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HISTORIA - MODERNA PLUS - Volume unico-229-231


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 A Revolução Científica
Entre os séculos XVI e XVII, uma série de desco-
bertas, experiências científicas e reflexões filosóficas 
mudaram radicalmente a maneira como as pessoas 
viam a natureza e o conhecimento. Esse processo, que 
ficou conhecido como Revolução Científica, demoliu 
a visão medieval que se tinha do universo e inaugurou 
uma nova fase na história humana, na qual a ciência e 
a razão tornaram-se progressivamente valores domi-
nantes, colocando-se no lugar da religião e da fé. 
Para o homem medieval, o cosmos era visto como 
um todo finito, fechado e ordenado segundo a vontade 
de um Deus criador. De acordo com essa concepção, 
o universo seria formado por uma série de esferas 
concêntricas, feitas de cristal, sobre as quais todos os 
astros giravam, formando círculos perfeitos, em torno 
da Terra. Essa concepção de que a Terra ocupava o 
centro do universo é chamada geocêntrica.
Essa visão permaneceu inquestionável por quase 
dois mil anos, até que, em 1543, o astrônomo e mate-
mático polonês Nicolau Copérnico publicou o livro Sobre 
a revolução dos orbes celestes. Baseado em cálculos 
matemáticos e observações astronômicas, o modelo 
heliocêntrico de Copérnico sustentava que o Sol era o 
centro do universo. A Terra era apenas mais um astro, 
dentre outros, que girava em torno do Sol [doc. 8]. 
Galileu e Kepler
No início do século XVII, o italiano Galileu Galilei 
aperfeiçoou o telescópio, instrumento que tornou 
possível comprovar empiricamente o modelo de Co-
pérnico. Com o uso do telescópio, o alemão Johannes 
Kepler, na mesma época, descobriu que os planetas 
moviam-se em torno do Sol em órbitas elípticas e não 
circulares, e sua velocidade era proporcional a sua 
distância em relação ao Sol. 
Na teoria de Copérnico, porém, o cosmo ainda 
era visto como um todo fechado. Caberia ao italiano 
Giordano Bruno introduzir a ideia de que o universo 
era infinito e sem centro. Bruno foi perseguido pela 
Inquisição e queimado na fogueira em 1600.
De acordo com a nova cosmologia desenvolvida 
por Galileu e Kepler, o universo não era regido pela 
vontade de um Deus criador, mas por leis da nature-
za, fixas e imutáveis. A matemática era a linguagem 
básica da natureza, que permitia decifrar suas leis. 
A ciência, vista como investigação racional das 
leis da natureza, ganhou autonomia e deixou de se 
subordinar à religião. Por suas ideias contradizerem 
os dogmas da religião, muitos cientistas e intelec-
tuais foram perseguidos pela Igreja [doc. 9].
DOC. 9 Células-tronco: discórdia entre 
religião e ciência
Os conflitos entre ciência e religião continuam 
gerando polêmica no mundo contemporâneo. A 
mais recente controvérsia gira em torno do uso de 
células-tronco embrionárias. Leia abaixo um artigo 
sobre o tema publicado na imprensa.
“[...] Cada vez mais pesquisas mostram que as 
células-tronco podem recompor tecidos danificados 
e, assim, teoricamente, tratar um infindável número 
de problemas, como alguns tipos de câncer, o mal de 
Parkinson e de Alzheimer, doenças degenerativas e 
cardíacas ou até mesmo fazer com que pessoas que 
sofreram lesão na coluna voltem a andar. [...]
Basicamente, há dois tipos de células-tronco: as 
extraídas de tecidos maduros de adultos e crianças ou 
as de embriões. [...]
As células-tronco embrionárias cada vez se mostram 
mais eficazes para formar qualquer tecido do corpo. 
[...] O problema é que, para extrair a célula-tronco, o 
embrião é destruído.
Segundo os cientistas, seriam usados apenas em-
briões descartados pelas clínicas de fertilização e que, 
mesmo se implantados no útero de uma mulher, dificil-
mente resultariam em uma gravidez. Ou seja, embriões 
que provavelmente nunca se desenvolverão.
