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1 
 
SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE BORDERLINE 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE BORDERLINE ........................... 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
Introdução ................................................................................................ 4 
Adolescência e cultura contemporânea ............................................... 7 
Possíveis causas dos problemas de comportamento da criança e dos 
adolescentes ................................................................................................... 9 
Adolescência e organização de personalidade borderline ................. 11 
Diagnóstico do transtorno de personalidade borderline em 
adolescentes ................................................................................................. 15 
O adolescente borderline ................................................................... 19 
O papel da família e dos pais ............................................................. 26 
Tipos de intervenções da cognitiva comportamental no tratamento do 
paciente Borderline ....................................................................................... 29 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Introdução 
 
A adolescência é um momento único, que molda as pessoas para a vida 
adulta. Enquanto a maioria dos adolescentes tem uma boa saúde mental, 
múltiplas mudanças físicas, emocionais e sociais, incluindo a exposição à 
pobreza, abuso ou violência, podem tornar os adolescentes vulneráveis a 
condições de saúde mental. Promover o bem-estar psicológico e protegê-los de 
experiências adversas e fatores de risco que possam afetar seu potencial de 
prosperar não são apenas fundamentais para seu bem-estar, mas também 
para sua saúde física e mental na vida adulta. 
A adolescência é um período crucial para o desenvolvimento e 
manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar 
mental. Estes incluem: a adoção de padrões de sono saudáveis; exercícios 
regulares; desenvolvimento de enfrentamento, resolução de problemas e 
habilidades interpessoais; e aprender a administrar emoções. Ambientes de 
apoio na família, na escola e na comunidade em geral também são 
importantes. 
Múltiplos fatores determinam a saúde mental de um adolescente. 
Quanto mais expostos aos fatores de risco, maior o potencial impacto na saúde 
mental de adolescentes. Entre os fatores que contribuem para o estresse 
 
 
5 
durante esse momento da vida, estão o desejo de uma maior autonomia, 
pressão para se conformar com pares, exploração da identidade sexual e maior 
acesso e uso de tecnologias. 
A influência da mídia e as normas de gênero podem exacerbar a 
disparidade entre a realidade vivida por um adolescente e suas percepções ou 
aspirações para o futuro. Outros determinantes importantes para a saúde 
mental dos adolescentes são a qualidade de vida em casa e suas relações 
com seus pares. Violência (incluindo pais severos e bullying) e problemas 
socioeconômicos são reconhecidos riscos à saúde mental. Crianças e 
adolescentes são especialmente vulneráveis à violência sexual, que tem uma 
associação clara com a saúde mental prejudicada. 
Alguns adolescentes estão em maior risco de problemas de saúde 
mental devido às suas condições de vida, estigma, discriminação ou exclusão, 
além de falta de acesso a serviços e apoio de qualidade. Estes incluem 
adolescentes que vivem em ambientes frágeis e com crises humanitárias; 
adolescentes com doenças crônicas, transtorno do espectro autista, 
incapacidade intelectual ou outra condição neurológica; adolescentes grávidas, 
pais adolescentes ou aqueles em casamentos precoces e/ou forçados; órfãos; 
e adolescentes que fazem parte de minorias étnicas ou sexuais ou outros 
grupos discriminados. 
Os adolescentes com condições de saúde mental são, por sua vez, 
particularmente vulneráveis à exclusão social, discriminação, estigma (afetando 
a prontidão para procurar ajuda), dificuldades no aprendizado, comportamentos 
de risco, problemas de saúde física e violações dos direitos humanos. 
Em todo o mundo, estima-se que 10% a 20% dos adolescentes 
vivenciem problemas de saúde mental, mas permanecem diagnosticados e 
tratados de forma inadequada. Sinais de transtornos mentais podem ser 
negligenciados por uma série de razões, tais como a falta de conhecimento ou 
conscientização sobre saúde mental entre trabalhadores de saúde ou o 
estigma que os impede de procurar ajuda. 
Os transtornos emocionais geralmente surgem durante a adolescência. 
 
 
6 
Além da depressão ou da ansiedade, os adolescentes com essa condição 
também podem sentir irritabilidade, frustração ou raiva excessivas. Os 
sintomas podem se sobrepor em mais de um transtorno, com mudanças 
rápidas e inesperadas no humor e explosões emocionais. Os adolescentes 
mais jovens também podem desenvolver sintomas físicos como dor de 
estômago, dor de cabeça ou náusea. 
Intervenções para promover a saúde mental dos adolescentes visam 
fortalecer os fatores de proteção e melhorar as alternativas aos 
comportamentos de risco. A promoção da saúde mental e do bem-estar ajuda 
esse grupo a construir resiliência para que possam lidar bem com situações 
difíceis ou adversidades. Programas de promoção da saúde mental para todos 
os adolescentes e programas de prevenção em risco dessas condições exigem 
uma abordagem multinível com plataformas de distribuição variadas – por 
exemplo, mídias digitais, ambientes de saúde ou assistência social, escolas ou 
comunidade. 
Exemplos de atividades de promoção e prevenção: 
 intervenções psicológicas individuais online, em grupo ou 
autoguiadas; 
 intervenções focadas na família, como treinamento de habilidades 
do cuidador, incluindo intervenções que abordam as necessidades dos 
cuidadores; 
 intervenções nas escolas, como: 
 mudanças organizacionais para um ambiente psicológico seguro 
e positivo; 
 ensino sobre saúde mental e habilidades para a vida; 
 treinamento de pessoal para a detecção e manejo básico do risco 
de suicídio; e 
 programas escolares de prevenção para adolescentes 
vulneráveis a condições de saúde mental; 
 intervenções baseadas na comunidade, como liderança de pares 
ou programas de orientação; 
 programas de prevenção dirigidos a adolescentes em situação de 
 
 
7 
vulnerabilidade, como aqueles afetados por ambientes humanitários frágeis e 
grupos minoritários ou discriminados; 
 programas para prevenir e administrar os efeitos da violência 
sexual em adolescentes; 
 programas multissetoriaisde prevenção ao suicídio; 
 intervenções multiníveis para prevenir o abuso de álcool e 
substâncias; 
 educação sexual integral para ajudar a prevenir comportamentos 
sexuais de risco; e 
 programas de prevenção à saúde. 
 
