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91 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 5 Participação nos lucros ou resultados (PLR) Muito do sucesso das empresas está estreitamente relacionado a sua habilidade em transformar estratégias competitivas em resultados, principalmente, por meio do seu capital intelectual. E, para engajar cada vez mais seus trabalhadores, as empresas precisam lançar mão de po- líticas de recursos humanos competitivas, entre elas sistemáticas de remuneração que atendam às necessidades dos empregados, mas que sejam sustentáveis em longo prazo e tenham na remuneração variável um de seus pilares de sustentação. O programa de participação nos lucros ou resultados é uma siste- mática variável de compensação de pessoal que visa recompensar os trabalhadores por atingirem resultados superiores em seu dia a dia de 92 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . trabalho. Essa sistemática prevê a distribuição de recompensas finan- ceiras mediante os bons resultados organizacionais. Assim, com sua implantação, é possível relacionar os objetivos e as metas estratégicas da corporação à atividade diária de trabalho dos colaboradores. Podemos afirmar que a PLR é, na atualidade, uma das práticas mais sustentáveis e competitivas de remuneração de pessoal. No entanto, para a adoção de programas dessa natureza, algumas premissas mercadológicas e legais precisam ser respeitadas. Assim, o intuito deste capítulo será apresentar alguns preceitos legais perti- nentes à PLR, discorrer sobre as etapas necessária à implementação do programa, bem como sobre as vantagens e as desvantagens das diferentes metodologias difundidas no mercado. A proposta central é, portanto, proporcionar algumas reflexões sobre o assunto para ajudá-lo a conceber a sistemática de PLR que melhor se adéque a sua realidade. 1 Definições O plano de participação nos lucros ou resultados é, sem dúvidas, uma alternativa para as empresas incrementarem a remuneração dos trabalhadores de maneira sustentável. Será por meio desses acordos que as corporações distribuirão parte de seus lucros ou resultados em forma de remuneração variável aos seus empregados. Essa é uma tendência que parece que veio para ficar nos ambientes corporativos. As empresas comprometem seu capital humano na bus- ca por resultados superiores e retribuem esse engajamento com retor- no financeiro, remuneração extra. Mas, antes de avançarmos no capítulo, quero que você reflita sobre a diferença entre lucro e resultados. Vamos lá? 93Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Embora as duas palavras, lucro e resultado, possam parecer sinôni- mas, elas expressam ideias completamente distintas. Assim: Entende-se lucro o saldo contábil verificado num determinado pe- ríodo, depois de deduzido das receitas operacionais da empresa, todos os custos e despesas decorrentes e necessários para a ob- tenção dessas receitas. A esse saldo, que poderá ser positivo ou negativo, dá-se o nome de lucro ou prejuízo respectivamente e en- globa tanto aspectos econômicos como os de caráter financeiro. (...) Já por resultado entende-se determinados objetivos da empresa, tidos como um alvo que pode ser alcançado ou não após um pe- ríodo predeterminado, fixados mediante um critério previamente estipulado e que motivam os esforços em sua direção. Em outras palavras, resultado é a previsão de um ou mais objetivos pertinen- tes à realidade da empresa, colocados como desafios a serem al- cançados. (CORRÊA, 1999, p. 52-53) Embora ambos os programas possam trazer ganhos para a organiza- ção e os trabalhadores, antes da implementação de um plano de recom- pensa financeira dessa natureza, empresa e trabalhadores precisam de- finir sob qual perspectiva desejam trabalhar: a do lucro ou a do resultado. O quadro 1 apresenta um comparativo entre as premissas de lucro e resultado. Quadro 1 – Comparação entre lucro e resultado VANTAGENS DESVANTAGENS Lucro • • • • Facilita o comprometimento com o programa Visão clara da contribuição dos envolvidos Caso seja apurado prejuízo, isenta o pagamento Fortalece a visão de grupo • • • Confidencialidade de informações Menor credibilidade na apuração Maior dificuldade de negociação das regras (cont.) 94 