitos de proprietário (uso, dispor, fruir). Caso a 
dívida não seja adimplida, a propriedade do imóvel passará para o credor hipotecário. 
 
 
Direito e Legislação 12 
- Penhor: é direito real de garantia incidente sobre bens móveis e mobilizáveis que depende da 
tradição (transferência do bem). O credor pignoratício tem o direito de guardar a coisa (depositário), mas 
dela não pode se assenhorar sem que restem preenchidas as condições legais, em virtude da cláusula 
comissória. 
- Anticrese: é direito real de garantia que consiste na entrega do imóvel que o devedor faz ao 
credor em compensação da dívida, a fim de que este perceba os frutos e rendimento proporcionados pela 
coisa. 
 
Direito e Legislação 
Fase I 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Obrigação é um vínculo jurídico que une credor e devedor, uma vez que o este deve àquele uma 
prestação economicamente apreciável. 
As obrigações se dividem em: 
a) Obrigação de dar: quando a prestação tem como objeto a entrega de uma coisa. Pode ser uma 
coisa certa, quando o objeto da prestação for individualizado, determinado, insuscetível de se 
confundir com outro qualquer. Nessa hipótese, não há obrigatoriedade de o credor receber outra 
coisa, ainda que mais valiosa, diversa da que lhe é devida; ou uma coisa incerta, cujo objeto será 
individualizado, ao menos, pelo gênero e pela quantidade, tratando-se, portanto de coisa 
determinável. Essa incerteza somente perdurará até o momento da escolha, a ser realizada por uma 
das partes; 
b) Obrigação de fazer: quando o devedor se compromete a realizar dada tarefa em benefício do 
credor. A prestação pode consistir num trabalho físico ou intelectual como também na prática de 
um ato jurídico; 
c) Obrigação de não fazer: quando a avençaimplica abstenção ou omissão de fato em benefício do 
credor. Tal obrigação se extingue caso se torne impossível para o devedor a abstenção ou omissão 
ajustada, desde que tal impossibilidade não se dê por culpa sua; 
d) Obrigação alternativa: quando o pactuado pressupõe mais de uma opção para satisfação da 
obrigação, mas apenas um dos objetos será suficiente para o cumprimento da obrigação. De regra, 
o direito de opção cabe ao devedor, desde que não haja estipulação contratual em sentido diverso; 
e) Obrigação divisível: a obrigação é considerada divisível quando o objeto da prestação for divisível 
por lei, pela vontade das partes ou pela natureza da obrigação; 
f) Obrigação indivisível: quando o objeto da prestação não pode ser fracionado por disposição legal, 
pela vontade das partes, nem pela natureza da obrigação sem que isso implique comprometimento 
de seu valor substancial e de sua própria utilidade. Nessa hipótese, não pode o credor ser obrigado 
a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou; 
g) Obrigação solidária: dá-se quando, na mesma obrigação, concorre mais de um credor ou mais de 
um devedor, cada qual com direito ou obrigação à dívida toda. A solidariedade não se presume, 
mas resulta da lei ou da vontade das partes. 
 
CONTRATOS 
O contrato constitui-se uma das fontes de obrigação, que decorre de uma manifestação de 
vontade, expressa ou tácita, de duas ou mais pessoas, tratando-se, portanto, de um negócio jurídico 
bilateral ou plurilateral. Conforme estabelecido pelas partes, o acordo de vontades pode criar, modificar, 
extinguir ou resguardar direitos de natureza patrimonial. 
Os contratos podem ser públicos, quando uma pessoa jurídica de direito publico for uma das 
partes contraentes, ou particular, quando a avença é firmada entre pessoas jurídicas de direito privado. 
Podem ser civis ou comerciais, dependendo do seu objeto. 
São espécies de contrato: compra e venda, doação, troca, locação, empréstimo, depósito, gestão de 
negócios, de sociedade, da constituição de renda, de seguro, de fiança, de trabalho, de comodato, de 
mútuo e outros. 
 
CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
O contrato de compra e venda é o segundo contrato mais antigo, pois o primeiro é o de escambo, 
a troca. O contrato de compra e venda é aquele em que uma parte se obriga a transferir a propriedade de 
um bem, caso a outra lhe pague o preço. 
Dentre as cláusulas especiais do contrato de compra e venda, podemos destacar as seguintes: 
a) Retrovenda: cláusula que reserva ao vendedor, em certo prazo, o direito de recomprar o bem 
imóvel, sob a condição de restituir o preço, ressarcir os gastos efetuados pelo comprador e de 
reembolsá-lo pelo valor dos melhoramentos acrescentados ao imóvel; 
 
 
Direito e Legislação 13 
b) Venda a contento: que se consumará segundo o desejo do comprador. Reputa-se feita sob 
condição suspensiva se o contrato não lhe atribuír expressamente o caráter de condição resolutiva. 
As obrigações daquele que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são de mero 
comodatário, enquanto não manifestar a aceitação. Se o comprador não fizer declaração alguma 
dento do prazo, reputar-se-á perfeita a venda, quer seja suspensiva, quer seja resolutiva, havendo, 
no primeiro caso, o pagamento do preço como expressão de que aceita a coisa vendida; 
c) Preempção ou preferência: cláusula contratual que impõe ao comprador a obrigação de, ao 
alienar a coisa comprada, oferecê-la ao vendedor de quem a obteve, tendo este, preço por preço, 
preferência para readquiri-la, com exclusão dos outros interessados; 
d) Pacto de melhor comprador: cláusula que autoriza o distrato se, dentro de certo prazo, aparecer 
quem ofereça maiores vantagens; 
e) Do pacto comissório: que consiste na possibilidade de o vendedor exigir a dissolução do contrato 
caso o preço não seja pago até certo dia. 
 
COMODATO, MÚTUO E FIANÇA 
Comodato consiste em empréstimo gratuito de coisa não fungível, a qual deve ser restituída no 
tempo convencionado. 
Mútuo é empréstimo por meio do qual se transfere a propriedade duma coisa fungível a outrem, 
que se obriga a pagar-lhe outra coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade. 
Fiança é obrigação acessória assumida por terceira pessoa, que se responsabiliza, total ou 
parcialmente, pelo cumprimento da obrigação do devedor, caso este não a cumpra ou não possa cumpri-
la. 
 
PARTE II 
Direito e Legislação 
Fase A 
DIREITO EMPRESARIAL 
É o conjunto de normas que disciplina o exercício do comércio, as relações de direito que tal 
exercício suscita, a condição jurídica do comerciante e a do estabelecimento comercial. 
O direito comercial, como tipo de relacionamento jurídico distinto do civil e plenamente 
autônomo, surgiu por diferenciação do direito comum e com delineamentos vigorosos a partir da Idade 
Média. Seu núcleo inicial foi constituído pelo direito corporativo dos mercadores medievais. 
O que distingue uma sociedade comercial de uma sociedade civil é o intuito de lucro que a 
primeira sempre possui. 
O direito comercial brasileiro é regulado pelo Código Comercial, Lei nº 556, de 25/06/1850, que 
sofreu alterações legislativas ao longo do tempo, em especial, com o advento do Código Civil de 2002, 
que, em seu art. 2.045, revogou a primeira parte daquele código. 
 
Organização jurídica da empresa 
Empresa é pessoa jurídica constituída mediante contrato celebrado entre os sócios. Nesse 
contrato, os sócios se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para a realização da atividade 
comercial, visando a obter lucro a ser partilhado entre os mesmos. As empresas possuem patrimônio 
próprio e órgão de direção e de execução que traduzem sua vontade, que é autônoma e inconfundível com 
a vontade dos indivíduos que a integram. 
As empresas têm como características básicas: a) a personalidade jurídica própria, que é 
adquirida após sua formação pelos sócios e registro do ato constitutivo; b) constituição por meio de 
contrato social, no qual os sócios estabelecem direitos e deveres; e c) fins lucrativos. 
 