Adolescência e cultura contemporânea 
 
Para além das questões intrapsíquicas e intersubjetivas, fundamentais 
para a constituição de uma personalidade saudável, a literatura também 
discute a influência da cultura contemporânea neste processo e suas 
interferências nas vivências da adolescência. O tempo contemporâneo é 
marcado pelo instantâneo, pela superficialidade e pelo imediatismo que 
(des)estrutura as relações (Cardoso, 2005; Figueiredo, 2003; Justo, 2005). 
Soma-se a isso a questão de que, culturalmente, ser adolescente é um 
ideal e a mídia contribui significativamente para a representação deste ideal: 
ser jovem, transgredir, não ter limites, estar "fora da lei" (Calligaris, 2000; 
Savietto, 2007). Assim, as barreiras intergeracionais cada vez diminuem mais, 
o que deixa o adolescente em uma situação de desamparo, sem uma figura de 
adulto para se identificar (Jeammet & Corcos, 2005). Kehl (2003), discutindo o 
fenômeno de "teenagização da cultura ocidental" e das mudanças nas 
configurações familiares, refere que o abandono das crianças e adolescentes 
de hoje ocorre quando os adultos responsáveis não sustentam sua diferença 
diante deles, não lhes conferindo um lugar. Tal situação resulta na fragilidade 
da transmissão de parâmetros éticos para as novas gerações. 
Com efeito, o "fenômeno borderline" articula-se ao contexto da 
 
 
8 
atualidade, tendo em vista este mal-estar contemporâneo, marcado por uma 
cultura cada vez mais competitiva, individualista e narcísica. Como 
consequência, aparece o "desenraizamento" do ser humano e o aumento de 
seu desamparo. O adolescente borderline, assim, busca um lugar de 
acolhimento cada vez mais difícil de encontrar (Cardoso, 2005; Figueiredo, 
2003; Hegenberg, 2000). Todos estes fatores, somados à proliferação da 
violência nos mais diversos âmbitos (urbano, familiar, institucional), à crise de 
valores éticos e às novas configurações familiares não podem ser desprezados 
quanto às suas implicações em termos de sofrimento psíquico e repercussões 
nos vínculos afetivos durante a adolescência (Birman, 2005; Levisky, 2002; 
Roudinesco, 2003; Savietto, 2007; Savietto & Cardoso, 2006). 
Diante desse panorama, os pais encontram-se "desmapeados" e, 
consequentemente, os filhos "desamparados" (Savietto, 2007; Savietto & 
Cardoso, 2006). Como repercussão, aparece o acréscimo das manifestações 
psicopatológicas entre os adolescentes, expressas por meio do registro do ato 
(atuações) e da convocação do corpo, o que supõe uma precariedade dos 
mecanismos de simbolização (Figueiredo, 2003; Fonagy & Target, 2004; 
Levisky, 2002; Savietto & Cardoso, 2006). 
Nessa vertente, Roudinesco (2003) salientou a 'desordem' em algumas 
dinâmicas familiares no cenário atual, em que a hierarquia parece não ter mais 
sentido, já que o poder se encontra descentralizado, caracterizando uma 
família "fraterna", igualitária. Como consequência, aparece o enfraquecimento 
das referências parentais e a diluição dos limites e das regras, o que, muitas 
vezes, se traduz em desamparo, sobre-excitação e tendência a descargas 
afetivas na adolescência (Savietto, 2007). 
Pode-se associar estas situações com as manifestações borderline, 
tendo em vista que nos adolescentes com este funcionamento a vivência 
afetiva apresenta-se desorganizada, com vinculações afetivas comprometidas, 
senso de identidade fragilizado e dinâmicas familiares marcadas por apegos do 
tipo inseguro. Além disso, as atuações (acting out) aparecem em relevo, 
podendo-se associar à insuficiência na rede de apoio e na sustentação afetiva 
percebida por estes adolescentes para o desenvolvimento de seu self (Bradley 
 
 
9 
& Westen, 2005; Fonagy & Target, 2000; Graña, 2007; Levy, 2005). 
 
Possíveis causas dos problemas de comportamento da criança e 
dos adolescentes 
 
Deve-se considerar que os fatores genéticos e biológicos, como o 
temperamento de uma criança e adolescente, e sua saúde, além de fatores 
que afetam os pais, como estresse e outros problemas pessoais, conflito 
marital, suporte social e problemas financeiros, podem contribuir 
dramaticamente para os problemas infantis. 
O reconhecimento desse fato não faz diminuir a importância da 
avaliação das interações diárias que os pais mantêm com ela, ou que elas 
deixem de ser consideradas essenciais em toda avaliação diagnostica infantil. 
Exemplos de tais tipos de interação são: recompensas acidentais para o mau 
comportamento da criança; aprendizagem por imitação, por olhar alguém 
fazendo igual (pais, irmãos e colegas); ignorância sobre o comportamento 
desejável, e métodos de instrução inadequados (como instruir algo e não exigir 
o cumprimento). 
Este tipo de análise é o que dá à avaliação comportamental seu caráter 
distintivo, o que mais contribui para demonstrar a existência de uma relação de 
dependência entre avaliação e intervenção. 
A posição aqui defendida é a de que não é possível, sem uma análise 
funcional bem elaborada, planejar e executar uma intervenção bem sucedida. 
Pode-se dizer, em acréscimo, que o sucesso na elaboração adequada de uma 
análise funcional será fruto tanto da experiência quanto da formação teórica do 
clínico, pois não há a priori regras ou técnicas a serem seguidas para se 
levantar tais antecedentes e consequentes. Sabe-se, porém, que, na entrevista 
inicial, é muito mais importante buscar saber como, quando e onde ele ocorre 
ao invés de se indagar os porquês do comportamento. 
 
 
10 
A forma usada pelo clínico para processar essa análise, isto é, a 
metodologia e os instrumentos por ele empregados para encontrar os 
determinantes do comportamento (ou seja, formular uma análise funcional, 
inicialmente hipotética) dependem do tipo de comportamento, idade e 
características do cliente. Assim, o modo do psicólogo agir quando tem diante 
de si um pré-escolar com um quadro de oposição aos seus familiares ou uma 
criança em idade escolar com um quadro de ansiedade de separação será 
diversa, mas os objetivos (busca dos determinantes do comportamento), não. 
Inúmeros recursos têm sido usados para tal levantamento, como pedir 
ao cliente que grave suas interações, ou pedir aos familiares que as observem 
ou dar aos clientes uma agenda para que nela anotem quando, onde e como 
praticam os comportamentos dos quais eles reclamam. 
Tanto no caso pioneiro como no mais recente, a entrevista com os pais 
funcionou como instrumento principal de referência para a análise 
empreendida. Entretanto, há aqui também diferenças entre os casos. O 
primeiro refere-se ao pedido de registro e quantificação dos problemas, o que 
também é feito no mais recente, mas este vai além, incluindo-os na 
demonstração da eficácia do tratamento. 
Inúmeros autores têm reconhecido a importância de se considerar dois 
tipos de análise funcional: uma análise microscópica, ou imediata, e uma 
análise macroscópica, ou mediata. Na primeira, a busca pelos determinantes 
restringirá seu foco aos comportamentos atuais que estão perturbando o 
cliente. Na macroanálise, os comportamentos problemáticos são vistos na 
interação com outros comportamentos do cliente, e suas interações no 
ambiente referem-se tanto ao ambiente microscópico onde ele está inserido 
quanto às relações dele com outros ambientes em seu sistema macroscópico. 
Assim, ao se buscar os determinantes do comportamento de uma 
criança com transtorno de conduta, por exemplo, deve-se considerar não 
apenas as situações familiares onde este pode ser visto. Deve-se procurar 
também determinar as relações deste tipo de transtorno com outros 
comportamentos da criança, sejam estes problemáticos ou não, além de se 
 
 
11 
procurar tambémcompreender este sistema comportamental em relação ao 
sistema comunitário e familiar mais amplo. 
Esta junção de dois tipos de análise funcional, necessárias para uma 
intervenção clínica comportamental efetiva, é denominada, como, 
compreensão funcional. Sem a inclusão dos dois tipos de análises 
mencionados, a seleção da intervenção, a ser realizada nesta fase, será 
parcial, para dizer o mínimo. 
Tais diferenças entre posturas em abordagem comportamental são 
vistas como derivadas do próprio desenvolvimento histórico da Terapia 
Comportamental como disciplina. Hoje, quando o psicólogo clínico 
comportamental está muito mais inteirado sobre o estado da arte da TC em 
relação aos diversos tratamentos possíveis de diferentes problemas infantis, 
sabe-se que quando uma criança apresenta mais do que uma dificuldade 
comportamental desde a formulação do caso, deve-se prever qual tratamento 
das dificuldades deve ser priorizada. 
 
