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gestão empresarial gestão de pessoas introdução à gestão de pessoas gestão de pessoas introdução à gestão de pessoas 1 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA os alunos deverão ser capazes de compre- ender a dimensão e a relevância da Gestão de Pessoas no contexto empresarial. COmpetênCias Desenvolver um olhar sistêmico sobre os processos e a abrangência da Gestão de Pessoas. Habilidades Associar informações de Gestão de Pessoas com a reali- dade empresarial contemporânea. ApresentAção Aqui se inicia a jornada da disciplina de Gestão de Pesso- as, nesta primeira Unidade de Aprendizagem você terá acesso à relevância da Gestão de Pessoas bem como o direcionamento dos tópicos que contemplam a discipli- na. Lembre-se, uma competência básica do gestor deve ser lidar com pessoas, ou seja, a arte de gerenciar pesso- as é imprescindível para o sucesso em cargos liderança. pArA começAr Você acaba de iniciar mais uma disciplina, Gestão de Pessoas, aqui vamos descrever e apresentar os princi- pais processos e variáveis envolvidas na Gestão de Pes- soas contemporânea. Esta disciplina tem importância estratégica para sua formação e atuação como gestor, tendo em vista que ad- ministrar qualquer organização é sinônimo de adminis- trar pessoas. Neste sentido esta disciplina foi cuidadosa- mente elaborada para potencializar os seus resultados profissionais e empresariais. Use sua imaginação e pense em uma grande empre- sa que você gostaria de trabalhar. Imagine sua estrutura física, seus equipamentos, matéria-prima e as pessoas. Visualizou? Muito bem! Agora remova todas as pessoas... Sim, todas... Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 4 Como seria uma empresa sem pessoas? As pessoas constituem o elemen- to fundamental para as organizações, mais que isso, representam a alma, corpo e coração que fazem a empresa ser o que é! Cuidar adequadamente das pessoas significa zelar pelo desempe- nho de toda organização. Atenção No contemporâneo, as pessoas podem constituir o diferen- cial mais relevante das organizações. 1. intrOdUçãO No decorrer desta disciplina serão apresentados e debatidos os temas: → Gestão Estratégica de Pessoas; → Gestão por Competências; → Recrutamento e Seleção; → Cultura e clima organizacional; → Orientação ao trabalho - Descrição e Análise de Cargos; → Avaliação de Desempenho; → Administração de Salários; → Benefícios e Incentivos; → Treinamento e Desenvolvimento; → Gestão do Conhecimento; → Desenvolvimento Organizacional; → Relações com empregado; → Higiene e segurança no Trabalho; → Qualidade de Vida, Ética e Responsabilidade Social; → Monitoramento de pessoas; → Motivação; → Liderança e trabalho em Equipe; → Tópicos avançados da Gestão de Pessoas. DicA O ser humano não é uma ilha, ele se relaciona em todos os momentos, no trabalho, na igreja, em casa, logo é relevante pensar e repensar as relações interpessoais. Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 5 2. FUndamentOs De acordo com Chiavenato, (2009), a Gestão de Pessoas é o conjunto inte- grado de atividades de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, man- ter e monitorar pessoas com objetivo de proporcionar maior competência e competitividade às organizações. Esta definição sintetiza os principais processos relacionados à Gestão de Pessoas: → Agregar pessoas: Compreende o processo de seleção e recrutamen- to de funcionário, que permite agregar a empresa novos talentos; → Aplicar pessoas: Consiste em desenhar as tarefas, funções e cargos da empresa, bem como orientar e avaliar o desempenho dos funcionários; → Recompensar pessoas: Refere-se aos incentivos oferecidos às pes- soas, como remuneração, benefícios e serviços sociais; → Desenvolver pessoas: Este processo engloba capacitações, treina- mento, gestão do conhecimento, programas de desenvolvimento de pessoas e da carreira; → Manter pessoas: Compreende o desenvolvimento de condições sa- tisfatórias para trabalhos, destacam-se aspectos de cultura organi- zacional, clima, disciplina higiene e segurança do trabalho, qualidade de vida no trabalho entre outros; → Monitorar pessoas: Refere-se aos processos de acompanhamento e monitoramento das pessoas e construção e manutenção do siste- ma de informações. agregar aplicar recompensar desenvolver manter monitorar gestão de pessoas Os tópicos aqui destacados constituem os principais processos da gestão de pessoas, propostos por Chiavenato, entretanto revelamos alguns fa- tores críticos para o sucesso organizacional do contemporâneo. Dentre eles destacam-se os temas de Motivação, Liderança, Trabalho em Equipe, Figura 1. As seis bases da Gestão de Pessoas. Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, (2009). Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 6 Gerenciamento das mudanças, Diversidade Organizacional e Gestão por competência – que ganharam um módulo especifico. PAPo técnico Processo é um conjunto de procedimentos/atividades estru- turados com objetivo pré-determinado. 2.1. Os dez principais ObjetivOs da GestãO das pessOas 1. Ajudar a organização a alcançar os objetivos estratégicos e realizar a sua missão. 2. Planejar, organizar, executar e monitorar os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. 3. Zelar pela segurança e bem-estar dos funcionários. 4. Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e motivadas. 5. Potencializar a autoatualização e autodesenvolvimento das pessoas no ambiente de trabalho. 6. Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho e nas rela- ções interpessoais. 7. Impulsionar e administrar os processos de mudança. 8. Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. 9. Construir a melhor empresa através do desenvolvimento das pessoas; 10. Desenvolver talentos e gerar aumento da competitividade orga- nizacional. Atenção A Gestão de Pessoas não deve ser vista apenas como um se- tor da empresa, mas como agente que conecta áreas, apro- ximando, integrando pessoas, saberes e processos, rumo a excelência organizacional. 3. departamentO pessOal, relações indUstriais, reCUrsOs HUmanOs OU gestãO de pessOas? Pode ser visto como uma crescente, ou seja, uma evolução, antigamente a área de departamento pessoal ou relações industriais cuidava basica- mente de controles rígidos para regular as pessoas, com aspectos bu- rocráticos, relacionados ao trabalhador ou operários. Entretanto, com a Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 7 evolução do pensamento administrativo e principalmente impulsionado pela corrente da administração humanística, o termo para o departamen- to migrou para Recursos Humanos com ênfase em dirigir as pessoas. Entretanto Recursos Humanos passa imagem de que podemos compa- rar com recursos financeiros, recursos fabris, entre outros. Atualmente o termo mais utilizado é Gestão de Pessoas, isto é, um olhar humano, ao considerá-los como seres pensantes; alguns autores ainda utilizam o termo gestão de talentos. Nesse sentido as pessoas no contemporâneo são vistas como seres humanos, com cabeça que pensa e cria e coração que sente, não somente como corpo que faz. Tabela 1. Responsabilidades da Função de Recursos Humanos - Perspectiva Histórica. Fonte: adaptado de Marras (2009). responsabilidades da função de recursos humanos - perspectiva histórica departamento pessoal (até 1950) – ação burocrática relações industriais (de 1950 a 1970) – ação legal e tecnicista gerente de recursos humanos (1970 até 1999) - ação administrativa gerente de gestão de pessoas (2000 até ...) – ação estratégica Controle de Frequência Controle de Frequência Controle de Frequência Controle de Frequência Informatizado Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Admissões e Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões Cumprimento da CLT Cumprimentoda CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Serviços Gerais Serviços Gerais Serviços Gerais Medicina e Higiene Medicina e Higiene Medicina e Higiene Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial Segurança Industrial Segurança Industrial Segurança Industrial Contencioso trabalhista Contencioso trabalhista Contencioso trabalhista Cargos e salário Cargos e salário Cargos e salário Benefícios Benefícios Benefícios Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção Treinamento Treinamento Treinamento & Desenvolvimento Avaliação de Desempenho Avaliação de Desempenho Qualidade de Vida Qualidade de Vida Desenvolvimento Gerencial Desenvolvimento Gerencial Relações trabalhistas Relações trabalhistas Sindicalismo Sindicalismo Desenvolvimento Organizacional Desenvolvimento Organizacional Estrutura Organizacional Estrutura Organizacional Gestão do Conhecimento Agente de Mudança Agente integrador Facilitador no Processo de comunicação E ... Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 8 No quadro acima fica evidenciada a evolução da Gestão de Pessoas, do burocrático ao estratégico, perceba que o último quadro não está comple- to. Discuta com o tutor, com colegas, e faça uma pesquisa na Internet que outras funções têm o gerente do departamento de gestão de pessoas. antena pArAbólicA As organizações precisam ser gerenciadas para aten- der os objetivos empresariais. Logo as preocupações do gestor perpassam pelo gerenciamento de recur- sos financeiros, materiais, gestão da informação, que é insumo básico para tomada decisão, que deverá ser eficiente e eficaz. Porém dentre as variáveis aqui rela- cionadas a que vem tendo maior destaque é a gestão eficaz das pessoas. Ou seja, a gestão de pessoas vem assumindo um papel estratégico e fundamental para competitividade das organizações. Nesse sentido, o gestor contemporâneo precisa com- preender a relevância do processo de seleção e recruta- mento de funcionário, pois ao agregar talentos e empre- sa pode conquistar um valioso diferencial competitivo. Destaca-se ainda a importância de definir sistematização no que tange as orientações aos funcionários, tal deta- lhamento de cargos e funções e o acompanhamento do desempenho de cada membro da equipe. Outra variável nesse processo de gerenciamento de pessoas é a perspectiva de valorização das pessoas con- siderando inclusive recompensas, benefícios e salários condizentes com o mercado. As organizações já perceberam a necessidade tam- bém de investimentos em programas de treinamento e desenvolvimento movimenta o mercado consultorias, palestras, treinamentos, entre outros. Todo esse movimento em prol das pessoas está tam- bém atrelado a um ambiente corporativo hipercompe- titivo, onde as organizações buscam desenvolver meios para manter os talentos na organização. Isso faz emergir programas de qualidade de vida no trabalho e propiciar condições favoráveis para o trabalho ao considerar a se- gurança no trabalho e o gerenciamento das informações relacionados à gestão de pessoas. Lembre-se As relações entre as organizações e as pessoas devem ser pautadas no modelo ganha-ganha, ou seja, onde os dois lados fiquem satisfeitos. e AgorA, José? A Gestão de Pessoas representa uma variável fundamen- tal para gestão empresarial contemporânea e tem como base gerenciar o capital humano, ou seja, as pessoas de- senvolvendo um conjunto integrado de atividades bus- cando agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, man- ter e monitorar pessoas para conquistar uma vantagem competitiva à organização. Agora que você já conhece a amplitude e importância da gestão de pessoas, chegou a hora de aprofundar os conceitos relacionados a este relevante tema. Para tanto, você aprenderá na próxima UA, o que é planejamento estratégico de recursos huma- nos e como é realizada a gestão por competências. Bons estudos! Gestão de Pessoas / UA 01 Introdução à Gestão de Pessoas 11 glossário Coercivo: ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça. referênciAs CHIAVENATO, I. �Gestão de pessoas: o novo pa- pel dos recursos humanos nas organiza- ções. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FERREIRA, V. C. P; TACHIZAWA, T.; FORTUNA, A. M. �Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2001. HANASHIRO, D. M. �et al. Gestão do Fator Huma- no: Uma visão baseada em stakeholders. São Paulo: Saraiva, 2008. MARRAS, J. P. �Administração de Recursos Hu- manos: Do operacional ao estratégico. 12ª ed. São Paulo: Futura, 2007. MASCARENHAS, André. �Gestão Estratégica de Pessoas. São Paulo: Cengage Lear- ning, 2008. PINTO-ROCHA S. R. DA; PEREIRA C. S.; COUTINHO M. T. C.; JOHANN S. L. �Dimensões funcio- nais da gestão de pessoas, 9ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007. TEIXEIRA, GILNEI ET AL. �Gestão Estratégica de Pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. VERGARA, SyLVIA CONSTANT. �Gestão de Pesso- as. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão empresarial gestão de pessoas GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E DE COMPETÊNCIAS gestão de pessoas GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E DE COMPETÊNCIAS 2 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Desenvolver uma visão estratégica da Gestão de Pessoas e revelar aspectos fundamentais da Gestão por Competências. COmpetênCias Desenvolver planejamento estratégico de Gestão de Pessoas alinhado à gestão estratégica da organização; planejar e aplicar o modelo de Gestão por Competência no contexto empresarial. Habilidades Pensar de modo estratégico; descrever e aplicar pla- nos de gestão; reconhecer os stakeholders. ApresentAção Gestão Estratégica de Pessoas e Gestão por Competên- cias são temas muito discutidos no mundo contempo- râneo. Nesta Unidade, você poderá refletir sobre como a Gestão de Pessoas pode contribuir para a Gestão Es- tratégica da Empresa, bem como conhecer a tendência emergente de gerenciar pessoas tendo como referência as competências. Vamos lá? pArA CoMeçAr Vamos discutir aqui duas temáticas importantes para a Gestão de Pessoas: a Gestão Estratégica de Pessoas e a Gestão por Competências. Atualmente, um dos grandes desafios das organizações, no que tange à gestão de pessoal, é o de tornar a área de Gestão de Pessoas/Recursos Humanos estratégica. Aqui o pensar em gestão de pessoas é construído sobre uma perspectiva maior, mais abrangente, focada em migrar do operacional para o estratégico. Ou seja, a Gestão de Pessoas atua em parceria com a diretoria da empresa, alinhando as pessoas à realização do planeja- mento estratégico da empresa e, mais do que isso, obje- tivando atuar de modo reflexivo e inteligente. Para alcançar esse feito, o gestor deverá perceber a empresa como um todo, compreender as variáveis ex- ternas e, principalmente, ter uma visão de futuro. Outra variável relevante refere-se a pessoas e à impor- tância da formação de um time competente, que poderá potencializar os resultados da empresa. As pessoas têm a capacidade de fazer a diferença. Para tanto, precisam ser competentes. E a Gestão por Competências apresenta-se como modelo de gestão eficaz no contemporâneo. Mas como estabelecer um posicionamento estratégi- co? E o que é uma pessoa competente? Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 4 Atenção O desenvolvimento de boas estratégias alinhado a uma equipe de pessoas competentes pode possibilitar a vitória até mesmo à empresa menor ou mais “fraca”. Para reflexão Você é competente? O termo “incompetente” é um adjetivo não muito agradável de receber, mas comum de se ouvir no ambiente profissional. A questão é... O que é ser competente? Você é competente? DicA Visão sem planejamento é um sonho. Planejamento sem ação é passatempo. Visão, planejamento e ação podem transformar o mundo! FundAMentos 1. gestãO estratégiCa de pessOas A palavra “estratégia” tem origem grega em Stratègós (exército) e ago(li- derança ou comando), que designavam o comandante militar. Portanto, pode ser compreendida como “a arte do general”. Desde sempre, esteve relacionada à guerra e seus comandantes, que buscavam criar meios para vencer a guerra, mesmo em posições tecnicamente mais frágeis. Através do desenvolvimento de estratégia, até mesmo o fraco pode se tornar for- te e o menor pode vencer o maior. Prova histórica de atuação estratégica de guerra é narrado no livro Arte da Guerra, no qual o general Sun Tzu registra toda sua experiência de ba- talha e mostra a importância de uma visão holística para o planejamento e execução de ações de guerra em que o mais inteligente vence o mais forte. Ainda no aspecto histórico, outra evidência é a ‘derrota’ dos EUA no Vietnã: uma potência caiu frente à atuação estratégica de um pequeno e aparentemente frágil adversário. Ao trazer esse conceito para o mundo corporativo, podemos entender estratégia como meio, modo de alcançar a vitória, o sucesso e o objetivo pré-estabelecido. Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 5 Nesse sentido, o gestor deve estar preparado para pensar e agir estra- tegicamente para alcançar os resultados almejados. Afinal, para alcançar a vitória em uma batalha, é necessário desenvolver estratégias que consi- derem aspectos internos e externos à organização. O gestor deve pensar e agir de modo estratégico para escolher e de- senvolver uma equipe competente. Assim como no jogo de xadrez, deverá mobilizar conhecimentos, prever ações e comportamentos para estabe- lecer decisões acertadas, melhorar os resultados organizacionais e atingir os objetivos da Gestão de Pessoas. A estratégia está fundamentada em como alcançar determinado objetivo. Toda organização deve desenvolver um planejamento estratégico, ali- cerçado na missão, visão e nos valores da organização. A missão refere-se ao propósito da empresa em existir. Deve respon- der à questão “por que existimos”? Uma vez definida a razão da existência da empresa, deve-se estabelecer a visão da organização, que representa onde a empresa deverá chegar, ou seja, responder a pergunta “para onde vamos”? Na construção desses dois marcos organizacionais precisamos considerar os stakeholders, isto é, as áreas de interesse tradicionalmente formadas pelos Sócios/Investidores, Funcionários, Clientes, Socieda- de, Meio Ambiente e Fornecedores. Analisando essa perspectiva abrangente, a empresa pode desenvolver um posicionamento estratégico. Além da visão e missão da organização, será necessário estabelecer quais são seus valores, isto é, os princípios norteadores das decisões da empresa. missão qual é o propósito da organização em existir? visão onde a empresa quer chegar? valores quais são os princípios norteadores da empresa? A missão, visão e valores são os princípios básicos para o planejamento estratégico aqui abordado, porém somam-se ainda elementos como aná- lise FOFA (pontos Fortes e Fracos da empresa, bem como Oportunidades e Ameaças), as cinco forças de Porter, entre outros. Vamos agora ver como isso acontece na prática. Figura 1. Os Três Pilares básicos do Planejamento Estratégico, Princípios norteadores do Planejamento Estratégico. Fonte: Autores. Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 6 2. a gestãO de pessOas, Uma perspeCtiva estratégiCa Diante do ambiente hipercompetitivo, o gestor deve desenvolver o pensar organizacional abrangente, de modo estratégico, que vá além dos aspec- tos operacionais e visualize a empresa como todo, isto é, perpasse todos os setores da empresa, inclusive o planejamento estratégico. Para desen- volver este olhar, devemos considerar as variáveis de mercado, identifi- cando oportunidades e ameaças. Estabelecer estratégias para alcançar os objetivos da organização e da Gestão de Pessoas se apresenta como um dos desafios do gestor contemporâneo. O planejamento estratégico de Recursos Humanos deve transcender o vínculo com o planejamento estratégico da empresa e focalizar melhores resultados organizacionais, otimizar qualidade e produtividade através do desenvolvimento do potencial humano, além de agir na construção e ma- nutenção da cultura organizacional com valores e crenças (re)desenhados e de estimular um ambiente colaborativo e de equipe comprometida em objetivos comuns (MARRAS, 2009). A atuação estratégica da Gestão de Pessoas está diretamente ligada à sua visão de futuro e de negócio que passa por questões capitalistas, cul- turais, humanísticas e mercadológicas no sentido de estabelecer ações que considerem os stakeholders e aspectos internos e externos da organização para, com isso, alcançar maior competitividade e humanidade à empresa. No contexto estratégico contemporâneo se destaca também o uso da ferramenta BSC - Balanced Scorecard, desenvolvida por Robert Kaplan e Da- vid Norton, que objetiva a maximização dos resultados das empresas com base na visão e estratégia empresarial, tendo como referências o desen- volvimento de indicadores que envolve quatro horizontes: o financeiro, os clientes, processos internos e o aprendizado e crescimento da organização. DicA Amplie seus conhecimentos e desenvolva um olhar estraté- gico. Leia o livro Arte da Guerra, de Sun Tzu. 3. gestãO de pessOas pOr COmpetênCia David McClelland, em 1960, introduziu o conceito de competências como sendo a conjugação de conhecimentos, capacidades e atitudes para obter desempenho em um trabalho específico, sob determinadas condições. Os dicionários Aurélio e Luft definem a palavra competência como “qualida- des de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos”. http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Kaplan http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Norton http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Norton http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrat%C3%A9gia Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 7 Podemos considerar que competência é um conjunto de conheci- mentos, habilidades e atitudes que permitem ao indivíduo desempe- nhar com eficácia determinada tarefa. Para facilitar a compreensão desse termo é só se lembrar do acrônimo CHA, que significa: “C” de Conhecimento, “H” de Habilidade e “A” de Atitude. REfERE-SE CARACTERíSTICA C CONhECIMENTO saber o que fazer e por que fazer conhecer h hAbIlIDADE saber como fazer experiência e destreza A ATITuDE querer fazer interesse e ação → Conhecimento: sem dúvida, o conhecimento é um dos mais impor- tantes ativos que vamos construir no decorrer de nossas vidas e é extremamente relevante para organizações. Refere-se ao que fazer e por que fazer, tendo como característica principal o conhecer, ou seja, o conhecimento. Mas o que é o conhecimento? Como posso ampliá- -lo? Ao comprar um livro ou um jornal, o que temos neles? Informa- ção ou Conhecimento? Pense por alguns instantes... O livro está na realidade, repleto de informações, porém o conhecimento refere-se à compreensão e assimilação das informações, que evidentemente só vêm se você ler o livro e efetivamente entender o seu conteúdo. → Formas de ampliar o conhecimento: leia livros, revistas, jornais, faça pesquisas na Internet, participe de cursos, inclusive à distância, como este, estude; nunca é tarde para voltar à escola ou à faculda- de; conheça pessoas e lugares diferentes; converse com amigos e desconhecidos; em todos os momentos devemos estar com a mente aberta, disponível para aprender algo novo. → Habilidade: refere-se ao saber fazer, pois entre a teoria e a práti- ca existe uma grande diferença. Exemplificando: fazer um arroz, na teoria, quase todo mundo sabe. Precisamos do arroz, tempe- ro, panela, fogão, gás, fósforo, água e óleo. Simples. Porém, sem a habilidade necessária, o arroz ficará crocante, um grude total ou queimado, podendo ainda ficar também excessivamente salgado etc. Saber escolher cada ingrediente na dose certa, utilizando os recursos necessários,é ter habilidade, destreza para fazer. Logo, quando adquirimos conhecimentos, devemos nos empenhar para colocá-los em prática a fim de desenvolver habilidades. → Amplie suas habilidades: a habilidade está atrelada à experiência e realização. Amplie sua habilidade realizando atividades diferentes e colocando conhecimentos em prática. Escreva um artigo, faça uma palestra, ensine algo que você sabe para outra pessoa. Tabela 1. Acrônimo CHA. Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 8 → Atitude: tão importante quanto o conhecimento e a habilidade é a atitude, ação! Nada adiantam diversos diplomas, conhecimentos, ex- periências e habilidades sem ação. As empresas buscam resultados, e só alcançamos os almejados resultados quando temos interesse e atitude para fazer acontecer. Lembre-se que para um futuro diferente é necessário tomar atitu- des diferentes hoje! Qual será sua atitude após essa leitura? PAPo técnico Competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes que permitem ao indivíduo desempenhar com efi- cácia determinada tarefa. 4. gestãO estratégiCa e a gestãO pOr COmpetênCias As empresas, por meio da definição da visão, missão e valores, devem focalizar o core business, ou seja, a parte central do seu negócio, o núcleo, o coração do seu empreendimento. Uma vez identificadas essas variá- veis, a empresa deverá definir indicadores de desempenho e realizar um diagnóstico para identificar quais são as competências necessárias para o seu negócio e para sua equipe de funcionários. Em seguida, deverá de- senvolver as competências (modulo 9) ou selecionar pessoas com o perfil necessário (modulo 3). A Gestão por Competências constitui-se por um sistema organizado, pla- nejado e formalizado que tem como objetivos desenvolver as pessoas, mo- tivar e reter talentos, para isso ponderando as demandas organizacionais e a singularidade de cada indivíduo. A Gestão por Competências considera os conhecimentos, habilidades e atitudes desejáveis na organização e trabalha de modo sistemático mobilizando os seis processos de recursos: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar as pessoas. Para implementar a Gestão por Competências a empresa precisa definir: → Realizar o mapeamento e mensuração das competências básicas ne- cessárias para a organização (alinhada ao Planejamento Estratégico); → Desenvolver avaliação por competências (Avaliação de Desempenho); → Realizar um plano de desenvolvimento por competências (Treinamento); → Estabelecer a Seleção por Competências; → Plano de Cargos e Salários por Competências. Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 9 A Gestão por Competências busca estimular o desempenho e o poten- cial humano pelo desenvolvimento de competências que conferem maior eficiência, eficácia, diferenciação e competitividade para as organizações. Os benefícios gerados pelo modelo de Gestão por Competências são imediatos. A cada fase do processo os ganhos podem ser observados e aferidos. Seguem os principais benefícios: → Alinha os objetivos e metas da organização e da equipe; → Alinhamento dos investimentos em treinamento às metas estratégi- cas da organização; → Enriquecimento do perfil dos colaboradores, potencializando os seus resultados, a otimização e a agilidade dos processos do RH; → Melhora o desempenho dos colaboradores; → Maximiza os resultados organizacionais e dos processos da gestão de pessoas; → Identifica as necessidades de treinamentos focados em competências; → Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de pessoas; → Analisa o desenvolvimento dos colaboradores; → Enriquece o perfil dos colaboradores, potencializando seus resultados; → Melhora o relacionamento; → Mantém a motivação e o compromisso; → Desenvolve lideranças e gera sustentação aos planos de carreira e cargos e salários. DicA Se conheces o inimigo e conheces a ti mesmo, não precisas temer o resultado de cem batalhas. Se conheces a ti mesmo mas não conheces o inimigo, para cada vitória sofrerás tam- bém uma derrota. Se não conheces a ti mesmo nem conhe- ces o inimigo, perderás todas as batalhas. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Lembre-se Com as estratégias certas e as pessoas competentes tudo é possível. Desenvolva o pensar estratégico e suas competên- cias e alcance o sucesso! antena pArAbóliCA Veja abaixo a Missão, Visão e os Valores da Nestlé: missão Desenvolver as oportunidades de negócios, presentes e futuras, oferecendo ao consumidor produtos alimentícios e serviços de alta qualidade e de valor agregado, a preços competitivos. visão Manter a Empresa como a maior em termos de alimentos industrializados e conseguir a liderança nos segmentos em que atua. Assegurar o progresso social e profissional dos Colaboradores. Contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Manter a liderança tecnológica. Manter a imagem de excelência e qualidade. valores Qualidade e melhoria contínua dos produtos e serviços para satisfação dos consumidores. Compromisso, valorização e envolvimento dos Recursos Humanos. Compromisso com a verdade. Comportamento ético. Aperfeiçoamento das relações com clientes, fornecedores e consumidores. O desafio da Gestão Estratégica de Pessoas1 A Gestão Estratégica de Pessoas, tanto nas grandes, como nas pequenas e médias empresas, representa uma grande oportunidade que não vem sendo explora- da pela maioria delas para ganhar mais, ser mais eficaz, criar reputação de marca e sustentabilidade do negócio. Gerenciar estrategicamente as pessoas é uma ciência que, se respeitada e processada adequadamente, certa- mente impactará – no curto prazo – o sucesso sustentá- vel de qualquer empreendimento. Um aspecto crítico na gestão estratégica de pessoas é a forma adotada para instruir e cobrar as lideranças do 1. JUNQUE, Nelson. O desafio da Gestão Estratégica de Pessoas. Disponível em