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DCNs para educação ambiental

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DCNs para educação ambiental
Prof. Brendo Araujo Gomes
Descrição
Fundamentos históricos, legislativos e conceituais sobre a cidadania e a
educação ambiental.
Propósito
O conhecimento das principais concepções acerca da educação
ambiental e o histórico referente às suas disposições legais no Brasil é
primordial para a compreensão dos efeitos das ações humanas no
ambiente e para o estabelecimento de ações nas práticas
socioeducativas.
Objetivos
Módulo 1
A educação ambiental
Descrever os principais conceitos e contextos acerca da educação
ambiental.
Módulo 2
A cidadania ambiental
Reconhecer os principais pontos sobre a cidadania ambiental.
Desde a origem da civilização, há necessidade e dependência do
ser humano em relação ao ambiente. Assim, ao longo do
desenvolvimento da humanidade, foram necessários o
entendimento e a capacidade de desenvolver e utilizar
instrumentos para modificá-lo.
Com o avanço da tecnologia, o acelerado desenvolvimento
industrial e a necessidade de crescimento econômico a qualquer
custo, o homem tem se distanciado cada vez mais da natureza. Ou
seja, ele não se vê como parte dela, como parte do meio ambiente.
É urgente, então, que a humanidade esteja próxima e consciente
das questões ambientais.
Por conta disso, são desenvolvidas práticas de educação ambiental
para permitir a formação de cidadãos conscientes e responsáveis
pela conservação e preservação do meio e de todos os recursos
naturais, pela sua própria sobrevivência e a das gerações futuras.
Dessa forma, ao exercer a cidadania ambiental, os indivíduos
possibilitam o equilíbrio ambiental, o que gera bons frutos em
diversas áreas, como a social, a econômica e a ecológica.
Introdução
1 - A educação ambiental
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os principais conceitos
e contextos acerca da educação ambiental.
Introdução à educação
ambiental
A educação ambiental surgiu da necessidade de uma mudança brusca
nos modelos adotados pela sociedade que envolvem aspectos sociais,
econômicos e científicos. As problemáticas relacionadas a esses
aspectos, tais como a alta taxa de urbanização ligada ao crescimento
populacional exponencial, o comodismo e a praticidade do dia a dia
resultantes do desenvolvimento de tecnologias, forçaram a humanidade
a refletir sobre a educação ambiental.
Quando observamos o cenário atual do nosso meio ambiente e de
nossas relações com ele, conseguimos perceber que algo está
desbalanceado, não?! Uma vez que essas relações socioambientais não
estão em equilíbrio, com o aumento assustador dos desmatamentos, da
erosão e da poluição, graves consequências podem vir a ocorrer para a
humanidade e todos os seres vivos.
Os desastres naturais têm se tornado frequentes devido às mudanças climáticas provocadas
pelas ações do homem contra o meio ambiente.
Neste módulo, conheceremos um pouco mais sobre os principais
conceitos trabalhados na educação ambiental e sobre o histórico legal
dessa abordagem no Brasil e no mundo. Veremos também como esse
tema é trabalhado no âmbito do Ministério da Educação, por meio da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs).
Vamos lá?!
Principais conceitos acerca
da educação ambiental
A relação entre direitos humanos e meio ambiente se consolida no
momento em que as políticas mundiais assumem um compromisso de
conservação e preservação, garantindo um ambiente saudável e ideal
para a humanidade presente e futura. Entre as medidas intrínsecas a
essa relação, a educação ambiental é essencial para a conscientização
sobre o mundo do qual fazemos parte e necessitamos.
Costumamos ouvir essas duas palavras em diversos meios de
comunicação e escolas, mas o que seria educação ambiental ao certo?
De acordo com o primeiro artigo da Lei nº 9795,
publicada em 1999, a educação ambiental abrange
processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
Percebe-se que esse tema compreende conceitos de cunho social e
biológico. O principal conceito é a educação, que se baseia na ideia de
que os seres humanos apresentam um potencial que deve ser
desenvolvido no decorrer da vida. Assim, o educador seria o responsável
por criar condições para que esse desenvolvimento ocorra, estimulando
as pessoas a crescerem. Esse conceito, então, é especificado na
segunda palavra que o acompanha: ambiental.
E o que é o meio ambiente?
Conforme Sánchez (2015, p.18), ambiente pode ser um conceito amplo,
pois inclui a natureza e a sociedade; multifacetado, pois existem
diferentes formas de compreendê-lo; e maleável, já que pode ser
reduzido ou ampliado de acordo com quem fala sobre ele. Segundo a
Lei nº 6.938 de 1981, o meio ambiente é o conjunto de condições, leis,
influências e interações (de ordem física, química e biológica) que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Dessa maneira, podemos também conceituar a educação ambiental
como um ramo da educação cujo objetivo não é apenas um modelo de
transmissão de conhecimento, mas sim um modelo de vida. Seu
objetivo é promover a transformação de comportamentos e valores e a
busca por uma visão acerca da necessidade e dependência dos
recursos naturais, ligada diretamente à garantia de futuro para a
humanidade.
Além disso, a educação ambiental estimula a troca a partir e com os
diferentes sujeitos sociais em interlocução, a fim de construir soluções
para questões ambientais e diminuir o distanciamento do diálogo entre
peritos e leigos ou, por exemplo, entre os educadores e agentes
ambientais e as crianças e jovens em formação.
O professor desempenha um papel importante no processo de educação ambiental.
O professor, como mediador, pode auxiliar na compreensão da
importância da preservação e utilização sustentável dos recursos, na
preparação dos indivíduos para a vida enquanto membro da biosfera, no
saber lidar e manter os sistemas ambientais em sua totalidade e no
processo de reconhecimento de valores, conceitos e interrelações entre
a humanidade, suas culturas e o meio ambiente.
Com isso, habilidades poderão ser desenvolvidas e atitudes modificadas
mediante essa abordagem que surgiu do interesse da humanidade pela
importância do meio ambiente.
Nesse contexto, existem diversas áreas e conceitos biológicos que são
discutidos no âmbito da sociedade. Um exemplo é o conceito de
ecossistema.
Ecossistema é considerado um sistema estável,
autossuficiente e em equilíbrio dinâmico que inclui os
seres vivos e o ambiente com suas características
físico-químicas e interrelações.
Equilíbrio dinâmico
Condição de relativa estabilidade para o funcionamento adequado de um
organismo ou até mesmo de um ecossistema.
Ao alterarmos os fatores que mantêm esse equilíbrio dinâmico no
ecossistema por meio da diminuição da biodiversidade (ou diversidade
de espécies), da maior entrada de nutrientes em dado local (poluição)
ou do aumento na quantidade de uma única espécie em um local
(criação de animais e monocultura, por exemplo), consequências graves
para a nossa sobrevivência podem surgir.
Assim fica fácil entender a necessidade da proteção, preservação e
conservação dos recursos naturais da biosfera, não?!
Principais práticas e abordagens da
educação ambiental
No estudo e aplicação da educação ambiental, há três correntes que
caracterizam a diversidade das práticas e abordagens: a protecionista, a
preservacionista/conservacionista e a pragmática. Vamos conhecer um
pouco mais sobre cada uma delas.
Pessoas adeptas à corrente protecionista centralizam sua
atenção nos problemas de proteção e defesa da vida animal e da
vida selvagem. Assim, por meio de ações diretas de campanhas,
associações e mediações políticas, os protecionistas defendem
espéciesde animais e vegetais mais afetadas pelo
comportamento e hábitos de vida dos humanos, os quais são
tidos como cruéis, atrasados e selvagens.
Peça publicitária para divulgação de campanha pela preservação do Sauim.
Um exemplar de uma determinada espécie da fauna ou flora
torna-se o foco de ações políticas e educativas nesse tipo de
corrente, em que um público definido de pessoas que têm
envolvimento direto com a espécie é sensibilizado pela
legislação ou pelos valores intrínsecos do ser vivo. Dessa forma,
espera-se que esse público mude o seu comportamento e queira
aderir à causa apresentada pelos protecionistas.
