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HISTORIA - MODERNA PLUS - Volume unico-376-378


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Capítulo Seção 19.1
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 Objetivo
 Explicar a 
formação do império 
comercial inglês.
 Termos e conceitos
• Ind stria moderna
• Império comercial
• Gentry
• Cercamentos
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A Inglaterra no século XVI
 A Inglaterra no princípio da modernidade
A Inglaterra foi o primeiro país do mundo a reunir as condições neces-
sárias para o desenvolvimento da ind stria moderna, na segunda metade 
do século XVIII. Isso se deveu a um conjunto complexo de transformações 
econômicas, sociais e institucionais ocorridas no país a partir do século XVI. 
Entre essas mudanças, podemos destacar: a expulsão dos camponeses das 
terras em que viviam, o trabalho assalariado como forma predominante de 
relação econômica, a urbanização, a constituição de um império comercial 
e o estabelecimento de limites ao poder absoluto dos reis.
No fim do século XIV, a maior parcela da população inglesa era formada 
por camponeses, que eram donos das terras que cultivavam ou arrendatários 
de outros proprietários rurais. Cada família tinha direito a cultivar o seu lote 
de terra e também desfrutava das chamadas terras comuns (open fields), de 
uso coletivo, utilizadas como pasto e de onde retiravam lenha, turfa e outros 
produtos necessários para a sobrevivência.
Diversas modificações econômicas, sociais e jurídicas, porém, alteraram 
esse quadro a partir do século XVI. Nesse período, o rei Henrique VIII, ao rom-
per com a Igreja de Roma, confiscou as terras eclesiásticas e as vendeu aos 
proprietários rurais ingleses (classe conhecida como gentry), que puderam 
assim ampliar suas terras e sua influência social.
Para aumentar mais ainda suas propriedades, a gentry solicitava ao Estado 
as chamadas cartas de cercamento (bills of enclosure), que permitiam aos 
grandes proprietários cercar as terras comuns e utilizá-las em benefício pró-
prio. O processo de cercamentos já ocorria desde o fim da Idade Média, mas 
se acelerou entre os séculos XVI e XVII. As terras cercadas eram utilizadas 
majoritariamente como pasto para as ovelhas, cuja lã abastecia as manufa-
turas de tecido, que cresciam em número e importância na Inglaterra.
Consequências dos cercamentos
Muitos camponeses pobres que viviam nas terras comunais foram expulsos 
dessas áreas pelos grandes proprietários. Já os camponeses que dispunham 
de pequenos lotes foram obrigados a vender suas terras a preços irrisórios 
ou foram realocados para as áreas mais improdutivas dos terrenos. A pau-
perização da população que vivia nos campos, o despovoamento de vilas e a 
destruição de orestas para dar ugar s pastagens oram conse u ncias 
importantes do processo de cercamentos.
Apesar da oposição de vários setores da sociedade inglesa aos cerca-
mentos, eles não foram revertidos, o que resultou em grande agitação social. 
Revoltas rurais e urbanas estouraram em várias regiões da Inglaterra. Além 
disso, muitos camponeses expulsos de suas terras se transformaram em 
desocupados, formando uma população flutuante que vagava sem destino 
pelas vilas e cidades inglesas.
Outro importante resultado do processo de cercamentos na Inglaterra 
foi a organização de uma agricultura voltada para o mercado e assentada 
em bases capitalistas. Os grandes proprietários arrendavam a terra a um 
intermediário, que contratava mão de obra (ex-camponeses ou camponeses 
em vias de serem expropriados) para trabalhar na lavoura ou nas pastagens. 
Para maximizar seus lucros e minimizar os custos de produção, o arrendatário 
procurava pagar o menos possível para os trabalhadores produzirem mais 
e a baixo custo.
 Vocabulário 
histórico
Ind stria
Atividade produtiva que 
transforma matérias-primas 
em mercadorias com o auxílio 
de ferramentas e máquinas. 
Pode-se entender por indús-
tria desde a fabricação de 
produtos artesanais, volta-
dos para o consumo próprio, 
até a produção de mercado-
rias que exigem alto grau de 
desenvolvimento tecnológico, 
como robôs, computadores e 
equipamentos eletrônicos 
diversos. A indústria moder-
na surgiu no século XVIII e 
caracteriza-se, entre outros 
aspectos, pela racionalização 
do processo produtivo e pela 
mecanização da produção, 
cujo resultado mais expressi-
vo é a produção em massa de 
objetos padronizados.