Porém, essa ideia esbarra na oposição de setores 
religiosos e grupos antiaborto que consideram que a 
vida começa no momento da concepção.”
MEDEIROS, Leonardo. Entenda a polêmica sobre as 
células-tronco. In: Folha de S.Paulo, 13 mar. 2004. 
 1. Na sua opinião, que sentimentos o rosto da Giocon-
da expressa na pintura? Como a técnica do sfumato 
possibilita a percepção desse sentimento [doc. 5]?
 2. Quais características da pintura renascentista pode-
mos perceber nessa obra [doc. 6]? 
QUESTÕES
DOC. 8 Harmonia macrocosmica, de Andreas Cellarius, 
1660. Biblioteca Nacional da França, Paris. Representação do 
universo segundo a concepção heliocêntrica de Copérnico.
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Seção 10.2
 Objetivo
 Entender o contexto 
das explorações 
marítimas europeias e 
suas consequências.
 Termos e conceitos
• Expansão marítima
• Índias
A expansão marítima europeia
 As grandes navegações
Até o século XV, a informação que os europeus tinham sobre o mundo era 
bastante limitada. Os mapas usados pelos navegadores eram imprecisos e 
deles só constava a Europa, a parte conhecida da Ásia e o norte da África. 
O restante do globo permanecia desconhecido. Viagens transoceânicas 
eram consideradas impossíveis. Devido à tecnologia naval rudimentar e 
aos precários instrumentos de navegação, as embarcações só navegavam 
perto do litoral. 
Essa situação modificou-se com o desenvolvimento das caravelas pelos 
portugueses e o aperfeiçoamento dos instrumentos de navegação. Os nave-
gadores podiam determinar sua posição no mar utilizando a bússola magné-
tica, o astrolábio (que media a altura do Sol ao meio-dia) e o quadrante (que 
determinava a altura das estrelas). Outra inovação foi a projeção de mapas 
mais precisos com a utilização de um sistema de coordenadas verticais e 
horizontais [doc. 1].
Somente os avanços técnicos, contudo, não são suficientes para explicar a 
expansão marítima. Para financiar viagens transoceânicas, eram necessárias 
grandes somas de capital. Os mercadores privados não tinham condições de 
financiar empreendimentos tão caros e arriscados. Para isso, era indispensá-
vel o apoio de um Estado forte e centralizado. A unificação precoce de Portugal, 
com a Revolução de Avis, de 1385, deu aos portugueses a possibilidade de 
sair na dianteira nos empreendimentos marítimos. 
A expansão marítima portuguesa pode ser entendida como parte do con-
texto maior de expansão comercial da Europa que estava em curso desde o 
final da Idade Média. No entanto, o que diferenciava Portugal, e mais tarde 
a Espanha, das demais nações europeias era o fato de os empreendimentos 
marítimos terem sido obra do Estado e não da ação de particulares. Nesse 
sentido, a Coroa assumiu um papel ativo nessa empreitada que, durante muito 
tempo, foi a principal atividade econômica de Portugal.
DOC. 1 Os mapas medievais e os mapas modernos
O matemático e geógrafo fla-
menco Gerardo Mercator foi fun-
damental para o desenvolvimento 
da cartografia no século XVI. Para 
projetar o globo terrestre, Mer-
cator utilizava uma técnica que 
resultava em algumas distorções 
nas dimensões dos territórios, 
sobretudo nos polos. Mesmo as-
sim, seus mapas revolucionaram 
a cartografia da época e foram 
muito usados pelos viajantes e 
aventureiros europeus durante 
o auge das grandes expedições 
marítimas.
Orbis Terral Compendiosa, o 
mapa-múndi de Mercator, 1587. 
Biblioteca Britânica, Londres.