http://www.hsm. com.br/editorias/o- desafio-da-gestao- estrategica-de- pessoas, acesso em 11/2011. Tabela 2. Missão, Visão e Valores da Nestlé. Fonte: Adaptado de www.nestle. com.br. http://www.hsm.com.br/editorias/o-desafio-da-gestao-estrategica-de-pessoas http://www.hsm.com.br/editorias/o-desafio-da-gestao-estrategica-de-pessoas http://www.hsm.com.br/editorias/o-desafio-da-gestao-estrategica-de-pessoas http://www.hsm.com.br/editorias/o-desafio-da-gestao-estrategica-de-pessoas http://www.hsm.com.br/editorias/o-desafio-da-gestao-estrategica-de-pessoas negócio. Essa forma, de fato, é a barreira inicial para o desenvolvimento dos talentos. Poucos líderes têm claro e explícito o propósito do cargo que ocupam ou irão ocupar. Costumes e hábitos organizacionais aplicados nas transições e movimentações de carreira têm criado a falsa percepção de que, numa simples conversa, foram informadas todas as habilidades que o novo ocupante do cargo terá que aplicar para ser bem-sucedido. Este por sua vez, ansioso e feliz pela oportunidade, acredita ter entendido tudo. Está começando o calvário! Na prá- tica, o novo líder vasculha em sua bagagem profissional acumulada e vai adotando procedimentos com base na intuição, o que, na maior parte dos casos, não combina com os desejos e expectativas da corporação. Tal comportamento observável do novo líder vai criando uma reputação ruim para o executivo, além de descontentamento e frustração para aqueles que o indi- caram e promoveram. Sem falar no mais importante: o reflexo no chamado “bottom line”. Associado a esse processo simplista de alocar pessoas em novas posições, também não tem sido dado o devido valor para os aspectos culturais do negócio. Trata-se dos valores que todo empreendimento tem e que causam grande impacto na forma de gerenciar cada negócio. É indispensável fazer o líder entender, conhecer e “re-co- nhecer” continuamente que está inserido numa comuni- dade, que foi constituída e tem perenidade baseada nos valores e princípiosde seus fundadores. Ou seja, é preci- so haver um mix dos valores pessoais com os valores da cultura organizacional. Outro detalhe deixado de lado é que geralmente não se diz às pessoas, aos lideres principalmente, que as empresas não as pagam para exauri-las além de seus limites, mas sim para fazerem um trabalho bem feito. O prazer é a energia dos vencedores. Será um vence- dor no mundo corporativo aquele que tiver consciência, planejar e praticar o dimensionamento de seu tempo: hora de trabalhar, hora de lazer, hora cultural, hora do networking, hora do check-up, hora da exposição externa, hora da família, hora esportiva, hora do autodesenvolvi- mento etc. Aprender a gerenciar a própria vida como um todo ajuda muito a aprimorar e priorizar o uso do tempo no trabalho, por sinal, um dos principais determinantes para o desempenho positivo de qualquer líder. Se tivermos o cuidado de definir clara e detalhada- mente o básico do escopo executivo, já estaremos me- lhorando a gestão de pessoas e pavimentando a “aveni- da da medição da eficiência”: as famosas e tão temidas avaliações de desempenho. Deve ser muito trabalhado junto ao público interno de uma organização o conceito de que a avaliação de desempenho não se destina a pu- nir, mas aprimorar e reconhecer continuamente os dois lados, o da empresa e o das pessoas, mesmo que em al- guns casos isso signifique separação ou opção por seguir em uma nova estrada. Fruto das avaliações, as oportunidades de melhoria devem ser gerenciadas no dia a dia do negócio e passam a fazer parte do follow up da gestão global. Com o tempo, a organização saberá mais facilmente onde e como in- vestir mais pesado para acelerar a maturidade dos líde- res que produzirão longevidade para si e para o negócio. Adicionado a isso, pode-se estabelecer uma estratégia de retenção de talentos, recompensando todo o pipeli- ne da companhia, criando solidez na parceria empresa/ lideranças. É importante a consolidação de uma barreira estratégica que dificulte aos competidores a apresenta- ção de propostas de trabalho que atraiam as pessoas- -chave dentro da empresa, protegendo os talentos de- senvolvidos e em desenvolvimento. A Gestão Estratégica de Pessoas, quando bem executada, fortalece o órgão mais sensível de qualquer negócio: o caixa. Nelson Junque – Sócio da CFN Consultoria e fundador da ARTE Gerenciamento Estratégico de Pessoas. Adaptado. e AgorA, José? Um dos grandes desafios da Gestão de Pessoas no con- temporâneo é atuar estrategicamente, ou seja, deixar de atuar como um área operacional focada em rotinas de departamento pessoal e participar ativamente do planejamento estratégico. A Gestão de Pessoas precisa considerar os stakeholders, alinhar as pessoas à missão organizacional e conduzi-las à realização da visão es- tabelecida, fundamentando essa atuação com os seus princípios norteadores, seus valores. Outro tema emer- gente da Gestão de Pessoas e Gestão por Competência são pessoas que buscam gerir os talentos humanos, considerando as competências necessárias para o ne- gócio, ou seja, aquelas acopladas ao seu core business (parte central do negócio). Agora vamos dar início a uma nova unidade de aprendizagem relacionada a selecionar e recrutar talentos para sua empresa. Para tanto, você aprenderá as principais fases e elementos a serem con- siderados no processo de selecionar. Bons estudos! Gestão de Pessoas / UA 02 Gestão Estratégica de Pessoas e de Competências 14 glossário Acrônimo: sigla, palavra formada pelas letras ou sílabas iniciais de palavras sucessivas de uma locução, ou pela maioria destas partes. reFerênCiAs CHIAVENATO I. �Gestão de pessoas: o novo pa- pel dos recursos humanos nas organiza- ções. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DILERMANDO, P. JUNIOR; LOYOLLA, W. P. D. DE C. �Guia para Professores-Autores. São Pau- lo: Projeto Univesp, 2010. FERREIRA, V. C. P; TACHIZAWA, T.; FORTUNA, A. M. �Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2001. HANASHIRO, D. M. et al. �Gestão do Fator Hu- mano: Uma visão baseada em stakehol- ders. São Paulo: Saraiva, 2008. MARRAS, J. P. �Administração de Recursos Hu- manos: Do operacional ao estratégico. 12ª ed. São Paulo: Futura, 2007. MASCARENHAS, André. �Gestão Estratégica de Pessoas. São Paulo: Cengage Learning, 2008. MILITÃO, A.; MILITÃO, R. �SOS Dinâmica de Gru- po. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. PINTO-ROCHA S. R. da; PEREIRA C. S.; COUTINHO M. T. C.; JOHANN S. L. �Dimensões funcio- nais da gestão de pessoas. 9ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007. RABAGLIO, M. O. �Ferramentas de Avaliação de Performance com Foco em Competên- cias. Rio de Janeiro: QualityMark, 2005. � � �Gestão por Competências - Ferramentas para atração e captação de talentos humanos. Rio de Janeiro: Quality- Mark, 2008. TEIXEIRA, Gilnei et al. �Gestão Estratégica de Pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. VERGARA, Sylvia Constant. �Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2009. gestão empresarial gestão de pessoas agregar pessoas: recrutamento e seleção gestão de pessoas agregar pessoas: recrutamento e seleção 3 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA, o aluno deverá ser capaz de compreender o processo de agregar pessoas (recrutamento/seleção). COmpetênCias Planejar e organizar o processo de recrutamento e sele- ção de pessoas. Habilidades Descrever o perfil do candidato de acordo com o pré- -requisito do cargo; definir o processo de recrutamento e seleção; avaliar o processo. ApresentAção Nesta UA, você conhecerá os primeiros processos da área de Gestão de Pessoas: Recrutamento e Seleção, que se referem à entrada de novas pessoas na organização. Uma boa organização é definida pela qualidade das pessoas que a compõe. Assim, a escolher e trazer as pes- soas certas garante o bom funcionamento organizacio- nal. E um bom gestor sabe escolher as pessoas certas. Preparado para iniciar? pArA ComeçAr Veja a figura abaixo: Por que olhamos primeiramente para a maçã verde? Olhando para a maçã verde, percebemos que existem muitas características que a diferencia das demais: além dos traços e da cor, há tamanho, talo, peso, entre outras. Quando analisamos uma pessoa, percebemos que ela possui traços de personalidade, características e expe- riências profissionais determinantes para a sua escolha num processo seletivo. A parte mais dispendiosa para as empresas é pagar pelo erro de uma contratação inadequada, e isso pode acontecer quando não conhecemos e não temos o domí- nio para confrontar os dados do cargo com as habilida- des e competências necessárias do candidato. Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 4 Nesta UA, você aprenderá a utilizar as técnicas de recrutamento e se- leção, a fim de agregar pessoas que possam garantir o diferencial com- petitivo da empresa. O maior desafio é escolher a maçã verde, ou seja, a pessoa certa para o lugar certo. Dica Para buscar esses profissionais, primeiramente busque in- formações sobre as especificações de seu cargo. Lembre-se que a nossa missão é disponibilizar pessoas certas para as vagas certas. FundAmentos reCrUtamentO O recrutamento abrange o conjunto de técnicas e procedimentos para atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização (CHIAVENATO, 1999). Todo processo de recruta- mento tem início em uma demanda interna da organização por contrata- ção de profissionais. Do ponto de vista de sua aplicação, o recrutamento pode ser interno e externo, conforme detalhado na Tabela 1. Tabela 1. Tipos de Recrutamento. Fonte: Elaborado a partir de Chiavenato (1999); Lacombe (2005) e Marras (2007). tipo recrutamento interno recrutamento externo descrição Atua sobre os candidatos que estão trabalhando dentro da empresa. Funciona através de oferta de promoções, transferências, programas de desenvolvimento e plano de carreira. Aborda o maior contingentede candidatos que estão espalhados no mercado de recursos humanos vantagens Probabilidade de uma melhor seleção, pois os candidatos já são conhecidos. Traz “sangue novo” e experiências novas para a empresa. Custa financeiramente menos do que fazer o recrutamento externo. Renova e enriquece o patrimônio humano da empresa. A oportunidade de crescimento motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais colaboradores. Aumenta o capital intelectual da empresa ao incluir novos conhecimentos e destrezas. desvantagens Pode bloquear a entrada de novas ideias. Reduz a fidelidade dos funcionários ao oferecer oportunidades a estranhos. Os colaboradores não promovidos podem ficar frustrados. Afeta negativamente a motivação dos atuais funcionários da organização. Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização. É mais custoso, oneroso, demorado e inseguro que o recrutamento interno. Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 5 Analisando a Tabela 1, verifica-se que os dois tipos elencados apresentam vantagens e desvantagens. Além destes, as empresas podem ainda utilizar o tipo misto, ou seja, recorrer às fontes internas e externas, simultaneamente. Independentemente do ramo de atividade da empresa, o recrutamento quando bem elaborado contribui para baixar a taxa de rotatividade de pessoas na organização, ou seja, o turnover, do qual todas as organiza- ções estão sujeitas. Dica A decisão sobre quão rígido ou não deve ser o processo de recrutamento dependerá do equilíbrio entre os custos de uma procura mais detalhada e os benefícios da maior quali- dade obtida (Rocha-Pinto et all, 2007). tipo recrutamento interno recrutamento externo fontes de recrutamento Banco de dados interno Anúncios em jornais e revistas especializados Informações em quadro de avisos Agências de emprego Funcionários da própria empresa Contatos com escolas, universidades, cursos etc. Apresentações ou Indicações Anúncios na mídia Empresas de headhunting 1 Sites de oferta e procura de mão de obra Entidades (sindicatos, associações etc.) Outras empresas (fornecedores, clientes etc.) Consultorias de outplacement 2 ou replacement 3 1 É o nome que se dá aos profissionais “caçadores de talentos”, que agem somente com cargos do topo da pirâmide organizacional (presidente, vice-presidente, diretores), ou em ocasiões muito especiais (MARRAS, 2007). 2 São consultorias que se dedicam a recolocar profissionais que serão desligados ou que estão em processos de desligamento nas suas respectivas empresas (MARRAS, 2007). 3 São consultorias que atendem especificamente pessoas físicas que buscam serem relocadas no mercado de trabalho (MARRAS, 2007). Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 6 Exemplos de anúncio de recrutamento de Gerente Comercial: entre para uma empresa líder no mercado alimentício gerente comercial senior finance São Paulo – Pacote Atrativo Reportando-se ao diretor-comercial, suas principais responsabilidades serão: • Prospectar e desenvolver novos negócios; • Garantir os resultados das vendas e rentabilidade; • Analisar e negociar os termos e condições contratuais. Buscamos um profissional com sólida formação acadêmica. Experiência no desenvolvimento de negócios com instituições financeiras, necessariamente na área serviços de TI. Profissional orientado a resultados, dinâmico, pró-ativo e com perfil empreendedor. Inglês fluente é necessário. Favor enviar CV através do website www.recrutamentoteste.com.br, buscando referência GCSF0001 Observe que no anúncio está explícito todos os elementos que compõe o CHA, ou seja, o conjunto de conhecimento, habilidade e atitudes, reque- ridos para o cargo. Assim, na elaboração de um anúncio, é necessário fazer uma análise criteriosa das atribuições do cargo a ser provido, o que permitirá extrair os conhecimentos formais e técnicos, as habilidades envolvidas e os com- portamentos esperados. Lembrando que é este instrumento de divulga- ção que viabilizará a busca de candidatos interessados no mercado, por- tanto, quanto melhor for a qualidade do anúncio, melhor será a qualidade dos candidatos que se apresentarão para a seleção. Dica Não entenda o recrutamento como uma simples divulgação e preenchimento de vagas, mas como uma forma de atrair pessoas qualificadas e competentes que se encaixem nas necessidades da empresa. http://www.recrutamentoteste.com.br Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 7 seleÇÃO Seleção de pessoal é uma atividade de responsabilidade do Processo de Agregar Pessoas, conforme visto na UA 1, e tem por finalidade escolher, sob metodologia específica, candidatos a empregos recebidos pelo setor de recrutamento. A seleção de pessoas constitui um processo de várias etapas ou fases sequenciais pelas quais passam os candidatos. À medida que vão sendo bem-sucedidos, os candidatos ultrapassam os obstáculos e passam para as etapas superiores. Para identificar o candidato que possui os requisitos exigidos pelo cargo, existem técnicas de seleção a serem utilizadas. As técnicas de seleção variam em função da estratégia adotada pela organização, dos aspectos conjunturais do mercado e das características da mão de obra a ser selecionada (TACHIZAWA, 2006). Todo o processo de seleção baseia-se fundamentalmente na análise comparativa de dois campos. A melhor maneira segundo Chiavenato (2005) é representá-la como uma comparação entre duas variáveis: de um lado, os requisitos do cargo a ser preenchido e, de outro lado, as ca- racterísticas dos candidatos que se apresentam para disputá-lo, conforme ilustração a seguir. especificações do cargo características do candidato São as características que o cargo exige do profissional em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes para o bom desempenho das funções. É o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que cada candidato possui para desempenhar as suas tarefas. o que o cargo requer? o que o candidato oferece? Obtido na análise da especificação do cargo para saber quais os requisitos exige de seu ocupante. Técnicas de seleção para saber quais as condições pessoais para ocupar o cargo. x versus y A técnica apresentada no quadro consiste em extrair o CHA - Conheci- mento, Habilidade e Atitude - da especificação do cargo a ser provido e confrontar com o CHA do(s) candidato(s). FIgura 1. Especificação do Cargo x Características do candidatos. Fonte: Elaborado a partir de Chiavenato (1999). Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 8 tÉCniCas de seleÇÃO As técnicas de seleção permitem um rastreamento das características pessoais do candidato através de amostras de seu comportamento. Cada técnica de seleção proporciona certas informações sobre estes. As orga- nizações utilizam uma variedade de técnicas de seleção para obter todas as informações necessárias. EntrEvista dE sElEção É um processo de comunicação entre duas ou mais pessoas que intera- gem entre si. Objetiva detectar dados e informações dos candidatos a em- prego, subsidiando a avaliação do processo seletivo. Pode-se afirmar que a entrevista é a oportunidade que a empresa tem para conhecer melhor o candidato. Uma entrevista de seleção, quanto a sua metodologia, pode ser: a. Entrevista estruturada: Baseia se num método previamente plane- jado do “que” e “como” fazer ao longo de todo o tempo da entrevista; b. Entrevista não estruturada: Não segue um padrão determinado ou não se pode prender a nenhum planejamento prévio de deta- lhes individuais. Aproveite a oportunidade da entrevista e deixe que o candidato exponha suas qualificações e expectativas para que você possa confirmar as infor- mações passadas pelo currículo. Faça perguntas diretas e fique atento não só às respostas, mas também ao comportamento do candidato. aplicação dE tEstEs Existe uma variedade de testes utilizados para avaliar o nível de conheci-mentos gerais, específicos e práticos de cada candidato. Quanto à finali- dade, as empresas adotam, entre outros, os seguintes tipos de testes: a. Teste prático: Método para avaliar um determinado conhecimento ou prática de trabalho; b. Teste situacional: Utilizado para avaliar o candidato em determina- das situações de trabalho; c. Teste psicológico: Instrumento que permite medir as características do candidato e traços quanto à disposição e seu temperamento; d. Teste grafológico: Análise da escrita (grafia) individual, uma fer- ramenta que faz inferência sobre aspectos como traços de perso- nalidade, inteligência, nível de energia, capacidade organizacional, Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 9 criatividade, integridades, maturidade emocional, autoimagem, ha- bilidades com as pessoas e tendências a ser empreendedor; e. Teste de personalidade: utilizado para conhecer as características dos indivíduos que determinam seu perfil comportamental; f. Dinâmica de grupo: ferramenta de grupo, que analisa os candida- tos numa situação simulada do trabalho cotidiano e permite avaliar as ações e reações de cada um com relação a um perfil esperado. antena pArAbóliCA Muitas vezes, a contratação errônea de um funcionário pode levar a enormes prejuízos. A existência de um pro- grama de recrutamento e seleção não invalida os erros de uma contratação. Várias são as técnicas para a con- tratação de um colaborador e cada empresa no trans- correr do tempo adquire as suas. Porém, erros e distor- ções no processo seletivo comprometem os resultados e custam para a empresa três vezes o salário anual. Ou seja, um funcionário que custa à empresa R$ 50 mil reais por ano, se não for a pessoa certa, acarretará o custo de R$ 150 mil reais por ano. Considere não só os eventuais custos rescisórios, mas também a constatação de que a pessoa errada causará perdas de oportunidade, negó- cios, clientes novos e antigos, somado ainda ao custo de