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1 A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA COM O PACIENTE BORDERLINE E TÉCNICAS COGNITIVAS COMPORTAMENTAIS 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA COM O PACIENTE BORDELINE E TÉCNICAS COGNITIVAS COMPORTAMENTAIS ............................................. 1 NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................ 4 O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) na abordagem Cognitivo- Comportamental ................................................................................ 6 A relação terapêutica com pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline (TPB) ................................................................................................. 8 Características e habilidades fundamentais do terapeuta .................. 12 Características pessoais do terapeuta ............................................ 12 Habilidades do terapeuta ................................................................ 13 Atitudes do terapeuta ...................................................................... 14 Fatores importantes para a relação terapêutica ................................. 14 Empatia .......................................................................................... 15 Proteção e cuidado ......................................................................... 17 Flexibilidade e versatilidade ............................................................ 19 Congruência e compromisso .......................................................... 22 A TCC e as técnicas cognitivas comportamentais ............................. 23 Treino de habilidades sociais ......................................................... 26 Role play ......................................................................................... 26 Questionamento socrático .............................................................. 27 Treinamento na solução de problemas ........................................... 28 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 31 4 Introdução Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) tem grande influência na vida do paciente nos aspectos familiar, social, profissional e, principalmente, na relação da pessoa com ela mesma. Os transtornos da personalidade, ao longo dos últimos dois séculos, receberam diversas nomeações: insanidade moral, monomania moral, transtorno ou neurose de caráter, entre outros (Dalgalarrondo, 2000). Segundo Del Porto (1996), insanidade moral foi um termo designado àqueles “não loucos” ou deficientes, mas que exibiam um comportamento social fora dos padrões normais e, que eram assim denominados por não apresentarem sentimentos, autodomínio e senso ético. Para Dalgalarrondo (2000) o transtorno de personalidade é um desequilíbrio tanto entre o indivíduo com ele mesmo, quanto com os outros. Afirma, ainda, que uma das suas características é a dificuldade de ser modificado, mantendo-se constante durante toda a vida. Segundo Hegenberg (2007), o diagnóstico borderline apareceu no DSM em 1980, enquanto outros transtornos de personalidade estavam presentes desde sua primeira versão em 1952. Pode-se observar que a caracterização do transtorno é recente, o que explica a existência da confusão de conceitos sobre 5 o borderline até os dias atuais. Era comum as pessoas se referirem a esse transtorno como portadores de “histeria grave”, porém o diagnóstico de histeria foi abolido tanto da CID quanto do DSM. O borderline não é um histérico, nem um neurótico, também não é um psicótico, é um quadro clínico específico com características próprias. O TPB apresenta várias características como: instabilidade emocional; sentimento crônico de vazio; relacionamentos instáveis e intensos associados ao esforço de não ser abandonado; autolesão e; ameaças suicidas (OMS, 1993). Em síntese, o DSM apresenta as seguintes características diagnósticas para o TPB, sendo que para diagnosticar o transtorno o indivíduo deve apresentar cinco ou mais das seguintes características: padrão de instabilidade de relacionamento afetivo, interpessoal e autoimagem, além de grande impulsividade que começa no início da idade adulta e se apresenta em variados contextos; os indivíduos se esforçam de modo exagerado para não serem abandonados real ou imaginariamente, sensíveis à circunstâncias ambientais, temendo abandono e apresentando raiva intensa ou dificuldade em controlá- la, mesmo em separações reais por tempos limitados; padrão de relacionamento interpessoal instável e intenso, variando da idealização à desvalorização; distúrbio de identidade caracterizado por autoimagem ou sentimento de self acentuado e persistentemente instável; impulsividade em ao menos duas das seguintes áreas, por exemplo, gastos financeiros, abuso de substâncias, sexo inseguro, direção imprudente e comer compulsivamente; comportamentos suicidas ou automutilantes; instabilidade afetiva causada pela reatividade do humor; sentimento crônico de vazio e; ideação paranoide transitória relacionada ao estresse ou à sintomas graves de dissociação. 6 O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) na abordagem Cognitivo- Comportamental Os transtornos de personalidade passaram a receber maior atenção pelas psicoterapias Cognitivo-Comportamentais ao final da década de 1980 e início da década de 1990, através dos trabalhos de Aaron Beck e Arthur Freeman em 1990 e 1993, respectivamente. No enfoque cognitivista o conceito de personalidade readquire a força antes perdida pelo enfoque behaviorista (Wainer, Pergher e Piccoloto, 2003). Segundo Beck, Freeman e Davis (2005), para os teóricos da Teoria Cognitiva é mais produtivo identificar e modificar problemas centrais ao tratar transtornos da personalidade. Os sentimentos e as condutas disfuncionais são decorrentes da função de alguns esquemas, que produzem julgamentos tendenciosos e uma tendência de cometer erros cognitivos em certas situações. Pereira (2004) considera que as crenças e os demais componentes da organização cognitiva influenciam a