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . VANTAGENS DESVANTAGENS • Maior credibilidade na apuração • Gera pressão setorial Resultado • Menor dificuldade de negociação das regras • Não isenta de partilha se apurado prejuízo • Maior dificuldade de interpretação dos resultados • Dificuldade de isolar a participação dos envolvidos Fonte: adaptado de Corrêa (1999, p. 38). Com o entendimento e a definição dessa premissa, a empresa estará apta a conduzir um programa de remuneração variável dessa natureza em seu espaço organizacional. Observamos uma tendência no mercado corporativo em que os sin- dicatos dos trabalhadores pressionam as empresas a adotar planos de participação nos lucros, pois acreditam que essa sistemática seja mais vantajosa aos trabalhadores. E, por outro lado, o empresariado, sempre que possível, opta pela participação nos resultados como uma forma de preservar seus ganhos e confidencialidades de suas informações estratégicas. Marras entende que esse sistema de remuneração deva ser baseado no lucro, pois assim define PLR: É um sistema que permite contemplar com uma parcela em espé- cie todos os funcionários da empresa, em função dos dados da lu- cratividade levantada pela empresa ao final de um período, ou seja, se a empresa obteve lucro em determinado período, parte dele será distribuído aos empregados equitativamente. (2012, p. 127) E como o tema da PLR está sendo conduzido nas empresas na atuali- dade? Para essa questão, ainda não temos um consenso, mas podemos perceber uma mudança de mentalidade, principalmente, nas grandes corporações, que veem na sistemática da PLR uma iniciativa susten- tável de engajar seus trabalhadores a obter melhores desempenhos. 95Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Infelizmente, no entanto, a questão ainda está longe de ser unanimidade no ambiente de negócios. Uma pesquisa sobre a temática da remuneração realizada pela Consultoria Remunerar contou com a participação de 88 empresas com faturamento anual entre 50 milhões e 5 bilhões de reais em 120 cidades das regiões Sul e Sudeste. Ela apontou que quase metade das empresas pesquisadas, 49%, não possuem um programa estruturado de participação nos lucros e resultados. Ainda que o tema remuneração variávelseja pouco difundido, até mesmo na área comercial, tradicio- nalmente optante por esse sistema de remuneração, apenas 57% das empresas pesquisadas adotam um plano de incentivo para essa área corporativa, o que evidencia uma tímida adoção por parte das empresas pesquisadas da sistemática de remuneração variável (CARDOSO, 2018). Por outro lado, temos o Grupo São Martinho, eleito no ano de 2020 a melhor empresa de agronegócio para se trabalhar. Ela adota a PLR como 15o salário para seus trabalhadores e, essa prática, inclusive, jun- tamente da política de benefícios, é uma das ações mais elogiadas por seus trabalhadores, contribuindo, assim, em grande parte, pelo título ob- tido (CONHEÇA..., 2020). NA PRÁTICA A seguir, você pode conferir alguns exemplos de indicadores de desem- penho baseados no lucro e no resultado para inspirar as organizações em seus sistemas de remuneração: Indicadores de lucro: receita operacional; receita operacional líquida, lu- cro bruto; lucro líquido; lucro operacional líquido; EBTDA. Indicadores de resultado: volume de produção; volume de vendas; mar- gem de lucro; margem de contribuição; faturamento; redução de custos, índices de qualidade. 96 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Legislação da PLR Os planos de PLR surgiram oficialmente no Brasil pela primeira vez na Constituição de 1946, que foi modificada na Constituição de 1967, e a última menção que vigora até hoje está na Constituição de 1988 da seguinte forma: Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de ou- tros que visem à melhoria de sua condição social: XI – PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS, OU RESULTADOS, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. (BRASIL, 2016) Porém, na prática, apenas o texto constitucional não coloca a PLR na prática corporativa. Para que essa iniciativa tivesse validade, seria necessário que a matéria fosse regulamentada por meio de medida provisória ou projeto de lei. O assunto tramitou