EMPRESÁRIO 
De acordo com o art. 966, caput, do Novo Código Civil, “considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços”. Seu parágrafo único estabelece que “não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. 
No que tange à capacidade, o art. 972 do mesmo Código estabelece que “podem exercer a 
atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não foram legalmente 
impedidos”. É possível que o incapaz, por meio de represente ou devidamente assistido, continue a 
empresa exercida por ele quando era capaz, ou exercida por seus pais ou pelo autor da herança, desde que 
o seu exercício seja precedido de autorização judicial (art. 974, caput e §1º, do Código Civil). 
 
 
Direito e Legislação 14 
Consistem obrigações gerais do empresário: seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou 
não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação 
respectiva, e levantar anualmente o balanço patrimonial e de resultado econômico (art. 1.179, caput, CC), 
sendo que o pequeno empresário de que trata o art. 970 do Código Civil, é dispensado do cumprimento 
dessas exigências (art. 1,179, §2º, CC), além de dever conservar, em boa guarda, toda a escrituração, 
correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou 
decadência no tocante aos atos neles consignados (art. 1.194, CC). 
 
Direito e Legislação 
Fase B 
MATRÍCULA E REGISTRO DE FIRMA 
Nome comercial é aquele sob o qual o comerciante exerce sua atividade mercantil e se divide 
em duas espécies, a saber: 
- Firma: firma ou razãosocial é o nome adotado para o exercício de um comércio e sob o qual as 
obrigações do mesmo são contraídas, podendo ser individual ou coletiva. Firma individual é aquela 
composta por apenas um indivíduo. A legislação brasileira exige que a firma individual conste em nome 
do empresário, completo ou abreviado (art. 1.156 do CC). Firma coletiva é a composta por dois ou mais 
indivíduos. 
- Denominação: a pessoa jurídica geralmente usa a denominação como nome comercial, a qual não 
necessita trazer os nomes dos sócios. É o nome fantasia. 
Junta Comercial: legalmente, a sociedade só passa a existir depois do registro do seu respectivo ato no 
Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas comercias ou no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas (arts. 1.150 e 1.151, ambos do Código Civil). 
Contrato Social: instrumento constitutivo da sociedade comercial e que será levado a registro na Junta 
Comercial. Nele são distinguidos elementos gerais, encontrados em todos os contratos, e certos elementos 
específicos, que o caracterizam de modo exclusivo e singular. 
- Elementos gerais do contrato social: 
a) Capacidade das partes: para celebrar contrato social, as partes devem ter capacidade jurídica para o 
ato; 
b) Objeto lícito: os objetivos manifestados no contrato devem ser lícitos, isso é, conforme as normas 
jurídicas, a moral e os bons costumes; 
c) Forma prescrita ou não proibida por lei: o direito comercial não exige forma solene para a 
constituição da sociedade, mas, apenas, que o contrato seja expresso e levado à registro nas Juntas 
Comerciais; 
- Elementos específicos do contrato social: 
a) Pluralidade de sócios: o contrato deve ser firmado entre duas ou mais pessoas; 
b) Formação do capital social: é a soma total das contribuições em bens, tanto em pecúnia como de 
outra natureza econômica, de cada sócio; 
c) Vontade de União e Colaboração: a sociedade comercial deve estruturar-se com base na atitude de 
colaboração entre os sócios, que unem bens ou serviços para obter resultados comuns; 
d) Participação nos lucros e nas perdas: os sócios deverão estipular, no contrato, as respectivas 
participações nos lucros e nas perdas decorrentes do exercício empresarial. 
 
