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Processo de Impeachment no Brasil

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da Casa, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública (sejam decorrentes de concurso público, de confiança ou de mandato eletivo) por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art. 52, parágrafo único).
Conforme dispõe o art. 15 da Lei n. 1.079/50, “a denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo”. O ex-Presidente Fernando Collor de Mello impetrou mandado de segurança alegando que a renúncia ao cargo extinguiria o processo de impeachment. O STF, julgando o aludido MS 21.689-1, por maioria de votos, decidiu que a renúncia ao cargo não extingue o processo quando já iniciado. 
Assim, havendo renúncia ao cargo, quando já fora iniciado o processo, este deverá seguir até o final, podendo ser aplicada a pena.
CONTROLE JUDICIAL?
O Poder Legislativo – a Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade) e o Senado Federal (processo e julgamento) – realiza atos de natureza política, levando em consideração critérios de conveniências e oportunidade. 
Sob esse aspecto, a doutrina entende não parecer razoável o controle judicial sob pena de se violar o princípio da separação dos poderes.
Entretanto, o STF entende possível o controle em razão de lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV), como, por exemplo, em procedimento que viole a ampla defesa.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
PROCEDIMENTO: 
Denúncia apresentada na Câmara de Deputados. 
Comissão especial elabora parecer sobre a denúncia que será submetido a votação (ostensiva e nominal). 
Juízo de admissibilidade: autorização de 2/3 dos 513 deputados. 
Após a autorização, o Presidente será processado e julgado pelo Senado Federal: 
a) será eleita uma Comissão processante (acusadora) com ¼ dos senadores. A Comissão terá poderes para realizar diligências e instruir o processo; 
b) será elaborada uma peça final acusatória e a mesma será enviada ao Presidente do Senado. Será concedido o direito de defesa ao acusado;
c) no final do procedimento, o Presidente do Senado comunicará ao Presidente do STF o dia do julgamento. O Presidente do STF conduzirá o julgamento. 
A condenação exigirá o quórum de 2/3 dos senadores.
SANÇÃO: 
a) perda do cargo (impeachment) e;
b) inabilitação para o exercício de funções públicas (concurso público, cargo em comissão ou mandato público eletivo) por 8 anos. 
CRIMES COMUNS:
A regras de procedimento estão Previstas na Lei nº 8.038/90 e no RISTF (arts. 230 a 246).
Diz respeito a qualquer tipo de infração penal, incluindo os delitos eleitorais e as contravenções penais.
Igualmente aos crimes de responsabilidade, também haverá um juízo político.
PROCEDIMENTO: Lei nº 8.038/90 e Regimento interno do STF.
O inquérito é distribuído para um Ministro-relator no STF que fará a análise da irresponsabilidade penal relativa, ou seja, verificará se o pretenso ato delituoso foi praticado em ofício ou em razão do ofício de Presidente República.
Se entender que o ato praticado não guarda relação com as funções de Presidente (ou se foi praticado antes do início do mandato), irá determinar a irresponsabilidade penal temporária (imunidade presidencial) do Presidente da República (art. 86, §4º), ocorrendo a suspensão da prescrição.
Obs: O Presidente da república só poderá ser responsabilizado pela prática de infração penal comum se os atos foram praticados em razão do exercício de suas funções (in officio ou propter officium). 
Em relação às infrações de natureza civil, política, administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente da República ser responsabilizado. 
A imunidade penal relativa somente atinge a persecução criminal por ilícitos penais que não tenham sido cometidos em razão das funções do cargo.
Se entender que o suposto ato delituoso foi praticado no ofício ou em razão do ofício, o Ministro dará prosseguimento ao procedimento. 
Se o crime for de ação penal pública, o inquérito será enviado ao PGR que decidirá sobre o oferecimento da denúncia. 
Se a ação penal for privada, o STF aguardará a queixa-crime do ofendido ou de seu representante legal.
Em razão da IMUNIDADE FORMAL EM RELAÇÃO AO PROCESSO, ofertada a denúncia contra o Presidente, o STF irá comunicar à Câmara dos Deputados de que existe uma denúncia contra o Presidente para que a Casa faça o juízo de admissibilidade. 
A Mesa da Câmara despachará o pedido de processo para a Comissão de Constituição e Justiça da Casa que elaborará um parecer sobre o caso que será submetido à votação. Será exigido 2/3 dos deputados para autorizar o processamento do Presidente da República. 
Se autorizado, o Presidente da Câmara comunica ao Presidente do STF. 
Autorizado o início da ação penal, o STF notificará o acusado para que ofereça defesa escrita no prazo de 15 dias. Após, o relator solicitará dia para que o plenário delibere sobre o recebimento ou não da denúncia (ou queixa-crime). 
Se aceitar a denúncia, o STF a recebe e inicia o processo. Nesse caso, o Presidente ficará suspenso de suas atividades por 180 dias. 
Se condenado, o Presidente poderá ser preso (após sentença penal condenatória transitada em julgado que afasta a imunidade formal em relação à prisão do art. 86, §3º). A perda do mandato ocorrerá em razão dos efeitos reflexos da condenação à luz do disposto no art. 15, III (que estipula a suspensão dos direitos políticos na hipótese de condenação criminal transitada em julgado). O efeito direto da condenação é a pena designada.
OBS: a IMUNIDADE FORMAL RELATIVA À PRISÃO e a CLÁUSULA DE IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA não estendem aos demais chefes de Executivo.
De acordo com a interpretação do STF, as regras em relação à prisão (art. 86, §3º), bem como aquelas em relação à imunidade penal relativa (art. 86, §4º) não podem ser estendidas aos Governadores de Estados (e do DF) e Prefeitos, por atos normativos próprios, na medida em que as regras estão reservadas à competência exclusiva da União para disciplinar (art. 22, I).
Assim, os Governadores dos Estados e do DF possuem somente a imunidade formal em relação ao processo, desde que haja precisão nas respectivas constituições ou lei orgânica. Entretanto, não possuem imunidade formal em relação à prisão e não são acobertados pela cláusula da irresponsabilidade penal relativa.
Os prefeitos não são dotados nem mesmo da imunidade formal em relação ao processo.
RESPONSABILIDADE DOS CHEFES DOS EXECUTIVOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
	Governadores
	Prefeitos
	Crime comum: a competência para processar e julgar os governadores por crimes comuns é do STJ.
Os mesmos só poderão ser processados penalmente com a autorização da Assembleia Legislativa Estadual.
	Crime Comum: pelos crimes comuns, serão julgados pelo TJ (art. 29, X).
Se o crime for eleitoral, serão julgados pelo TRE.
Se for crime contra a União, serão julgados pelo TRF.
	Crime de Responsabilidade: a competência para processar e julgar governadores por crime de responsabilidade será de um Tribunal Especial, formado por 5 membros do Legislativo e 5 desembargadores, nos termos da Lei nº 1.079/50.
Será necessário que 2/3 dos membrosvotem pela condenação. 
As penas serão a perda do cargo, com inabilitação de até 5 anos para o exercício de qualquer função pública, sem prejuízo da ação da justiça comum
A doutrina entende que ante a vigência da LC nº 135/2010, o Governador que perder o seu cargo por infringência a dispositivo da Constituição Estadual ou Lei Orgânica se torna inelegíveis para qualquer cargo para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos.
	Crime de responsabilidade: os prefeitos serão julgados pela Câmara de Vereadores.
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