forma que os indivíduos apreendem os dados de si mesmos, dos outros e do ambiente e, na presença de um transtorno, esses dados tornam-se distorcidos, o que resulta em disfunções marcantes no relacionamento consigo, com os planos futuros e com o ambiente. Segundo a autora, as crenças disfuncionais se estruturam a partir de situações traumáticas externas somadas à hipersensibilidade do indivíduo. Este, para proteger-se da ativaçãodessas crenças disfuncionais, busca estratégias específicas compensatórias rígidas, porém pobres e inflexíveis. Beck et al. (2005), retomando trabalhos de Stern, afirma que o diagnóstico de borderline passou a ser usado na década de 1930 para caracterizar pacientes com problemas que pareciam se situar entre a neurose e a psicose. Beck recorreu aos teóricos das relações objetais para abordar o TPB, pois estes refinaram o uso do termo e introduziram borderline como uma organização da personalidade relacionada à fixação hipotetizada na fase infantil do desenvolvimento de separação-individuação. Uma organização borderline é descrita como personalidade imatura, caracterizada por difusão de identidade 7 e uso de defesas primitivas como cisão e identificação projetiva, mas por uma testagem da realidade bastante intacta (Kernberg, 1996). De acordo com Turner (1998), as características essenciais do TPB referem-se às disfunções cognitivas, emocionais e comportamentais. Na área cognitiva, existe instabilidade severa da autoimagem, déficit na capacidade de autocontrole e ausência de habilidade para sustentar uma perspectiva sólida sobre as pessoas importantes. O terreno afetivo é caracterizado por instabilidade, ocorrendo com frequência mudanças no humor, envolvendo depressão, ansiedade, irritabilidade, ataques de raiva e impulsividade. Por sua vez, as manifestações comportamentais nocivas envolvem atitudes suicidas frequentes, comportamento automutilador e abuso de drogas ou explosões agressivas. Os pacientes com TPB, sob estresse, podem descompensar e experimentar episódios dissociativos ou psicóticos de curta duração, necessitando hospitalização. Em relação ao tratamento, Conte e Brandão (2001) acreditam que o paciente com TPB é tratado como uma pessoa que não utiliza a psicoterapia de forma proveitosa, desistindo rapidamente do tratamento. São também conhecidos por ambivalentes, ou seja, possuem sentimentos e ações contraditórias entre si, ou que se modificam instantaneamente. Há dificuldade para se tomar decisões, podem realizar tentativas de suicídio em razão do sofrimento inexplicável e, constantemente, apresentam crises de identidade. Contudo, no diagnóstico comportamental o que mais interessa é a função de tais comportamentos na vida da pessoa com TPB. É imprescindível que se identifiquem quais as variáveis foram responsáveis pela aquisição e quais mantêm os comportamentos. Na relação terapêutica emergem, também, a instabilidade de humor e de objetivos e, o terapeuta, deve identificar esta instabilidade e aceitá-la. É preciso mostrar ao paciente suas contradições, mostrando entendimento pela ambivalência de sentimentos que ele experiencia. O paciente testa os limites do terapeuta ao contatá-lo através de telefonemas pedindo para alterar horários. É necessário que se dê atenção ao paciente, mas não desrespeitando os limites. Há fortes emoções que surgem no terapeuta provocadas por estes pacientes, 8 que devem ser avaliadas e, podem se transformar em instrumento terapêutico (Ventura, 2001). A relação terapêutica com pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline (TPB) A relação terapêutica tem sido destacada como um dos principais fatores relativos a regulação emocional em pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline (TPB). A relação ou aliança terapêutica consiste em um vínculo colaborativo e emocional entre paciente e terapeuta (Hughes & Kendall, 2007). É uma façanha, fixada com um propósito no tempo, interativa e que reflete na resposta mútua do paciente para com o terapeuta (Leahy, 2008). Historicamente, a natureza da relação terapêutica tem sido considerada um fator crítico em qualquer forma de psicoterapia bem conduzida. Sua importância começou a ser destacada na abordagem psicanalítica e, desde então, vem ganhando importância por parte dos psicoterapeutas (Scaturo, 2002). Por muitos anos, a terapia psicodinâmica teve orgulho dela mesma pelo seu entendimento da relação terapêutica (Leahy, 2008). De acordo com Scaturo (2002), Winnicott já enfatizava a necessidade de a psicoterapia proporcionar um ambiente facilitador para o paciente, em que este possa confiar no seu terapeuta para que consiga ter resultados terapêuticos. Espera-se que o terapeuta consiga desempenhar o papel de um “terapeuta suficientemente bom”, que demonstre respeito e preocupação pelas vulnerabilidades trazidas do paciente antes mesmo de se pensar em técnicas terapêuticas mais específicas. Embora as explicações psicanalíticas tenham sido de considerável importância no entendimento da relação terapêutica, na prática, mostram-se, frequentemente, um tanto obscuras e difíceis de serem utilizadas (Leahy, 2008). Scaturo (2002) destaca a contribuição da abordagem humanística na ênfase da relação terapêutica. Desse modo, Rogers destacou três condições facilitadoras 9 na relação cliente-terapeuta: a genuinidade, a empatia e o respeito. A genuinidade refere-se ao terapeuta demonstrar congruência, sinceridade e honestidade ao paciente. A empatia tem relação com o entendimento verdadeiro da realidade subjetiva do paciente. E, por último, o respeito, relacionado à necessidade do terapeuta de conceber qualquer comportamento do paciente com consideração. Já abordagem comportamental, historicamente teve uma postura mais cética com a relação terapêutica, não a colocando em uma posição de destaque em sua teoria. Em contrapartida, embora a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tenha sido bastante criticada, acusada por ignorar o papel da relação terapêutica, há muitas dimensões para a formulação de caso e intervenção que sugerem que essa abordagem pode ser um forte modelo