Gentry
Categoria social heterogê-
nea, geralmente associada 
aos proprietários de terra, 
mas que incluía elementos 
oriundos de outras camadas 
sociais. A palavra deriva de 
gentleman (cavalheiro, fidal-
go, gentil-homem). Para ser 
gentleman era preciso ter uma 
vida gentil, isto é, isenta do tra-
balho manual e de suas penas. 
Na Inglaterra dos séculos XVI 
e XVII, para alguém se tornar 
membro da gentry, bastava 
possuir riqueza, um brasão e 
estar disposto a comprar uma 
propriedade rural.
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 As leis contra a vadiagem
Para reprimir o descontentamento com as mu-
danças no campo e obrigar a população desocupada 
a trabalhar, o Estado impôs diversas leis contra a 
aga undagem e a mendic ncia ma ei de enri ue 
VIII, promulgada em 1530, concedia licença para 
mendigar apenas aos idosos e incapacitados. Os ho-
mens sadios que não trabalhavam eram condenados 
a serem açoitados publicamente e encarcerados. 
Na primeira reincidência, além do açoite público, 
tinham metade da orelha cortada. Se reincidissem 
novamente, eram considerados criminosos irrecu-
peráveis e enforcados em praça pública.
Novas leis, promulgadas em 1547 e 1572, tornavam 
ainda mais duras as penalidades. Agora, aquele que se 
recusasse a trabalhar era condenado a ser escravo 
de quem o denunciou, que podia açoitá-lo, obrigá-lo a 
realizar qualquer trabalho, até os mais degradantes, 
e acorrentá-lo. Caso o condenado tentasse fugir, 
era escravizado pelo resto da vida e marcado com a 
letra S (de slave, “escravo”, em inglês) na testa e nas 
costas. Se reincidisse ou atacasse seu senhor, era en-
forcado como traidor. Os desocupados encarcerados 
e considerados “incorrigíveis” eram mandados para 
casas de trabalho forçado (workhouses) por perío-
dos que variavam de seis meses a dois anos. Caso 
reincidissem e fossem surpreendidos mendigando, 
acabavam irremediavelmente na forca.
 A formação do império 
comercial inglês
Nos reinados de Henrique VIII (1491-1547) e de sua 
filha Elizabeth I (1533-1603), a autoridade monárquica 
foi reforçada, com o objetivo de aumentar a riqueza e 
o poder do reino. Nesse processo, a participação da 
marinha inglesa foi fundamental. Os navios ingleses 
foram modernizados e equipados com armas de fogo 
de longo alcance. A vitória da marinha inglesa sobre 
a chamada “invencível armada” espanhola, a maior 
e mais bem equipada frota de navios da época, em 
1588, mostra como a Inglaterra havia se tornado 
uma potência marítima e uma ameaça ao predomínio 
espanhol e português dos mares [doc. 1].
Outro reforço para o poderio da monarquia foi a 
política de concessão de monopólios comerciais. As 
companhias privilegiadas, formadas por membros 
da alta burguesia, monopolizavam as relações co-
merciais de determinada região ou a exploração de 
um setor econômico. O objetivo dessa política era 
encontrar fornecedores de matérias-primas baratas 
e conquistar mercados para as manufaturas inglesas. 
O maior exemplo dessa política foi a fundação da 
Companhia das Índias Orientais.
 1. Caracterize o processo de cercamento ocorrido na 
Inglaterra.
 2. O que representou a vitória da marinha inglesa con-
tra a armada espanhola?
 3. Cite as principais bases do império comercial inglês.
QUESTÕES
A rainha Elizabeth I também estimulou a piratariaconcedendo as cartas de corso, um documento decla-
rando que os piratas, chamados corsários, atuavam a 
serviço da Coroa. O corsário inglês Francis Drake ficou 
famoso por atacar galeões espanhóis carregados de 
metais retirados das colônias hispânicas na América.