no Congresso Nacional por sucessivas medidas provisórias, constantemente reeditadas, sen- do a última delas a de no 1.982-77/2000, que foi finalmente oficializada pela Lei no 10.101/2000. Assim, segundo a legislação em vigor, todas as empresas poderão implementar uma PLR para seus trabalhadores no intuito de recompensá-los por resultados satisfatórios obtidos com a contribuição dos trabalhadores (ROSA, 2000). Isso quer dizer que toda empresa deverá obrigatoriamente pagar a seus trabalhadores a PLR? Não necessariamente. Ele é uma forma de propiciar aos trabalhadores os lucros ou resultados obtidos facultativa- mente, no entanto, se houver determinação expressa no acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho da categoria, a empresa deve, neces- sariamente, adotar essa prática de remuneração variável. Assim, a Lei no 10.101/2000 foi um marco importante para a regula- mentação da PLR no Brasil e, posteriormente, a Lei no 12.832. Juntas, 97Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. elas passaram a definir as regras que devem ser cumpridas pelas em- presas na implementação dessa sistemática de remuneração. Nesta obra, não apresentaremos a legislação pertinente à PLR na íntegra, apenas alguns princípios legais que poderão elucidar a questão. A saber: Segundo a Lei no 10.101/2000, os termos e as condições a serem utilizados na PLR devem ser negociados entre as partes interessadas no processo. Assim: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de ne- gociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de co- mum acordo: I – comissão paritária escolhida pelas partes; II – convenção ou acordo coletivo. (BRASIL, 2000) Esse texto define que as regras e os critérios que nortearão a im- plementação da PLR deverão ser previamente acordados por patrões e empregados ou determinados por convenção ou acordo coletivo de trabalho. Essa indicação garante imparcialidade ao programa, uma vez que ambos os interesses estarão sendo igualmente representados na instauração do programa. Outro tópico importante também presente no artigo 2o, § 1o, é o que determina que as regras para o estabelecimento da PLR deverão ser previamente definidas, bem como todos os critérios que nortearão o programa. A saber: § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acorda- 98 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . do, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os se- guintes critérios e condições: I – índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II – programas de metas, resultados e prazos, pactuados previa- mente. (BRASIL, 2000) Este tópico é de suma importância para o estabelecimento de uma PLR justa e imparcial, pois ele determina que os critérios que nortearão o programa, como regras gerais, indicadores de desempenho, periodi- cidade de pagamento, métricas e sistemática de apuração do lucro ou dos resultados sejam claros e objetivos e, principalmente, definidos em comum acordo, na ocasião da implementação da sistemática, evitando, assim, diferentes interpretações pelas partes envolvidas no decorrer do programa. Quando as regras são predefinidas e em comum acordo no início da vigência, problemas necessariamente serão evitados. Ainda, para a legislação pertinente, o valor pago como PLR não deve ser confundido com a remuneração periódica do trabalhador, apresen- tando caráter diverso ao salário mensal. A saber: Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou comple- menta a remuneração devida a qualquer empregado nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe apli- cando o princípio da habitualidade. (BRASIL, 2000) Esse tópico define que a PLR não pode ser interpretado pelo empre- gador como complemento à remuneração do empregado, ou seja, ser utilizado habitualmente para compor o rendimento mensal do trabalha- dor, ou seja, a PLR não pode ser interpretada como salário, mas como uma iniciativa do empregador pela obtenção de resultados financeiros satisfatórios. E que, por seu caráter eventual, como forma de estímulo à produtividade, está isenta de qualquer tipo de encargo trabalhista. 99Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Para efeitos de tributação, somente o imposto de renda (IR) terá inci- dência na PLR, conforme artigo artigo 3o, § 5o: § 5oA participação de que trata este artigo será tributada pelo im- posto sobre a renda exclusivamente na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos, no ano do recebimento ou crédito, com base na tabela progressiva anual constante do Anexo e não integrará a base de cálculo do imposto devido pelo beneficiário na Declaração de Ajuste Anual. (BRASIL, 2000) Como regulamentado no tópico acima, em termos de tributação, somente o IR deverá ser considerado no pagamento do PLR, confor- me tabela disponibilizada anexa à Lei no 12.832, de 2013. Esse tópico é importante para os trabalhadores que recebem valores mais modestos como PLR, uma vez que são isentos de pagamento de IR, o que confere, assim, ganhos reais a eles. Neste tópico, a intenção foi apresentar alguns pontos importantes da legislação vigente. Uma ideia que é importante reforçar, no entanto, é que, antes da implementação de qualquer programa de participação nos lucros ou resultados, cabe a seus idealizadores a análise minuciosa da legislação pertinente para não haver faltas graves quanto aos direi- tos dos trabalhadores. PARA SABER MAIS Caso você se interesse pelo assunto e queira se aprofundar mais na questão legal pertinente ao PLR, no site do Governo Federal você pode- rá consultar a Lei no 10.101/2000, a Lei no 12.832, de 2013, e a Medida Provisória no 905, de 2019, e conhecer na íntegra a legislação perti- nente ao PLR. No mesmo site é possível consultar também as demais legislações que regulamentam os assuntos trabalhistas. Vale a pena se aprofundar! 100 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Etapas para a implementação A implementação de um programa de PLR requer um minucioso pla- nejamento, no qual algumas etapas devem ser cumpridas para o suces- so do programa. 3.1 Primeira etapa: escolha da comissão dos participantes A comissão para o estabelecimento das regras norteadoras da PLR deve ser composta por representantes dos trabalhadores, representan- tes dos empregadores e, possivelmente, de representantes sindicais. Como representantes patronais, essa atribuição normalmente fica a cargo dos profissionais de cargos e salários, profissionais que detêm maior conhecimento sobre o assunto no departamento de recursos humanos. Os representantes dos trabalhadores devem ser escolhidos entre eles, de maneira democrática, por eleição ou aclamação, mas con- sensualmente. Profissionais comunicativos e que tenham competência de lideranças têm maiores chances de êxito na função. É muito comum a comissão ser composta por profissionais de diferentes setores e hie- rarquia para que ela tenha representatividade na estrutura organizacio- nal. Após as escolhas dos membros, serão definidas as atribuições que cada participante terá na comissão, assim, as atividades poderão ser distribuídas e cada membro poderá cumprir seu papel. Entre as principais atribuições da comissão integrante do PLR, estão: opinar na escolha das metas e dos indicadores de desempenho; acom- panhar a evolução dos resultados; ser porta-voz de seus representados; interpretar os indicares e as métricas de desempenho; estimular os tra- balhadores a superar seus resultados. 101Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 3.2 Segunda etapa: definição das regras do programa Para o sucesso desta etapa, a empresa deverá apresentar à comis- são um levantamento de suas particularidades e necessidades estraté- gicas, o que ela espera atingir com o PLR. Deve-se selecionar as premis- sas que sejam de fato relevantes para a organização e que nortearão todo o programa. Define-se qual será a meta global, se será baseada no lucro ou no resultado, se os trabalhadores terão participação ativa na gestão ou apenas receberão os créditos advindos do programa, quais serão os indicadores a serem atingidos, o esquema de apuração e pon- deração dos resultados e, principalmente, o cronograma detalhado de todo o ciclo do programa. Um ponto de atenção nessa etapa refere-se à confidencialidade com relação às informações estratégicas para o ne- gócio. Algumas informações deverão ser preservadas a título de manter em sigilo a estratégia adotada pela empresa, assim, a comissão deve assumir a responsabilidade por confidencialidade de informações. Ainda, será necessário definir a periodicidade da distribuição dos di- videndos, o período de vigência do acordo, se prevê prazos para revi- são das premissas e metas e se o acordo prevê possíveis alterações no programa. Grande parte do sucesso do PLR advém dessas definições, assim, elas precisam ser exaustivamente analisadas. 