teórico para o entendimento dos impasses que surgem na psicoterapia (Leahy, 2008; Scaturo, 2002). Durante a última década, o interesse pela relação terapêutica na TCC tem se expandido (Leahy, 2008). Hughes e Kendall (2007) em uma pesquisa sobre as consequências da relação terapêutica no tratamento de crianças com diagnóstico de transtornos de ansiedade, na abordagem cognitivo- comportamental, concluíram que crianças que apresentam uma boa relação terapêutica com seus terapeutas tendem a estar mais comprometidas no tratamento e mais dispostas a realizar as tarefas terapêuticas propostas. A Terapia Comportamental Dialética (TCD) é uma das principais abordagens da chamada Terceira Onda em Terapia Cognitiva, em que a relação terapêutica recebe especial atenção no tratamento de pacientes. As abordagens da Terceira Onda costumam ter um caráter integrativo nas suas intervenções, muitas delas focadas no relacionamento terapeuta- paciente, de modo que a própria relação terapêutica pode ser entendida como uma ferramenta de reestruturação cognitiva, regulação emocional e também modificação comportamental (Melo, Sardinha & Levitan, 2014). Langhoff, Baer, Zubraegel e Linden (2008) também pesquisaram a relação terapêutica na TCC, sob a perspectiva do paciente, do terapeuta e de 10 um terceiro, em indivíduos com transtornos de ansiedade, mas utilizando uma amostra de adultos. Os resultados mostraram altos escores positivos em todos os aspectos da escala VAS (Fähndrich & Linden, 1982), que mede a qualidade da aliança terapêutica. Dessa forma, tanto paciente quanto terapeuta e observador descreveram ter encontrado nas sessões altos índices de empatia, transparência, foco, estrutura, progresso e cooperação. A aliança terapêutica vem sendo positivamente relacionada aos resultados do tratamento e pode, inclusive, por si só, levar a mudanças terapêuticas (Langhoff et al., 2008). La Rie, Noordenbos, Donker e Furth (2008) investigaram a qualidade do tratamento de transtornos alimentares sob a perspectiva do terapeuta e do paciente e verificaram que, embora ambos tenham avaliado alguns tópicos diferentemente,os dois consideraram de suma importância para a qualidade do tratamento, entre outros fatores, a aliança terapêutica e as habilidades de comunicação. Além disso, observaram que os pacientes, mais que os terapeutas, destacaram a importância da relação com o terapeuta para o sucesso da terapia. Percebe-se que a relação terapêutica é um componente central no sucesso de uma psicoterapia (Howard, Turner, Olkin & Mohr, 2006). Entretanto parece que nem sempre ela se constitui uma tarefa fácil, principalmente em determinadas psicopatologias, tal como o Transtorno da Personalidade Borderline (TPB). O TPB é uma psicopatologia caracterizada por um persistente padrão de instabilidade dos afetos, da identidade, dos relacionamentos interpessoais e excessiva impulsividade. Tais características se estruturam na personalidade do indivíduo no início da vida adulta e apresenta-se em diversos contextos. Os critérios diagnósticos incluem sintomas, como instabilidade afetiva, sentimentos crônicos de vazio, comportamentos para evitar um abandono real ou imaginário, relacionamentos intensos e instáveis, perturbação da identidade, impulsividade; comportamento automutilante ou suicida, entre outros (American Psychiatric Association [APA], 2014). A causa do TPB é complexa e engloba diferentes fatores que se inter- 11 relacionam (Lieb, Zanarini, Schmahl, Linehan & Bohus, 2004). A TCD (modelo de referência para o tratamento do TPB) aponta que a etiologia do transtorno está relacionada a uma disfunção do sistema de regulação emocional, proveniente de irregularidades biológicas e de ambientes invalidantes na infância, que desconsideram e rejeitam as respostas emocionais dos indivíduos (Linehan, 2010). A interação de fatores genéticos e experiências aversivas na infância, como negligência e abuso, ocasionam uma desregulação emocional e impulsividade, que, por sua vez, levam a desregulação comportamental e conflitos psicossociais, que novamente reforçam a desregulação emocional e a impulsividade, em um ciclo vicioso. Dessa forma, a desregulação emocional faz com que o indivíduo borderline apresente disfunções em quatro grandes áreas: afetiva, cognitiva, comportamental e, como consequência, nos relacionamentos interpessoais (Lieb et al., 2004). A relação terapêutica é uma das principais prioridades do tratamento do TPB sob a perspectiva da TCD (Blennerhassett & O’raghallaigh, 2005). Essa abordagem foi desenvolvida pela psicóloga Marsha Linehan e é considerada um tipo de terapia cognitivo-comportamental que emprega diversas estratégias baseadas em técnicas de aceitação, métodos e conceitos da ciência comportamental, práticas incorporadas da prática zen e outros métodos contemplativos, tais como mindfulness (McMain, Korman & Dimeff, 2001), com o intuito de viabilizar um tratamento mais efetivo para indivíduos com grave desregulação emocional, como as observadas no diagnóstico de TPB (Blennerhassett & O’raghallaigh, 2005). Desde então, pesquisas vêm sendo realizadas demonstrando sua eficácia (Kröger et al., 2010; Neacsiu, Rizvi & Linehan, 2010). A dialética fundamental nessa abordagem é entre validação e aceitação dos pacientes como eles são, ao mesmo tempo em que se auxilia na mudança do que se tornaram. O objetivo central é ajudar na regulação emocional e no desenvolvimento de habilidades ensinadas na terapia (Blennerhassett & O’raghallaigh, 2005). Devido às características do TPB, a relação terapêutica é permeada por particularidades que recebem especial atenção dentro da abordagem da TCD 12 (Melo & Fava, 2012). A mudança de comportamentos do paciente que possa interferir na terapia é uma das metas primárias de tratamento dentro da TCD (Linehan, 2010). Assim, o objetivo deste estudo foi explorar e discutir a relação terapêutica com pacientes borderline sob a perspectiva. Características e habilidades fundamentais do terapeuta Características pessoais do terapeuta • Postura empática e compreensiva; • aceitação desprovida de