Diferentemente dos protecionistas, as pessoas adeptas da
corrente preservacionista ou conservacionista utilizam
conhecimentos biológicos e impactos dos processos de
Abordagem protecionista 
Abordagem preservacionista/conservacionista 
ocupação e industrialização para lutar em prol do meio ambiente
e da manutenção da nossa vida no planeta. Assim, quando
comparados aos protecionistas, os preservacionistas ampliam a
luta para além da proteção da vida selvagem e buscam
ressignificar a existência do ser humano, ao procurar superar o
comportamento selvagem na condição humana que leva à
crueldade com os animais, por exemplo.
Os preservacionistas pregam a necessidade de preservação de
pedaços intocados da natureza e da vida selvagem frente aos
impactos antrópicos, apenas permitindo a interação das pessoas
com o espaço preservado para fins de lazer, educação e
conhecimento. Outro objetivo da educação preservacionista é ter
o foco no ambiente não humano e nos problemas de
preservação dos recursos naturais e de proteção da vida
selvagem, buscando salvar o ambiente pela sua beleza e valor
ecológico.
Ação de plantio de espécies para conservação da biodiversidade em área de mangue,
na Malásia.
Dessa forma, os preservacionistas utilizam conceitos da biologia
como conteúdo para informar, criando uma política de regulação
de uso e de manutenção dos espaços naturais para preservação.
Apesar de seus ideais, essa corrente é criticada por não abordar
junto com a problemática ambiental as questões sociais, como
os conflitos e os direitos de territorialidade das populações.
Já a corrente pragmática tem como centro da educação
ambiental o aspecto utilitarista e racional da administração e
exploração dos recursos naturais. Bem diferente, não é mesmo?
Nessa vertente, os adeptos buscam pela redução de resíduos,
pela eficiência na exploração e consumo desses recursos e pela
produção máxima de forma sustentável. Esses fatores foram
referências básicas para instituir o que chamamos atualmente
de política do desenvolvimento sustentável, focando nas
consequências da degradação ambiental.
A proposta de educação com enfoque pragmático englobou os
pressupostos da corrente preservacionista, em que são adotadas
as ideias de unidade de conservação intocada — com exceção
para as atividades de lazer, pesquisa e educação — e a utilização
do conhecimento proveniente da ecologia e das ciências
Abordagem pragmática 
naturais, argumentando que a ignorância das populações locais
sobre esse conhecimento leva a comportamentos inadequados
em relação ao patrimônio natural.
O que difere a corrente pragmática da proposta preservacionista
é que ela amplia as ações políticas, foca em minimizar o uso
excessivo dos recursos naturais e incentiva a mudança de
hábitos relacionados a consumo, desperdícios e mau
comportamento. Aqui, o foco das ações educativas é o
comportamento individualizado, com propostas de
conscientização e mudanças de atitudes indesejadas.
Além dessas três propostas de educação ambiental de que falamos,
existe uma quarta, chamada educação ambiental crítica. Como as
demais correntes, essa foi criada a partir do desejo de transformação
frente a uma crise socioambiental. No entanto, ela propõe atividades
educativas individuais e coletivas de forma transversal e construtivista.
Nessa perspectiva, os indivíduos são capazes de desenvolver o seu
senso crítico, ao se reconhecer como parte do ambiente em que vivem e
sugerir soluções para os problemas ambientais que encontram. Assim,
a educação ambiental crítica tem como objetivo estimular a consciência
de que o ser humano é parte do ambiente, superando a perspectiva
antropocêntrica.
Por fim, devemos sempre levar em consideração que qualquer análise
histórica sobre educação deve tomar como referência os diferentes
grupos sociais que estabelecem maneiras diversas de educar e
entender a natureza. Dessa forma, não há uma verdade universal ou
estratégia educacional universalmente válida, fazendo com que a
realização de atividades socioambientais deva levar em conta a
população em questão.
Aspectos históricos da
educação ambiental no Brasil
e no mundo
A prática educativa relativa ao meio ambiente — que chamamos
atualmente de educação ambiental — já recebeu diversos termos
definidores ao longo dos anos, como educação para desenvolvimento
sustentável, educação para gestão ambiental, ecopedagogia, educação
para a cidadania e educação para um futuro sustentável. Para
entendermos de forma adequada seus conceitos, suas ações
educativas e seu objetivo, é preciso observar como começou o
movimento ambientalista e seu contexto histórico-social.
Os primeiros registros
Durante os séculos XVIII e XIX, acadêmicos como Jean-Jacques
Rousseau e Louis Agassiz já destacavam a importância do estudo do
meio ambiente. Naquela época, diversas concepções desenvolvidas por
eles foram utilizadas como base para os primórdios de programas
educacionais acerca do meio ambiente.
Jean-Jacques Rousseau
Louis Agassiz
No Brasil, a Lei nº 1, de 1 de outubro de 1828, já tratava de questões
ambientais como o dever de zelar por poços, fontes, aquedutos, dentre
outros por parte da polícia. Abordava também outras construções de
uso e benefício comum da população, como o plantio de árvores
(BRANCO; ROYER; BRANCO, 2018, p. 190).
No início do século XX foi escrito o primeiro Manual para Estudos da
Natureza (Handbook of Nature Study), desenvolvido pela norte
americana Anna Botsford Comstock, em 1911. Nesse livro, a autora
usava questões acerca do meio ambiente para ensinar valores culturais.
Fila de trabalhadores desempregados em busca de pão, um retrato da crise de 1929.
Anos depois, o mundo atravessava o período da chamada Grande
Depressão — ou Crise de 1929 —, enfrentando o colapso da
superprodução, do capitalismo e do liberalismo econômico.
Em meio a esse contexto histórico, desenvolveu-se o conceito de
educação ambiental conservacionista.
O conceito de educação ambiental conservacionista foi inspirado na
ideia de conservação da natureza, motivado pelo nosso bem-estar no
ambiente natural, e na sua valorização e proteção. Naquele momento
ainda não havia uma problematização profunda sobre os impactos
antrópicos no ambiente e pouco era falado sobre sua relação com as
questões sociais e políticas.
Apesar da preocupação e do aumento da organização dos grupos
dedicados à causa da educação ambiental, o mundo continuou a
presenciar o desenvolvimento de “sintomas” da crise ambiental durante
a década de 1950, devido ao crescimento da poluição industrial.
A década de 1960
Essa década trouxe diversos movimentos relacionados à proteção do
meio ambiente. No ano de 1962, o livro Primavera Silenciosa foi
publicado pela autora Rachel Carson. A autora buscava alertar acerca
dos efeitos danosos de inúmeras ações humanas sobre o ambiente,
como o uso indiscriminado de pesticidas, por exemplo.
Rachel Carson, autora de Primavera Silenciosa.
Cinco anos depois, em 3 de janeiro de 1967, foi publicada no Brasil a Lei
nº 5.197, que dispõe sobre a proteção à fauna. O primeiro artigo dessa
lei determina que:
Os animais de quaisquer espécies,
em qualquer fase do seu
desenvolvimento, e que vivem
naturalmente fora do cativeiro,
constituindo a fauna silvestre, bem
como seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais, sãopropriedades do Estado, sendo
proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou
apanha.
(BRASIL, 1967)
A década de 1970
Dennis Meadows, um dos autores de Os Limites do Crescimento.
Já no início da década de 1970 foi desenvolvido o Manifesto para
Sobrevivência, em que grupos observaram que um aumento indefinido
de demanda não pode ser sustentado por recursos finitos.
Além desse manifesto, em 1972 foi desenvolvido, pelo Conselho para
Educação Ambiental e pelo Clube de Roma e o relatório chamado Os
Limites do Crescimento.
Esse relatório tinha como objetivo estudar e propor ações para se obter
um equilíbrio global, tendo em vista determinadas prioridades sociais e
o futuro desenvolvimento da humanidade tais como energia, poluição,
saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional.
Ainda em 1972 foi também realizada a Conferência sobre o
Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em Estocolmo. A Declaração de Estocolmo
indicava que, tanto para as gerações presentes quanto para as futuras,
um ambiente sadio e não degradado seria reconhecido como direito
fundamental à vida. Além disso, essa conferência ficou marcada por
outras diversas medidas importantes para intervenção nas questões
ambientais, como a formulação do Princípio 19.
