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1 SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE BORDERLINE 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE BORDERLINE ........................... 1 NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................ 4 Adolescência e cultura contemporânea ............................................... 7 Possíveis causas dos problemas de comportamento da criança e dos adolescentes ................................................................................................... 9 Adolescência e organização de personalidade borderline ................. 11 Diagnóstico do transtorno de personalidade borderline em adolescentes ................................................................................................. 15 O adolescente borderline ................................................................... 19 O papel da família e dos pais ............................................................. 26 Tipos de intervenções da cognitiva comportamental no tratamento do paciente Borderline ....................................................................................... 29 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 34 4 Introdução A adolescência é um momento único, que molda as pessoas para a vida adulta. Enquanto a maioria dos adolescentes tem uma boa saúde mental, múltiplas mudanças físicas, emocionais e sociais, incluindo a exposição à pobreza, abuso ou violência, podem tornar os adolescentes vulneráveis a condições de saúde mental. Promover o bem-estar psicológico e protegê-los de experiências adversas e fatores de risco que possam afetar seu potencial de prosperar não são apenas fundamentais para seu bem-estar, mas também para sua saúde física e mental na vida adulta. A adolescência é um período crucial para o desenvolvimento e manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar mental. Estes incluem: a adoção de padrões de sono saudáveis; exercícios regulares; desenvolvimento de enfrentamento, resolução de problemas e habilidades interpessoais; e aprender a administrar emoções. Ambientes de apoio na família, na escola e na comunidade em geral também são importantes. Múltiplos fatores determinam a saúde mental de um adolescente. Quanto mais expostos aos fatores de risco, maior o potencial impacto na saúde mental de adolescentes. Entre os fatores que contribuem para o estresse 5 durante esse momento da vida, estão o desejo de uma maior autonomia, pressão para se conformar com pares, exploração da identidade sexual e maior acesso e uso de tecnologias. A influência da mídia e as normas de gênero podem exacerbar a disparidade entre a realidade vivida por um adolescente e suas percepções ou aspirações para o futuro. Outros determinantes importantes para a saúde mental dos adolescentes são a qualidade de vida em casa e suas relações com seus pares. Violência (incluindo pais severos e bullying) e problemas socioeconômicos são reconhecidos riscos à saúde mental. Crianças e adolescentes são especialmente vulneráveis à violência sexual, que tem uma associação clara com a saúde mental prejudicada. Alguns adolescentes estão em maior risco de problemas de saúde mental devido às suas condições de vida, estigma, discriminação ou exclusão, além de falta de acesso a serviços e apoio de qualidade. Estes incluem adolescentes que vivem em ambientes frágeis e com crises humanitárias; adolescentes com doenças crônicas, transtorno do espectro autista, incapacidade intelectual ou outra condição neurológica; adolescentes grávidas, pais adolescentes ou aqueles em casamentos precoces e/ou forçados; órfãos; e adolescentes que fazem parte de minorias étnicas ou sexuais ou outros grupos discriminados. Os adolescentes com condições de saúde mental são, por sua vez, particularmente vulneráveis à exclusão social, discriminação, estigma (afetando a prontidão para procurar ajuda), dificuldades no aprendizado, comportamentos de risco, problemas de saúde física e violações dos direitos humanos. Em todo o mundo, estima-se que 10% a 20% dos adolescentes vivenciem problemas de saúde mental, mas permanecem diagnosticados e tratados de forma inadequada. Sinais de transtornos mentais podem ser negligenciados por uma série de razões, tais como a falta de conhecimento ou conscientização sobre saúde mental entre trabalhadores de saúde ou o estigma que os impede de procurar ajuda. Os transtornos emocionais geralmente surgem durante a adolescência. 6 Além da depressão ou da ansiedade, os adolescentes com essa condição também podem sentir irritabilidade, frustração ou raiva excessivas. Os sintomas podem se sobrepor em mais de um transtorno, com mudanças rápidas e inesperadas no humor e explosões emocionais. Os adolescentes mais jovens também podem desenvolver sintomas físicos como dor de estômago, dor de cabeça ou náusea. Intervenções para promover a saúde mental dos adolescentes visam fortalecer os fatores de proteção e melhorar as alternativas aos comportamentos de risco. A promoção da saúde mental e do bem-estar ajuda esse grupo a construir resiliência para que possam lidar bem com situações difíceis ou adversidades. Programas de promoção da saúde mental para todos os adolescentes e programas de prevenção em risco dessas condições exigem uma abordagem multinível com plataformas de distribuição variadas – por exemplo, mídias digitais, ambientes de saúde ou assistência social, escolas ou comunidade. Exemplos de atividades de promoção e prevenção: intervenções psicológicas individuais online, em grupo ou autoguiadas; intervenções focadas na família, como treinamento de habilidades do cuidador, incluindo intervenções que abordam as necessidades dos cuidadores; intervenções nas escolas, como: mudanças organizacionais para um ambiente psicológico seguro e positivo; ensino sobre saúde mental e habilidades para a vida; treinamento de pessoal para a detecção e manejo básico do risco de suicídio; e programas escolares de prevenção para adolescentes vulneráveis a condições de saúde mental; intervenções baseadas na comunidade, como liderança de pares ou programas de orientação; programas de prevenção dirigidos a adolescentes em situação de 7 vulnerabilidade, como aqueles afetados por ambientes humanitários frágeis e grupos minoritários ou discriminados; programas para prevenir e administrar os efeitos da violência sexual em adolescentes; programas multissetoriaisde prevenção ao suicídio; intervenções multiníveis para prevenir o abuso de álcool e substâncias; educação sexual integral para ajudar a prevenir comportamentos sexuais de risco; e programas de prevenção à saúde. Adolescência e cultura contemporânea Para além das questões intrapsíquicas e intersubjetivas, fundamentais para a constituição de uma personalidade saudável, a literatura também discute a influência da cultura contemporânea neste processo e suas