julgamento; • autenticidade; • autoconfiança; • flexibilidade na aplicação de técnicas; • alta taxa de comportamentos gestuais: assentimento com a cabeça, sorrisos, aproximação do corpo em direção ao cliente; • contato visual; • linguagem acessível; • postura que denote atenção e ao mesmo tempo descontração; • habilidade técnica; • capacidade de refletir empaticamente; • saber controlar a própria ansiedade; • fazer perguntas que facilitarão a descoberta guiada; • fornecer base segura para exploração; • responsividade, ou seja, habilidade para prestar a atenção ao que 13 é comunicado pelo paciente, motivação para desenvolver uma relação íntima, energia para responder ao ritmo solicitado, habilidade para identificar o referencial do paciente, capacidade de eliciar autorrevelação e sinais não verbais; • imediaticidade verbal, ou seja, responder pronta, direta, honesta e intimamente ao que está acontecendo no instante; • habilidades verbais, ou seja, perguntar, clarificar, refletir, dar informações, confrontar, interpretar, resumir, questionar de modo ativo, expressivo e fluente; • uso criterioso do humor; • competência linguística: decodificar e usar metáforas, paradoxos. Habilidades do terapeuta • Avaliar e conceitualizar os pacientes com o modelo cognitivo- comportamental; • estabelecer e manter uma relação terapêutica colaborativa; • educar o paciente sobre o modelo; • educar o paciente sobre esquemas e ajudá-lo a entender a origem das crenças; • estruturar as sessões, ou seja, estabelecer a agenda, revisar e prescrever as tarefas de casa, trabalhar com problemas-chave e usar feedback; • utilizar a programação de atividades e a tarefa gradual; • utilizar as técnicas cognitivas e comportamentais de acordo com o transtorno psiquiátrico; 14 • empregar técnica de registro de pensamentos; • usar técnicas de prevenção de recaída; • formular o caso no modelo; • proporcionar feedback e sumários; • buscar feedback do paciente; • reconhecer os pensamentos e sentimentos do próprio terapeuta acionados pela terapia; • buscar supervisão e treinamento em terapia cognitivo- comportamental. Atitudes do terapeuta • Ser empático, respeitoso, não crítico e colaborativo; • sensível às questões socioculturais, econômicas e educacionais do paciente; • buscar o treinamento de competências para terapia cognitivo- comportamental, durante o treinamento estar aberto às avaliações e ao exame das observações ao vivo ou gravadas (vídeo ou áudio) das sessões de tratamento. Fatores importantes para a relação terapêutica 15 Diversos fatores são importantes para que a relação terapêutica se estabeleça, entre eles se encontram a empatia, a proteção, o cuidado, a flexibilidade, a versatilidade, a congruência e o compromisso (Howard et al., 2006; Leahy, 2008). Empatia A empatia, descrita como a habilidade do terapeuta em sintonizar-se com as emoções vivenciadas pelo paciente e ainda conseguir atribuir significados a elas (Thwaites & Levy, 2007), pode ser considerada um dos elementos centrais na relação terapêutica. De uma maneira geral, a empatia é um fator importante que deve estar presente no tratamento de qualquer transtorno (Scaturo, 2002), entretanto no TPB ela pode apresentar certas particularidades. Sabe-se que os pacientes borderlines apresentam um déficit no aprendizado das emoções decorrentes do ambiente invalidante presente em sua infância (Lynch, Trost, Salsman & Linehan, 2007). Isso faz com que neguem as expressões emocionais dos sujeitos e interpretem suas próprias experiências emocionais equivocadamente (McMain, Korman & Dimeff, 2001). Dessa forma, muitas vezes não se permitem aprender a entender, rotular, regular ou até mesmo tolerar respostas emocionais, nem a resolver problemas.Em vez disso, podem oscilar entre a inibição emocional e a extrema labilidade emocional (Crowell, Beauchaine & Linehan, 2009). Dessa forma, no tratamento do TPB, o terapeuta encontra um sujeito extremamente vulnerável, que pode não ter aprendido a confiar em seus próprios sentimentos como respostas acuradas e legítimas dos eventos que o cercam. Com frequência, indivíduos com o diagnóstico de TPB invalidam suas próprias percepções, adotando as características do ambiente invalidante e vasculhando o ambiente em busca de pistas de como reagir a essas interpretações (Melo, 2014). Assim, podem se tornar um indivíduo com crenças de que suas 16 experiências são resultado de traços de características inaceitáveis e indesejáveis socialmente. Devido a essa instabilidade e desregulação emocional, podem entender que são maus por sentirem raiva, que são preguiçosos por não resolverem as tarefas rapidamente ou ainda que são fracos por sentirem medo. Tais interpretações acabam se confirmando conforme suas experiências de vida acabam sendo interpretadas sistematicamente como resultantes desse padrão de desregulação comportamental, cognitiva e interpessoal (Melo, 2014). Devido a essa instabilidade emocional, aprenderam que expressões negativas de afeto não são toleradas e que, em vez disso, são interpretadas como características que devem ser ignoradas ou passíveis de punição. Percebem-se como fatalmente defeituosos, sentindo ódio de si mesmos, desgosto e vergonha (Linehan, 2010; McMain et al., 2001). Nesse contexto, a TCD enfatiza que o terapeuta deve ser empático e validar os sentimentos do paciente (Blennerhassett & O’raghallaigh, 2005), mostrando que o compreende e que está tentando ajudá-lo a entender que suas respostas emocionais fazem sentido (McMain et al., 2001). Muitas vezes, essa tarefa é árdua, pois exige uma sensibilidade muito grande do terapeuta para perceber o que o paciente está necessitando em cada momento (Leahy, 2008). Validar as emoções do paciente não equivale a aprovar o comportamento dele (Melo, 2014). Assim, para desenvolver tal característica, deve antes ter conseguido a capacidade de ser empático. O termo dialética pressupões equilíbrio (Linehan, 2010). Nesse contexto, validação (estratégias de aceitação) e mudança (estratégias de resolução de problemas) devem caminhar juntas no processo psicoterápico. Um problema que costuma ocorrer no