“É indispensável um trabalho de educação em questões
ambientais, visando tanto às gerações jovens como os adultos,
dispensando a devida atenção ao setor das populações menos
privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública,
bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos,
das empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua
responsabilidade, relativamente à proteção e melhoramento do
meio ambiente, em toda a sua dimensão humana."
Em conjunto com essas medidas e declarações, a ONU criou um
organismo denominado United Nations Environment Programme
(UNEP) ou, em português, Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), sediado em Nairóbi, que auxilia na coordenação de
ações internacionais.
Em 1975, ocorreu o Encontro Internacional em Educação Ambiental,
realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO). Nesse evento, foi criado o Programa
Internacional de Educação Ambiental — PIEA. Também foi elaborada o
que ficou conhecida como Carta de Belgrado, que estabelece conceitos,
metas e princípios da educação ambiental.
O que dizia o Princípio 19? 
Essa carta define como objetivo da educação ambiental a formação de
uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os
seus problemas, que detenha os conhecimentos, as competências, as
motivações e o sentido de compromisso que lhe permitam trabalhar de
forma individual e coletiva na resolução das dificuldades atuais e
impedir que elas se apresentem de novo.
Em 1977, a cidade de Tbilisi, Geórgia (ex-União Soviética), sediou a
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada
pela UNESCO. Nela, definiram-se os objetivos e as características da
educação ambiental, assim como estratégias e princípios pertinentes no
plano nacional e internacional.
Já no final dessa década, em 1979, aconteceu o Seminário de Educação
Ambiental para a América Latina, realizado por UNESCO e PNUMA, na
Costa Rica.
Como você acompanhou até aqui, muitas medidas foram propostas e
inúmeras conferências internacionais foram realizadas. Um indicativo
do crescimento do alerta acerca das questões ambientais.
Mas e no Brasil?
O Brasil não ficou de fora, e também se desenvolveu durante a década
de 1970 nas questões relacionadas ao ambiente. A Universidade Federal
do Rio Grande do Sul criou o primeiro curso de pós-graduação em
Ecologia do país, estimulando grupos científicos a progredir nas
problemáticas ambientais dentro do país. Após esse feito, também
foram criados, em 1976, outros cursos de pós-graduação em Ecologia
nas Universidades do Amazonas, Brasília, Campinas, São Carlos e o
Instituto Nacional de Pesquisas Aéreas (INPA), em São José dos
Campos. Além disso, em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (SEMA).
A década de 1980
A década de 1980 foi marcada por avanços em políticas públicas no
Brasil. Em 1981, estabeleceu-se a Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA) no país por meio da Lei nº 6.938/81. A PNMA dispõe sobre a
necessidade da inclusão da educação ambiental em todos os níveis de
ensino, capacitando a população a atuar na conservação e preservação
do meio ambiente. Além dessa, também nasceu o SISNAMA (Sistema
Nacional do Meio Ambiente), com a promulgação da Lei nº 6.938/81.
Esse foi um verdadeiro marco na história da proteção ambiental
brasileira, pois articulou a proteção do meio ambiente sob a ideia de um
único sistema nacional.
Em 1985, o Ministério da Educação (MEC) publicou o parecer 819,
reforçando a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos ao
longo do processo de formação do ensino de 1º e 2º graus, que hoje
conhecemos como ensinos fundamental e médio.
Já em 1988, o Capítulo VI da Constituição da República Federativa do
Brasil foi dedicado ao meio ambiente e, no artigo 225, Inciso VI,
determina ao Poder Público promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente.
Além dos avanços na política brasileira, diversos acontecimentos
nocivos ao meio ambiente e à saúde humana aconteceram durante essa
década ao redor do mundo.
Em dezembro de 1984, cerca de 2 mil pessoas morreram envenenadas
na Índia, devido a um vazamento de gás da empresa Union Carbide.
Tonéis de gás da Union Carbide, em Bopal, na Índia.
Em abril de 1986, aconteceu o famoso acidente envolvendo o reator
nuclear na cidade de Chernobyl, na Ucrânia. As consequências desse
fatídico acidente ainda podem ser vistas atualmente em um ambiente
que segue bastante inóspito.
Um ano depois, em 1987, outro grande acidente radioativo ocorreu com
a abertura da cápsula de Césio 137, em Goiânia, no Brasil, por causa do
descarte indevido desse tipo de material.
Cidade de Pripyat, abandonada após o desastre de Chernobyl e que ainda apresenta sinais de
contaminação pela radiação.
Na década de 1980, também aconteceram eventos internacionais
visando à discussão de estratégias para a educação ambiental. Em
1987, ocorreu o Congresso Internacional sobre Educação e Formação
Relativas ao Meio Ambiente, na cidade de Moscou, Rússia, promovido
pela UNESCO.
Em 1989, foi realizada a 3ª Conferência Internacional sobre Educação
Ambiental para as Escolas de Ensino Médio, com o tema Tecnologia e
Meio Ambiente, na cidade de Illinois, Estados Unidos da América. Além
dessa última conferência, ocorreu o preparatório do evento Rio-92
mediante a declaração de Haia, em que foi apontada a importância da
cooperação internacional nas questões ambientais.
A década de 1990
Diferentemente das demais décadas, a década de 1990 é conhecida por
várias conferências internacionais que focam diretamente a educação
ambiental e os planos de ação.
Por sinal, o ano de 1990 foi declarado pela ONU como o Ano
Internacional do Meio Ambiente. Além disso, foi publicada a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos, em que pode ser encontrada a
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien,
na Tailândia.
No Brasil, em 1991, foi criada uma Comissão Interministerial para as
questões ambientais e que teve como premissa considerar a educação
ambiental como um dos instrumentos da política ambiental brasileira.
Já em 1992, foi realizada a primeira Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, chamada de Rio-92. Nela, foi desenvolvida
a Agenda 21, que continha um plano de ação de orientação para
transformação da sociedade, e a Carta da Terra, uma declaração que
apresenta princípios que buscam promover a paz, a justiça e a
sustentabilidade na sociedade.
Além disso, tambémfoi elaborado pela sociedade civil planetária no
fórum global um tratado de educação ambiental para sociedades
sustentáveis com responsabilidade global. Nesse documento estão os
princípios fundamentais da educação para sociedades sustentáveis,
destacando a necessidade de formação de pensamento crítico, coletivo
e solidário, de interdisciplinaridade, multiplicidade e diversidade.
Saiba mais
Em 1997, uma nova conferência internacional sobre o meio ambiente e a
sociedade aconteceu na cidade de Thessaloniki, na Grécia, para
avaliação dos resultados dos protocolos gerados na Rio-92. Dessa
forma, foi constatado que o desenvolvimento da educação ambiental foi
insuficiente nesse período de cinco anos.
Também no ano de 1997 iniciou-se a discussão acerca do Protocolo de
Kyoto, que propunha um calendário com metas de redução de emissão
de gases do efeito estufa que os países-membros teriam a obrigação de
cumprir.
Logo do CONAMA.
Já na política ambiental brasileira, outro passo importante foi a criação,
em 1993, de duas instâncias do poder executivo destinadas a tratar da
educação ambiental: a Coordenação-Geral de Educação Ambiental do
MEC e a Divisão Ambiental do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Já em 1994, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental
(PRONEA). Além disso, foi criada, em 1995, a Câmara Técnica
Temporária de Educação Ambiental, no Conselho Nacional de Meio
Ambiente – CONAMA, determinante para o fortalecimento da educação
ambiental.
Ao final da década de 1990, foi promulgada a Lei nº 9.605, de 13 de
fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Ela
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Em 27 de abril de 1999, nasceu a Lei nº 9.795, que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Nela é afirmado que todos
têm direito à educação ambiental, considerada como componente
essencial e permanente da educação nacional, que deve ser exercida de
forma articulada em todos os níveis e modalidades de ensino, sendo ela
de responsabilidade do SISNAMA, do sistema educacional, dos meios
de comunicação, do Poder Público e da sociedade em geral.