interferências nas vivências da adolescência. O tempo contemporâneo é marcado pelo instantâneo, pela superficialidade e pelo imediatismo que (des)estrutura as relações (Cardoso, 2005; Figueiredo, 2003; Justo, 2005). Soma-se a isso a questão de que, culturalmente, ser adolescente é um ideal e a mídia contribui significativamente para a representação deste ideal: ser jovem, transgredir, não ter limites, estar "fora da lei" (Calligaris, 2000; Savietto, 2007). Assim, as barreiras intergeracionais cada vez diminuem mais, o que deixa o adolescente em uma situação de desamparo, sem uma figura de adulto para se identificar (Jeammet & Corcos, 2005). Kehl (2003), discutindo o fenômeno de "teenagização da cultura ocidental" e das mudanças nas configurações familiares, refere que o abandono das crianças e adolescentes de hoje ocorre quando os adultos responsáveis não sustentam sua diferença diante deles, não lhes conferindo um lugar. Tal situação resulta na fragilidade da transmissão de parâmetros éticos para as novas gerações. Com efeito, o "fenômeno borderline" articula-se ao contexto da 8 atualidade, tendo em vista este mal-estar contemporâneo, marcado por uma cultura cada vez mais competitiva, individualista e narcísica. Como consequência, aparece o "desenraizamento" do ser humano e o aumento de seu desamparo. O adolescente borderline, assim, busca um lugar de acolhimento cada vez mais difícil de encontrar (Cardoso, 2005; Figueiredo, 2003; Hegenberg, 2000). Todos estes fatores, somados à proliferação da violência nos mais diversos âmbitos (urbano, familiar, institucional), à crise de valores éticos e às novas configurações familiares não podem ser desprezados quanto às suas implicações em termos de sofrimento psíquico e repercussões nos vínculos afetivos durante a adolescência (Birman, 2005; Levisky, 2002; Roudinesco, 2003; Savietto, 2007; Savietto & Cardoso, 2006). Diante desse panorama, os pais encontram-se "desmapeados" e, consequentemente, os filhos "desamparados" (Savietto, 2007; Savietto & Cardoso, 2006). Como repercussão, aparece o acréscimo das manifestações psicopatológicas entre os adolescentes, expressas por meio do registro do ato (atuações) e da convocação do corpo, o que supõe uma precariedade dos mecanismos de simbolização (Figueiredo, 2003; Fonagy & Target, 2004; Levisky, 2002; Savietto & Cardoso, 2006). Nessa vertente, Roudinesco (2003) salientou a 'desordem' em algumas dinâmicas familiares no cenário atual, em que a hierarquia parece não ter mais sentido, já que o poder se encontra descentralizado, caracterizando uma família "fraterna", igualitária. Como consequência, aparece o enfraquecimento das referências parentais e a diluição dos limites e das regras, o que, muitas vezes, se traduz em desamparo, sobre-excitação e tendência a descargas afetivas na adolescência (Savietto, 2007). Pode-se associar estas situações com as manifestações borderline, tendo em vista que nos adolescentes com este funcionamento a vivência afetiva apresenta-se desorganizada, com vinculações afetivas comprometidas, senso de identidade fragilizado e dinâmicas familiares marcadas por apegos do tipo inseguro. Além disso, as atuações (acting out) aparecem em relevo, podendo-se associar à insuficiência na rede de apoio e na sustentação afetiva percebida por estes adolescentes para o desenvolvimento de seu self (Bradley 9 & Westen, 2005; Fonagy & Target, 2000; Graña, 2007; Levy, 2005). Possíveis causas dos problemas de comportamento da criança e dos adolescentes Deve-se considerar que os fatores genéticos e biológicos, como o temperamento de uma criança e adolescente, e sua saúde, além de fatores que afetam os pais, como estresse e outros problemas pessoais, conflito marital, suporte social e problemas financeiros, podem contribuir dramaticamente para os problemas infantis. O reconhecimento desse fato não faz diminuir a importância da avaliação das interações diárias que os pais mantêm com ela, ou que elas deixem de ser consideradas essenciais em toda avaliação diagnostica infantil. Exemplos de tais tipos de interação são: recompensas acidentais para o mau comportamento da criança; aprendizagem por imitação, por olhar alguém fazendo igual (pais, irmãos e colegas); ignorância sobre o comportamento desejável, e métodos de instrução inadequados (como instruir algo e não exigir o cumprimento). Este tipo de análise é o que dá à avaliação comportamental seu caráter distintivo, o que mais contribui para demonstrar a existência de uma relação de dependência entre avaliação e intervenção. A posição aqui defendida é a de que não é possível, sem uma análise funcional bem elaborada, planejar e executar uma intervenção bem sucedida. Pode-se dizer, em acréscimo, que o sucesso na elaboração adequada de uma análise funcional será fruto tanto da experiência quanto da formação teórica do clínico, pois não há a priori regras ou técnicas a serem seguidas para se levantar tais antecedentes e consequentes. Sabe-se, porém, que, na entrevista inicial, é muito mais importante buscar saber como, quando e onde ele ocorre ao invés de se indagar os porquês do comportamento. 10 A forma usada pelo clínico para processar essa análise, isto é, a metodologia e os instrumentos por ele empregados para encontrar os determinantes do comportamento (ou seja, formular uma análise funcional, inicialmente hipotética) dependem do tipo de comportamento, idade e características do cliente. Assim, o modo do psicólogo agir quando tem diante de si um pré-escolar com um quadro de oposição aos seus familiares ou uma criança em idade escolar com um quadro de ansiedade de separação será diversa, mas os objetivos (busca dos determinantes do comportamento), não. Inúmeros recursos têm sido usados para tal levantamento, como pedir ao cliente que grave suas interações, ou pedir aos familiares que as observem ou dar aos clientes uma agenda para que nela anotem quando, onde e como praticam os comportamentos dos quais eles reclamam. Tanto no caso pioneiro como no mais recente, a entrevista com os pais funcionou como instrumento principal de referência para a análise empreendida. Entretanto, há aqui também diferenças entre os casos. O primeiro refere-se ao pedido de registro e quantificação dos problemas, o que também é feito no mais recente, mas este vai além, incluindo-os na demonstração da eficácia do tratamento. Inúmeros autores têm reconhecido a importância de se considerar dois tipos de análise funcional: uma análise microscópica, ou imediata, e uma análise macroscópica, ou mediata. Na primeira, a busca pelos determinantes restringirá seu foco aos comportamentos atuais que estão perturbando o cliente. Na macroanálise, os comportamentos problemáticos são vistos na interação com outros comportamentos do cliente, e suas interações no ambiente referem-se tanto ao ambiente microscópico onde ele está inserido quanto às relações dele com outros