Adolescência e organização de personalidade borderline 
 
Há muitas controvérsias no que se refere às definições de "condições 
psicopatológicas" no período da adolescência, já que é muito sutil a barreira 
que separa o "normal" e o "patológico" neste momento evolutivo. O 
adolescente está ainda em processo de formação de sua personalidade, 
bastante atravessado pelo contexto em que se encontra - portanto torna-se 
difícil falar em "estrutura" ou "transtorno de personalidade". 
Enquanto alguns autores são categóricos em caracterizar transtornos de 
personalidade na infância e adolescência (Kernberg, 1990, 2003), outros, como 
Giovachinni (1993), Masterson (1993) e Outeiral (1993) definem as situações 
patológicas na adolescência como "estados" ou "organizações". Nesta mesma 
linha, Bergeret (1996/1998) postula as anestruturações. 
 
 
12 
 
A questão da possibilidade diagnóstica da personalidade borderline na 
adolescência (e suas manifestações) tem sido o foco de alguns estudos 
(Bleiberg, 1994; Bradley, Zittel, & Westen, 2005; Chabrol, Chouicha, 
Montovany, & Callahan, 2001; Chabrol e cols., 2004; Crick, Murray-Close, & 
Woods, 2005; Paris, 2005). Essas pesquisas sugerem que se deve considerar 
seriamente o diagnóstico de personalidade borderline na adolescência sempre 
que os pacientes apresentarem as características clássicas desta desordem. 
Os sintomas mais frequentes encontrados nestes adolescentes, 
segundo a pesquisa de Chabrol e cols. (2001), foram ideação paranoide ou 
sintomas dissociativos (97,1%), instabilidade afetiva (88,6%), sentimento 
intenso de raiva (85,6%), comportamentos autodestrutivos ou suicidas (82,9%), 
esforços imensos para evitar o abandono (77%), impulsividade (65,7%), 
relacionamentos instáveis e intensos (62,9%), distúrbio da identidade (60%), e 
o sentimento de vazio (57,1%). Dessa forma, apesar do continuum entre 
normalidade e patologia na adolescência, a personalidade borderline parece 
representar uma situação específica neste período (Bradley, Jenei, & Westen, 
2005; Crick e cols., 2005; Kernberg, 2003; Paris, 2005). 
No que remete à concepção psicodinâmica da organização de 
personalidade borderline na infância e adolescência, os autores tendem a ter 
um consenso sobre este funcionamento psíquico e sobre suas vicissitudes. 
Assim, pensa-se em uma personalidade marcada por fragilidades nas 
vinculações afetivas, uso de defesas primitivas, dificuldades acentuadas no 
 
 
13 
processo de individuação, difusão de identidade (falta de integração do 
conceito de self e de outros significativos) e nível de operações defensivas 
primitivas (centradas no mecanismo de clivagem e identificação projetiva). 
Soma-se a isso a falta constitucional de autonomia primária, a baixa tolerância 
à ansiedade, o excessivo desenvolvimento de impulsos agressivos e a vivência 
de uma realidade que produz excesso de frustração nestes adolescentes 
(Baird e cols., 2005; Bradley & Westen, 2005; Cardoso, 2005; Graña, 2007; 
Kernberg, 1995; Kernberg, Selzer, Koenigsberg, Carr, & Appelbaum, 1991; 
Levy, 2005; Maranga, 2002). 
Destacam-se, ainda as dificuldades nos relacionamentos interpessoais 
(acentuadamente conturbados e instáveis), as angústias de cunho depressivo 
(depressão narcísica) e um funcionamento marcadamente impulsivo e atuador. 
A intolerância à frustração, a precariedade na capacidade sublimatória, a falta 
de constância objetal e as falhas narcísicas estão presentes nesta dinâmica, 
acarretando graves perturbações na construção identitária e nas relações de 
objeto (denotando uma indiscriminação self-objeto). A tênue integração do 
superego também é um fator relevante, resultando em tendências antissociais 
e predomínio do processo primário (Agrawal e cols., 2004; Bradley & Westen, 
2005; Bradley e cols., 2005; Cardoso, 2005; Carvalho, 2004; Figueiredo, 2003; 
Kernberg, 2003; Outeiral, 1993; Vaz & Santos, 2006; Villa & Cardoso, 2004; 
Westen, Ludolph, Lerner, Ruffins, & Wiss, 1990; Zilberleib, 2006). 
Além disso, estão presentes dificuldades em reconhecer, diferenciar e 
integrar emoções, assim como representações fragmentadas e malevolentes 
de si e dos outros, além de características comportamentais - suicídio e 
autoagressão uso de substâncias, bulimia. Tais situações trazem, como 
consequências, confusões de pensamentos e sentimentos, dificuldades com os 
limites, fronteiras frágeis, fluidas e dificuldades em manter relações íntimas e 
duradouras com as pessoas. Nesse sentido, a gestão das tormentas afetivas 
mostra-se fundamental nos adolescentes com esta organização de 
personalidade (Agrawal e cols., 2004; Bradley & Westen, 2005; Kernberg, 
2003; Westen, Muderrisoglu, Shedler, Fowler, & Koren, 1997). 
A questão do senso de identidade dos adolescentes borderline é 
 