buscar outro colaborador para a empresa. Em termos de custo e benefícios, a contratação cor- reta não deve levar em consideração somente aspectos como inteligência, conhecimento, personalidade ou edu- cação. Deve sim saber correlacionar como o futuro con- tratado age instintivamente e como toma suas decisões em cada momento. Por exemplo, o empresário X costuma terminar sua seleção de candidatos da seguinte forma: quando atin- ge o número mínimo de dois ou três candidatos, leva- -os para jantar no restaurante de um amigo, onde um garçom já está previamente instruído a confundir os pe- didos dos candidatos. Se os candidatos pedem um filé bem passado, o garçom traz um filé mal passado. Dessa forma, o empresário começa a observar as reações de- les. Dependendo do modo como o candidato reclama, o empresário avalia se isso pode ser um indicativo de um sujeito agressivo ou insistente dentro da empresa. Caso não reclame, o empresário pergunta a ele como está sua refeição: se ele disser que esta ótima, corre-se o risco de contratar um sujeito muito acomodado, que não trará grande contribuição à empresa e que busca apenas um lugar para se aninhar. Em um determinado momento o empresário pode perguntar ao candidato algo como: “Achei que havia pedido bem passado e notei que lhe trouxeram um filé mal passado”. Se a resposta for “Normalmente eu iria reclamar, mas estou aqui pelo emprego e não pela comida”, o empresário pode estar diante de uma pessoa cujo grau de discernimento o co- loca numa posição de dianteira na disputa. e AgorA, José? Agora que você já conhece o Processo de Agregar Pes- soas, ou seja, recrutar e selecionar, e sabe como utili- zar as técnicas apresentadas na UA, chegou a hora de aprender como aplicar as pessoas contratadas na em- presa, ou seja, como integrar o funcionário na função e no departamento do qual fará parte. Lembre-se: nossa atividade não para na seleção do melhor candidato. Ago- ra temos que integrá-lo ao time da empresa. Para tanto, você aprenderá na próxima UA o que é Cultura e Clima Organizacional e como utilizar esses conceitos no coti- diano empresarial. Bons estudos! Gestão de Pessoas / UA 03 Agregar Pessoas: Recrutamento e Seleção 12 glossário Absenteísmo: do francês absentéisme, deriva- do do inglês absenteeism, de absentee, ou pessoa que falta ao trabalho, à escola etc., falta de assiduidade, sobretudo ao trabalho. Cultura Organizacional: as empresas, tal como os países, têm uma cultura única. É, por isso, crucial que as empresas divulguem de forma explícita quais são os valores que valorizam. Outplacement: investimento de uma empresa na recolocação de ex-funcionário em ou- tra organização. Turnover: palavra em inglês, que na tradução quer dizer: rotatividade; movimentação; giro; circulação; medida da atividade empresarial relativa ao realizável a curto prazo; vendas. reFerênCiAs CHIAVENATO I. �Gestão de pessoas: o novo pa- pel dos recursos humanos nas organiza- ções. Rio de Janeiro: Campus, 1999. BOHLANDER G.; SNELL S.; SHERMAN A. �Adminis- tração de Recursos Humanos. São Paulo: Pioneira Thomson, 2005. LACOMBE, F. �Recursos Humanos: Princípios e Tendências. 5ª ed.São Paulo: Saraiva, 2005. MARRAS, J. P. �Administração de Recursos Hu- manos: Do operacional ao estratégico. 12ª ed. São Paulo: Futura, 2007. PINTO-ROCHA S. R. DA.; PEREIRA C. S.; COUTINHO M. T. C.; JOHANN S. L. �Dimensões funcio- nais da gestão de pessoas. 9ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007. TACHIZAWA T.; FERREIRA V. C. P.; FORTUNA A. A. M. �Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. 5ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. gestão empresarial gestão de pessoas aplicar pessoas: cultura e clima organizacional gestão de pessoas aplicar pessoas: cultura e clima organizacional 4 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA, o aluno deverá ser capaz de: explicar os elementos que compõe a cultura organizacional; definir socialização organizacional; e descrever os métodos de socialização organizacional. COmpetênCias Planejar programas de socialização e integração orga- nizacional. Habilidades Conhecer os métodos de socialização; identificar aspec- tos culturais; desenvolver manuais de orientação do colaborador e descrever os principais itens de um pro- grama de socialização. ApresentAção Como vimos na UA anterior, o processo de agregar pes- soas possui diferentes atividades. As primeiras, recruta- mento e seleção, você já conhece. Mas o que acontece depois que é escolhida uma pessoa para entrar na or- ganização? Como ela deve ser recebida? Quais os pas- sos seguintes? Esse é exatamente o assunto desta UA, em que será abordada a maneira como as pessoas são recepciona- das, introduzidas e iniciadas na organização, bem como a importância da socialização e seu ajustamento à cultu- ra organizacional. Bons estudos! pArA ComeçAr Quando iniciamos algo novo em nossas vidas, levamos um tempo para nos ambientarmos com ele. Quem não se lembra do seu primeiro dia de escola? Quantos senti- mentos contraditórios, expectativas e sonhos... Bem, o primeiro dia de trabalho não é diferente. Es- tamos eufóricos por termos sido escolhido no processo de seleção, mas, por outro lado, estamos nervosos por irmos enfrentar o desconhecido. Não sabemos ao certo onde vamos trabalhar, quem serão nossos colegas, quem serão nossos superiores imediatos e como vamos trabalhar. Não conhecemos os costumes, as características da organização e, principal- mente, não estamos a par de nenhuma daquelas peque- nas coisas que fazem parte do expediente que, para os colaboradores mais antigos, já são tão familiares. Estamos ávidos para trabalhar, mas ainda não sabe- mos como fazer isso. Estudamos na UA anterior os processos de agregar pessoas. Após o processo de provisão vêm os proces- sos de aplicação de pessoas, ou seja, uma vez recruta- das e selecionadas, as pessoas deverão ser integradas à Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas:Cultura e Clima Organizacional 4 organização, posicionadas em seus respectivos cargos e tarefas e avalia- das quanto ao seu desempenho. Nesta UA você conhecerá a forma como as pessoas são recepcionadas, introduzidas e iniciadas na organização. O primeiro passo para a aplicação das pessoas nas diversas atividades da organização é a orientação. Mas o que significa orientar? Se sua definição foi no sentido de explicitar que orientar significa in- dicar o rumo à alguém, instruir, encaminhar, guiar, estou de acordo com você. Mas se você ainda acrescentou que orientar significa definir com- portamentos e ações, estabelecer metas e resultados, sua formulação foi ainda mais completa. Dessa forma, a orientação de pessoas trata de posicionar as pessoas em suas atividades e esclarecer o papel, os objetivos e as expectativas da empresa em relação a ela. Atenção A orientação de pessoas não é um processo exclusivo dos novos colaboradores. Quando a organização faz mudanças, as pessoas precisam sentir em que situação se encontram e para onde devem conduzir suas atividades e canalizar seus esforços. Se você tivesse que avaliar o processo de orientação na organização em que trabalha ou que já trabalhou, como você o avaliaria? De nada vale orientar as pessoas se a organização não sabe para onde pretende ir. É fundamental conhecer o caminho a ser seguido pela orga- nização. Conhecer a missão, a visão e se ajustar a cultura organizacional é fundamental para o sucesso organizacional FundAmentos CUltUra OrganizaCiOnal Se analisarmos os seres humanos, perceberemos que cada um tem sua própria cultura e personalidade, ou seja, valores, percepções, crenças, sentimentos, atitudes e hábitos que os diferenciam dos demais. É possível traçar uma analogia com os seres humanos e as organiza- ções, já que estas também tém sua própria cultura, que as torna diferentes Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 5 das demais. Chiavenato (2004, p. 164) define cultura como “o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e expecta- tivas, compartilhado por todos os membros da organização”. Nesse sentido, a cultura estabelece um referencial de padrões de de- sempenho entre os funcionários, determina índices de produtividade, in- fluencia na pontualidade e preocupação com qualidade e serviço ao cliente. DicA A cultura organizacional é o espelho do modo de como a organização é gerida, como ela conduz seus negócios, como administra sua carteira de clientes, fornecedores e colaboradores. COmpOnentes da CUltUra OrganizaCiOnal Agora vamos falar um pouco sobre os elementos que compõem a cultura organizacional. Suponha que você queira entender a cultura de uma or- ganização, porque está pensando em trabalhar nela. Como você poderia fazer para descobrir a cultura dessa organização? Alguns elementos nos proporcionam pistas úteis sobre a cultura. São eles: → Declarações de missão e visão da empresa: consideradas como ponto de partida, refletem qual é a imagem pública que a empresa tem e deseja ter. Trata-se do que a empresa entende como atitudes primordiais para o sucesso, por exemplo: satisfação do cliente, bus- ca da excelência e qualidade, preços baixos etc; → Histórias, lendas e mitos: são os “contos” que ouvimos a respeito dos fatos – reais ou não – que ocorrem na organização, narrados por pessoas mais antigas na empresa; → Crenças e pressupostos: referem-se ao que é tido como verdadeiro pela empresa; → Ritos, rituais e cerimônias: proporcionam mais pistas sobre a cul- tura do que se imagina. São os eventos, em geral, que ocorrem den- tro da organização e fazem com que a cultura se torne mais visível. Festinhas de aniversário do mês, premiação de um ou mais funcio- nários pelo desempenho na atividade exercida etc.; → Heróis: são as pessoas que fizeram e/ou fazem história dentro da organização através de ações que lhe fortaleceram. Antônio Ermírio