ambientes em seu sistema macroscópico. Assim, ao se buscar os determinantes do comportamento de uma criança com transtorno de conduta, por exemplo, deve-se considerar não apenas as situações familiares onde este pode ser visto. Deve-se procurar também determinar as relações deste tipo de transtorno com outros comportamentos da criança, sejam estes problemáticos ou não, além de se 11 procurar tambémcompreender este sistema comportamental em relação ao sistema comunitário e familiar mais amplo. Esta junção de dois tipos de análise funcional, necessárias para uma intervenção clínica comportamental efetiva, é denominada, como, compreensão funcional. Sem a inclusão dos dois tipos de análises mencionados, a seleção da intervenção, a ser realizada nesta fase, será parcial, para dizer o mínimo. Tais diferenças entre posturas em abordagem comportamental são vistas como derivadas do próprio desenvolvimento histórico da Terapia Comportamental como disciplina. Hoje, quando o psicólogo clínico comportamental está muito mais inteirado sobre o estado da arte da TC em relação aos diversos tratamentos possíveis de diferentes problemas infantis, sabe-se que quando uma criança apresenta mais do que uma dificuldade comportamental desde a formulação do caso, deve-se prever qual tratamento das dificuldades deve ser priorizada. Adolescência e organização de personalidade borderline Há muitas controvérsias no que se refere às definições de "condições psicopatológicas" no período da adolescência, já que é muito sutil a barreira que separa o "normal" e o "patológico" neste momento evolutivo. O adolescente está ainda em processo de formação de sua personalidade, bastante atravessado pelo contexto em que se encontra - portanto torna-se difícil falar em "estrutura" ou "transtorno de personalidade". Enquanto alguns autores são categóricos em caracterizar transtornos de personalidade na infância e adolescência (Kernberg, 1990, 2003), outros, como Giovachinni (1993), Masterson (1993) e Outeiral (1993) definem as situações patológicas na adolescência como "estados" ou "organizações". Nesta mesma linha, Bergeret (1996/1998) postula as anestruturações. 12 A questão da possibilidade diagnóstica da personalidade borderline na adolescência (e suas manifestações) tem sido o foco de alguns estudos (Bleiberg, 1994; Bradley, Zittel, & Westen, 2005; Chabrol, Chouicha, Montovany, & Callahan, 2001; Chabrol e cols., 2004; Crick, Murray-Close, & Woods, 2005; Paris, 2005). Essas pesquisas sugerem que se deve considerar seriamente o diagnóstico de personalidade borderline na adolescência sempre que os pacientes apresentarem as características clássicas desta desordem. Os sintomas mais frequentes encontrados nestes adolescentes, segundo a pesquisa de Chabrol e cols. (2001), foram ideação paranoide ou sintomas dissociativos (97,1%), instabilidade afetiva (88,6%), sentimento intenso de raiva (85,6%), comportamentos autodestrutivos ou suicidas (82,9%), esforços imensos para evitar o abandono (77%), impulsividade (65,7%), relacionamentos instáveis e intensos (62,9%), distúrbio da identidade (60%), e o sentimento de vazio (57,1%). Dessa forma, apesar do continuum entre normalidade e patologia na adolescência, a personalidade borderline parece representar uma situação específica neste período (Bradley, Jenei, & Westen, 2005; Crick e cols., 2005; Kernberg, 2003; Paris, 2005). No que remete à concepção psicodinâmica da organização de personalidade borderline na infância e adolescência, os autores tendem a ter um consenso sobre este funcionamento psíquico e sobre suas vicissitudes. Assim, pensa-se em uma personalidade marcada por fragilidades nas vinculações afetivas, uso de defesas primitivas, dificuldades acentuadas no 13 processo de individuação, difusão de identidade (falta de integração do conceito de self e de outros significativos) e nível de operações defensivas primitivas (centradas no mecanismo de clivagem e identificação projetiva). Soma-se a isso a falta constitucional de autonomia primária, a baixa tolerância à ansiedade, o excessivo desenvolvimento de impulsos agressivos e a vivência de uma realidade que produz excesso de frustração nestes adolescentes (Baird e cols., 2005; Bradley & Westen, 2005; Cardoso, 2005; Graña, 2007; Kernberg, 1995; Kernberg, Selzer, Koenigsberg, Carr, & Appelbaum, 1991; Levy, 2005; Maranga, 2002). Destacam-se, ainda as dificuldades nos relacionamentos interpessoais (acentuadamente conturbados e instáveis), as angústias de cunho depressivo (depressão narcísica) e um funcionamento marcadamente impulsivo e atuador. A intolerância à frustração, a precariedade na capacidade sublimatória, a falta de constância objetal e as falhas narcísicas estão presentes nesta dinâmica, acarretando graves perturbações na construção identitária e nas relações de objeto (denotando uma indiscriminação self-objeto). A tênue integração do superego também é um fator relevante, resultando em tendências antissociais e predomínio do processo primário (Agrawal e cols., 2004; Bradley & Westen, 2005; Bradley e cols., 2005; Cardoso, 2005; Carvalho, 2004; Figueiredo, 2003; Kernberg, 2003; Outeiral, 1993; Vaz & Santos, 2006; Villa & Cardoso, 2004; Westen, Ludolph, Lerner, Ruffins, & Wiss, 1990; Zilberleib, 2006). Além disso, estão presentes dificuldades em reconhecer, diferenciar e integrar emoções, assim como representações fragmentadas e malevolentes de si e dos outros, além de características comportamentais - suicídio e autoagressão uso de substâncias, bulimia. Tais situações trazem, como consequências, confusões de pensamentos e sentimentos, dificuldades com os limites, fronteiras frágeis, fluidas e dificuldades em manter relações íntimas e duradouras com as pessoas. Nesse sentido, a gestão das tormentas afetivas mostra-se fundamental nos adolescentes com esta organização de personalidade (Agrawal e cols., 2004; Bradley & Westen, 2005; Kernberg, 2003; Westen, Muderrisoglu, Shedler, Fowler, & Koren, 1997). A questão do senso de identidade dos adolescentes borderline é 14 explorada em vários estudos (Bradley & Westen, 2005; Bradley, Zittel e cols., 2005; Fonagy & Target, 2000; Kernberg, 1995). Os autores afirmam que a falta de uma identidade integrada é uma característica essencial na organização borderline de personalidade, repercutindo na experiência subjetiva de vazio crônico e percepções de si e dos outros contraditórias, empobrecidas e superficiais. O self é visto como inadequado não louvável e indigno pelos adolescentes borderline. Além disso, estes adolescentes referem se sentir como um estranho, inferiorizados, impotentes, enxergando-se como permanentemente danificados, fragilizados, "do mal". Disso decorre a sensibilidade à rejeição, o temor à solidão e o conflito entre uma desesperada necessidade de conexão com os outros (para regular seus afetos e seus medos) e os sentimentos de raiva e ódio, decorrentes