tratamento desse tipo de psicopatologia é a tendência de alguns terapeutas em priorizar somente as estratégias de mudança em detrimento das estratégias de validação. Embora aquelas sejam de suma importância no tratamento de pacientes borderlines, o risco que se corre em destacar somente as estratégias de mudança é recapitular os aspectos do ambiente invalidante (McMain et al., 2001). Um paciente que está bastante embotado, por exemplo, pode interpretar as estratégias para a mudança como uma invalidação, podendo entender que o terapeuta está ignorando o seu real 17 sofrimento (Leahy, 2008). Assim, para que o terapeuta consiga estabelecer um plano terapêutico adequado para o paciente, deve antes ter a sensibilidade de conhecer o sofrimento deste, sendo empático com seus sentimentos. Dessa forma, especialmente com os pacientes borderlines, uma das maneiras de demonstrar a empatia pode ser a validação dos sentimentos destes, negligenciados na infância. Proteção e cuidado Além da empatia, outros elementos importantes para a relação terapêutica são a proteção e o cuidado. Os pacientes, de um modo geral, esperam que seus terapeutas se mostrem como figuras cuidadosas e de proteção, que demonstrem preocupação, principalmente nos casos em que eles tiveram esses atributos negligenciados na sua história de vida (Scaturo, 2002). Entretanto o nível de cuidado que, muitas vezes, o terapeuta tem de despender com os pacientes borderlines parece tomar maiores proporções que em outros transtornos mentais, em razão da grande vulnerabilidade emocional presente. Essa desregulação afetiva manifesta-se pela elevada sensibilidade e reatividade a estímulos emocionais e a um lento retorno para um nível emocional basal (Crowell et al., 2009; Lynch, Chapman, Rosenthal, Kuo & Linehan, 2006), decorrentes do aprendizado com o ambiente invalidante, o qual somente dava atenção para as reações emocionais mais intensas do sujeito, reforçando ainda mais seus comportamentos extremos. Imerso nesse ambiente, o indivíduo aprendeu que somente o extremo pode efetuar respostas no ambiente (McMain et al., 2001). Assim, os pacientes com TPB apresentam dificuldade de regular todo o seu repertório de respostas associado aos estados emocionais (Crowell et al., 2009; Lynch et al., 2006). É comum ocorrerem intensos afetos disfóricos, como raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sentimentos crônicos de vazio e solidão. Frequentemente mudam rapidamente de uma reação emocional a outra, podendo vivenciar diversos estados emocionais negativos e períodos de eutimia 18 em apenas um dia (Lieb et al., 2004). As mudanças emocionais parecem exageradas e imprevisíveis (Cole, Llera & Pemberton, 2009). A teoria biossocial, que fundamenta a TCD, pressupõe que tais características são oriundas da interação do ambiente com predisposições biológicas, tais como hiperatividade do sistema límbico, bem como um pobre controle de impulsos associados a áreas específicas do córtex pré-frontal, que, em contato com um ambiente de profunda invalidação, levam à desregulação emocional presente no TPB. Além disso, estudos apontam que familiares de pacientes Borderlines apresentam cerca de cinco vezes mais chances de desenvolverem o transtorno, o que indica uma influência genética provavelmente associada à gênese do quadro clínico (APA, 2014). Assim, comportamentos que, na terapia, são concebidos com naturalidade pela maioria dos pacientes, para estes podem ser vivenciados como aniquiladores. As férias do terapeuta, por exemplo, podem ser interpretadas como mais uma situação de abandono na vida deles e, consequentemente, fazem com que se manifeste uma série de comportamentos desadaptativos. Dessa forma, no protocolo de tratamento da TCD, essas situações já devem ser previstas pelo terapeuta e antecipadamente trabalhadas em sessão (Linehan, 2010). A sensação do terapeuta é de estar muitas vezes “pisando em ovos”, tamanha a vulnerabilidade do paciente borderline (Linehan, 2010). Assim como pacientes vítimas de queimaduras na pele, pacientes borderline frequentemente funcionam como se o menor movimento pudesse resultar em uma insuportável dor emocional, que leva à perda do controle afetivo, cognitivo, interpessoal e comportamental. Linehan (2010) compara tais características de vulnerabilidade emocional a queimaduras emocionais. É como se fossem fóbicos a todos os sinais associados às emoções negativas e, dessa forma, tentam escapar dessas pistas com evitação ou agressão (McMain et al., 2001). Dessa forma, a conduta cuidadosa, por parte do terapeuta, que deve fazer parte de qualquer relação terapêutica, no caso de pacientes borderlines, toma proporções muito maiores e exige uma acentuada atenção. Uma das estratégias comumente adotadas na TCD é a utilização de ligações telefônicas para manejo 19 de situações de crise (Blennerhassett & O’raghallaigh, 2005). As ligações têm o intuito de auxiliar o paciente a enfrentar as dificuldades, reforçando a utilização de habilidades trabalhadas nas sessões e incentivar a permanência no tratamento. McQuillan et al. (2005) destacaram esse tipo de abordagem em um estudo com pacientes borderlines em situação de crise e observaram que o tratamento foi bem tolerado pelos pacientes, sendo que 82% conseguiram manter-se em todo o tratamento e apenas 6% necessitaram de internação psiquiátrica. Além disso, encontram significante melhoranos índices de desesperança e depressão. Esses dados apontam para a importância da proteção e do cuidado com pacientes borderlines no manejo da sintomatologia e na adesão ao tratamento, uma das principais dificuldades no tratamento desses pacientes. Flexibilidade e versatilidade É importante que a terapia, de um modo geral, constitua-se em um ambiente de flexibilidade e versatilidade, para que se possa discutir e resolver os impasses que surgem no decorrer do tratamento (Scaturo, 2002). No tratamento do TPB, a característica de flexibilidade se faz imprescindível (Linehan, 2010). Uma das peculiaridades do TPB é a perturbação cognitiva. São comuns os pacientes com TPB apresentarem rigidez cognitiva e