3.3 Terceira etapa: determinação dos objetivos, das metas e dos planos operacionais Esta fase é o coração do PLR, pois serão definidos os objetivos e as metas individuais e coletivas do programa, bem como os planos para operacionalizar cada um dos indicadores de desempenho escolhidos. Caso as metas e os objetivos não sejam consistentes e se desdobrem em bons planos de execução, o insucesso do programa é certo. Para essa etapa, devem ser escolhidos indicadores que de fato representem 102 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . o desafio estratégico da empresa, que tragam a ela os resultados espe- rados e imprimam sustentabilidade ao programa. Além disso, é fundamental que cada meta ou objetivo seja acom- panhado por um plano tático operacional, o plano de providências que deverão ser realizadas, as tarefas, os responsáveis pelas ações que fa- rão com que as metas e os objetivos saiam do papel e virem realidade. 3.4 Quarta etapa: escolha dos mecanismos de aferição dos resultados É condição para o sucesso do PLR que a metodologia de apuração dos resultados não seja motivo de dúvidas nem dê margem a interpre- tações diversas. Uma das premissas de sucesso do programa está baseada na confiabilidade dos resultados apurados. Algumas metodo- logias de apuração podem se apresentar muito complexas e de difícil interpretação e análise, portanto, a transparência na apresentação dos resultados é fundamental para sua credibilidade. É muito importante que a regra do jogo esteja bem clara para todos os envolvidos, qualquer que seja a meta ou o objetivo definido. 3.5 Quinta etapa: apurações e divulgação parciais dos resultados Periodicamente, os resultados precisam ser apurados e divulgados para todos os trabalhadores, evitando surpresas indesejadas ao final do programa. Além disso, a apuração e a divulgação dos resultados par- ciais também permitirão aos envolvidos nas metas e nos objetivos cor- rigir suas atuações a fim de obter melhores resultados. Deve-se definir no cronograma de implementação a periodicidade de apuração e divul- gação dos resultados e como os planos de correção de rota poderão ser estabelecidos. 103Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Essa fase tem uma significativa atuação do departamento de recur- sos humanos, por meio dos profissionais de cargos e salários, na divul- gação dos resultados parciais. É papel do RH manter uma comunicação constante, clara, honesta e objetiva da evolução das metas e resultados que o programa obtém ao longo de sua vigência. 3.6 Sexta etapa: avaliação final do programa Esta etapa representa a finalização de todo o trabalho. Neste mo- mento, será apurado o resultado final das metas e dos objetivos acor- dados e realizado o pagamento, ou não, do montante acordado, o que exige muito senso crítico de todos os envolvidos para avaliar de fato sua contribuição no programa. A avaliação pode ocorrer coletivamente, na qual todos os colaboradores receberão o mesmo PLR, ou individual- mente, como em uma sistemática de avaliação de desempenho, com cada integrante da corporação recebendo a parcela que lhe cabe, de acordo com a contribuição dada ao resultado global. Cada uma dessas etapas deve ser implementada com muita respon- sabilidade. Os critérios e as regras deverão ser exaustivamente exami- nados e explicados aos participantes, nos momentos certos, em reu- niões específicas conduzidas pela equipe de recursos humanos. Além disso, é fundamental que seja dado um treinamento a cada participante da comissão sobre a importância de sua atuação, responsabilidades, direitos e deveres em relação ao programa, para que haja, efetivamente, compreensão e aceitação de seu papel, e que o programa chegue ao final com o êxito necessário. Para finalizar este tópico, o quadro 2 resume todas as etapas para a implementação do PLR. 104 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Quadro 2 – Resumo sobre a implementação do programa de PLR 1a ETAPA: Eleição dos representantes dos empregados ESCOLHA DA COMISSÃO DOS PARTICIPANTES Indicação dos representantes do empregador 2a ETAPA: Definição das seguintes premissas: qual será a meta global? Baseada no lucro ou DEFINIÇÃO DAS no resultado? Os trabalhadores terão participação ativa na gestão? Quais serão REGRAS DO os indicadores a serem atingidos? Qual o esquema de apuração e ponderação dos PROGRAMA resultados? Qual o cronograma do programa? Qual a periodicidade? 