de sensações de rejeição, incompreensão ou vitimização por parte destes adolescentes (Bradley e cols., 2005; Bradley & Westen, 2005; Gunderson, 1996; Putnam & Silk, 2005). Kernberg (1995) levanta o questionamento relativo às dificuldades em diferenciar os graus normais e patológicos de difusão de identidade na adolescência. O autor conclui que a diferença está na "capacidade do adolescente não-borderline de experenciar a culpa e preocupação, de estabelecer relações interpessoais duradouras e não-exploradoras (...) e de avaliar realisticamente e em profundidade as pessoas" (p. 53). Assim, os sujeitos borderline, no final da adolescência, se diferenciam por não realizarem as tarefas desenvolvimentais típicas dessa etapa, especialmente a consolidação de um senso de identidade do ego, a afirmação da identidade sexual, o afrouxamento dos laços com as figuras parentais e a superação da regência pelo superego infantil. Diante da complexidade dos aspectos representacionais e das vicissitudes da constituição psíquica dos adolescentes borderline, constata-se a importância da compreensão de suas experiências e história familiar, além das relações existentes entre as características das vinculações afetivas entre pais e filhos e os padrões de apego estabelecidos e a sua saúdemental e/ou psicopatologia. 15 Diagnóstico do transtorno de personalidade borderline em adolescentes O Transtorno da Personalidade Borderline (TPB), constitui-se em um transtorno mental grave, caracterizando-se por um padrão de relacionamentos interpessoais, da autoimagem e afetos instáveis e uma impulsividade exacerbada, com altos índices de suicídio e alta associação com outros transtornos psiquiátricos e da personalidade, apresentando taxas muito superiores a outros transtornos mentais, e com frequência tendo mais de um transtorno mental comórbido. Apresenta relação com distúrbios do humor, distúrbios alimentares, distúrbio do estresse dissociativo e pós-traumático e abuso de substâncias. TPB é uma condição fortemente relacionada com pesados encargos socioeconômicos para o indivíduo e a comunidade. A literatura atual mostra que sintomas de TPB na adolescência tem associação com disfunção psicossocial, menor desempenho acadêmico e inserção no mercado de trabalho e menor satisfação pessoal em até 10 a 20 anos após início dos sintomas. Para ter seu diagnóstico definido, faz-se necessário, que o paciente 16 tenha 5 dos 9 critérios diagnósticos definidos pelo 5º Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sendo eles: 1) esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou imaginário; 2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização; 3) perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem, ou do sentimento; 4) impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente, prejudiciais à própria pessoa; 5) recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas, ou de comportamento automutilante; 6) instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor; 7) sentimentos crônicos de vazio; 8) raiva inadequada e intensa, ou dificuldade em controlar a raiva; 9) ideação paranoide transitória e relacionada ao estresse ou graves sintomas dissociativos. No tangente ao diagnóstico desse transtorno em adolescentes sempre houve muita cautela. Tal conduta era justificada principalmente, pelo estigma ligado a doença e ao fato da personalidade estar em formação nessa faixa etária. Somando-se a isso, o fato de que características marcantes do transtorno podem estar presentes, porém não de modo patológico, na adolescência e essa diferenciação necessária mostra-se muitas vezes difícil de realizar na prática clínica no dia-a-dia. Embora tais preocupações sejam válidas e até o momento não existam critérios oficiais focados no desenvolvimento para TPB5, as últimas pesquisas dão evidências, cada vez mais robustas, de que o diagnóstico em jovens se 17 aplica, isso principalmente, nos casos em que os traços de personalidade inadaptados parecem ser penetrantes e persistentes - ou seja, duração de pelo menos 1 ano - e são considerados improváveis de se limitar a um estágio de desenvolvimento específico. Além disso, as análises recentes concluíram que a confiabilidade e validade do diagnóstico de TPB em adolescentes é comparável à da idade adulta, sendo o transtorno entendido, hoje, como patologia com seu desenvolvimento ocorrendo no decorrer da vida, e, em termos de estabilidade, morbidade, validade e etiologia, sem evidências que sustentem a ideia de que o TPB nos adolescentes e adultos possam ser encarados como entidades diferentes. Há também na literatura atual, evidências do benefício do tratamento específico e iniciado precocemente. Em resultado disso, atualmente, algumas diretrizes nacionais de tratamento, a Seção 3 do DSM-5 e a Classificação Internacional de Doenças 11ª Revisão, confirmam a legitimidade do diagnóstico de TPB em adolescentes. Revisões de literatura atuais corroboram que os adolescentes que apresentam o diagnóstico de TPB, têm maior probabilidade de apresentar-se com os sintomas mais agudos como automutilações recorrentes, comportamentos suicidas e impulsivos (abuso de substâncias, comportamento sexual de risco), além de raiva inapropriada. Em contrapartida, pacientes em idade adulta tendem a apresentar-se com sintomas mais persistentes como relacionamentos instáveis e distúrbios de identidade. Os sintomas individuais podem variar bastante nesses quadros, havendo heterogeneidade nas apresentações clínicas iniciais e durante o desenvolvimento do TPB. Nesse sentido pesquisas têm mostrado, que uma abordagem diagnóstica dimensional, possibilita uma descrição mais detalhada dos pacientes, com maior entendimento das mudanças ao longo do tempo, contribuindo assim para intervenções mais eficazes frente às diversificadas apresentações do TPB. Para ajudar os clínicos nesse tipo de abordagem existem muitas ferramentas diagnósticas e de avaliação do paciente com TPB, com sua 18 validade, confiabilidade e utilidade comprovada em estudos populacionais e para fins de triagem em alguns contextos clínicos. Porém ainda são necessários estudos que comprovem qual avaliação usar, e em qual sequência usar, para obter os melhores resultados. É necessário também que os sistemas atuais de classificação e as ferramentas de avaliação sejam capazes de determinar critérios adaptados ao desenvolvimento do TPB e que expliquem as mudanças, no que se refere a personalidade, durante a adolescência. Dentre as ferramentas diagnósticas deve-se citar as oficiais: o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5), a Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-V, na versão para transtornos de personalidade (SCID-5 PD), o Questionário Internacional de Detecção de Transtornos de Personalidade; a Escala de Características de Personalidade Limitada para Crianças, que é a primeira específica para a