Direito e Legislação 
Fase C 
PRINCIPAIS SOCIEDADES 
Os principais tipos de sociedade comercial são: 
- Sociedade em nome coletivo: nela os sócios têm responsabilidade solidária e ilimitada. Em caso de 
dívidas, serão executados primeiramente os bens da sociedade, e, se estes não foram suficientes para o 
pagamento da dívida, serão executados os bens pessoais de cada sócio. 
- Sociedade em comandita simples: possui dois tipos de sócios: os sócios comanditários, que entram 
para a sociedade com uma cota determinada de capital, denominada comandita, e cuja responsabilidade, 
em caso de dívidas, está limitada ao total de sua comandita; e os sócios comanditados, os que possuem 
responsabilidade ilimitada e solidária, assim, em caso de insolvência, os seus bens poderão ser 
arrecadados para pagar as dívidas da empresa. É interessante observar que a firma dessa sociedade será 
obrigatoriamente formada pelo nome dos sócios comanditados com acréscimo da expressão “& Cia”. O 
nome dos sócios comanditários não pode integrar o nome da firma. 
 
 
Direito e Legislação 15 
- Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada: a responsabilidade dos sócios é solidária, porém 
limitada ao montante do capital social. O nome desse tipo de sociedade deverá conter, obrigatoriamente, a 
expressão Limitada (LTDA). 
- Sociedade Anônima: nesse tipo de sociedade, o capital é dividido em ações, ficando a responsabilidade 
dos sócios limitada de acordo com o valor das ações que adquiriram. 
 
 
Direito e Legislação 
Fase D 
TÍTULOS DE CRÉDITO 
Título de crédito é qualquer documento ou declarações escrita que ateste a existência de uma 
obrigação. São instrumentos que viabilizam uma operação de crédito sem a circulação de numerário ou 
que concedem esse numerário numa necessidade presente, contraindo-se uma obrigação futura. 
São, assim, títulos especiais, representativos de direitos creditórios, transmissíveis de pessoa para pessoa, 
que constituem direitos certos e determinados, revestidos de garantias jurídicas. É por intermédio desses 
instrumentos que grande quantidade de riquezas futuras passa a circular, antecipadamente, sob a forma de 
títulos negociáveis. 
Dentre os vários títulos de crédito, enumeramos alguns diretamente ligados à utilização pela 
pessoa física na obtenção ou operação de crédito: 
- Duplicata de fatura: funciona como instrumento de crédito na venda mercantil a prazo. Sua existência 
está vinculada à confiança depositada na pessoa do comprador, seu natural sacado. 
- Letra de Câmbio ou Cambial: é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo, que uma pessoa ou 
instituição dirige à outra para pagar a terceiro. 
- Nota Promissória: é uma promessa de pagamento emitida a favorecido certo. Como instrumento de 
crédito, vincula diretamente o devedor ao credor e constitui compromisso solene pelo qual alguém se 
obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro. 
- Cheque: é ordem de pagamento à vista de quem o emite para quem o porta (portador). Se nominal, 
restringe o pagamento à pessoa em favor da qual oi emitido. Pressupõe um depósito prévio de numerário 
disponível. As principais espécies de cheque são: nominativo, ao portador, cruzado, visado e 
administrativo. 
- Debênture: é um título de crédito ao portador emitido em séries uniformes por sociedade anônimas 
contra garantia do seu ativo. Vencem juros e possuem prazo certo para resgate. 
- Letra Hipotecária: representa os empréstimos hipotecários de longo prazo, cuja soma corresponde à 
soma nominal dos títulos. 
- Certificado de Depósitos Bancários: são títulos negociáveis representativos de um depósito a prazo 
fixo. Vence juros e correção monetária entre compra e venda. São emitidos tanto por bancos comerciais 
como de investimentos. Como promessa de pagamento à ordem, esses títulos podem ser transmitidos por 
endosso, datado e assinado pelo seu titular com indicação do nome e com a qualificação do endossatário. 
Muitos outros títulos, de utilização mais específica, como os Certificados de Depósitos de Ações, os 
Títulos de Crédito à Exportação, a Cédula de Crédito Industrial etc., figuram nas diversas modalidades de 
transações creditícias operadas em nosso país. 
 