de Moraes da Votorantin, Jack Welch da GE são exemplos; Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 6 → Tabus: tudo o que é tido como não permitido dentro da organiza- ção. Existem organizações, por exemplo, que vetam a contratação de pessoas da mesma família, namoro entre colegas de trabalho etc; → Símbolos: vão desde o logotipo até a mobília da organização. A bandeira nacional é um símbolo da República Federativa do Brasil, por exemplo; → Práticas Empresariais: o modo como a empresa responde aos pro- blemas, toma decisões estratégicas e trata os clientes e colaborado- res diz muito sobre o que a alta administração realmente valoriza; → Normas: são as regras que ditam o comportamento considerado cor- reto pela empresa e que deve ser seguido pelos seus colaboradores. As culturas podem ser fortes ou fracas. Culturas fortes têm grandes in- fluências sobre o modo como a pessoas se comportam e pensam. Cultura forte é aquela em que todos entendem e acreditam nas metas, priorida- des e práticas da organização. Pode ser uma grande vantagem para a organização se os comportamentos que encoraja e facilita forem os apro- priados. Por outro lado, se apoia comportamentos inadequados, pode dificultar os esforços da organização em operar as mudanças desejadas. Em contraste com isso, numa cultura fraca, pessoas diferentes têm valo- res diversos. Existe confusão a respeito das metas e valores da organização. Essa cultura pode proporcionar confusão, conflito e baixo desempenho. Há também culturas organizacionais adaptativas, que se caracterizam pela flexibilidade e enfatizam a criatividade e a inovação, e culturas conser- vadoras, voltadas para a manutenção do status quo e do conservantismo. Atenção Organizações que fazem constantes revisões e atualizações de sua cultura têm a mesma chance de levar uma empresa ao fracasso como uma empresa altamente rígida. Dessa for- ma, é fundamental um grau de estabilidade para garantir a identidade da organização. sOCializaÇÃO OrganizaCiOnal Em muitas organizações, os colaboradores admitidos são apresentados ao seu local de trabalho, aos equipamentos e, quando muito, aos colegas. São orientados pelo supervisor sobre “o que fazer”, mas não sobre as res- ponsabilidades e direitos. Acabam aprendendo tudo sozinhos durante as primeiras semanas, muitas vezes de maneira errada, adquirindo vícios que Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 7 podem comprometer a eficiência ou obtendo informações equivocadas so- bre a organização. Como resultado, os colaboradores já iniciam com baixa motivação, sentindo-se ali perdidos e desnecessários. conceito Segundo Chiavenato (2004), a socialização é a maneira como a organização recebe seus novos colaboradores e os integra a sua cultura, ao contexto organizacional e ao pró- prio sistema, ou seja, como os envolve à missão, visão e objetivos organizacionais. Para se ter um colaborador motivado e comprometido é fundamental que ele seja bem recebido, saiba a posição que vai ocupar, com quem vai se relacionar, os resultados que se espera dele, direitos e deveres, o funcio- namento do dia a dia da empresa, os canais de comunicação e a impor- tância do seu trabalho para a organização. Estes são itens imprescindíveis para o alcance dos objetivos organizacionais. Métodos de socialização organizacional Os métodos mais utilizados são: → Processo Seletivo: a socialização inicia-se no processo seletivo, per- mitindo ao candidato informações sobre o funcionamento da orga- nização. Ele conhece a cultura, os colegas de trabalho, atividades desenvolvidas, desafios, recompensas, superiores imediatos e estilo de administração; → Conteúdo do Cargo: o novo colaborador deve inicialmente receber tarefas capazes de proporcionar-lhe sucesso no início de sua carrei- ra na organização para, posteriormente, receber tarefas mais com- plexas e desafiadoras. Com isso, os novos colaboradores tendem a internalizar altos padrões de desempenhoe expectativas positivas a respeito de recompensas resultantes de seu trabalho; → Supervisor como Tutor: o supervisor deve acompanhar e orientar o novo colaborador durante o período inicial na organização, reali- zando quatro funções: transmitir ao novo colaborador uma descrição clara da tarefa a ser realizada; proporcionar todas as informações ne- cessárias para a realização da tarefa; negociar metas e resultados e; proporcionar ao novo colaborador feedback sobre seu desempenho; Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 8 → Grupo de Trabalho: a integração é atribuída a um grupo de tra- balho. Os grupos têm forte influência sobre as crenças e atitudes das pessoas a respeito da organização e sobre como elas devem se comportar; → Programas de Integração: é um programa que visa familiarizar o novo colaborador com a cultura, estrutura organizacional (áreas e departamentos), principais produtos e serviços, missão e aos objeti- vos organizacionais. Constitui o principal método de aculturamento, cuja finalidade é fazer com que o novo colaborador incorpore os va- lores, as normas e os padrões de comportamento que a organização considera fundamentais para um bom desempenho. Observe na Tabela 1 os principais itens abordados, e seus respectivos conteúdos, apresentados em um Programa de Integração: assuntos organizacionais Missão e os objetivos da organização Políticas e diretrizes da organização Estrutura e unidades organizacionais Produtos e serviços oferecidos pela organização Regras e procedimentos internos Procedimentos e segurança no trabalho Arranjo físico e instalações que o novo membro irá utilizar benefícios oferecidos Horários de trabalho, de descanso e de refeições Dias de pagamento e adiantamento salariais Programas de benefícios sociais oferecidos pela organização relacionamento Apresentação aos superiores e aos colegas de trabalho deveres do novo participante Responsabilidades básicas confiadas ao novo funcionário Visão geral do cargo Tarefas Objetivos do cargo Metas e resultados a alcançar Usualmente, o novo colaborador recebe um manual de informação que atua como um instrumento facilitador no processo de integração/sociali- zação na medida em que: → Serve de documento de referência para os novos colaboradores; Tabela 1. Principais Itens Abordados em um Programa de Integração. Fonte: Elaborado a partir de Chiavenato (2004). Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 9 → Fornece informações sobre a organização; → Facilita a integração na organização e no meio profissional a que vai pertencer; → Traz informações que contribuirão para o bom desempenho profissional; → Funciona como instrumento de gestão, o qual permitirá, de forma rápida e eficaz, a integração dos colaboradores. Veja um exemplo de conteúdo de um manual de informação do colaborador: mensagem de boas-vindas apresentação da organização Localização, origem, evolução histórica, missão, visão, valores, áreas de negócio, produtos e serviços comercializados, certificados de qualidade, prêmios adquiridos, organograma. apresentação das estruturas representativas Sindicatos, comissão de trabalhadores. dia a dia Horário de trabalho, marcação do ponto, períodos de descanso, ausências de trabalho, dias de pagamento, utilização de telefones, supervisão, local de trabalho, locais de utilização e movimentação. higiene e segurança no trabalho Prevenção de riscos profissionais (proteção coletiva e individual), sistemas de detecção, alarmes e extintores, manuais de incêndio, atividade de medicina ocupacional. políticas de qualidade Critérios e normas que regem a organização. benefícios Férias e descanso semanal, feriados, seguro de vida, assistência médico-hospitalar, estacionamento, programas de treinamento, plano de sugestões, planos de seguridade social, serviço social, refeitório, subsídios de alimentação e de transporte. programa de gestão de pessoas Formação e desenvolvimento, hipóteses de evolução na carreira, critérios de avaliação de desempenho, política salarial, prêmios. objetivos do PrograMa de orientação Conforme explicado em Chiavenato (2004) o programa de orientação visa alcançar os seguintes objetivos: → Reduzir a ansiedade das pessoas: a ansiedade é geralmente pro- vocada pelo receio de falhar e decorre da incerteza a respeito da capacidade de realizar o trabalho. Quando o novo colaborador re- cebe a tutoria, orientação e apoio de colaboradores experientes, a ansiedade se reduz; Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 10 → Reduzir a Rotatividade: a rotatividade é mais elevada durante o período inicial do trabalho pelo fato de os novos funcionários se sentirem ineficientes, indesejados ou desnecessários. A orientação eficiente neutraliza essa reação; → Economizar Tempo: quando os novos colaboradores não recebem orientação, eles gastam mais tempo para conhecer a organização, o seu trabalho e os colegas, perdendo dessa forma a eficiência; → Desenvolver Expectativas Realísticas: os novos colaboradores fi- cam sabendo o que deles se espera e quais são os valores almejados pela organização. antena pArAbóliCA Em função da Lei de Cotas (Decreto 3.298/99), as organi- zações com mais de cem colaboradores têm uma nova ordem compulsória: “Admitir pessoas com deficiência”. Esta lei coloca os profissionais de gestão de pessoas frente à necessidade de lidar com a falta de informação sobre a deficiência e as possibilidades e potenciais da pessoa que a contém. Pesquisas indicam que há diversas barreiras funcio- nais e arquitetônicas, mas enfatizam principalmente a falta de preparo social das organizações. Contratar uma pessoa com deficiência apenas para cumprir a lei contri- bui simplesmente para aumentar o preconceito de que ela não possui competência laboral. Processos forçados de inclusão levam a um dramático choque cultural. Até que ponto os colaboradores estão preparados para lidar com pessoas