Juntamente à criação dessa Lei, surgiu a Portaria nº 1648/99 pelo MEC
para criar um grupo de trabalho com representantes de todas as suas
secretarias, no qual se discutiu a regulamentação dessa política.
Que tal conhecer melhor o PNEA? Vamos começar pelos seus princípios
básicos:
I - o enfoque humanista, holístico,
democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente
em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio
natural, o socioeconômico e o
cultural sob o enfoque da
sustentabilidade;
III - pluralismo de ideias e
concepções pedagógicas, na
perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a
educação, o trabalho e as práticas
sociais; a garantia de continuidade e
permanência do processo
educativo;
V - a permanente avaliação crítica
do processo educativo;
VI - a abordagem articulada das
questões ambientais locais,
regionais, nacionais e globais;
VII - o reconhecimento e o respeito à
pluralidade e à diversidade
individual e cultural.
(BRASIL, 1999)
Além disso, a PNEA tem como objetivos fundamentais da educação
ambiental:
I - o desenvolvimento de uma
compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e
complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e
éticos;
II - a garantia de democratização
das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de
uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação
individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do
equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da
cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as
diversas regiões do País, em níveis
micro e macrorregionais, com vistas
à construção de uma sociedade
ambientalmente equilibrada,
fundada nos princípios da liberdade,
igualdade, solidariedade,
democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fortalecimento da cidadania,
autodeterminação da integração
com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania,
autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos
para o futuro da humanidade.
(BRASIL, 1999)
Os anos 2000
A partir da primeira década dos anos 2000, o mundo teve uma atenção
maior voltada para a educação ambiental e para problemas
socioambientais, uma vez que as consequências dessas complicações
são cada vez mais eminentes. Em 2002, a ONU realizou a Conferência
das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em
Joanesburgo, na África do Sul. Conhecida como Rio+10, o encontro teve
como objetivo rever as metas propostas pela Agenda 21 e implementar
o que já estava em andamento.
Nos anos de 2004 e 2005, começou a vigorar o Protocolo de Kyoto. Esse
acordo determinava que, no período entre 2008 e 2012, pelo menos 5,2%
da emissão dos gases do efeito estufa deveria ser reduzida, em relação
aos níveis de 1990.
Líderanças mundiais reunidas para a Rio+20.
No ano de 2012, foi realizada, no Rio de Janeiro, a conferência
conhecida como Rio+20, justamente por marcar os vinte anos da Rio-92.
Esta conferência teve por objetivo garantir e renovar o compromisso
entre os políticos para o desenvolvimento sustentável.
Infelizmente, mesmo depois dos últimos eventos realizados com esse
propósito, ainda é possível observar o aumento dos problemas
ambientais e socioambientais.
Educação ambiental no
âmbito do Ministério da
Educação: PCNs, DCNs,
BNCC
Segundo a Lei nº 9.795/99, a educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal.
Ainda segundo a lei, a abordagem ambiental formal é aquela
desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino
públicas e privadas, englobando educação básica (educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio), educação superior, educação
especial, educação profissional e educação de jovens e adultos.
A PNEA também requer que a educação ambiental seja desenvolvida
como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos
os níveis e modalidades do ensino formal. Dessa forma, ela não deve
ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino, mas
apenas facultada nos cursos de pós-graduação e extensão nas áreas
voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se
fizer necessário. Em cursos de formação e especialização técnico-
profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que
trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem
desenvolvidas.
Além dos alunos, a temática ambiental também deve constar nos
currículos de formação de professores em todos os níveis e em todas
as disciplinas. Nesse caso, os professores devem receber formação
complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender
adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da PNEA.
De acordo com essa lei, há premissas também para desenvolver a
educação ambiental não formal — que é elaborada como atividades de
extensão e divulgação científica. A educação ambiental não formal
compreende as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da
coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
E o poder público, de todas as esferas, incentivará atividades para:
I - a difusão, por intermédio dos
meios de comunicação de massa,
em espaços nobres, de programas e
campanhas educativas, e de
informações acerca de temas
relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola,da universidade e de organizações
não governamentais na formulação
e execução de programas e
atividades vinculadas à educação
ambiental não formal;
III - a participação de empresas
públicas e privadas no
desenvolvimento de programas de
educação ambiental em parceria
com a escola, a universidade e as
organizações não governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade
para a importância das unidades de
conservação;
V - a sensibilização ambiental das
populações tradicionais ligadas às
unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos
agricultores;
VII - o ecoturismo.
(BRASIL, 1999)
De acordo com as informações que estudamos, podemos observar que
a educação ambiental é indispensável para formar o cidadão crítico e
consciente de seus direitos e deveres no meio em que está inserido.
Sendo assim, aprimora-se a cidadania do indivíduo para a preservação e
manutenção da vida, para a participação efetiva em tomadas de
decisões coletivas e para a responsabilização pela qualidade de vida e
sobrevivência. Tal consciência ambiental e senso crítico — que
capacitam o indivíduo para compreender diferenças sociais, políticas,
financeiras e de recursos — podem ser conquistadas por meio da
educação.
Considerando a amplitude e sua fundamentação em diversas áreas, a
educação ambiental é interdisciplinar e sua pertinência deve ser inserida
em todo currículo escolar. Assim, além de observar a lei que estabelece
os preceitos da PNEA, também precisamos estudar como a educação é
organizada nos documentos educacionais norteadores: os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
PCNs são parâmetros determinados pelo Governo Federal para
nortear os educadores e normatizar fatores fundamentais
inerentes a cada disciplina. Com relação à educação ambiental,
os conceitos e objetivos são trabalhados em três volumes:
Ciências Naturais, Meio Ambiente e Temas Transversais. Apesar
de divididos, os três volumes afirmam a necessidade do
desenvolvimento desse tema de forma transversal, por todo o
currículo de educação básica.
O caderno Ciências Naturais é um dos volumes que mais
destaca a educação ambiental, enfatizando a grande
responsabilidade dessa disciplina para dialogar sobre o caráter
de preservação e utilização consciente da natureza sob a
concepção do desenvolvimento sustentável. Embora o tema se
encontre fortemente presente nesse volume, o papel dos PCNs
para mudar e viabilizar a educação ambiental como explicitada
na lei ainda é questionado.
Já o volume Meio Ambiente apresenta maior enfoque nos
elementos físicos e biológicos, assim como nos modos de
interação do homem e da natureza pela arte, tecnologia e
ciência. Nele são exibidos os modelos de desenvolvimento
econômico e social na sociedade atual, auxiliando na construção
de uma consciência global em relação às problemáticas
ambientais e conferindo significado ao que aprendem sobre
educação ambiental.
Em Temas Transversais são apresentados pontos que buscam
debater questões presentes em vários aspectos da vida
cotidiana e o fato de a questão ambiental não ser atribuída a um
componente curricular. Sendo assim, faz-se necessária uma
abordagem que integre conhecimentos históricos, científicos,
sociais, demográficos, econômicos, entre outros, dada a
complexidade do tema.
As DCNs são outro conjunto de normas obrigatórias que
norteiam o planejamento curricular de instituições de ensino
públicas ou privadas. Tais documentos ratificam o objetivo da
educação ambiental em contexto nacional, amparada pela
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) 
Constituição Federal e pela PNEA, e que abrange o
desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente, suas relações ecológicas, o incentivo à participação
individual e coletiva de forma permanente e o exercício da
cidadania por meio da defesa da qualidade ambiental.
Nesses documentos, há registros da produção das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA) pelo
MEC e pelo CNE. Por sua vez, essas diretrizes enfatizam que a
educação ambiental inclui o entendimento de uma educação
cidadã, responsável, crítica e participativa por meio de saberes
científicos e tradicionais, possibilitando a tomada de decisões
inovadoras e fortalecendo a responsabilidade social. Dessa
maneira, o tema aperfeiçoa-se na construção de uma cidadania
consciente voltada para culturas de sustentabilidade
socioambiental.
A BNCC, em concordância com a Lei nº 9.394/1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), é um documento de
caráter normativo que tem como objetivo estabelecer um
conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais,
indicando conhecimentos e competências que devem ser
desenvolvidas por todos os estudantes ao longo da educação
básica. Esse documento foi revisado e modificado por
especialistas e gestores públicos.