faixa etária e inclui quesitos a serem respondidos pelos pais ou cuidadores; e a Entrevista infantil para o transtorno da personalidade borderline do DSM-IV. Sharp et al analisaram a última quanto a sua capacidade psicométrica em uma amostra final de 190 adolescentes internados, com idades entre 12 e 17 anos, verificando-se que os pacientes diagnosticados com TPB com o uso dessa ferramenta apresentaram traços e sintomas coerentes com a população adulta, prevalência nessa população parecida com outros estudos (33% a 48%) e frequência de automutilações, comorbidades com patologias do Eixo I e suicídio mais alta, também coerente com a literatura na população adulta. Mostraram-se úteis para fins de triagem e avaliação algumas escalas de auto relato como o Instrumento para triagem McLean para Transtorno de Personalidade Borderline (ITM-TPB); e o Questionário de Personalidade Borderline (QPB). Todas foram usadas entre pacientes jovens com os melhores resultados para o Questionário de Personalidade Borderline. Vale ressaltar que o diagnóstico de TPB usando somente questionários de auto relato, embora tenham sua eficácia comprovada, não deve ser feito em nenhuma hipótese. Assim como nos demais transtornos psiquiátricos, maior tempo de doença relaciona-se com pior prognóstico, maior sofrimento para o paciente e 19 familiares, além de deixar quase nenhum espaço para a reversibilidade e recuperação satisfatória dos pacientes com TPB. Sabe-se, também que os sintomas são mais suscetíveis às intervenções quando feitas mais precocemente. Diante do exposto, os profissionais da área da saúde devem familiarizar-se com tais informações e ferramentas para realizar com destreza e segurança o diagnóstico de TPB na adolescência. O adolescente borderline No adolescente, o quadro clínico representa uma repetição do drama infantil: as defesas apresentadas visam a negar a depressão de abandono e o desespero da segunda fase da reação de separação. A sequência mais comum das atuações do adolescenteborderline é o tédio, agitação, dificuldades escolares, hipocondria, excessos físicos e sexuais. Depois, começam a agravar, apresentando comportamentos como: fugas, delinquências, toxicomanias, acidentes de carro, roubos, etc. As manifestações clínicas do borderline costumam aparecer com mais frequência no início da adolescência, porque nessa época ocorre uma segunda fase do desenvolvimento do ego. Por volta dos 12 anos, o indivíduo tem uma grande necessidade de viver a realidade e exercer muitas atividades. A pré- puberdade é uma repetição da fase pré-edípica. O indivíduo almeja tornar-se 20 independente da mãe, mas deseja permanecer sob sua proteção. Alguns borderlines, porém, podem aparecer quando entram para a universidade, ou quando se empregam ou se casam. O adolescente borderline apresenta um transtorno estrutural devido a uma detenção no desenvolvimento, com sintomas específicos observáveis, falhas na organização do ego (e do se/f) e dificuldades na capacidade de estabelecer relações de objeto. Apesar de haver graves danos nas funções do ego, a adaptação do paciente às exigências ambientais poderá ser razoavelmente adequada e as relações superficiais com os objetos permanecer intacta. Poderão, entretanto, sugerir episódios psicóticos passageiros quando o paciente se encontrar sob tensão persistente e/ou intensa. Existe um espectro amplo que vai dos casos mais perturbados, próximos aos psicóticos, até os menos prejudicados, mais próximos aos neuróticos. A maioria se localiza no meio deste espectro. Estes são menos estáveis, mais erráticos e mais ativamente perturbados. Tendem, também, mais ao actíng out, tentando preencher seu "vazio interno" com álcool ou drogas, com uma excessiva indulgência sexual ou qualquer outro tipo de atividade que propicie uma descarga imediata das excitações. Os que se encontram mais próximos aos psicóticos são bem mais perturbados, têm uma considerável ideação paranoide, intensos sentimentos de vazio e abandono, relações muito instáveis com os objetos e uma adaptação social precária. Anna Freud, em "Normaty and pathology in childhood", se refere ao Estado Borderline como: li ... regressões dos impulsos ... mais regressões simultâneas do ego e do super-ego que conduzem a transtornos e condições borderline ... " Para esta autora, lia condição borderline implica uma regressão libidinal e tópica" e coloca estes pacientes como sofrendo da desestruturação de um aparelho psíquico que havia alcançado um determinado nível de organização intersistêmica e que, ao não poder resolver os conflitos com os impulsos, por meio de uma neurose, torna o destino de uma alteração geral 21 das funções do ego. A seguir, destaca-se que: Otto Kernberg (1990), estabeleceu a psicodinâmica da Síndrome Borderline como uma falta constitucional de autonomia primária, baixa tolerância à ansiedade, excessivo desenvolvimento dos impulsos agressivos e vivência de uma realidade que produz um excesso de frustração. Este autor esclarece que o conceito de borderline é um espectro amplo e se refere à importância das peculiaridades destes pacientes no tratamento, como: - aspectos dinâmicos - transferências rápidas e prematuras; graves regressões transferenciais e predomínio ou condensação dos conflitos préedípicos; - aspectos genéticos - a origem destes conflitos se localiza, especialmente, entre o 2° e 4° anos de vida, na etapa de desenvolvimento de separação - individuação. Ainda para o autor, estes aspectos dinâmicos e genéticos não são suficientes para a descrição e compreensão destes pacientes, sendo assim, aponta uma conceituação de estrutura ou de organização borderline da personalidade, que inclui, também, uma conceitualização de estruturas infrapsíquicas. Ele estabelece três critérios estruturais (de organização intrapsíquica), que permite fazer o diagnóstico diferencial entre: 22 a) Organização Borderline de Personalidade (caracterologia grave); b) Organização Neurótica de Personalidade (patologia de caráter menos grave) e; c) Organização Psicótica de Personalidade (quadros psicóticos atípicos). como: Seguem os três critérios: Ainda, segundo Kernberg (1990), este refere alguns critérios secundários, como: - manifestações não específicas de debilidade do ego (falta de controle dos impulsos, falta de tolerância à angústia e falta de capacidade sublimatória; - graves perturbações nas relações de objeto; - sintomas neuróticos múltiplos e crônicos (como fobias, obsessões e ansiedade ); - falta de integração do superego com tendências antissociais; - predomínio de processo primário, que se evidencia nos testes psicológicos projetivos; - condensação de conflitos edípicos e pré-edípicos. 