com deficiência? E as pessoas com deficiência estão preparadas para vivenciar o mundo corporativo? Dessa forma, processos de contratação de pessoas com deficiência não se resumem simplesmente a ações de recrutamento e seleção. Exige planejamento de ação social, investimento em educação e treinamento da pes- soa com deficiência para atuar no mundo corporativo e do colaborador para lidar com ela. e AgorA, José? Nesta UA descrevemos como as pessoas são recepciona- das, introduzidas e iniciadas na organização. Enfatizamos inicialmente a importância da orientação das pessoas dentro dos cargos organizacionais e o seu ajustamento à cultura organizacional. Depois estudamos a função da socialização organizacional como elemento de fixação e manutenção da cultura organizacional. Agora que você já conhece os métodos e os ob- jetivos do processo de socialização e integração dos colaboradores à cultura organizacional, abordaremos na próxima UA a modelagem do trabalho, ou seja, as diver- sas formas de desenhar e estruturar os cargos dentro da organização. Bons estudos! Gestão de Pessoas / UA 04 Aplicar Pessoas: Cultura e Clima Organizacional 13 glossário Objetivos Organizacionais: resultado desejado que uma organização pretende alcançar den- tro de um determinado período. Missão: representa a razão da existência de uma organização. Significa a finalidade ou o motivo pelo qual a organização foi criada e para que ela deve servir. Visão: é a imagem que a organização tem a res- peito de si mesma e do seu futuro. ISO 9.000: designa um grupo de normas téc- nicas que estabelece o modelo de gestão de qualidade. reFerênCiAs BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. �Administração: construindo uma vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. CHIAVENATO I. �Gestão de pessoas: o novo pa- pel dos recursos humanos nas organiza- ções. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. LACOMBE, F. �Recursos Humanos: Princípiose Tendências. 5ª ed. ed.São Paulo: Sarai- va, 2005. MARRAS, J. P. �Administração de Recursos Hu- manos: Do operacional ao estratégico. 12ª ed. São Paulo: Futura, 2007. TACHIZAWA T.; FERREIRA V. C. P.; FORTUNA A. A. M. �Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. 5ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. gestão empresarial gestão de pessoas APLICAR PESSOAS: ORIENTAÇÃO AO TRABALHO – DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE CARGOS gestão de pessoas AplicAr pessoAs: orientAção Ao trAbAlho – Descrição e Análise De cArgos 5 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA, o aluno deverá ser capaz de: definir dese- nho, descrição e análise de cargos e; entender como o desenho de cargos afeta as práticas de gestão de pessoas. COmpetênCias Planejar desenhos de cargos de acordo com o con- texto organizacional. Habilidades Conhecer os modelos de desenho de cargos, saber des- crever e analisar cargos e; identificar os métodos de colheita de dados sobre cargos. ApresentAção Nas organizações, cada pessoa tem uma série de res- ponsabilidades, atividades e processos que deve desem- penhar em um dia de trabalho, mas como saber o que cada um deve fazer? É exatamente isto o que será abor- dado a partir de agora! Nesta UA veremos mais uma das atividades do profis- sional de Gestão de Pessoas: o desenho de cargos. Esta é uma função muito importante. Já imaginou se todos fizessem um pouco de tudo, como seria? E se não tivés- semos ideia das responsabilidades de nossos colegas, quantas pessoas iriam fazer a mesma coisa e quantas atividades ficariam sem fazer? Preparado para iniciar? pArA ComeçAr Você já percebeu que na maioria das vezes, quando co- nhecemos uma pessoa, vamos logo perguntando: O que você faz na sua vida? Com isso pretendemos saber se estuda, trabalha, ou seja, qual sua ocupação. Indo mais adiante com nossa curiosidade, ainda perguntamos: Que curso você faz? Qual o cargo que você ocupa na empresa em que trabalha? Enfatizando o exemplo relacionado ao trabalho, com essas informações temos uma ideia da importância des- ta pessoa na organização, do nível hierárquico que ocu- pa e até mesmo do seu poder aquisitivo. Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos a mo- delagem do trabalho, ou seja, a forma como são desenha- dos, descritos e analisados os cargos nas organizações. Gestão de Pessoas / UA 05 Aplicar Pessoas: Orientação ao Trabalho – Descrição e Análise de Cargos 4 FundAmentos CargO, tareFa e FUnÇÃO Mas o que significa cargo? Para responder esta questão, Marras (2007) cita o exemplo de uma em- presa fabricante de máquinas especiais que, em sua área de usinagem leve, possuía 35 profissionais que trabalhavam com tornos. Se todos os tornos fossem iguais e as exigências para operá-los fossem do mesmo nível, a em- presa teria em sua estrutura organizacional apenas um cargo: o de tornei- ro. Contudo, esta não era a realidade. Havia funções e exigências diferen- ciadas e, portanto foram titulados diferentemente cada um dos perfis, o que gerou cinco cargos: torneiro de produção; torneiro mecânico I; torneiro mecânico II; torneiro mecânico III e torneiro especializado. Em uma definição simplista, cargo é a composição de atividades de- sempenhadas por uma pessoa, porém, é importante acrescentar algumas observações a esta definição: → Cada cargo exige certas competências do seu ocupante, ou seja, exi- gem que o ocupante saiba lidar com recursos, tecnologia, informa- ção e, dependendo do cargo, ainda ter uma boa relação interpessoal; → As competências variam conforme o cargo, o nível hierárquico e a área de atuação. Entretanto, há outros elementos inter-relacionados ao cargo que são im- portantes de se conhecer conceitualmente, segundo Chiavenato (2004). Tarefa é a unidade de trabalho que requer certa habilidade mental ou física para determinado fim. Quando tarefas suficientes se acumulam para justificar o emprego de um trabalhador, surge a Função. Para o au- tor, cargo é o conjunto de funções ou atividades equivalentes em relação às tarefas a serem desempenhadas, o qual é definido estrategicamente na busca da eficiência organizacional. A diferença entre função e cargo é que este é a posição estratégica que uma pessoa ocupa dentro de uma estrutura organizacional. A fun- ção, por sua vez, é o conjunto de tarefas e responsabilidades que corres- pondem a este cargo. A estrutura de cargos é condicionada pelo seu desenho, importante para a organização na medida em que promove aumento da motivação, bem como da satisfação e desempenho dos colaboradores. Os cargos não existem ao acaso: eles são intencionalmente desenhados dentro de certa racionalidade, pois objetivam a eficiência e a eficácia da organização. Gestão de Pessoas / UA 05 Aplicar Pessoas: Orientação ao Trabalho – Descrição e Análise de Cargos 5 desenHO de CargOs (jOb design) O desenho de cargos constitui a maneira como cada cargo é estruturado e dimensionado. Para desenhar um cargo, faz-se necessário definir quatro condições básicas: → Conteúdo do cargo: as tarefas que o ocupante deverá desempenhar; → Métodos e processos de trabalho: como as tarefas deverão ser desempenhadas; → Responsabilidade: a quem o ocupante do cargo deverá se reportar; → Autoridade: quem serão seus subordinados. Chiavenato (2004) entende que se pode definir o desenho de cargo como a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos no sentido de satisfazer os requisitos tecnológicos, orga- nizacionais e sociais, bem como os requisitos pessoais do ocupante. mOdelOs de desenHO de CargOs Você já pensou que um mesmo cargo pode variar de organização para organização? Isto acontece porque cada organização possui alguns ele- mentos-chave peculiares, tais como capital intelectual, cultura, práticas administrativas, políticas, estrutura e procedimentos operacionais. Dessa forma, através da análise dos modelos de desenho de cargos, con- seguimos compreender no que são diferentes. Observe abaixo a Tabela 1. moDelo clássico moDelo humAnístico moDelo contingenciAl Dá as pessoas o mesmo tratamento concedido às máquinas e recursos físicos. Tal modelo visa projetar cargos dentro de uma lógica, ou seja, segmentar e fragmentar os cargos em tarefas simples, repetitivas e facilmente treináveis, buscando a máxima eficiência. Em decorrência disso, os lucros aumentarão para a organização e, em função dos incentivos salariais, os salários dos trabalhadores serão maiores. Foi desenvolvido a partir da experiência de Hawthorne. Cuida apenas do contexto do cargo, ou seja, das condições sociais sob as quais o cargo é desempenhado e não do conteúdo em si. Representa uma abordagem mais ampla e atual, enfatizando três variáveis importantes: as pessoas, a tarefa e a estrutura da organização. Daí ser contingencial, pois decorre da adequação do desenho do cargo a essas três variáveis. Conforme Chiavenato (2004), o modelo contingencial baseia-se em cinco di- mensões essenciais que todo cargo deve possuir em maior ou menor grau: → Variedade: número e diversidade de competências exigidas pelo cargo; Tabela 1. Abordagens do desenho de cargo. Fonte: Chiavenato (2004) adaptado. Gestão de Pessoas / UA 05 Aplicar Pessoas: Orientação ao Trabalho – Descrição e Análise de Cargos 6 → Autonomia: grau de independência que o ocupante tem para plane- jar e executar seu trabalho; → Significado: quanto maior a noção do significado das tarefas que o ocupante executa, maior a importância que percebe em seu traba- lho, maior sua contribuição e mais elevada a responsabilidade; → Identidade com a tarefa: a identidade se relaciona com a possibili- dade de a pessoa efetuar um trabalho inteiro ou global e poder clara- mente identificar os resultados de seus esforços. O ocupante do cargo identifica-se com a tarefa na medida em que a executa integralmente, dando-lhe uma noção da totalidade, extensão e objetivo a alcançar;