3a ETAPA: DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS, METAS E PLANOS Definição dos objetivos e metas individuais e/ou coletivas do programa e planos para operacionalizar esses indicadores OPERACIONAIS 4a ETAPA: ESCOLHA DOS MECANISMOS DE Escolha de mecanismos fidedignos de aferição dos resultados AFERIÇÃO DOS RESULTADOS 5a ETAPA: APURAÇÃO E DIVULGAÇÃO Apuração parcial e divulgação dos resultados e evolução do programa PARCIAL DOS RESULTADOS 6a ETAPA: AVALIAÇÃO Apuração do resultado final acordado versus realizado, pertinente a metas e FINAL DO objetivos, e o pagamento, ou não, do montante acordado PROGRAMA Considerações finais Um dos grandes diferenciais competitivos das organizações moder- nas, sem dúvidas, está em seu capital intelectual. Quanto seus traba- lhadores conseguem operacionalizar as premissas estratégicas está diretamente relacionado ao sucesso do negócio. Uma das estratégias mais eficientes para engajar os trabalhadores na atualidade é por meio da implementação de programas de participa- ção nos lucros ou resultados. Quando as organizações envolvem seus 105Participação nos lucros ou resultados (PLR) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. trabalhadores em sua gestão e em seus resultados, eles se sentem res- ponsáveis pelo desempenho organizacional. Como você pôde acompanhar, existem diversas formas de se aplicar o conceito do PLR nos ambientes corporativos, seja avaliando o lucro, seja avaliando o resultado. Independentemente da forma, todos os pro- gramas partem do conceito de meritocracia: recompensam seus em- pregados de acordo com os resultados obtidos pela empresa, embutin- do, assim, valores como justiça ao sistema de remuneração de pessoal. Além dos ganhos produtivos, a prática do PLR é uma alternativa para as organizações desonerarem sua folha de pagamento, já que não há incidência de encargos trabalhistas e previdenciários sobre os valores pagos aos trabalhadores. Ou seja, é uma excelente alternativa para manter o sistema de compensação competitivo sem comprometer o or- çamento organizacional e respeitando a legislação trabalhista vigente. Por fim, o PLR é uma tendência que cada vez mais estará presente nos sistemas de remuneração corporativa. Cabe às organizações e aos trabalhadores encontrarem alternativas para operacionalizar a contento essa excelente sistemática de compensação de pessoal. Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Casa Civil, 1988. BRASIL. Lei no 10.101/2000, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a partici- pação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras pro- vidências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, dez. 2000. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10101.htm. Acesso em: 3 mar. 2020. CARDOSO, Kátia. Como premiar em períodos de verba curta. Revista Você S/A, São Paulo, abr. 2018. Disponível em: https://vocesa.abril.com.br/voce-rh/como -premiar-em-periodos-de-verba-curta/. Acesso em: 9 mar. 2020. 106 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . CONHEÇA as 7 Melhores Empresas do agronegócio, segundo VOCÊ S/A. Revista Você S/A, São Paulo, fev. 2020. Disponível em: https://vocesa.abril. com.br/melhores-empresas/melhores-empresas-agronegocio/. Acesso em: 3 mar. 2020. CORRÊA, Waldir E. Participação nos lucros ou resultados: uma metodologia inteligente aplicável a todas as empresas, de todos os tamanhos. São Paulo: Atlas, 1999. MARRAS, Jean Pierre. Administração de remuneração. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. ROSA, Fernanda D. Participação nos lucros ou resultados: a grande vantagem competitiva: como pessoas motivadas podem potencializar resultados e redu- zir os custos das empresas. São Paulo: Atlas, 2000.