 
14 
explorada em vários estudos (Bradley & Westen, 2005; Bradley, Zittel e cols., 
2005; Fonagy & Target, 2000; Kernberg, 1995). Os autores afirmam que a falta 
de uma identidade integrada é uma característica essencial na organização 
borderline de personalidade, repercutindo na experiência subjetiva de vazio 
crônico e percepções de si e dos outros contraditórias, empobrecidas e 
superficiais. O self é visto como inadequado não louvável e indigno pelos 
adolescentes borderline. Além disso, estes adolescentes referem se sentir 
como um estranho, inferiorizados, impotentes, enxergando-se como 
permanentemente danificados, fragilizados, "do mal". Disso decorre a 
sensibilidade à rejeição, o temor à solidão e o conflito entre uma desesperada 
necessidade de conexão com os outros (para regular seus afetos e seus 
medos) e os sentimentos de raiva e ódio, decorrentes de sensações de 
rejeição, incompreensão ou vitimização por parte destes adolescentes (Bradley 
e cols., 2005; Bradley & Westen, 2005; Gunderson, 1996; Putnam & Silk, 
2005). 
Kernberg (1995) levanta o questionamento relativo às dificuldades em 
diferenciar os graus normais e patológicos de difusão de identidade na 
adolescência. O autor conclui que a diferença está na "capacidade do 
adolescente não-borderline de experenciar a culpa e preocupação, de 
estabelecer relações interpessoais duradouras e não-exploradoras (...) e de 
avaliar realisticamente e em profundidade as pessoas" (p. 53). Assim, os 
sujeitos borderline, no final da adolescência, se diferenciam por não realizarem 
as tarefas desenvolvimentais típicas dessa etapa, especialmente a 
consolidação de um senso de identidade do ego, a afirmação da identidade 
sexual, o afrouxamento dos laços com as figuras parentais e a superação da 
regência pelo superego infantil. 
Diante da complexidade dos aspectos representacionais e das 
vicissitudes da constituição psíquica dos adolescentes borderline, constata-se 
a importância da compreensão de suas experiências e história familiar, além 
das relações existentes entre as características das vinculações afetivas entre 
pais e filhos e os padrões de apego estabelecidos e a sua saúdemental e/ou 
psicopatologia. 
 
 
15 
Diagnóstico do transtorno de personalidade borderline em 
adolescentes 
 
 
 O Transtorno da Personalidade Borderline (TPB), constitui-se em um 
transtorno mental grave, caracterizando-se por um padrão de relacionamentos 
interpessoais, da autoimagem e afetos instáveis e uma impulsividade 
exacerbada, com altos índices de suicídio e alta associação com outros 
transtornos psiquiátricos e da personalidade, apresentando taxas muito 
superiores a outros transtornos mentais, e com frequência tendo mais de um 
transtorno mental comórbido. Apresenta relação com distúrbios do humor, 
distúrbios alimentares, distúrbio do estresse dissociativo e pós-traumático e 
abuso de substâncias. 
TPB é uma condição fortemente relacionada com pesados encargos 
socioeconômicos para o indivíduo e a comunidade. A literatura atual mostra 
que sintomas de TPB na adolescência tem associação com disfunção 
psicossocial, menor desempenho acadêmico e inserção no mercado de 
trabalho e menor satisfação pessoal em até 10 a 20 anos após início dos 
sintomas. 
 Para ter seu diagnóstico definido, faz-se necessário, que o paciente 
 
 
16 
tenha 5 dos 9 critérios diagnósticos definidos pelo 5º Manual Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sendo eles: 
1) esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou 
imaginário; 
2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, 
caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização; 
3) perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da 
autoimagem, ou do sentimento; 
4) impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente, prejudiciais 
à própria pessoa; 
5) recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas, ou de 
comportamento automutilante; 
6) instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor; 
7) sentimentos crônicos de vazio; 
8) raiva inadequada e intensa, ou dificuldade em controlar a raiva; 
9) ideação paranoide transitória e relacionada ao estresse ou graves 
sintomas dissociativos. 
No tangente ao diagnóstico desse transtorno em adolescentes sempre 
houve muita cautela. Tal conduta era justificada principalmente, pelo estigma 
ligado a doença e ao fato da personalidade estar em formação nessa faixa 
etária. Somando-se a isso, o fato de que características marcantes do 
transtorno podem estar presentes, porém não de modo patológico, na 
adolescência e essa diferenciação necessária mostra-se muitas vezes difícil de 
realizar na prática clínica no dia-a-dia. 
Embora tais preocupações sejam válidas e até o momento não existam 
critérios oficiais focados no desenvolvimento para TPB5, as últimas pesquisas 
dão evidências, cada vez mais robustas, de que o diagnóstico em jovens se 
 
 
17 
aplica, isso principalmente, nos casos em que os traços de personalidade 
inadaptados parecem ser penetrantes e persistentes - ou seja, duração de pelo 
menos 1 ano - e são considerados improváveis de se limitar a um estágio de 
desenvolvimento específico. Além disso, as análises recentes concluíram que a 
confiabilidade e validade do diagnóstico de TPB em adolescentes é 
comparável à da idade adulta, sendo o transtorno entendido, hoje, como 
patologia com seu desenvolvimento ocorrendo no decorrer da vida, e, em 
termos de estabilidade, morbidade, validade e etiologia, sem evidências que 
sustentem a ideia de que o TPB nos adolescentes e adultos possam ser 
encarados como entidades diferentes. 
Há também na literatura atual, evidências do benefício do tratamento 
específico e iniciado precocemente. Em resultado disso, atualmente, algumas 
diretrizes nacionais de tratamento, a Seção 3 do DSM-5 e a Classificação 
Internacional de Doenças 11ª Revisão, confirmam a legitimidade do diagnóstico 
de TPB em adolescentes. 
Revisões de literatura atuais corroboram que os adolescentes que 
apresentam o diagnóstico de TPB, têm maior probabilidade de apresentar-se 
com os sintomas mais agudos como automutilações recorrentes, 
comportamentos suicidas e impulsivos (abuso de substâncias, comportamento 
sexual de risco), além de raiva inapropriada. Em contrapartida, pacientes em 
idade adulta tendem a apresentar-se com sintomas mais persistentes como 
relacionamentos instáveis e distúrbios de identidade. 
Os sintomas individuais podem variar bastante nesses quadros, 
havendo heterogeneidade nas apresentações clínicas iniciais e durante o 
desenvolvimento do TPB. Nesse sentido pesquisas têm mostrado, que uma 
abordagem diagnóstica dimensional, possibilita uma descrição mais detalhada 
dos pacientes, com maior entendimento das mudanças ao longo do tempo, 
contribuindo assim para intervenções mais eficazes frente às diversificadas 
apresentações do TPB. 
Para ajudar os clínicos nesse tipo de abordagem existem muitas 
ferramentas diagnósticas e de avaliação do paciente com TPB, com sua 
 