Classificação geral dos títulos de crédito 
Em função dos vários critérios oferecidos pela doutrina para a classificação dos títulos de crédito, 
podemos apresentar o seguinte quadro: 
a) Quanto à relação fundamental: causais e abstratos; 
b) Quanto ao titular: ao portador, nominativos e à ordem; 
c) Quanto à prestação: contra dinheiro e contra mercadorias; 
d) Quanto ao prazo: à vista e a prazo; 
e) Quanto à nacionalidade: nacional e estrangeiro; 
f) Quanto ao emitente: públicos e privados; 
g) Quanto ao campo de atuação: mercado de capitais e extra-mercado; 
h) Quanto à sua ordem: principais e acessórios; 
i) Quanto à emissão: definitivos e provisórios; 
j) Quando ao número: individuais e seriados. 
 
Agentes ou instituições de crédito 
Dentre os vários agentes e instituições, destacamos as Instituições Financeiras Públicas; 
Instituições Financeiras Privadas Bancárias; Instituições Financeiras Privadas Não-Bancárias. 
 
 
 
Direito e Legislação 16 
Características dos títulos de crédito 
Os títulos de crédito têm, como atributos essenciais, a cartularidade, a literalidade e a autonomia. 
A cartularidade significa a densificação do direito de crédito no documento. O direito pode exercitar-se 
em virtude do documento, ou seja, o documento torna-se imprescindível à existência do direito nele 
apontado e necessários para sua exigibilidade. A literalidade é o predicado de correspondência entre o 
teor do documento e o direito representado. O direito emergente do título é o direito tal qual escrito nodocumento. A autonomia é de cada direito mencionado no título. Cada obrigação contida no documento 
é autônoma, existe por si só, de modo que o adquirente ou portador do título pode exercitar seu direito 
sem qualquer dependência das outras relações obrigacionais que o antecederam. 
 
Modos de circulação 
Os títulos podem ser: a) nominativos, quando emitidos em favor de pessoa certa; b) à ordem, 
quando essa pessoa certa pode transmitir o título a outrem, aquém fica o devedor obrigado a pagar; e c) 
ao portador, quando o devedor assume a obrigação de satisfazer a prestação a quem quer que lhe 
apresente o título. 
 
Principais atos cambiários 
- Saque: é o ato cambiário que tem por objetivo a criação de um título de crédito. Saque é, aqui, sinônimo 
de emissão. 
- Aceite ou vista: é o ato cambiário pelo qual o sacado reconhece a validade da ordem de pagamento. O 
aceite somente é utilizado no caso de ordem de pagamento a prazo. 
- Endosso: é o ato cambiário que tem por objetivo transferir o direito documentado pelo título de crédito 
de um credor para outro. O endosso pode ser em branco, quando o endossante, ao assinar, não identifica a 
pessoa do endossatário, situação em que o título passa a circular como se fosse título ao portador. Esse 
endosso em branco deve ser aposto na parte de trás do título; ou em preto, quando o endossante identifica, 
expressamente, o nome do endossatário. Esse endosso pode ser conferido tanto na parte de trás como na 
parte da frente do título. 
- Aval: é o ato cambiário por meio do qual um terceiro, denominado avalista, garante o pagamento do 
título de crédito. O avalista assume a responsabilidade solidária pelo pagamento da obrigação e, se o 
título não for pago no dia do vencimento, o credor poderá cobrá-lo diretamente do avalista, se assim o 
desejar. Ao avalista é assegurado o exercício do direito de regresso contra o avalizado. 
 
Direito e Legislação 
Fase E 
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO 
Direito do trabalho é parte especial e relativamente recente do Direito Privado, que regula as 
relações trabalhistas entre empregados e seus empregadores, a vida corporativa profissional (sindicatos) e 
as instituições de assistência destinadas a assegurar a proteção dos trabalhadores. 
Empregado é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob 
a dependência deste e mediante salário (art. 3º, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). 
Empregador é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, 
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço (art. 2º, caput, CLT). 
 