Na primeira versão, publicada no ano de 2015, o documento não
apresenta o termo “educação ambiental”, restringindo-se a
destacar que discussões sobre meio ambiente, cidadania e
direitos humanos deviam ser reconhecidas como forma de
debate interdisciplinar, ou seja, como tema transversal. Já no ano
seguinte, a segunda versão da BNCC abarcou a concepção da
educação ambiental como uma educação escolar constituindo
uma atividade intencional da prática social que ensina ao
indivíduo o caráter da sua relação com a natureza e com outros
seres humanos.
Assim, ela passa a objetivar também: construção de
conhecimento, desenvolvimento de habilidades, atitudes e
valores, cuidado com a qualidade de vida, justiça e equidade
socioambiental e proteção do meio ambiente natural e
construído. Por fim, em sua terceira e última versão (2017), a
BNCC novamente não contempla o termo educação ambiental.
Em substituição, o documento enfatiza a integração de tópicos,
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
como incentivo à proposição e adoção de alternativas individuais
e coletivas para a sustentabilidade ambiental na organização
curricular das escolas. Dessa forma, busca-se estimular o uso
inteligente e responsável dos recursos naturais e direciona-se o
tema com ênfase maior na sustentabilidade.
Desequilíbrios ecológicos e
problemáticas ambientais
antrópicas
Neste vídeo, o professor fala sobre as consequências ambientais de
atividades antrópicas, tais como a industrialização (poluição), o
agronegócio (desmatamento), a caça e o tráfico de animais silvestres
(extinção), entre outros, e sobre os impactos gerados pelo conjunto
dessas ações, como as mudanças climáticas.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No estudo e aplicação da educação ambiental existem três
principais correntes ideológicas: a protecionista, a preservacionista
ou conservacionista e a pragmática. Além dessas, há mais uma
corrente, a da educação ambiental crítica. Quanto a essa última,
assinale o conceito correto:
A
As pessoas adeptas a essa corrente centralizam
sua atenção nos problemas de proteção e defesa da
vida animal e da vida selvagem.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Na educação ambiental crítica, há propostas de ações educativas
de forma transversal e construtivista, tendo como objetivo o
desenvolvimento do senso crítico acerca das problemáticas
ambientais e de como essas afetam toda a humanidade. A corrente
protecionista propõe ações para proteção e defesa da vida animal e
da vida selvagem. A corrente preservacionista ou conservacionista
prega a necessidade de preservação de pedaços intocados da
natureza e da vida selvagem frente aos impactos antrópicos,
utilizando conhecimentos biológicos para suas ações de
preservação do meio ambiente. Já a corrente pragmática tem como
centro das práticas educacionais o comportamento individualizado,
com propostas de conscientização e mudanças de atitudes
indesejadas, pregandoo aspecto utilitarista e racional da
administração e exploração dos recursos naturais.
Questão 2
B
As pessoas adeptas a essa corrente utilizam
conhecimentos biológicos acerca dos impactos dos
processos de ocupação e industrialização para lutar
em prol do meio ambiente e da manutenção da
nossa vida no planeta.
C
Essa corrente tem como centro da educação
ambiental o aspecto utilitarista e racional da
administração e exploração dos recursos naturais.
D
Propostas de atividades educativas individuais e
coletivas de forma transversal e construtivista
fazem parte dessa corrente.
E
O foco das ações educativas dessa corrente é o
comportamento individualizado, com propostas de
conscientização e mudanças de atitudes
indesejadas.
Segundo a Lei nº 9.795/99, a educação ambiental é um
componente da educação nacional que deve estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal. Quanto ao âmbito de
aplicação da educação ambiental na educação não formal, assinale
a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Segundo a Lei Federal nº 9.795 art. 13, as atividades de ecoturismo
são entendidas como a aplicação da educação ambiental no
âmbito não formal. Segundo a Lei federal nº 9.795 art. 9 e art. 10,
no âmbito formal, a educação ambiental deve estar presente nos
currículos de instituições de ensino públicas e privadas, abarcada
nos modelos de educação básica, superior, especial, profissional e
de jovens e adultos. Dentro da educação superior, é facultada a
inclusão da educação ambiental como disciplina individualizada.
Além disso, a educação ambiental deve estar presente não só no
A
A educação ambiental deve estar presente nos
currículos de instituições de ensino públicas e
privadas.
B
A educação ambiental deve estar abarcada nos
modelos de educação básica, superior, especial,
profissional e de jovens e adultos.
C
A educação ambiental poderá ser incentivada em
atividades como o ecoturismo.
D
A educação ambiental poderá compor disciplina
específica, de forma facultada, nos cursos de pós-
graduação.
E
A educação ambiental deve estar presente no
currículo de formação de novos professores, assim
como na formação complementar para aqueles já
atuantes.
currículo dos alunos, mas também no dos novos ou já atuantes
professores desses modelos de educação formal.
2 - A cidadania ambiental
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os principais pontos
sobre a cidadania ambiental.
Introdução à cidadania
ambiental
Após entendermos os conceitos e questões abordadas pela educação
ambiental, falaremos sobre um assunto específico e intrínseco desse
tema: a cidadania ambiental. Trata-se de munir o ser humano com as
informações e condições necessárias para que ele atue em defesa à
vida, sendo incentivado a participar ativamente em prol do equilíbrio
ambiental do planeta.
No Brasil, diferentes leis foram criadas em diferentes áreas de
importância ambiental e social, para garantir os direitos e deveres dos
cidadãos e, consequentemente, uma sociedade sustentável. Pronto para
saber mais sobre o assunto?
Conceitos em cidadania
ambiental
Antes de começarmos a entender o tema, precisamos responder a uma
importante pergunta:
O que é cidadania?
A cidadania é caracterizada pelo cumprimento
dos deveres para com o Estado e pelo exercício
dos direitos civis e políticos de um país.
Sendo assim, além do direito a um meio ambiente preservado, nós
temos o dever de preservar o espaço, não poluindo ou exaurindo seus
recursos. Essa consciência pode ser desenvolvida por meio da
educação ou formação cidadã, a partir da qual se entende que o modelo
antropocêntrico tem levado ao esgotamento de diversos recursos
naturais e espécies viventes e que, sendo assim, é preciso alterar
valores éticos, para a manutenção da vida humana.
A conscientização ambiental, mediante a formação cidadã, torna o
indivíduo capaz de gerenciar e aprimorar as relações entre sociedade e
meio ambiente de forma eficiente e sustentável, assim como evitar a
ocorrência de problemáticas ambientais e tentar consertar ou fazer a
manutenção dos problemas já instaurados.
O indivíduo passa a reconhecer o seu papel perante a sociedade e o
meio ambiente — ou seja, todo espaço em que vive e do qual depende.
Logo, é evidente a grande importância da educação para a
conscientização, formação e capacitação do cidadão, para assumir o
seu papel e garantir a sua própria sobrevivência e das futuras gerações.
Cabe ressaltar que, apesar de esses deveres serem restritos a limites
geográficos, como países, suas consequências são globais e podem
afetar a todos. Dessa forma, deve-se ter em mente que a cidadania
ambiental é uma ferramenta para proteção intercomunitária do bem
difuso ambiental.
Não podemos falar de cidadania ambiental sem entender o termo
desenvolvimento sustentável. Esse tipo de desenvolvimento trata da
manutenção e melhoria da qualidade de vida, respeitando os limites de
capacidade de sobrevivência ecossistêmica do ambiente em que
vivemos.
A percepção que temos atualmente do termo “sustentabilidade” é fruto
de reflexões que começaram na década de 1960 e se consolidaram na
década de 1980, com o relatório desenvolvido pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas. De acordo
com esse relatório, desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades.
Para a efetiva conservação e aplicação da cidadania ambiental, é
necessária a participação de todos os grupos sociais, como a
administração pública (nível federal, estadual e municipal), a sociedade
com seus interlocutores (escola, sindicato e associações) e o indivíduo,
representando o cidadão, que desempenha o seu papel em cuidar do
meio ambiente no seu respectivo espaço (casa, bairro e local de
trabalho).