 
18 
validade, confiabilidade e utilidade comprovada em estudos populacionais e 
para fins de triagem em alguns contextos clínicos. Porém ainda são 
necessários estudos que comprovem qual avaliação usar, e em qual sequência 
usar, para obter os melhores resultados. É necessário também que os sistemas 
atuais de classificação e as ferramentas de avaliação sejam capazes de 
determinar critérios adaptados ao desenvolvimento do TPB e que expliquem as 
mudanças, no que se refere a personalidade, durante a adolescência. 
Dentre as ferramentas diagnósticas deve-se citar as oficiais: o Manual 
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5), a 
Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-V, na versão para transtornos de 
personalidade (SCID-5 PD), o Questionário Internacional de Detecção de 
Transtornos de Personalidade; a Escala de Características de Personalidade 
Limitada para Crianças, que é a primeira específica para a faixa etária e inclui 
quesitos a serem respondidos pelos pais ou cuidadores; e a Entrevista infantil 
para o transtorno da personalidade borderline do DSM-IV. Sharp et al 
analisaram a última quanto a sua capacidade psicométrica em uma amostra 
final de 190 adolescentes internados, com idades entre 12 e 17 anos, 
verificando-se que os pacientes diagnosticados com TPB com o uso dessa 
ferramenta apresentaram traços e sintomas coerentes com a população adulta, 
prevalência nessa população parecida com outros estudos (33% a 48%) e 
frequência de automutilações, comorbidades com patologias do Eixo I e 
suicídio mais alta, também coerente com a literatura na população adulta. 
Mostraram-se úteis para fins de triagem e avaliação algumas escalas de 
auto relato como o Instrumento para triagem McLean para Transtorno de 
Personalidade Borderline (ITM-TPB); e o Questionário de Personalidade 
Borderline (QPB). Todas foram usadas entre pacientes jovens com os 
melhores resultados para o Questionário de Personalidade Borderline. Vale 
ressaltar que o diagnóstico de TPB usando somente questionários de auto 
relato, embora tenham sua eficácia comprovada, não deve ser feito em 
nenhuma hipótese. 
Assim como nos demais transtornos psiquiátricos, maior tempo de 
doença relaciona-se com pior prognóstico, maior sofrimento para o paciente e 
 
 
19 
familiares, além de deixar quase nenhum espaço para a reversibilidade e 
recuperação satisfatória dos pacientes com TPB. Sabe-se, também que os 
sintomas são mais suscetíveis às intervenções quando feitas mais 
precocemente. Diante do exposto, os profissionais da área da saúde devem 
familiarizar-se com tais informações e ferramentas para realizar com destreza e 
segurança o diagnóstico de TPB na adolescência. 
 
O adolescente borderline 
 
 
No adolescente, o quadro clínico representa uma repetição do drama 
infantil: as defesas apresentadas visam a negar a depressão de abandono e o 
desespero da segunda fase da reação de separação. A sequência mais 
comum das atuações do adolescenteborderline é o tédio, agitação, 
dificuldades escolares, hipocondria, excessos físicos e sexuais. Depois, 
começam a agravar, apresentando comportamentos como: fugas, 
delinquências, toxicomanias, acidentes de carro, roubos, etc. 
As manifestações clínicas do borderline costumam aparecer com mais 
frequência no início da adolescência, porque nessa época ocorre uma segunda 
fase do desenvolvimento do ego. Por volta dos 12 anos, o indivíduo tem uma 
grande necessidade de viver a realidade e exercer muitas atividades. A pré-
puberdade é uma repetição da fase pré-edípica. O indivíduo almeja tornar-se 
 
 
20 
independente da mãe, mas deseja permanecer sob sua proteção. 
Alguns borderlines, porém, podem aparecer quando entram para a 
universidade, ou quando se empregam ou se casam. O adolescente borderline 
apresenta um transtorno estrutural devido a uma detenção no 
desenvolvimento, com sintomas específicos observáveis, falhas na 
organização do ego (e do se/f) e dificuldades na capacidade de estabelecer 
relações de objeto. 
Apesar de haver graves danos nas funções do ego, a adaptação do 
paciente às exigências ambientais poderá ser razoavelmente adequada e as 
relações superficiais com os objetos permanecer intacta. Poderão, entretanto, 
sugerir episódios psicóticos passageiros quando o paciente se encontrar sob 
tensão persistente e/ou intensa. Existe um espectro amplo que vai dos casos 
mais perturbados, próximos aos psicóticos, até os menos prejudicados, mais 
próximos aos neuróticos. 
A maioria se localiza no meio deste espectro. Estes são menos estáveis, 
mais erráticos e mais ativamente perturbados. Tendem, também, mais ao 
actíng out, tentando preencher seu "vazio interno" com álcool ou drogas, com 
uma excessiva indulgência sexual ou qualquer outro tipo de atividade que 
propicie uma descarga imediata das excitações. 
Os que se encontram mais próximos aos psicóticos são bem mais 
perturbados, têm uma considerável ideação paranoide, intensos sentimentos 
de vazio e abandono, relações muito instáveis com os objetos e uma 
adaptação social precária. 
Anna Freud, em "Normaty and pathology in childhood", se refere ao 
Estado Borderline como: li ... regressões dos impulsos ... mais regressões 
simultâneas do ego e do super-ego que conduzem a transtornos e condições 
borderline ... " Para esta autora, lia condição borderline implica uma regressão 
libidinal e tópica" e coloca estes pacientes como sofrendo da desestruturação 
de um aparelho psíquico que havia alcançado um determinado nível de 
organização intersistêmica e que, ao não poder resolver os conflitos com os 
impulsos, por meio de uma neurose, torna o destino de uma alteração geral 
 
 
21 
das funções do ego. A seguir, destaca-se que: 
 
Otto Kernberg (1990), estabeleceu a psicodinâmica da Síndrome 
Borderline como uma falta constitucional de autonomia primária, baixa 
tolerância à ansiedade, excessivo desenvolvimento dos impulsos agressivos e 
vivência de uma realidade que produz um excesso de frustração. 
Este autor esclarece que o conceito de borderline é um espectro amplo 
e se refere à importância das peculiaridades destes pacientes no tratamento, 
como: 
- aspectos dinâmicos - transferências rápidas e prematuras; graves 
regressões transferenciais e predomínio ou condensação dos conflitos 
préedípicos; 
- aspectos genéticos - a origem destes conflitos se localiza, 
especialmente, entre o 2° e 4° anos de vida, na etapa de desenvolvimento de 
separação - individuação. 
Ainda para o autor, estes aspectos dinâmicos e genéticos não são 
suficientes para a descrição e compreensão destes pacientes, sendo assim, 
aponta uma conceituação de estrutura ou de organização borderline da 
personalidade, que inclui, também, uma conceitualização de estruturas 
infrapsíquicas. 
Ele estabelece três critérios estruturais (de organização intrapsíquica), 
que permite fazer o diagnóstico diferencial entre: 
 
 
22 
a) Organização Borderline de Personalidade (caracterologia grave); 
b) Organização Neurótica de Personalidade (patologia de caráter menos 
grave) e; 
c) Organização Psicótica de Personalidade (quadros psicóticos atípicos). 
como: Seguem os três critérios: 
 
Ainda, segundo Kernberg (1990), este refere alguns critérios 
secundários, como: 
- manifestações não específicas de debilidade do ego (falta de controle 
dos impulsos, falta de tolerância à angústia e falta de capacidade sublimatória; 
- graves perturbações nas relações de objeto; 
- sintomas neuróticos múltiplos e crônicos (como fobias, obsessões e 
ansiedade ); 
- falta de integração do superego com tendências antissociais; 
- predomínio de processo primário, que se evidencia nos testes 
psicológicos projetivos; 
- condensação de conflitos edípicos e pré-edípicos. 
 