Contrato de Trabalho 
Contrato de trabalho é o acordo pelo qual o empregado, em troca de salário, presta serviços 
continuados ao seu empregador, subordinando-se profissionalmente à sua direção. O contrato de trabalho 
é a principal base jurídica das relações do trabalho assalariado. 
As relações contratuais podem ser objeto de livre estipulação das partes contratantes, desde que 
não contrariem as normas trabalhistas que regem a alteração, a suspensão ou interrupção e a rescisão do 
contrato de trabalho, e a remuneração, inclusive compromissos relacionados com o aviso prévio e 
estabilidade. 
O contrato de trabalho pode ser verbal ou escrito. Todavia, a Carteira de Trabalho e Previdência 
Social é o documento hábil para o registro das condições do trabalho do empregado. A carteira deverá ser 
apresentada pelo empregado ao empregador, mediante recibo. Ao admitir o empregado, a empresa terá o 
prazo de quarenta e oito horas para anotar a data de admissão, a remuneração e as condições do serviço 
(art. 29, caput, CLT). 
Recusando-se a empresa a fazer tais anotações ou a devolver a carteira, o empregado poderá 
apresentar reclamação perante a Delegacia Regional do Trabalho (art. 36, CLT). 
 
 
 
 
Direito e Legislação 17 
Rescisão do contrato de trabalho 
A homologação da rescisão dos contratos de trabalhos individuais vigente há mais de um ano 
deve ser feita obrigatoriamente no sindicato da categoria profissional ou perante órgão do Ministério do 
Trabalho. A rescisão do contrato de trabalho ocorre quando o empregado pede dispensa ou o empregador 
decide despedi-lo, com ou sem justa causa. 
Tratando-se de menor de dezoito anos, a rescisão do contrato de trabalho só terá validade 
mediante a assistência do pai, ou da mãe, ou do seu responsável legal (art. 439, CLT). 
O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do 
contrato de trabalho, em dinheiro ou e cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado 
for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro (art. 477, §4º, CLT). 
 
Férias 
A cada período de doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito ao 
gozo de um período de férias, sem prejuízo de sua remuneração, na seguinte proporção (art. 130, CLT): 
1) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 05 (cindo) vezes; 
2) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 06 (seis) a 14 (quatorze) faltas; 
3) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; 
4) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas). 
A CLT, em seu art. 136, caput, dá ao empregador o direito de marcar a época de concessão das férias aos 
seus funcionários. O empregador tem um limite de doze meses subseqüentes à aquisição do direito pelo 
empregado para marcar suas férias (art. 134, caput). Ultrapassado esse período, o empregador deverá 
pagar a respectiva remuneração em dobro (art. 137, caput). 
 
Salário e Remuneração 
Salário é toda contraprestação ou vantagem em pecúnia ou em utilidade devida e paga 
diretamente pelo empregador ao empregado, em virtude do contrato de trabalho pelos serviços prestados 
ou pelo tempo em que este ficou à disposição daquele, quando a lei assim o determinar. 
Remuneração é a soma do pagamento direto com o pagamento indireto, este último entendido 
como toda contraprestação paga por terceiros ao trabalhador em virtude de um contrato de trabalho que 
este mantém com seu empregador. 
 