pensamento dicotômico (Linehan, 2010). Além disso, podem apresentar ideias supervalorizadas acerca do fato de se perceberem como “maus”, de desconfiança, além de ideias de referência (Lieb et al., 2004). Assim, conflitos que para alguns pacientes poderiam ser resolvidos com naturalidade e tranquilidade, para eles podem despender mais tempo e energia (Linehan, 2010). Dessa forma, o terapeuta necessita ser ainda mais flexível e versátil para conseguir manejar os impasses que emanam na sessão. Pacientes borderlines costumam apresentar dificuldade na resolução de problemas e acabam, por vezes, simplificando-os demasiadamente (Melo & 20 Fava, 2012). Podem, por exemplo, acreditar que conseguem parar de realizar os comportamentos automutilatórios pela simples força de vontade e que, assim, não necessitam praticar tarefas de resolução de problemas para prevenir a recorrência desses comportamentos disfuncionais (McMain et al., 2001). Dessa forma, na TCD, cabe ao terapeuta ser flexível e manejar essa situação de forma que consiga mostrar ao paciente que entende sua dificuldade, ao mesmo tempo em que o ajuda com estratégias de mudança (Trupin, Steward, Beach & Boesky, 2002). Entretanto se deve tomar cuidado com a característica de passividade ativa presente nesse transtorno, ou seja, o padrão de abordar os problemas passiva e impotentemente, pois, muitas vezes, mobilizam o ambiente e o terapeuta para resolvê-los por ele (McMain et al., 2001). Como uma das estratégias terapêuticas na TCD é ensinar habilidades em áreas em que há déficits (Neacsiu et al., 2010), o terapeuta, deve então, com flexibilidade, estar atento para essa estratégia do paciente e ensinar as habilidades para resolver o problema, e não os resolver por ele. Muitos pacientes chegam à terapia com a queixa de apresentarem dificuldade nas relações interpessoais ou então trazem isso como algo secundário (Melo & Fava, 2012). Tais pacientes, muito provavelmente, mostrarão essas dificuldades na relação terapêutica. No caso de pacientes borderlines, a perturbação nos relacionamentos interpessoais, constitui-se em uma das principais dificuldades. Esses sujeitos costumam envolver-se em relacionamentos instáveis e intensos (Lieb et al., 2004) e apresentam comportamentos que dificultam o estabelecimento e a manutenção dessas relações (Cole et al., 2009), inclusive a relação terapêutica. O profundo medo dos pacientes borderline de serem abandonados faz com que busquem, de todas as formas, não ser deixados sozinhos. Dessa forma, podem ligar repetidamente para as pessoas ou ficar próximos em demasia dos que estão a seu redor, sendo considerados, por vezes, como “pegajosos” (Lieb et al., 2004). Na sessão, podem, por exemplo, realizar frenéticos esforços para agradar a seu terapeuta, ligar demasiadamente para ele e demandar sessões extras sem que haja realmente necessidade para tal fato. Em contraponto ao 21 carinho intenso, podem surgir afetos negativos em demasia, desproporcionais à situação, como consequência da dificuldade de regulação emocional (McMain et al., 2001), principalmente quando se sentem rejeitados ou percebem indiferença, negligência ou omissão por parte da outra pessoa (APA, 2014), como no caso do terapeuta. Não raro, por exemplo, decidem encerrar precocemente o tratamento ou apresentam uma conduta agressiva (Leahy, 2008). Pode também ocorrer o outro oposto, a supressão emocional, como consequência da dificuldade de regulação emocional e pelo padrão de evitação dos sinais de emoção negativa (Melo & Fava, 2012). Na terapia, ela pode aparecer por meio de comportamentos de dissociação durante a sessão (McMain et al., 2001), como em casos em que o sujeito apresenta um supercontrole da raiva, mostrando-se passivos e submissos em situações em que deveriam expressar seus sentimentos (Linehan, 2010). Podem, por exemplo, em uma situação em que sentem raiva, ficar em silêncio e expressar uma rigidez facial. Quando isso acontece, é muito difícil para o terapeuta identificar o que o paciente está sentindo (McMain et al., 2001). Dessa forma, a relação terapêutica parece configurar-se em uma montanha russa de expressões emocionais. O paciente pode subir ao topo máximo das emoções, demonstrando intenso carinho ou intensa raiva, como pode cair para o total desprendimento sentimental. Pacientes borderline, em razão da intensidade emocional e respostas imprevisíveis, costumam terminar, de forma turbulenta, seus relacionamentos e apresentar estratégias mal adaptativas que, muitas vezes, provocam raiva e receio nos outros (Lieb et al., 2004). Essa constelação de reações emocionais pode provocar no terapeuta sentimentos negativos, como raiva e medo, que podem, até mesmo, fazê-lo desistir de tratar esse paciente. É importante que o terapeuta esteja atento e procure auxílio como supervisão clínica, tanto em grupos quanto individualmente, quando perceber tais reações emocionais. Lynch et al. (2007) apontam que um dos critérios da TCD para o tratamento de pacientes borderline é a participação do terapeuta em grupo de supervisão clínica. Dessa forma, além de ter flexibilidade com o paciente, deve ser flexível consigo mesmo e reconhecer que necessita de 22 auxílio. Essas dificuldades na relação terapêutica podem ser úteis para o tratamento do paciente quando bem conduzidas. Podem servir de janela para outros relacionamentos, por permitir que se conheça como o paciente costuma comportar-se e, assim, ajudá-los nas estratégias de mudança (Leahy, 2008). Congruência e compromisso A estrutura fornecida pela TCD, com objetivos de tratamento bem delimitados e coerência teórica, contribui para a efetividade no tratamento do TPB (Melo, 2014). Entretanto para isso é importante que terapeuta e paciente estejam de acordo em relação aos objetivos do tratamento, concordem em relação à origem das dificuldades do paciente e com a forma de tratamento que será utilizada (McQuillan et al., 2005). O descaso do terapeuta e paciente em delimitar o que deve ser priorizado na terapia pode ser considerado, por si só, uma invalidação, pois remete novamente a um ambiente que não