 
23 
Percebe-se, assim, que os critérios 1 e 2 distinguem as estruturas 
borderline das neuroses sintomáticas e da patologia caracterológica e o critério 
número 3 diferencia a estrutura borderline da psicótica. 
O autor citado acima considera que uma das tarefas essenciais para o 
desenvolvimento é a integração do ego, ou seja, é a síntese das introjeções e 
identificações, primitivas e posteriores, em uma identidade egoica estável. E 
sabe-se que essa é uma das características do processo adolescente. 
Falando agora sobre a mãe de um paciente com esta Síndrome, na 
literatura é explicitado que no tocante à detenção do desenvolvimento na 
Síndrome Borderline como uma falha no processo de separação-individuação, 
essa mãe sofre também do mesmo problema. Vê-se que suas necessidades 
patológicas a levam a não apoiar e estimular a separação e individuação do 
filho, apegando-se a ele para impedir a separação e desestimulando os 
progressos que ele faça para a sua individuação. 
Desta forma, entre um ano e meio e três anos, surge na criança um 
conflito com a mãe que lhe determina o surgimento de sentimentos de vazio e 
abandono. Já, quando ocorre o estímulo materno adequado, as novas funções 
do ego impulsionam a criança para a autonomia através dos processos de 
separação individuação. 
Ao contrário da criança autista ou psicótica, a criança "borderline" evolui 
através da etapa simbiótica, mas a separação e individuação de sua mãe é 
apenas parcial, ocasionando sentimentos que são reprimidos (medo, caos, 
vazio, abandono, etc). 
A repressão não é suficiente e/ou eficaz e, então, é complementada por 
outros mecanismos, como acting out, formação reativa, mecanismos 
obsessivo-compulsivos, projeção, negação, isolamento, perda de afeto, dentre 
outros. Pode-se dizer que ela utiliza mecanismos de defesa primitivos, próprios 
da Posição Esquizoparanóide, tais como a cisão (Splitting), identificação 
projetiva e introjetiva e defesas maníacas (triunfo, controle e desprezo). 
Há, assim, momentos de prevalência de relações com objetos parciais, 
 
 
24 
pelo predomínio da cisão no ego e no objeto e ansiedade paranoide. Estas 
defesas primitivas detém o desenvolvimento e a maturação das funções do 
ego, conforme já foi dito. Ocorre, então, uma fixação em "nível oral" e algumas 
das características desta estrutura egoica foram apresentadas pela literatura: 
1) fracasso de uma repressão normal; 
2) persistência de mecanismos de defesa primitivos; 
3) falta de "confiança básica"; 
4) persistência da dissociação do objeto, com a deteriorização 
consequente das relações objetais; 
5) regressão e negação; 
6) deterioração da função sintética do ego; 
7) fracasso da sublimação dos impulsos instintivos primitivos; 
8) sérias dificuldades com a identidade pré-edípica e sexual. Na 
literatura acima citado, diz: 
 
Desta forma, para o autor, as defesas da criança a habilitam para 
funcionar até a pré-puberdade, que ele situa entre 10 e 12 anos, quando ocorre 
um segundo e intenso desenvolvimento na maturação do ego que representa 
uma segunda fase de separação-individuação,como que uma recapitulação da 
primeira fase ocorrida entre um e três anos de idade, dita anteriormente. Bion 
(1977), também considera que a adolescência representa um segundo 
processo de individuação. Ele diz que: 
 
 
 
25 
Em um trabalho sobre "Psicoterapia intensiva do Adolescente com uma 
Síndrome Borderline", é feita uma interessante descrição psicodinâmica do 
quadro clínico destes pacientes, referindo que esta síndrome se assemelha a 
um "iceberg", sendo que apenas a parte mais superficial pode ser detectada 
clinicamente sobre a linha d'água e que o resto permanece "oculto sob a 
superfície". 
Ele comenta o que considera as "cinco características clínicas desta 
síndrome": 
1) presença de acting out, que varia de intensidade, incluindo desde 
leves aborrecimentos, inquietudes, dificuldades escolares e outros, até formas 
mais graves como uso de drogas, promiscuidade sexual, furtos, conduta auto e 
hetero-agressiva, etc.; 
2) experiências reais de separação, às vezes são situações bem 
concretas, como morte, divórcio, migração, porém as mais sutis não são menos 
importantes, como uma mudança no foco de interesse do companheiro 
simbiótico, por exemplo, quando a mãe deste paciente tem uma doença física 
ou um romance e o adolescente, passa por um período, para um papel 
secundário; 
3) a história passada revelará dados fundamentais mostrando uma 
estrutura de caráter com predomínio de fixação na fase oral; 
4) os pais, geralmente, também padecem da Síndrome Borderline, em 
graus variados, sofrendo de uma falha parental (ambiental), tanto como seus 
próprios filhos. Assim, os pais percebem seus filhos como se fossem seus pais, 
amigos ou mesmo como "objetos transicionais". No tocante a isto, a literatura, 
diz que: 
 
 
26 
 
5) O modelo de comunicação familiar parece negar os pedidos de ajuda 
que o adolescente expressa, através de seus atos. Os pais respondem a estes 
seguidos pedidos de ajuda os desconhecendo ou repelindo-os, o que cria uma 
espiral crescente de acting out cada vez mais dramática. 
Estes grupos familiares têm como modelo de comunicação 
predominante os atos e não as palavras e, é desta forma que o adolescente 
comunica seu desprezo, seu vazio e seu sentimento de abandono. 
 
O papel da família e dos pais 
 
Os pais costumam buscar tratamento para seus filhos frequentemente 
para pedir orientação sobre como podem ajudá-los a superarem seus 
problemas ou medos. Os pais são modelos de comportamento muito 
importantes na vida das crianças. Pais com pensamentos e crenças 
adaptativos e que estimulam o filho a enfrentar as situações difíceis de uma 
forma positiva e funcional, ajudam muito na redução dos sintomas de 
ansiedade deste. O contexto interpessoal e social da criança, incluindo pares e 
familiares, é importante de se considerar no design e desfecho da terapia e 
devem fazer parte do tratamento. Os problemas na relação pais-filhos têm um 
impacto na apresentação e manutenção do comportamento desadaptativo da 
criança, portanto, o envolvimento dos pais no tratamento é um componente 
lógico que não deve ser inimizado. 
 O elo comum entre todas as estratégias da TCC na infância e 
adolescência é que estas são baseadas em teorias da aprendizagem. 
 