Em outras palavras, são pressupostos indispensáveis ao exercício da
cidadania ambiental: a participação do Estado – garantindo o
mecanismo para participação do cidadão – e do próprio cidadão –
evitando o conformismo; e o acesso à educação e à informação
ambiental, primordiais para a conscientização. Assim, atuar
isoladamente seria ineficaz para alcançar uma gestão ambiental
eficiente.
União de grupos sociais para efetiva conservação ambiental.
Cidadania e educação
ambiental no Brasil
A educação ambiental é um dos recursos utilizados de forma ampla em
escolas, onde se espera o desenvolvimento de uma compreensão
integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, e
a garantia de democratização das informações ambientais, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos. Assim, a instituição
educacional é um ambiente favorável para trabalhar tais conteúdos e
metodologias adequadas de forma contínua no currículo escolar. Além
disso, a educação ambiental também pode ser trabalhada em diversos
outros campos, como:
São diversas áreas, não é mesmo?! A contribuição da educação
ambiental brasileira para a construção da cidadania ambiental é pautada
nos seguintes pilares: sensibilização, capacitação e gerenciamento.
Portanto, as leis federais, como a de nº 9.433 de 1997 (Política Nacional
de Recursos Hídricos), nº 9.795 de 1999 (Política Nacional de Educação
Ambiental), nº 9.985 de 2000 (Política Nacional de Conservação da
Natureza), e nº 10.257 de 2001 (Política Nacional Urbana, o Estatuto da
Cidade), determinam a participação cidadã no planejamento e
 Estudos com dados básicos que permitem a
criação de normas técnicas, como aquelas
instituídas por órgãos regulatórios (certificadores,
credenciadores e habilitadores, como ABNT,
INMETRO e ANVISA, respectivamente).
 Avaliações de consumo de água, energia e
materiais, produção de alguns materiais,
desenvolvimento de tecnologiase qualificação de
mão de obra.
 Diagnóstico ambiental por meio da avaliação dos
gastos energéticos, da geração de resíduos (como
esgoto, lixo e gases) e do entendimento de
processos administrativos e operacionais mais
adequados.
 Planos de ação, como auditorias para fiscalização e
adequação de locais (indústrias etc.) a normas
técnicas ou outros regulamentos e procedimentos;
e desenvolvimento da capacidade de
retroalimentação (diminuição de gastos e
resíduos).
gerenciamento da água, da conservação da natureza e do
desenvolvimento das cidades.
Além do mecanismo legal, a educação ambiental é trabalhada também
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio de planos
governamentais como Educa+, Floresta+, Parque+, Cidades+Verdes,
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), Arpa, PAN-Brasil,
PNF, Salas Verdes, Circuito Tela Verde, entre muitos outros. Esses são
diversos projetos voltados para a preservação e recuperação do meio
ambiente (atmosfera, florestas, corpos hídricos, fauna e flora).
Você sabia que existem punições legais para quem infringe
leis ambientais?
O cidadão ou instituição que transgride o cuidado ambiental pode e
deve ser punido na esfera civil, administrativa e criminal, sendo então
cobrado pela reparação do dano causado e, acima de tudo,
conscientizado ou reconscientizado acerca de sua cidadania ambiental.
No entanto, você sabe o que são infrações ambientais? São todas ações
ou atividades que infrinjam a harmonia ambiental, ou seja, que afetem o
meio ambiente de forma negativa e até mesmo danosa. Algumas
dessas infrações são legais, isto é, são previstas em lei, como
queimadas, destruição de nascentes, cortes indiscriminados de árvores,
prisão de animais silvestres, entre outras. Tais ações têm como
consequências sanções, como advertências, multas e apreensões, e
podem até levar à prisão e à prestação de serviços.
Gestão ambiental
A gestão ambiental é a área em que a administração política realiza
atividades socioeconômicas visando à utilização prática e plena dos
recursos naturais no âmbito da sustentabilidade.
No entanto, nem tudo são flores quando tratamos de assuntos
complexos que envolvem meio ambiente e grupos sociais.
Os recursos ambientais são motivos de lutas sociais entre os interesses
públicos e privados, especialmente quando há investidas de grupos
privados sobre o patrimônio público, que afetam o acesso e a
disponibilidade do recurso para outros grupos sociais. Assim, essas
lutas podem obter caráter de publicidade e luta pela cidadania, uma vez
que os grupos sociais prejudicados reivindicam o caráter público do
meio ambiente e seu uso comum.
Nesse contexto, a gestão ambiental pode ter uma participação
fundamental para revelar conflitos, prevenir, monitorar e garantir os
direitos às indenizações dos grupos que sofrem impactos
socioambientais e tecnológicos, instituindo políticas que respeitem os
direitos de cidadania.
Questões sociais que afetam as populações mais pobres devem ser consideradas para uma boa
gestão ambiental.
Outro importante fator a ser considerado para as ações da gestão
ambiental é a situação de riscos que certos grupos sociais enfrentam
em seu espaço, causados por múltiplos agentes motores, como
fenômenos meteorológicos, geofísicos, bioquímicos, tecnológicos,
sociopolíticos e culturais. Esses agentes afetam principalmente grupos
mais pobres devido à precariedade de sua situação de vida.
Problemáticas que envolvem
a cidadania ambiental
O ser humano, assim como outras espécies animais, sempre teve que
confrontar fenômenos naturais imprevisíveis, como terremotos, vulcões,
raios, enchentes e desmoronamentos. Ao longo de centenas de anos,
desenvolvemos estratégias e tecnologias para monitorar e contornar
esses fenômenos, garantindo nossa segurança e sobrevivência.
Então, qual seria o outro lado da moeda?
Para alcançar esse estágio na sociedade moderna, impactos antrópicos
foram causados na natureza, devido a esse novo ambiente construído,
modificando processos naturais de equilíbrio, barreiras naturais e
serviços ambientais. Os riscos que grupos humanos causam no meio
ambiente podem não ser passageiros e afetar a biodiversidade a longo
prazo e de forma permanente. Atividades como a utilização de
agrotóxicos, o descarte indevido de medicamentos e de resíduos
industriais, o desmatamento, a construção de hidrelétricas,
termelétricas e polos petroquímicos, a mineração, os garimpos etc.
causam danos muitas vezes irreversíveis à natureza.
Um dos principais impactos que o ser humano pode causar no planeta é
a poluição nos diferentes ambientes, como atmosfera, oceano e solo. A
poluição pode ser caracterizada por mudanças físicas, químicas ou
físico-químicas da composição natural de um ambiente. Tal influência
causa mudanças a curto e longo prazo em níveis globais, como
alterações na temperatura média global, na disponibilidade hídrica, na
produtividade agrícola, entre outras. Vamos conhecer um pouco mais
sobre cada tipo de poluição e as suas consequências.
Poluição atmosférica
A poluição atmosférica é definida pela contaminação do ar por gases,
líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico e energia.
Sua origem pode ser natural ou antropogênica:
Poluição atmosférica natural
Pode ser exemplificada pelas atividades vulcânicas, pela liberação de
metano por animais pastejadores e de gases provenientes do processo
de decomposição.
Poluição atmosférica antropogênica
É causada pela industrialização, queimadas, queima de combustíveis
fósseis, mineração, uso de aerossóis e produção de energia elétrica.
A poluição atmosférica pode ter consequências danosas para o meio
ambiente e para a saúde dos humanos. Por estar presente em grandes
quantidades na atmosfera, os compostos químicos podem afetar
patrimônios culturais por meio da corrosão gradativa devido à
ocorrência de chuvas ácidas.
Outra consequência marcante é o aumento do efeito estufa — ou
aquecimento global — em que moléculas dispersas na atmosfera em
grande quantidade retêm o calor proveniente das radiações solares,
ocasionando o aumento de temperatura global. Com relação à saúde
humana, os poluentes podem causar irritação nos olhos e na garganta,
dores de cabeça, vertigens e perturbações sensoriais, principalmente
em grandes metrópoles.