reconhece as demandas emocionais do sujeito (McMain et al., 2001). Outro elemento fundamental para o sucesso do tratamento na TCD é o compromisso do terapeuta e do paciente para com a terapia. Ambos devem estar comprometidos e engajados no tratamento, para que este possa ser viabilizado (Howard et al., 2006). Indivíduos borderlines costumam apresentar intensa impulsividade que pode manifestar-se por meio de comportamentos de risco (Cole et al., 2009), como comportamentos suicidas ou parassuicidas, abuso de substâncias, distúrbios alimentares, entre outros (McMain et al., 2001). Dessa forma, na TCD, terapeuta e paciente devem comprometer-se com uma das prioridades iniciais do tratamento, que é eliminar os comportamentos de risco (Lynch et al., 2007), os que atrapalham a terapia e aqueles que interferem na qualidade de vida, ao mesmo tempo em que estimula habilidades de resolução de problemas (Melo, 2014). Esses cuidados parecem contribuir na melhora significativada sintomatologia do TPB e no aumento do funcionamento global dos pacientes (James, Taylor, Winmill & Alfoadari, 2008). O terapeuta na TCD deve estar atento à competência aparente, 23 usualmente presente no TPB. Esses indivíduos, por vezes, mostram incongruência entre o que expressam verbalmente e o que fica no nível não verbal. Um paciente pode, por exemplo, em uma sessão de grupo, participar demonstrando confiança e pouca ansiedade e vergonha, quando, na verdade, está sofrendo. Dessa forma, como não comunica o que realmente está sentindo e esquiva-se de pedir ajuda ou a pede de maneira inadequada, seu afeto intenso pode desencadear comportamentos disfuncionais, como automutilação e abuso de substância (McMain et al., 2001). Além das características prototípicas dos pacientes borderlines, as reações que a configuração sintomatológica desperta no terapeuta também podem prejudicar o compromisso deste em ajudar tais pacientes. Como já salientado anteriormente, a perturbação emocional presente nesses indivíduos propiciam uma cascata emocional e, em razão disso, alterações comportamentais e cognitivas, que, muitas vezes, constituem-se uma carga demasiadamente pesada para as pessoas que estão ao seu redor (Linehan, 2010). No caso da psicoterapia, quem mais sente essa intensidade afetiva é o próprio terapeuta. Dessa forma, faz-se imprescindível o terapeuta participar semanalmente de reuniões de equipe, estudar manuais de tratamento, participar de supervisões e estar sempre buscando mais informações. Isso proporciona um aumento da capacidade do terapeuta em retomar a motivação e seu compromisso, realizando, assim, um tratamento mais efetivo (Lynch et al., 2007). A TCC e as técnicas cognitivas comportamentais A terapia cognitiva é uma abordagem ativa, diretiva e estruturada, que tem foco no aqui e agora, mas que retorna ao passado quando for necessário investigar, focando seu trabalho em identificar e corrigir padrões de pensamentos e crenças disfuncionais, auxiliando nas soluções formais para produzir melhoras e mudança no indivíduo. 24 As primeiras formulações de Beck para o transtorno de personalidade borderline, destacavam o papel das suposições no transtorno, ou seja, pensamentos extremos por conta da representação dicotômica de si e dos outros. Pretzer (1990) apud Beck, A. T., Freeman, e Davis, (2005), considerava três suposições centrais no TBP: “o mundo é mau e perigoso”, “sou inaceitável”, “sou incapaz e vulnerável”. A primeira suposição articulada com a segunda leva o paciente a altos níveis de vigilância e desconfiança interpessoal, como também a hipervigilância. A característica cognitiva do pensamento dicotômico é ocasionada pela fragilidade em sua identidade, sendo um esquema mal articulado. As três suposições chaves, trazidas por Pretzer (1990), como também as características cognitivas, exercem a manutenção do TPB, ou seja, a crença do paciente em ser frágil e incapaz, e suposições paranoides de que os outros não merecem confiança e são malevolentes, alimenta o comportamento interpessoal instável e extremo do paciente, ocasionando como pontos relevantes para ser trabalhados na terapia (BECK; FREEMAN; DAVIS, 2005). De acordo com o modelo de Beck, aplicado a pacientes com TPB, o tratamento é voltado para a correção dos pensamentos dicotômico, do tipo “preto ou branco”; demostrando ao paciente que é interessante a modificação dos mesmos; realizando experimentos comportamentais pata testa a validade das suas crenças, recebendo treinamento de assertividade (KLOSKO; YOUNG, 2009). 25 O foco do tratamento como paciente TPB se da na reestruturação das crenças disfuncionais dos pacientes, onde tal crença influência nas emoções e comportamentos adotados pelo indivíduo. No trabalho com esses pacientes, o terapeuta instrui técnicas ao paciente para identificar as suas características positivas, proporcionando sempre o feedback positivo quando o paciente demonstra um enfrentamento eficaz. O role-play é uma técnica útil para ensinar o paciente as habilidades interpessoais, como a assertividade e expressão de sentimentos apropriadas em relação a alguém, como também experimentar novos comportamentos. O estabelecimento de agenda, que tem como objetivo o foco nos problemas a serem trabalhados e suas soluções, evitando possíveis desculpas do paciente para não aderir ao processo; Cartão de enfrentamento é utilizado com intuito de o paciente lembrar o que foi feito e alcançado na sessão, ajudando o mesmo a lutar contra pensamentos disfuncionais no momento que for necessário, pois o cartão oferece uma visão funcional para lidar com os problemas. O treinamento de habilidades sociais também é utilizado, já que esses pacientes não possuem um repertório socialmente habilidoso para lidar com os problemas e com as pessoas (KLOSKO; YOUNG, 2009). Outro ponto importante é o empirismo colaborativo, ou melhor, a relação terapêutica, onde terapeuta e paciente trabalham juntos como uma equipe investigativa, desenvolvendo hipóteses sobre o valor de enfrentamento de uma série de cognições e comportamentos disfuncionais. Eles então colaboram no desenvolvimento de