23 Percebe-se, assim, que os critérios 1 e 2 distinguem as estruturas borderline das neuroses sintomáticas e da patologia caracterológica e o critério número 3 diferencia a estrutura borderline da psicótica. O autor citado acima considera que uma das tarefas essenciais para o desenvolvimento é a integração do ego, ou seja, é a síntese das introjeções e identificações, primitivas e posteriores, em uma identidade egoica estável. E sabe-se que essa é uma das características do processo adolescente. Falando agora sobre a mãe de um paciente com esta Síndrome, na literatura é explicitado que no tocante à detenção do desenvolvimento na Síndrome Borderline como uma falha no processo de separação-individuação, essa mãe sofre também do mesmo problema. Vê-se que suas necessidades patológicas a levam a não apoiar e estimular a separação e individuação do filho, apegando-se a ele para impedir a separação e desestimulando os progressos que ele faça para a sua individuação. Desta forma, entre um ano e meio e três anos, surge na criança um conflito com a mãe que lhe determina o surgimento de sentimentos de vazio e abandono. Já, quando ocorre o estímulo materno adequado, as novas funções do ego impulsionam a criança para a autonomia através dos processos de separação individuação. Ao contrário da criança autista ou psicótica, a criança "borderline" evolui através da etapa simbiótica, mas a separação e individuação de sua mãe é apenas parcial, ocasionando sentimentos que são reprimidos (medo, caos, vazio, abandono, etc). A repressão não é suficiente e/ou eficaz e, então, é complementada por outros mecanismos, como acting out, formação reativa, mecanismos obsessivo-compulsivos, projeção, negação, isolamento, perda de afeto, dentre outros. Pode-se dizer que ela utiliza mecanismos de defesa primitivos, próprios da Posição Esquizoparanóide, tais como a cisão (Splitting), identificação projetiva e introjetiva e defesas maníacas (triunfo, controle e desprezo). Há, assim, momentos de prevalência de relações com objetos parciais, 24 pelo predomínio da cisão no ego e no objeto e ansiedade paranoide. Estas defesas primitivas detém o desenvolvimento e a maturação das funções do ego, conforme já foi dito. Ocorre, então, uma fixação em "nível oral" e algumas das características desta estrutura egoica foram apresentadas pela literatura: 1) fracasso de uma repressão normal; 2) persistência de mecanismos de defesa primitivos; 3) falta de "confiança básica"; 4) persistência da dissociação do objeto, com a deteriorização consequente das relações objetais; 5) regressão e negação; 6) deterioração da função sintética do ego; 7) fracasso da sublimação dos impulsos instintivos primitivos; 8) sérias dificuldades com a identidade pré-edípica e sexual. Na literatura acima citado, diz: Desta forma, para o autor, as defesas da criança a habilitam para funcionar até a pré-puberdade, que ele situa entre 10 e 12 anos, quando ocorre um segundo e intenso desenvolvimento na maturação do ego que representa uma segunda fase de separação-individuação,como que uma recapitulação da primeira fase ocorrida entre um e três anos de idade, dita anteriormente. Bion (1977), também considera que a adolescência representa um segundo processo de individuação. Ele diz que: 25 Em um trabalho sobre "Psicoterapia intensiva do Adolescente com uma Síndrome Borderline", é feita uma interessante descrição psicodinâmica do quadro clínico destes pacientes, referindo que esta síndrome se assemelha a um "iceberg", sendo que apenas a parte mais superficial pode ser detectada clinicamente sobre a linha d'água e que o resto permanece "oculto sob a superfície". Ele comenta o que considera as "cinco características clínicas desta síndrome": 1) presença de acting out, que varia de intensidade, incluindo desde leves aborrecimentos, inquietudes, dificuldades escolares e outros, até formas mais graves como uso de drogas, promiscuidade sexual, furtos, conduta auto e hetero-agressiva, etc.; 2) experiências reais de separação, às vezes são situações bem concretas, como morte, divórcio, migração, porém as mais sutis não são menos importantes, como uma mudança no foco de interesse do companheiro simbiótico, por exemplo, quando a mãe deste paciente tem uma doença física ou um romance e o adolescente, passa por um período, para um papel secundário; 3) a história passada revelará dados fundamentais mostrando uma estrutura de caráter com predomínio de fixação na fase oral; 4) os pais, geralmente, também padecem da Síndrome Borderline, em graus variados, sofrendo de uma falha parental (ambiental), tanto como seus próprios filhos. Assim, os pais percebem seus filhos como se fossem seus pais, amigos ou mesmo como "objetos transicionais". No tocante a isto, a literatura, diz que: 26 5) O modelo de comunicação familiar parece negar os pedidos de ajuda que o adolescente expressa, através de seus atos. Os pais respondem a estes seguidos pedidos de ajuda os desconhecendo ou repelindo-os, o que cria uma espiral crescente de acting out cada vez mais dramática. Estes grupos familiares têm como modelo de comunicação predominante os atos e não as palavras e, é desta forma que o adolescente comunica seu desprezo, seu vazio e seu sentimento de abandono. O papel da família e dos pais Os pais costumam buscar tratamento para seus filhos frequentemente para pedir orientação sobre como podem ajudá-los a superarem seus problemas ou medos. Os pais são modelos de comportamento muito importantes na vida das crianças. Pais com pensamentos e crenças adaptativos e que estimulam o filho a enfrentar as situações difíceis de uma forma positiva e funcional, ajudam muito na redução dos sintomas de ansiedade deste. O contexto interpessoal e social da criança, incluindo pares e familiares, é importante de se considerar no design e desfecho da terapia e devem fazer parte do tratamento. Os problemas na relação pais-filhos têm um impacto na apresentação e manutenção do comportamento desadaptativo da criança, portanto, o envolvimento dos pais no tratamento é um componente lógico que não deve ser inimizado. O elo comum entre todas as estratégias da TCC na infância e adolescência é que estas são baseadas em teorias da aprendizagem. 