Salário mínimo 
Dispõe o art. 7º, IV, da Constituição da República, que é direito do trabalhador, urbanos e rurais, 
além de outras garantias que visem à melhoria de sua condição social, salário mínimo, fixado em lei, 
nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com 
reajustes periódicos que preservem o poder aquisitivo do trabalhador. 
 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS 
O FGTS é a atual, única e genérica proteção legal ao tempo de serviço do empregado, em 
substituição ao antigo regime previsto na CLT – art. 478. Em favor do empregado, são depositadas, sem 
qualquer desconto salarial, em instituições bancárias indicadas pela lei, importâncias mensais 
correspondentes a 8% da remuneração paga pelo empregador ou por terceiros (ex.: gorjetas). Os recursos 
do em dinheiro provenientes do FGTS são administrados, atualmente, pela Caixa Econômica Federal 
(CEF) no financiamento de moradias populares. 
Foi a Lei nº 5.107/66 a primeira a regular o FGTS e a trazer a opção aos empregados quanto ao 
regime de proteção de tempo de serviço. Hoje, a matéria é disciplinada pela Lei nº 8.036/90 e não é mais 
uma opção, mas, sim, um regime obrigatório. 
A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas hipóteses previstas nos 
incisos do art. 20 da Lei nº 8.036/90. Ali, foram elencadas inúmeras hipóteses de levantamento das 
quantias depositadas, das quais cumpre destacar as seguintes: para emprego do dinheiro em aquisição de 
imóvel residencial pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH); com vistas ao reembolso de despesas 
médico-hospitalaresefetuadas pelo trabalhador; em casos de despedida sem justa causa, por culpa 
recíproca ou por força maior; fechamento da empresa onde trabalhava etc. 
 
Direito e Legislação 
Fase F 
PREVIDÊNCIA SOCIAL 
Previdência social é um seguro coletivo, público e compulsório, destinado a estabelecer um 
sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios 
 
 
Direito e Legislação 18 
indispensáveis de subsistência ao segurado e à sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em 
lei, tais como: incapacidade, idade avançada, encargos de família, morte e reclusão. (art. 201, da 
CRFB/88, c/c o art. 1º da Lei nº 8.213/91). Os Princípios da Previdência Social estão previsto no art. 2º da 
Lei nº 8.213/91. 
 
Beneficiários 
As pessoas cobertas pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS – são denominadas 
beneficiárias, ora classificadas como segurados ou dependentes. Observa-se que somente as pessoas 
físicas podem ser beneficiárias da Previdência Social. 
Os segurados são obrigatórios ou facultativos. Aquele primeiro grupo abrange: o empregado; o 
empregado doméstico; o trabalhador avulso; o contribuinte individual; e o segurado especial. É segurado 
facultativo aquele que, sendo maior de dezesseis anos, não desempenha atividade própria de segurado 
obrigatório. 
De acordo com o art. 16 da Lei nº 8.213/1991, são dependentes do Regime Geral da Previdência 
Social, nesta ordem: I – o cônjuge, companheira, companheiro e o filho não emancipado, de qualquer 
condição (ou seja, o enteado, o menor tutelado, o filho adotivo ou natural, havido, ou não, na constância 
do casamento), menor de 21 (vinte e um) anos de idade ou inválido; II – os pais; III – o irmão não 
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos de idade ou inválido. 
No que tange aos dependentes previstos na classe (inciso) “I”, a dependência econômica é 
presumível e, com relação aos demais, esta deve ser comprovada para que possam fazer jus à percepção 
de benefício. 
Para a Previdência Social, os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de 
condições (rateio do benefício ante a existência de mais de um dependente integrante da mesma classe). 
No entanto, a existência de dependentes de classe próxima afasta o direito dos das classes remotas. 
Considera-se companheiro ou companheira a pessoa que mantenha união estável com o segurado 
ou segurada. União estável é aquela verificada entre o homem e a mulher, como entidade familiar, que 
preencham todos os requisitos estabelecidos no Código Civil para a contração de matrimônio. Assim, 
para a Previdência Social, o segurado casado não pode alegar que mantém união estável com vistas a 
inscrever o concubino como dependente. 
 
Benefícios 
As prestações constituem os benefícios e serviços oferecidos pela Previdência Social aos 
beneficiários (segurados e dependentes). Os benefícios são prestações pecuniárias pagas aos segurados ou 
dependentes, ao passo que os serviços são prestações sem cunho monetário postos à disposição dos 
beneficiários com vistas à melhoria de sua condição de vida. 
O RGPS compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de evento decorrente 
de acidente de trabalho, expressas em benefícios e serviços (art. 18 da Lei nº 8.213/1991): 
1) Quanto ao segurado: 
a) aposentadoria por invalidez; 
b) aposentadoria por idade; 
c) aposentadoria por tempo de contribuição; 
d) aposentadoria especial; 
e) auxílio-doença; 
f) salário-família; 
g) salário-maternidade; 
h) auxílio-acidente. 
2) Quanto ao dependente: 
a) pensão por morte; 
b) auxílio-reclusão; 
3) Quanto ao segurado e dependente: 
a) reabilitação profissional; 
b) serviço social. 
 