 
27 
Princípios de condicionamento clássico, condicionamento operante, teoria da 
aprendizagem cognitiva e teoria da aprendizagem social constituem a base dos 
procedimentos utilizados no tratamento de diferentes transtornos nessa faixa 
etária. A ênfase em estratégias de aprendizagem deriva da noção de que a 
criança que tem seus problemas resolvidos por outros não obterá nenhum 
benefício ao longo de sua vida. A solução efetiva decorre de esforço e tempo 
para poder surgir o uso ativo do pensamento. Por isso a importância de 
trabalhar com a família e pais, pois estes são o primeiro modelo de 
aprendizagem da criança. 
Realizar psicoterapia infantil é impossível sem se trabalhar com os 
adultos, pois os problemas das crianças ocorrem muito mais frequentemente 
fora da terapia do que na sessão. Para modificar o ambiente de uma criança, 
os pais devem estar associados ao terapeuta. Se os pais e terapeuta não 
estiverem trabalhando no mesmo “plano de jogo”, a criança receberá sinais 
confusos e a efetividade da intervenção diminui. Os pais podem ser 
consultores, colaboradores ou “copacientes” na terapia de seus filhos. Como 
consultores, eles trazem informações passadas e atuais, além de poderem 
fornecer diversas respostas importantes durante o tratamento. Como 
colaboradores, são envolvidos no tratamento de forma a cooperar na sua 
condução e nas atividades relacionadas a este. Já como “copacientes”, os pais 
participam do tratamento de seus filhos como em sessões de terapia familiar, 
bem como em algumas intervenções específicas (como o treinamento de pais) 
sobre como lidar com a sintomatologia apresentada pelo filho. 
A primeira estratégia de trabalho com os pais na TCC com crianças e 
adolescentes é a psicoeducação, que é feita através de discussões e leituras 
sobre o tratamento e sobre desenvolvimento infantil. São dadas oportunidades 
aos pais para discutirem preocupações sobre seus filhos e prover a eles 
informações úteis sobre o transtorno ou problema e o tratamento. Além disso, o 
terapeuta orienta e oferece formas específicas pelas quais os pais podem 
ajudar as crianças a superarem seus problemas. Os problemas apresentados 
são definidos em termos que podem ser entendidos tanto pela criança quanto 
pelos pais, proporcionando a ela esperança e senso de controle. O paciente 
aprende habilidades de automudança: identificar e decidir sobre um 
 
 
28 
comportamento particular a ser alterado; avaliar seu nível atual de 
funcionamento naquela área e identificar desencadeadores e consequências 
potenciais de seus comportamentos. 
A TCC baseia-se também no uso e contratos verbais ou escritos através 
dos quais o paciente e seus familiares concordam em tentar certos cursos de 
ação entre as sessões do tratamento. Baseia-se também na crença de que as 
atividades da criança fora da sessão são tão importantes quanto as interações 
na sessão. Portanto, mudanças nos pensamentos, sentimentos e 
comportamentos são vistas como ocorrendo primariamente na medida em que 
a criança é capaz de experimentar novas formas de ser e comportar-se em 
situações da vida real e não simplesmente na sessão. 
 Consequentemente, a TCC envolve confiança excessiva nas tarefas de 
casa e na prática entre as sessões, na qual o paciente testa as hipóteses 
levantadas na sessão e treina as habilidades aprendidas. Essas práticas extras 
sessões permitem que o paciente obtenha informações sobre suas crenças e 
comportamentos e experimente diferentes formas de se comportar e de 
interpretar acontecimentos. 
Frequentemente, os pais esperam demais ou muito pouco de seus 
filhos, o que gera conflitos. Muitas das queixas de alguns pais estão 
relacionadas a expectativas irrealistas, pois eles confundem comportamento 
desejável com comportamento esperado. Por exemplo, é desejável que irmãos 
brinquem durante horas sem discutir, entretanto, não é razoável esperar que 
ajam assim. Quando os pais mantêm expectativas irrealistas, ficarão frustrados 
por tentar constantemente impô-las e fracassar. Através da avaliação de 
frequência, da intensidade e da duração do problema, o terapeuta é capaz de 
discernir se as expectativas parentais são realísticas ou não. Uma das funções 
do terapeuta é ver o quanto as percepções subjetivas dos pais correspondem 
aos dados objetivos. 
Feita essa avaliação, são ensinadas aos pais técnicas para aumentar os 
comportamentos desejáveis de seus filhos, ensinando-os, dessa forma, a 
cativá-los, comportando-se adequadamente. Pelo fato de muitos pais 
 
 
29 
queixarem-se que passam uma grande quantidade de tempo dizendo a seus 
filhos o que fazer e o que não fazer, também podemser ensinadas aos pais 
estratégias mais efetivas para dar instruções, aumentando a taxa de 
obediência das crianças. O comportamento das crianças é intencional para 
obter consequências positivas ou para evitar situações indesejáveis, por isso 
noções de reforçamento e punição e quando utilizá-los, devem ser passadas 
aos pais. 
 
Tipos de intervenções da cognitiva comportamental no tratamento 
do paciente Borderline 
 
Segundo Kaplan (1997), dentro das intervenções, as que geram mais 
resultados e eficazes é a THS (Treinamento de habilidades sociais) que passou 
a ser utilizada com mais frequência pelos profissionais. Sendo segundo 
Caminha (2003) um sistema que através de ensinamentos sistemáticos, treina 
o paciente para lidar com suas habilidades interpessoais perante o outro e a si 
mesmo, trazendo a capacidade de o indivíduo ter relações interpessoais e 
praticar essa atitude interpessoal de maneira socialmente correta. 
Cordioli (1998) destaca 4 etapas da THS que podem ser moldadas 
conforme o comportamento detectado durante a terapia, essas etapas 
consistem em: 
1. Sistema de crenças: Desenvolver com o paciente este sistema 
que consiste em respeito pelo próximo e por si mesmo, garantindo os direitos 
de ambos. 
2. Distinguir: Ensinando ao paciente a diferenciar aquele 
comportamento assertivo e o não assertivo. 
3. Reestruturando a forma cognitiva: Fazendo o paciente pensar em 
situações verídicas. 
4. Ensinando o paciente: O paciente aprenderá 
 
 
30 
em estabelecidas situações formas de respostas assertivas. 
Lembrado por Caballo, (2002) que devemos sempre buscar a 
colaboração do paciente, sendo o mesmo inadequado socialmente, como no 
caso do Borderline, deve - se fazer um trabalho de reestruturação cognitivo, 
junto de alguns exercícios, como de relaxamento, relações comportamentais, 
sociais e sentimento e suas respostas diante esses comportamentos sociais 
adequados e suas respostas diante de situações inadequadas. Assim, esses 
exercícios no início podem partir da introdução da THS para depois o terapeuta 
solicitar ao paciente as tarefas de casa, fazendo o Borderline ter contato com 
responsabilidade e compromisso, podendo assim ter repetições dessas 
situações adequadas no seu dia a dia (CORDIOLI, 1998). 
No transtorno de personalidade de Borderline o medo e a ansiedade por 
motivos como abandono e abusos sexuais na infância são constantes. Neste 
ponto a DS (Dessensibilização Sistemática) desenvolvida por Wolp (1958) 
apud Caminha (2002) pode auxiliar o paciente. É possível com a DS amenizar 
o sofrimento da pessoa na terapia através de uma resposta reversa deste 
estímulo condicionado. O tratamento consiste em que o paciente passe por um 
crescente de exposição e estimulação progressiva desse seu medo, sendo 
exposta ao seu estimulo condicionado. A primeira etapa consiste em técnicas 
de relaxamento bem trabalhadas, seguidas de uma exposição gradual de 
situações que lhe causaram medo e ansiedade, está etapa começa 
gradativamente menor e vai aumentando conforme a exposição a situação já 
não lhe cause temor, quando essa estimulação de medo não lhe gera mais 
essa ansiedade o terapeuta está apito para passar uma série de estímulos 
para serem repetidos no cotidiano e em terapia (CAMINHA, 2002). 
Na Terapia cognitivo comportamental trabalhamos com a prevenção e 
intervenções, como no caso do paciente Borderline que pode estar em estágio 
de crise, ou quer ter uma estratégia para como lhe dar com uma possível crise 
futura, o terapeuta pode trabalhar junto ao indivíduo a estratégia para 
intervenção em crise, tendo como objetivo identificar essas crises, ajudando o 
paciente identificar suas ações e suas consequências. Uma das etapas 
importantes nestes casos, é evitar a confrontação e trabalhar a lista de 
 