Conteúdo digital 
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Mapa animado: 
Expansionismo 
luso-espanhol
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 A expansão portuguesa
Com a tecnologia naval desenvolvida no período, 
os portugueses começaram a explorar a África, es-
tabelecendo uma série de entrepostos no litoral 
do continente. Em 1486, Diogo Cão contornou o 
Golfo da Guiné e chegou até o Rio Congo (na atual 
Namíbia). Pouco depois, em 1488, o navegador Bar-
tolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança, 
atingindo o extremo sul do continente africano. 
Uma década depois, Vasco da Gama chegou a Cali-
cute, fundando o primeiro entreposto português na 
Índia. Foi também procurando outra rota atlântica 
para a Índia que, em 1500, Pedro Álvares Cabral 
chegou às terras que mais tarde fariam parte do 
Brasil [doc. 2]. 
Não há consenso entre os historiadores sobre as 
razões que teriam motivado e, sobretudo, conferido 
sucesso aos portugueses na empreitada da conquis-
ta oceânica. Entre as principais razões, podemos 
destacar as seguintes: 
• A Igreja Católica legitimou a conquista. A partir 
de meados do século XV, bulas papais autorizaram 
o Reino Português a submeter e converter os po-
vos conquistados, conferindo aos portugueses o 
monopólio da navegação, do comércio e da pesca 
nas áreas subjugadas. 
• O desejo de se apoderar do ouro da Guiné. 
Portugal era um dos poucos reinos da Europa que 
não tinham moeda nacional de ouro desde 1383. 
Uma das funções da moeda, além de servir como 
objeto de troca e como medida comum de valor, 
era garantir a credibilidade do dinheiro circulante, 
por isso simbolizava a riqueza (as reservas) de 
cada nação. Com o ouro vindo da África, em 1457 
a Casa da Moeda de Lisboa retomou a cunhagem 
de moedas de ouro. 
• A procura do reino do Preste João. Preste João 
era uma figura mítica, imaginado pelos europeus 
como o soberano de um poderoso reino cristão 
nas Índias. Segundo a lenda, Preste João seria 
um forte aliado na luta contra os muçulmanos. 
• A busca de especiarias orientais. A partir da 
década de 1480, os portugueses passaram a se 
interessar mais seriamente em quebrar o mono-
pólio veneziano-mameluco do comércio de espe-
ciarias, feito até então por terra e através do Mar 
Mediterrâneo. 
Outros fatores que contribuíram para a construção 
do império marítimo português foram a superioridade 
dos navios portugueses (bem armados) em relação às 
embarcações mercantes muçulmanas (desarmadas), 
a habilidade em explorar as rivalidades internas nas 
áreas ocupadas e a capacidade de negociação dos por-
tugueses, que conseguiram coop tar uma parte da elite 
das regiões conquistadas. Com a expansão marítimo-
-comercial, os portugueses não apenas ampliaram os 
seus domínios, como também inauguraram as grandes 
viagens atlânticas e a exploração do Novo Mundo.
• Índias. Termo bastante vago que se referia 
às terras do Oriente, entre as quais a China, 
o Japão e a própria Índia.
• Mameluco. Nesse caso, casta militar que servia 
ao Império Otomano e que, mais tarde, tornou-se 
poderosa e dominou o Egito (séculos XIII a XVI) 
e a Índia durante o século XIII.
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DO NORTE
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CABO
CRUZ
ARÁBIA
1503
ÍNDIA
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HISPANIOLA
CHINA
1513
JAPÃO
1543
Lisboa
CABO DA BOA
ESPERANÇA
Porto
Seguro
Calicute
MADAGASCAR
GROENLÂNDIA
Constantinopla
1487
Viagem de Bartolomeu Dias, 1487/1488
Viagem de Diogo Cão, 1485/1486
Viagem de Pedro Álvares Cabral, 1500
Viagem de Vasco da Gama, 1497/1498
Fonte: PARKER, Geoffrey. 
Atlas Verbo de história 
universal. Lisboa: Verbo, 
1996. p. 73; HALE, John R. 
Idade das explorações. 
Rio de Janeiro: José 
Olympio, 1970. p. 37.
 Grandes viagens marítimas portuguesas (séculos XV e XVI)DOC. 2
2.670 km
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