Direito e Legislação 
Fase G 
TRIBUTAÇÃO 
O Código Tributário Nacional – CTN – define, em seu art. 3º, que “tributo é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. 
 
 
Direito e Legislação 19 
Diz-se que é prestação pecuniária compulsória porque decorre do poder de império do Estado 
sobre o particular. Seu pagamento deve ser efetuado em dinheiro ou bens cujo valor possa ser exprimido 
em moeda. 
A lei determina que tributo não deve constituir sanção de ato ilícito, visto que a finalidade do 
tributo não é punir, mas custear o avanço da máquina estatal, conferindo-lhe recursos que serão aplicados 
em medidas que beneficiarão a coletividade. O tributo se distingue da penalidade pelo fato de que esta 
tem como hipótese de incidência um ato ilícito, ao passo que a hipótese de incidência do tributo é sempre 
um ato lícito. 
Atividade administrativa plenamente vinculada quer significar que a autoridade administrativa 
não pode preencher com seu juízo pessoal, subjetivo, o campo de indeterminação normativa, buscando 
realizar em cada caso a finalidade da lei. Tal determinação é tradução do princípio da reserva legal em 
matéria tributária, segundo o qual, não há tributo sem lei anterior que o institua. 
 
Obrigação tributária 
A relação entre o Estado e as pessoas sujeitas à tributação não é simplesmente de poder, mas 
jurídica, de natureza obrigacional, que constitui objeto essencial do Direito Tributário. 
A relação tributária, como qualquer outra relação jurídica, surge da ocorrência de um fato 
previsto em uma norma como capaz de produzir esse efeito. A lei descreve um fato e atribui a este o 
efeito de criar uma relação entre alguém e o Estado. Ocorrido o fato, que, em direito Tributário 
denomina-se fato gerador, nasce a relação tributária que compreende o dever de um alguém (sujeito 
passivo da obrigação tributária) e o direito do Estado (sujeito ativo da obrigação tributária). Assim, o 
dever e o direito (no sentido de direito subjetivo) são efeitos da incidência da norma. 
 
Espécies de Tributo 
Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade 
estatal específica relativa ao contribuinte (art. 16, CTN). 
Taxa é o tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, 
efetiva ou potencial, de serviço público divisível e específico prestado ao contribuinte (art.77, CTN). 
Contribuição de Melhoria é o tributo cuja obrigação tem como fato gerador a valorização de imóveis 
decorrente de obra pública. 
Contribuições Sociais aquelas que a União Federal pode instituir com fundamento nos artigos 149 e 195 
da CRFB/88. Dividem-se em três subespécies, a saber: as do art. 149, que são as contribuições de 
intervenção no domínio econômico e contribuições de interesse de categorias profissionais ou 
econômicas; e, as do art. 195, contribuições de seguridade social. 
Empréstimos Compulsórios, que visam a atender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência, e no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional, observado, nesse último caso, o princípio da anterioridade. 
 
Principais tipos de Impostos 
IR – Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza: sua instituição é de competência da 
União e tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. 
IPI – Imposto sobre produtos industrializados: também é de competência da União. Para efeitos de 
incidência, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe 
modifique a natureza ou a finalidade, ou, ainda, o aperfeiçoe para o consumo. 
ICMS – Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços: é 
de competência dos Estados e do Distrito Federal e regulado pela Lei Complementar nº 87/96, que 
estabelece normas gerais do imposto. 
ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza: é de competência dos Municípios e tem como fato 
gerador a prestação de

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