Poluição hídrica
Outra poluição que afeta a biodiversidade e a qualidade de vida dos
seres humanos é a poluição oceânica e fluvial, ou seja, a poluição
hídrica. Ela é resultado das alterações de qualidade e das propriedades
da água, tornando-a imprópria para consumo, assim como da presença
de materiais estranhos que acabam sendo prejudiciais aos organismos
vivos que ali habitam. As atividades humanas agrícola, doméstica e
industrial são as principais responsáveis pela poluição de corpos
hídricos; e o plástico é um dos principais materiais contaminantes,
especialmente nos oceanos.
Quantas vezes já vimos notícias em meios de comunicação reportando
vazamentos de petróleo no mar e desastres ecológicos decorrentes
deles? Quantas campanhas são criadas por causa da morte de diversos
organismos marinhos? Quantos rios têm sido condenados por causa do
despejo de efluentes de toda natureza de atividade humana?
Derramamento de óleo na água.
Não podemos esquecer como nossas ações diárias podem impactar
esse cenário atual. Atividades domésticas podem produzir resíduos tão
perigosos quanto grandes empresas pela maior proporção de utilização,
como o uso de detergentes que acabam despejados em corpos hídricos
pelo esgoto.
O despejo de grande quantidade de matéria orgânica e lixo sólido em
lixões a céu aberto e o lançamento de esgoto doméstico não tratado
podem contaminar os diversos ambientes aquáticos. A presença dessa
alta quantidade de matéria orgânica pode promover a ocorrência de
floração de micro-organismos na água, causando redução da
oxigenação e, consequentemente, a morte de peixes – processo de
eutrofização. Alguns dessesmicro-organismos também podem liberar
toxinas que afetam a saúde humana e a dos animais.
A presença de esgoto nas águas também pode ocasionar doenças
como infecções gastrointestinais, disenteria, leptospirose, cólera e
hepatite caso a água contaminada seja ingerida. A falta de saneamento
básico é um dos principais fatores responsáveis pela poluição de corpos
hídricos.
Não podemos falar sobre água sem falar sobre um grande problema
ambiental que o mundo enfrenta nas últimas décadas: o desperdício. A
Terra é constituída majoritariamente por água, que cobre cerca de dois
terços da superfície do planeta. Apesar disso, apenas 3% estão
disponíveis para consumo. Cabe ressaltar que alternativas para tornar a
grande quantidade de água presente nos oceanos própria para consumo
são analisadas atualmente, como é o caso dos processos de
dessalinização. Devido à sua importância para a humanidade, a ONU
criou, em 1992, o Dia Mundial da Água, comemorado no dia 22 de março
em todos os países do mundo.
Dia Mundial da Água criado pela ONU.
Poluição do solo
Poluição do solo é qualquer mudança em suas características causada
pelo contato com produtos químicos, resíduos sólidos ou líquidos. O
contato do solo com esses agentes leva à sua deterioração e à morte de
diversos organismos (fungos, bactérias, protozoários e vermes
decompositores), além de poder gerar riscos para a saúde humana.
Por estar constantemente exposto, o solo é a camada mais afetada por
agentes poluidores, como resíduos (detergentes, tinta, gasolina, fluidos
hidráulicos, hidrocarbonetos, chumbo etc.), fertilizantes químicos,
pesticidas e herbicidas.
Os nossos detritos, quando descartados de forma errada, são uma das principais causas de
poluição do solo.
Além disso, devido à produção exacerbada de lixo nos centros urbanos,
os detritos que produzimos no dia a dia são a principal fonte de poluição
dos solos. Esses detritos são, muitas vezes, depositados em áreas
ilegais e contaminam o solo com metais pesados e produtos químicos
de alto risco. As consequências desse tipo de poluição incluem: perda
da fauna, empobrecimento ou esterilização do solo para plantação,
contaminação da água e problemas para a saúde humana, como
hipersensibilidade alérgica, infecundidade, disfunção hepática e câncer.
Poluição térmica
Caracterizada pelo calor em excesso, a poluição térmica ocorre pela
modificação de temperatura do ar e da água devido às atividades de
usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares. Apesar de ter diversas
influências na saúde do meio ambiente e do ser humano, essa poluição
é a menos conhecida.
Exemplo
Podemos citar as águas aquecidas que são despejadas pelas indústrias
em corpos hídricos, causando a mortandade de diversas espécies,
como animais e vegetais intolerantes à mudança brusca de temperatura,
e o desequilíbrio no ecossistema. Apesar de a produção de energia ser a
principal responsável pela poluição térmica, o desmatamento também
pode causar o aumento de temperatura em cursos de água.
Outro fator importante que é causador da poluição térmica é a
urbanização acelerada, que impede o escoamento natural da água pelo
solo, devido à sua pavimentação. Essa água, ao entrar em contato com
o asfalto, realiza troca de calor, permanece aquecida e retorna aos
corpos hídricos.
Chaminés de usinas termelétricas.
Poluição radioativa
Apesar de sua utilização ser extremamente vantajosa quanto à
produção de energia, ao desenvolvimento de tratamento de doenças e à
eliminação de patógenos como insetos e bactérias, os elementos
radioativos são a matéria que produz a poluição mais perigosa para o
planeta: a poluição radioativa ou nuclear. Ela é causada por materiais
radioativos — naturais ou não — que apresentam elementos químicos
com átomos com núcleos instáveis. A poluição radioativa é produzida
por usinas nucleares, nos descartes da fabricação de bombas nucleares
de urânio ou em acidentes nucleares que levam à liberação de
elementos tóxicos como estrôncio, iodo, césio, cobalto e plutônio.
Usina nuclear em Tihange, Bélgica.
Com relação aos seres humanos, os efeitos da exposição aos
elementos radioativos podem ser graves, como desenvolvimento de
deficiências, mutações genéticas, câncer e diversas outras patologias.
Além disso, a poluição radioativa pode contaminar a fauna e a flora do
planeta, resultando em um desequilíbrio terrestre. Apesar do
conhecimento acerca da radioatividade, dos elementos químicos, do
manuseio e do cuidado, ainda não existem técnicas para “limpar” o local
que recebe os resíduos.
Poluição luminosa
Você já imaginou as consequências que o excesso de luz artificial pode
trazer para nós e para o ambiente? A poluição luminosa é um problema
bastante comum na atualidade, principalmente em grandes metrópoles,
devido à maior densidade de iluminação pública, anúncios, outdoors e
placas luminosas. Podemos afirmar que, com a descoberta da
eletricidade, começamos a utilizar a luz artificial em diversas situações,
principalmente durante a noite, e a aumentar a nossa qualidade de vida
e segurança.
No entanto, à medida que populações humanas cresceram e passaram
a depender desse advento, impactos maiores foram vistos no meio
ambiente.
Vista noturna da cidade de Taipei, em Taiwan.
Mas quais são os efeitos da poluição luminosa?
Há estudos científicos que demonstraram mudança de
comportamentos que não são saudáveis ou mortalidade em animais de
hábitos de vida noturnos, devido à exposição intensa à luz artificial.
A poluição luminosa pode afetar hábitos alimentares, reprodutivos e
ciclos migratórios de diversas espécies. Já em relação aos seres
humanos, quem nunca ficou até tarde lendo um livro ou mexendo no
celular? Esse é um indicativo do quanto o excesso de luz pode alterar o
nosso ciclo biológico, modificando período de sono, qualidade de
visibilidade, produção de hormônio, batimentos cardíacos e humor.
Poluição sonora
Quem gosta de fazer uma festa com seus amigos e colocar música nas
alturas? Essa é uma situação comum no cotidiano em que podemos
perceber o quanto a poluição sonora é corriqueira em nossas vidas. Ela
é caracterizada pelo excesso de ruídos (ou altos níveis de decibéis)
provocado por um barulho constante que perturba o silêncio ambiental.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de barulho
admitido em grandes centros urbanos é de até 50 decibéis. No entanto,
o que verificamos atualmente em áreas urbanizadas são barulhos que
chegam a 100 decibéis, devido a transportes urbanos, buzinas, sirenes,
construções, máquinas, casas de show, aparelhos de som, entre outros.
Dessa forma, segundo a OMS, esse tipo de poluição é o segundo que
mais afeta o ambiente, atrás apenas da poluição atmosférica.