27 Princípios de condicionamento clássico, condicionamento operante, teoria da aprendizagem cognitiva e teoria da aprendizagem social constituem a base dos procedimentos utilizados no tratamento de diferentes transtornos nessa faixa etária. A ênfase em estratégias de aprendizagem deriva da noção de que a criança que tem seus problemas resolvidos por outros não obterá nenhum benefício ao longo de sua vida. A solução efetiva decorre de esforço e tempo para poder surgir o uso ativo do pensamento. Por isso a importância de trabalhar com a família e pais, pois estes são o primeiro modelo de aprendizagem da criança. Realizar psicoterapia infantil é impossível sem se trabalhar com os adultos, pois os problemas das crianças ocorrem muito mais frequentemente fora da terapia do que na sessão. Para modificar o ambiente de uma criança, os pais devem estar associados ao terapeuta. Se os pais e terapeuta não estiverem trabalhando no mesmo “plano de jogo”, a criança receberá sinais confusos e a efetividade da intervenção diminui. Os pais podem ser consultores, colaboradores ou “copacientes” na terapia de seus filhos. Como consultores, eles trazem informações passadas e atuais, além de poderem fornecer diversas respostas importantes durante o tratamento. Como colaboradores, são envolvidos no tratamento de forma a cooperar na sua condução e nas atividades relacionadas a este. Já como “copacientes”, os pais participam do tratamento de seus filhos como em sessões de terapia familiar, bem como em algumas intervenções específicas (como o treinamento de pais) sobre como lidar com a sintomatologia apresentada pelo filho. A primeira estratégia de trabalho com os pais na TCC com crianças e adolescentes é a psicoeducação, que é feita através de discussões e leituras sobre o tratamento e sobre desenvolvimento infantil. São dadas oportunidades aos pais para discutirem preocupações sobre seus filhos e prover a eles informações úteis sobre o transtorno ou problema e o tratamento. Além disso, o terapeuta orienta e oferece formas específicas pelas quais os pais podem ajudar as crianças a superarem seus problemas. Os problemas apresentados são definidos em termos que podem ser entendidos tanto pela criança quanto pelos pais, proporcionando a ela esperança e senso de controle. O paciente aprende habilidades de automudança: identificar e decidir sobre um 28 comportamento particular a ser alterado; avaliar seu nível atual de funcionamento naquela área e identificar desencadeadores e consequências potenciais de seus comportamentos. A TCC baseia-se também no uso e contratos verbais ou escritos através dos quais o paciente e seus familiares concordam em tentar certos cursos de ação entre as sessões do tratamento. Baseia-se também na crença de que as atividades da criança fora da sessão são tão importantes quanto as interações na sessão. Portanto, mudanças nos pensamentos, sentimentos e comportamentos são vistas como ocorrendo primariamente na medida em que a criança é capaz de experimentar novas formas de ser e comportar-se em situações da vida real e não simplesmente na sessão. Consequentemente, a TCC envolve confiança excessiva nas tarefas de casa e na prática entre as sessões, na qual o paciente testa as hipóteses levantadas na sessão e treina as habilidades aprendidas. Essas práticas extras sessões permitem que o paciente obtenha informações sobre suas crenças e comportamentos e experimente diferentes formas de se comportar e de interpretar acontecimentos. Frequentemente, os pais esperam demais ou muito pouco de seus filhos, o que gera conflitos. Muitas das queixas de alguns pais estão relacionadas a expectativas irrealistas, pois eles confundem comportamento desejável com comportamento esperado. Por exemplo, é desejável que irmãos brinquem durante horas sem discutir, entretanto, não é razoável esperar que ajam assim. Quando os pais mantêm expectativas irrealistas, ficarão frustrados por tentar constantemente impô-las e fracassar. Através da avaliação de frequência, da intensidade e da duração do problema, o terapeuta é capaz de discernir se as expectativas parentais são realísticas ou não. Uma das funções do terapeuta é ver o quanto as percepções subjetivas dos pais correspondem aos dados objetivos. Feita essa avaliação, são ensinadas aos pais técnicas para aumentar os comportamentos desejáveis de seus filhos, ensinando-os, dessa forma, a cativá-los, comportando-se adequadamente. Pelo fato de muitos pais 29 queixarem-se que passam uma grande quantidade de tempo dizendo a seus filhos o que fazer e o que não fazer, também podemser ensinadas aos pais estratégias mais efetivas para dar instruções, aumentando a taxa de obediência das crianças. O comportamento das crianças é intencional para obter consequências positivas ou para evitar situações indesejáveis, por isso noções de reforçamento e punição e quando utilizá-los, devem ser passadas aos pais. Tipos de intervenções da cognitiva comportamental no tratamento do paciente Borderline Segundo Kaplan (1997), dentro das intervenções, as que geram mais resultados e eficazes é a THS (Treinamento de habilidades sociais) que passou a ser utilizada com mais frequência pelos profissionais. Sendo segundo Caminha (2003) um sistema que através de ensinamentos sistemáticos, treina o paciente para lidar com suas habilidades interpessoais perante o outro e a si mesmo, trazendo a capacidade de o indivíduo ter relações interpessoais e praticar essa atitude interpessoal de maneira socialmente correta. Cordioli (1998) destaca 4 etapas da THS que podem ser moldadas conforme o comportamento detectado durante a terapia, essas etapas consistem em: 1. Sistema de crenças: Desenvolver com o paciente este sistema que consiste em respeito pelo próximo e por si mesmo, garantindo os direitos de ambos. 2. Distinguir: Ensinando ao paciente a diferenciar aquele comportamento assertivo e o não assertivo. 3. Reestruturando a forma cognitiva: Fazendo o paciente pensar em situações verídicas. 4. Ensinando o paciente: O paciente aprenderá 30 em estabelecidas situações formas de respostas assertivas. Lembrado por Caballo, (2002) que devemos sempre buscar a colaboração do paciente, sendo o mesmo inadequado socialmente, como no caso do Borderline, deve - se fazer um trabalho de reestruturação cognitivo, junto de alguns exercícios, como de relaxamento, relações comportamentais, sociais e sentimento e suas respostas diante esses comportamentos sociais adequados e suas respostas diante de situações inadequadas. Assim, esses exercícios no início podem partir da introdução da THS para depois o terapeuta solicitar ao paciente as tarefas de casa, fazendo o Borderline ter contato com responsabilidade e compromisso, podendo assim ter repetições dessas situações adequadas no seu dia a dia (CORDIOLI, 1998). No transtorno de personalidade de Borderline o medo e a ansiedade por motivos como abandono e abusos sexuais na infância são constantes. Neste ponto a DS (Dessensibilização Sistemática) desenvolvida por Wolp (1958) apud Caminha (2002) pode auxiliar o paciente. É possível com a DS amenizar o sofrimento da pessoa na terapia através de uma resposta reversa deste estímulo condicionado. O tratamento consiste em que o paciente passe por um crescente de exposição e estimulação progressiva desse seu medo, sendo exposta ao seu estimulo condicionado. A primeira etapa consiste em técnicas de relaxamento bem trabalhadas, seguidas de uma exposição gradual de situações que lhe causaram medo e ansiedade, está etapa começa gradativamente menor e vai aumentando conforme a exposição a situação já não lhe cause temor, quando essa estimulação de medo não lhe gera mais essa ansiedade o terapeuta está apito para passar uma série de estímulos para serem repetidos no cotidiano e em terapia (CAMINHA, 