 
31 
problemas da pessoa. Nos casos de crises o paciente precisa do apoio da 
família onde o profissional vai trabalhar junto com as técnicas de relaxamento e 
outras estratégias na superação desta crise, e é sempre importante estar ciente 
que a atenção precisa ser redobrada e a chance de estar sendo manipulado 
pelo paciente são grandes (CORDIOLI, 1998). 
Como Beck (1989) estabeleceu que os esquemas ajudam a entender e 
organizar os processos auxiliando o paciente em seus comportamentos, na 
intervenção do Borderline o terapeuta pode focar nos esquemas como uma 
forma de terapia onde a mesma segue duas etapas que avalia o paciente 
obtendo informações destes comportamentos e apresando alguns esquemas 
mais relevantes, e temos a etapa da mudança que se trata de quando 
identificada as estruturas comportamentais na primeira etapa e o esquema 
sendo ativado vem em consequência a modificação dessas estruturas 
(CAMINHA, 2003). 
Segundo Young (1999) a terapia focada no esquema usa de técnicas 
que o terapeuta precisa estar ciente de como manuseiar. Quando tratamos da 
primeira etapa da terapia estamos lidando com a identificação de esquemas 
centrais da vida desse paciente, estar estabelecendo sua história de vida e 
problemas do momento presente para elaboração de uma relação entre os 
esquemas. O favorecimento da promoção do contato ligados a esses 
esquemas e por último identificar estratégias de enfrentamento disfuncionais. 
Nesta etapa segundo Young (1999) o terapeuta que usa a terapia 
focada nos esquemas vai precisar seguir algumas técnicas como: 
 Técnica de revisão de vida: o terapeuta entre em contato com o 
esquema do paciente estimulando o mesmo a distanciar – se dele. 
 Cartões contrários aos esquemas: O terapeuta junto ao paciente 
desenvolve cartões onde a pessoa pode levar com ela, e pode ser lido quando 
necessário, estes cartões vão estar contradizendo aos esquemas do paciente. 
 Mudanças ambientais: O terapeuta pode intervir quando preciso 
no ambiente do paciente afim de mudá-lo, onde a ajuda de parentes e 
essencial para que esses esquemas nestes ambientes parem de ser 
 
 
32 
reforçados. 
 Relação terapêutica: O terapeuta discuti com o paciente a terapia 
em si e sua relação sentimental que acabaram aparecendo durante as 
sessões. 
 Mudanças nos comportamentos dos esquemas: O Terapeuta 
quebra este padrão nestes esquemas contínuos parando repetimento 
disfuncional. 
 Técnica de imaginação: O terapeuta incentiva o indivíduo a usar a 
imaginação como modo de modificação segura, imaginando por si próprio 
esquemas em atividade e fazer a tentativa de muda-los. 
 Dialogo de esquemas: O terapeuta vai pedir ao paciente que ele 
interprete e discuta o esquema adaptativo e o disfuncional, dando vida e 
sentindo para esses esquemas no seu dia a dia e fazer uma discussão sobre o 
mesmo. 
Já o autor Caminha (2003) falava de etapas sem sequências ou 
dependências de serem aplicadas, mais objetivas no tratamento da terapia 
focada nos esquemas, que podem ser uma das alternativas para pacientes 
com Transtorno de personalidade Borderline dentro da terapia cognitivo 
comportamental. Estas etapas consistem em dar mais em base ou ser 
sequencial conforme a terapia na primeira etapa da TFE, onde uma 
identificação de esquemas para buscar a problemática tanto presente como 
futura desses esquemas, sua compensação, evitação e a importância que este 
paciente apresenta ao esquema e uma das etapas que autor abordava. Outra 
etapa é a conceitualização dos esquemas que passa a ser fundamental no 
trabalho de interpretação e entendimento do profissional a fim de ser 
compartilhado com o paciente. E temos a etapa de educação dos esquemas, 
quem vem a confrontação do terapeuta aos esquemas de seu paciente até 
onde ele suportar, sendo que a eficácia desta etapa partira do paciente, o 
indivíduo se depara com sua situação atual e a formação de seus esquemas e 
aprende a entender a situação como modo de visualizar quando lhe for 
passado pelo terapeuta as consequências ruins e boas da situação e 
formação. 
 
 
33 
Outro modode tratamento e intervenção utilizado pelo os profissionais 
da saúde mental e a farmacoterapia, que persiste entre autores de ser indicado 
como auxilio no tratamento não ser o principal aditivo no tratamento, porque 
uma das características desse transtorno e usar uma ou mais drogas se 
recomenda o uso de farmacoterapia com acompanhamento sempre de terapia 
(KAPLAN, 1997). 
Os principais remédios usados no tratamento do Transtorno Borderline, 
são as drogas atípicas como os antipsicóticos atípicos, tendo como principal 
teoria a melhora de comportamentos e sintomas como cognitivos – 
perceptuais, impulso agressivo e os sintomas afetivos, sendo diferentes de 
antipsicotipicos típicos tendo maior taxa de sintomas aversos, e tratando 
hostilidade e raiva, sendo a personalidade Borderline tendo melhor 
desempenho de melhora quando tratados mais sintomas como no 
antipsicoticos atípicos (CARVALHO, 2004). 
Segundo Holmes (2001) Torazina e Haldol ajudam no tratamento do 
esquizofrênico, como lítio em tratamentos de humor instável e outras drogas 
que ajudam a diminuir o comportamento impulsivo, ou seja, aquelas que 
aumentam atividade da serotonina no cérebro, podem ser algumas drogas de 
ajuda no tratamento também do paciente. 
Já o autor Carvalho (2004) cita Divalproato como ajuda nas variações de 
humor do paciente, sendo eficaz em impulsos e descontrole de humor. 
Recomenda também a Naltrexona que pode ser apresentada no tratamento da 
automutilação da pessoa, diminuindo estes pensamentos de autoflagelação, 
como melhora também de compulsões e obsessões. 
Mais estudos e aprofundamentos da etiologia da personalidade 
Borderline como espera de melhoras no tratamento psicoterápico é ainda uma 
espera, a metodologia e mecanismos de aditivos para essas sessões e esses 
pacientes, e sobre a farmacologia também sendo levada a um esclarecimento 
maior como uma melhor opção do tratamento do Borderline (CARVALHO, 
2004). 
 
 
 
34 
REFERÊNCIAS 
 
Agrawal, H. R., Gunderson, J., Holmes, B. M., & Lyons Ruth, K. (2004). 
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Médicas. 
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