Todo esse excesso de barulho pode causar problemas fisiológicos
temporários ou até mesmo permanentes. Em locais com ruídos altos,
nós, humanos, podemos desenvolver dor de cabeça, insônia, agitação,
dificuldade de concentração e de relaxamento, mau humor, stress e
angústia, além de problemas auditivos. Há estudos que comprovam
perda de hábitat e prejuízos nos regimes alimentares e reprodutivos de
espécies afetadas pela poluição sonora, como cetáceos, morcegos e
corujas.
Outras sérias ameaças ambientais
Apesar de ser um país megadiverso, o Brasil enfrenta sérios problemas
em relação ao desmatamento. Com o intuito de abrir espaço para
atividades agropecuárias (como domesticação de animais e plantações
de monocultura de soja), florestas que sustentam grande biodiversidade
estão sendo destruídas.
Além disso, a extração de madeira para uso comercial, a criação de
hidrelétricas, a mineração e a expansão das cidades também causam o
desmatamento, prejudicando o ecossistema por meio de erosões,
processos de desertificação, alterações no regime de chuvas e redução
da biodiversidade.
Assim como o desmatamento, as queimadas antropogênicas são
utilizadas para limpar uma região e facilitar a colheita de certas
espéciesvegetais. No entanto, os malefícios causados por essa
atividade incluem: empobrecimento de solos férteis, riscos de erosão e
poluição atmosférica.
Saiba mais
Quando comparado com milhares de anos atrás, o planeta perdeu cerca
de 9% de sua cobertura florestal e 7,3 milhões de hectares devido à
derrubada de árvores ou queimadas.
Ambos os processos, desmatamento e queimadas, resultam no
assoreamento, caracterizado pelo acúmulo de sedimentos em
ambientes aquáticos, obstruindo cursos de água, destruindo hábitats
aquáticos e veiculando poluentes em corpos hídricos.
A questão da superpopulação
Vários dos problemas que discutimos neste módulo têm como cerne as
grandes populações humanas — ou superpopulação. Estima-se que a
população continue a crescer cada vez mais em todo o mundo. Você
sabia que em apenas 100 anos a população mundial cresceu em cerca
de 5,9 bilhões de pessoas? Atualmente, há 7,5 bilhões de pessoas no
planeta e estudos indicam que a população aumentará para 10 bilhões
até 2050.
E qual será o efeito desse crescimento populacional para
o meio ambiente?
Boa parte das consequências nós já observamos, como a crise hídrica
em certas regiões do mundo. Outro resultado da superpopulação é a
extinção de espécies da fauna e da flora, seja para obtenção de carne,
marfim e produtos medicinais ou pela perda e destruição de seu hábitat.
Saiba mais
No Brasil, a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN) é um documento que contém espécies ameaçadas
e que pode nos dar um indicativo da perda de biodiversidade que
enfrentamos no último século.
Cabe ressaltar aqui que a vida selvagem também pode fornecer
produtos e exercer serviços ecossistêmicos importantes para a
sobrevivência humana, como as abelhas, que são responsáveis pelo
processo de polinização.
Meio ambiente e
sustentabilidade: consumo e
produção conscientes
Neste vídeo, o professor apresenta alguns exemplos de soluções para
as problemáticas ambientais, com enfoque na aplicação da
sustentabilidade em atividades individuais e coletivas no dia a dia.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Para o efetivo desenvolvimento da cidadania ambiental, é
necessária a participação de diversos grupos políticos e sociais.
Dentre esses grupos, qual é o responsável por evitar o conformismo
na aplicação da prática ambiental consciente?
Parabéns! A alternativa B está correta.
O indivíduo, como cidadão, tem o dever de evitar o conformismo. Os
interlocutores da sociedade e dos cidadãos, assim como o Estado,
por meio da administração pública no âmbito municipal, estadual e
federal, devem garantir pressupostos indispensáveis para o
exercício da cidadania ambientalmente consciente.
Questão 2
A gestão ambiental permite que os recursos naturais sejam
utilizados de forma sustentável pela sociedade. Porém, há diversas
lutas sociais pela reivindicação do meio ambiente como um bem
público. Os grupos sociais mais afetados pela falta de acesso ao
meio ambiente, assim como por fatores sociopolíticos, econômicos
e culturais, entre outros, são:
A Administração pública
B Cidadão – indivíduo
C Instituição de ensino
D Sindicatos profissionais
E Associações locais
A Instituições privadas.
B Grupos de indivíduos mais ricos.
C Estado – administração pública.
Parabéns! A alternativa D está correta.
As instituições privadas, controladas pelos grupos mais ricos, têm
pouco interesse em investir no patrimônio público, especialmente
se isso não traz lucro ou outro tipo de retorno vantajoso. Os grupos
de indivíduos mais pobres são sempre prejudicados com falta de
acesso ao meio ambiente e a outros recursos indispensáveis a uma
vida digna. Agências e associações são interlocutores dos
cidadãos, do Estado e de instituições privadas para manutenção e
garantia da prática de cidadania ambiental. O Estado, por meio da
administração pública, deve garantir o direito de acesso ao meio
ambiente à toda a sociedade, assim como garantir a sua utilização
de maneira sustentável.
Considerações �nais
Durante nossos estudos pudemos ver o histórico da educação
ambiental no Brasil e no mundo, tanto no âmbito legislativo quanto nos
acontecimentos que motivaram as concepções acerca da educação e
cidadania ambiental creditadas até hoje. Além disso, diversos conceitos
e aspectos sobre essas temáticas foram discutidos no contexto
socioambiental.
Apesar do extenso conhecimento teórico em torno das questões
ambientais e das excessivas discussões já realizadas, pode-se dizer que
pouco foi seguido e alcançado frente às premissas essenciais para a
manutenção do meio ambiente e melhoria da vida. Isso pode ser um
indicativo de que as práticas educacionais — formais ou não —
utilizadas para a formação de cidadãos ambientalmente conscientes
não se mostraram completamente eficazes. São necessárias mudanças
conceituais e atitudinais reais nas práticas de educação ambiental,
frente às problemáticas ambientais que se agravam a cada dia.
D Grupos de indivíduos mais pobres.
E Agências e associações.
Concluímos, então, que o caminho educacional é o mais assertivo para
se alcançar os objetivos sociais, legais e ambientais. Porém, é
necessário refletir sobre os métodos de ensino utilizados e sobre os
meios de formação e transmissão dos conhecimentos em educação
ambiental para os indivíduos.
Podcast
Antes de finalizarmos, o professor fala sobre o histórico das políticas
ambientais no Brasil e seus principais aspectos.

Explore +
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema:
Acesse o blog ECOOAR e leia a matéria Educação ambiental em
perspectiva.
Visite o blog Educação Ambiental em Ação e leia o artigo Uma
importante ferramenta para a educação ambiental: análise de
blogs de educação ambiental para educadores.
Referências
BRANCO, E. P.; ROYER, M.; BRANCO, A. B. de G. A abordagem da
educação ambiental nos PCNs, nas DCNs e na BNCC. Nuances: Estudos
sobre Educação, v. 29, n. 1, 2018.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a
educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental
e dá outras providências. Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais 1º
ao 5º Ano. Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais 6º
ao 9º Ano. Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (PCNEM). Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CP nº 14/2012.
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental. Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP nº 02/2012.
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental. Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Educação e Cidadania Ambiental.
Consultado na internet em: 9 nov. 2021.
CARLSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Guaia, 1962.
CYRNE, C. C. da S. et al. Gestão de resíduos, cidadania e educação
ambiental: a subversão do conceito de função. Revista Brasileira de
Educação Ambiental (RevBEA), v. 15, n. 5, p. 409-423, 2020.
RUFINO, L. R.; CAMARGO, D. R.; SÁNCHEZ, C. Educação ambiental desde
el sur. Revista Sergipana de Educação Ambiental, v. 7, n. especial, p. 1-
11, 2020.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos.
São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
VANZELLA, J. M.; PENNA, M. C. Educação como caminho e condição
para a ampliação do conceito de cidadania e desenvolvimento da
democracia ambiental. Revista Jurídica Cesumar – Mestrado, v. 21, n. 1,
p. 191-210, 2021.
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