2002). Na Terapia cognitivo comportamental trabalhamos com a prevenção e intervenções, como no caso do paciente Borderline que pode estar em estágio de crise, ou quer ter uma estratégia para como lhe dar com uma possível crise futura, o terapeuta pode trabalhar junto ao indivíduo a estratégia para intervenção em crise, tendo como objetivo identificar essas crises, ajudando o paciente identificar suas ações e suas consequências. Uma das etapas importantes nestes casos, é evitar a confrontação e trabalhar a lista de 31 problemas da pessoa. Nos casos de crises o paciente precisa do apoio da família onde o profissional vai trabalhar junto com as técnicas de relaxamento e outras estratégias na superação desta crise, e é sempre importante estar ciente que a atenção precisa ser redobrada e a chance de estar sendo manipulado pelo paciente são grandes (CORDIOLI, 1998). Como Beck (1989) estabeleceu que os esquemas ajudam a entender e organizar os processos auxiliando o paciente em seus comportamentos, na intervenção do Borderline o terapeuta pode focar nos esquemas como uma forma de terapia onde a mesma segue duas etapas que avalia o paciente obtendo informações destes comportamentos e apresando alguns esquemas mais relevantes, e temos a etapa da mudança que se trata de quando identificada as estruturas comportamentais na primeira etapa e o esquema sendo ativado vem em consequência a modificação dessas estruturas (CAMINHA, 2003). Segundo Young (1999) a terapia focada no esquema usa de técnicas que o terapeuta precisa estar ciente de como manuseiar. Quando tratamos da primeira etapa da terapia estamos lidando com a identificação de esquemas centrais da vida desse paciente, estar estabelecendo sua história de vida e problemas do momento presente para elaboração de uma relação entre os esquemas. O favorecimento da promoção do contato ligados a esses esquemas e por último identificar estratégias de enfrentamento disfuncionais. Nesta etapa segundo Young (1999) o terapeuta que usa a terapia focada nos esquemas vai precisar seguir algumas técnicas como: Técnica de revisão de vida: o terapeuta entre em contato com o esquema do paciente estimulando o mesmo a distanciar – se dele. Cartões contrários aos esquemas: O terapeuta junto ao paciente desenvolve cartões onde a pessoa pode levar com ela, e pode ser lido quando necessário, estes cartões vão estar contradizendo aos esquemas do paciente. Mudanças ambientais: O terapeuta pode intervir quando preciso no ambiente do paciente afim de mudá-lo, onde a ajuda de parentes e essencial para que esses esquemas nestes ambientes parem de ser 32 reforçados. Relação terapêutica: O terapeuta discuti com o paciente a terapia em si e sua relação sentimental que acabaram aparecendo durante as sessões. Mudanças nos comportamentos dos esquemas: O Terapeuta quebra este padrão nestes esquemas contínuos parando repetimento disfuncional. Técnica de imaginação: O terapeuta incentiva o indivíduo a usar a imaginação como modo de modificação segura, imaginando por si próprio esquemas em atividade e fazer a tentativa de muda-los. Dialogo de esquemas: O terapeuta vai pedir ao paciente que ele interprete e discuta o esquema adaptativo e o disfuncional, dando vida e sentindo para esses esquemas no seu dia a dia e fazer uma discussão sobre o mesmo. Já o autor Caminha (2003) falava de etapas sem sequências ou dependências de serem aplicadas, mais objetivas no tratamento da terapia focada nos esquemas, que podem ser uma das alternativas para pacientes com Transtorno de personalidade Borderline dentro da terapia cognitivo comportamental. Estas etapas consistem em dar mais em base ou ser sequencial conforme a terapia na primeira etapa da TFE, onde uma identificação de esquemas para buscar a problemática tanto presente como futura desses esquemas, sua compensação, evitação e a importância que este paciente apresenta ao esquema e uma das etapas que autor abordava. Outra etapa é a conceitualização dos esquemas que passa a ser fundamental no trabalho de interpretação e entendimento do profissional a fim de ser compartilhado com o paciente. E temos a etapa de educação dos esquemas, quem vem a confrontação do terapeuta aos esquemas de seu paciente até onde ele suportar, sendo que a eficácia desta etapa partira do paciente, o indivíduo se depara com sua situação atual e a formação de seus esquemas e aprende a entender a situação como modo de visualizar quando lhe for passado pelo terapeuta as consequências ruins e boas da situação e formação. 33 Outro modode tratamento e intervenção utilizado pelo os profissionais da saúde mental e a farmacoterapia, que persiste entre autores de ser indicado como auxilio no tratamento não ser o principal aditivo no tratamento, porque uma das características desse transtorno e usar uma ou mais drogas se recomenda o uso de farmacoterapia com acompanhamento sempre de terapia (KAPLAN, 1997). Os principais remédios usados no tratamento do Transtorno Borderline, são as drogas atípicas como os antipsicóticos atípicos, tendo como principal teoria a melhora de comportamentos e sintomas como cognitivos – perceptuais, impulso agressivo e os sintomas afetivos, sendo diferentes de antipsicotipicos típicos tendo maior taxa de sintomas aversos, e tratando hostilidade e raiva, sendo a personalidade Borderline tendo melhor desempenho de melhora quando tratados mais sintomas como no antipsicoticos atípicos (CARVALHO, 2004). Segundo Holmes (2001) Torazina e Haldol ajudam no tratamento do esquizofrênico, como lítio em tratamentos de humor instável e outras drogas que ajudam a diminuir o comportamento impulsivo, ou seja, aquelas que aumentam atividade da serotonina no cérebro, podem ser algumas drogas de ajuda no tratamento também do paciente. Já o autor Carvalho (2004) cita Divalproato como ajuda nas variações de humor do paciente, sendo eficaz em impulsos e descontrole de humor. Recomenda também a Naltrexona que pode ser apresentada no tratamento da automutilação da pessoa, diminuindo estes pensamentos de autoflagelação, como melhora também de compulsões e obsessões. Mais estudos e aprofundamentos da etiologia da personalidade Borderline como espera de melhoras no tratamento psicoterápico é ainda uma espera, a metodologia e mecanismos de aditivos para essas sessões e esses pacientes, e sobre a farmacologia também sendo levada a um esclarecimento maior como uma melhor opção do tratamento do Borderline (CARVALHO, 2004). 34 REFERÊNCIAS Agrawal, H. R., Gunderson, J., Holmes, B. M., & Lyons Ruth, K. (2004). Attachment studies with Borderline patients: A review. Harvard Review of Psychiatry, 12, 94-104. American Psychiatric Association. (1995). DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (D. Batista, Trad., 4a ed.). Porto Alegre: Artes Médicas. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 3. ed. 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