 A derrota espanhola
Em 1585, sob pretexto de defender os Países 
Baixos da dominação espanhola, Elizabeth I de-
c arou guerra span a e ento mais marcante 
do conflito foi a derrota da armada espanhola, em 
1588. Os estaleiros ingleses haviam aperfeiçoado 
o desenho dos galeões portugueses e espanhóis 
e criado navios de grande capacidade de manobra, 
munidos de canhões de longa distância. Mesmo 
em inferioridade numérica (eram sessenta navios 
da Inglaterra contra 130 da Espanha), os ingleses 
obtiveram uma vitória bastante expressiva.
DOC. 1
A armada espanhola, gravura colorizada no século XIX a 
partir de desenho do século XVI. A derrota da “invencível 
armada espanhola” marcou a ascensão do domínio 
ultramarino inglês.
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Seção 19.2
 Objetivos
 Compreender as 
motivações para as 
Revoluções Inglesas e 
as mudanças que elas 
desencadearam 
na Inglaterra.
 Avaliar a importância 
da Revolução Industrial 
e identificar os 
resultados que produziu.
 Termos e conceitos
• Monar uia absolutista
• Revolução uritana
• Atos de navegação
• Revolução Gloriosa
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A crise do absolutismo inglês
 O início da era Stuart
A rainha Elizabeth I morreu em 1603, sem deixar herdeiros. Jaime IV, primo 
de Elizabeth e rei da Escócia, assumiu o trono inglês e adotou o nome de Jaime 
I. Iniciava-se, assim, a dinastia Stuart. Ao contrário dos reinados anteriores 
de Henrique VIII e de Elizabeth I, em que o soberano governava com o apoio 
do Parlamento, Jaime I tentou fazer valer a doutrina do direito divino dos reis, 
que legitimava as monarquias absolutistas.
A atitude do novo rei mostrou-se um grande erro político, pois nessa época 
o Parlamento inglês havia se tornado uma instituição muito atuante [doc. 1]. 
Formado pela nobreza fundiária e pelos grandes negociantes, o Parlamento 
a ia se a ituado a isca i ar e até a a er cr ticas atuação da oroa as 
monarquias absolutistas tradicionais, como a França de Luís XIV, o Parlamento, 
chamado de Estados Gerais, era apenas um órgão consultivo, sem poder real, 
convocado esporadicamente para sancionar certas decisões da Coroa. Na 
Inglaterra, ao contrário, o Parlamento era uma instituição forte e restringia 
o poder da monarquia, que não podia governar de forma absoluta.
No início do século XVII, a inflação, resultante do afluxo contínuo de me-
tais preciosos vindos da América, e os gastos com a guerra contra a Espanha 
DOC. 1 Rainha Elizabeth I da Inglaterra e Irlanda presidindo o 
Parlamento, gravura de 1608. O reinado de Elizabeth I foi marcado 
por um grande desenvolvimento econômico da Inglaterra.
 Vocabulário histórico
Parlamento
Desde a assinatura da Magna Carta, em 1215, os reis 
tinham de consultar o chamado Conselho Real para 
aprovar impostos e taxas. No fim do século XIII, o con-
selho real passou a chamar-se Parlamento, e era eleito 
entre os nobres e proprietários de terra do reino. A 
partir do século XIV, o Parlamento foi dividido em duas 
casas: a Câmara dos Lordes, representando a nobreza 
e o alto clero, e a Câmara dos Comuns, representando 
os homens livres que fossem proprietários de terras. 
Em tese, nenhuma lei ou taxa poderia ser proposta sem 
a aprovação de ambas as casas do Parlamento.
haviam esvaziado os cofres da Coroa. Diante das 
negativas do Parlamento em aprovar os pedidos 
de verbas e de aumento de impostos, solicitados 
por Jaime I, o monarca o dissolveu, em 1610, e 
passou a controlar o país como soberano abso-
luto até 1621. Ao governar sem o Parlamento, 
porém, Jaime I ganhou a antipatia da nobreza 
e da burguesia, que eram majoritariamente 
calvinistas.
Para obter renda para o Estado, Jaime I 
recorreu a políticas mercantilistas, como a 
imposição de tarifas protecionistas, a ven-
da de monop ios o est mu o pirataria e a 
criação de novos impostos. Outro expediente 
de que lançou mão e que lhe valeu ainda mais 
críticas foi a venda indiscriminada de cargos e 
honrarias. Sua política externa de aproximação 
com a Espanha gerava desconfiança crescente 
entre os calvinistas, que o acusavam de privi-
legiar os católicos.
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