um estilo mais saudável de pensamento e de habilidades de enfrentamento e na reversão de padrões improdutivos de comportamento. Durante as fases finais, o terapeuta se concentra especificamente na prevenção da recaída ao ajudar o paciente a identificar problemas em potencial, os quais têm uma alta probabilidade de causar dificuldades. Depois, são utilizadas técnicas de treinamento para praticar maneiras eficazes de enfrentamento (KLOSKO; YOUNG, 2009). Embora pacientes com TPB apresentem grande instabilidade em seus aspectos de funcionamento, a intervenção realizada através da TCC, pode reduzir tais instabilidades, modificando crenças e comportamentos disfuncionais 26 (BECK; FREEMAN; DAVIS, 2005). As técnicas de terapia cognitiva comportamental são as que demonstraram cientificamente ter maior eficácia na psicologia clínica. Essas técnicas se centram na modificação de pensamentos e comportamentos através da aprendizagem de novas formas de pensar e agir mais adaptativas. As técnicas de terapia cognitivo-comportamental são focadas no presente, embora o seu objetivo seja a aquisição de hábitos e habilidades que proporcionem um bem-estar e uma qualidade de vida superiores que perdurem no tempo. Treino de habilidades sociais O treino de habilidades sociais se adere a um enfoque comportamental de aquisição da resposta, ou seja, concentra-se na aprendizagem de um novo repertório de respostas. Essa técnica pode ser definida como uma tentativa direta e sistemática de ensinar estratégias e habilidades interpessoais ao paciente, com a intenção de melhorar sua competência interpessoal e individual em tipos específicos de situações socais. Várias áreas podem ser abrangidas através dessa técnica. Por exemplo, formas de fazer amigos, iniciar e manter uma conversa, manejar a agressividade, lidar com provocações, dar e receber cumprimentos, pedir ajuda, entre outras. Primeiro, a habilidade específica é ensinada a criança ou adolescente mediante instrução direta. A seguir, inicia-se a prática gradual, pois o ensaio facilita a aplicação, o que frequentemente envolve uma representação de papel. Então, o paciente recebe feedback do terapeuta a fim de corrigir os erros ou manter a habilidade. Por último, o paciente experimenta a habilidade aprendida e treinada em contexto do mundo real, com ou sem acompanhamento do terapeuta. Role play O Role play ou Ensaio Comportamental é uma técnica utilizada em 27 diferentes situações para ensinar comportamentos por meio de treinamentos. Através dessa técnica, instalam-se novos comportamentos ou aperfeiçoam-se habilidades interpessoais que ajudamo paciente a melhorar sua qualidade de vida e suas limitações devidas aos déficits em seus repertórios comportamentais. É uma das principais técnicas utilizadas para o desenvolvimento da assertividade. É um tipo de representação teatral na qual se simulam situações da vida do paciente em que ele apresenta algum grau de dificuldade. Trata-se de uma técnica que facilita o treino de habilidades sociais e evoca pensamentos e sentimentos importantes. Deve-se tentar que as representações sejam as mais realistas possíveis e, a fim de obtermos informações sobre os personagens que serão representados, deve-se fazer perguntas específicas a criança e ao adolescente. O terapeuta deve pedir exemplos de coisas que as pessoas em determinada situação poderiam dizer as formas como reagem, jeitos de agir etc.. O terapeuta pode desempenhar o papel do paciente ou de outra pessoa significativa no contexto, realizando assim, uma modelagem. Esse procedimento pode ser repetido diversas vezes com alternância dos papéis representados por cada um. Questionamento socrático Por meio do processo socrático, a criança ou adolescente é encorajado a explorar seu conhecimento anterior e capacitado a descobrir novas informações que podem ajudá-lo a reavaliar seus pensamentos. Durante esse processo, o terapeuta incentiva o paciente a suspender suas ideias pré-concebidas e a manter uma mente aberta, conforme eles testam e avaliam a exatidão de suas crenças e suposições. As cognições do paciente, portanto, são vistas como hipóteses que estão abertas à validação empírica, e não como fatos 28 estabelecidos. Perguntas são cuidadosamente enunciadas, guiando o paciente e mantendo a discussão focada, até que ele avalie e reaprecie seus pensamentos e chegue às próprias conclusões. Treinamento na solução de problemas O primeiro componente da solução de problemas reflete um conjunto geral de respostas envolvido em compreender e reagir a situações estressantes reais ou percebidas. Esta orientação funciona como um processo motivacional, que pode ter um efeito facilitador ou inibidor generalizado sobre as quatro tarefas restantes de solução de problemas. O treinamento deste componente ajuda os indivíduos com problemas em: Uma orientação positiva para o problema compreenderia uma aceitação pessoal da crença de que os problemas são normais e inevitáveis e que podem ser enfrentados de forma eficaz. Percebemos que a estratégia de representação de papéis defendendo a posição oposta é útil para “plantar a semente”, em um primeiro momento, de uma orientação positiva (Nezu, Nezu e Perri, 1989). De acordo com esta técnica, o terapeuta simula adotar uma determinada crença sobre os problemas e pede ao paciente que lhe dê razões pelas quais essa crença é irracional, ilógica, incorreta e/ou desadaptativa. Essas crenças poderiam incluir as seguintes afirmações: “Nem todo mundo tem problemas; se tenho um, quer dizer que estou louco!”; “Eu mesmo causo todos os meus problemas”; “Sempre existe uma solução perfeita para todos os problemas”; ou “A gente não muda; eu serei sempre assim”. Às vezes, quando o paciente tem dificuldades para gerar argumentos contra a posição do 29 terapeuta, este adota então uma forma mais extrema da crença (p. ex., “Não importa o tempo que leve, continuarei tentando e encontrarei a solução perfeita para meu problema”). Se avaliações prévias indicaram que o paciente caracteriza-se por deficiências e distorções consistentes e generalizadas do processamento da informação (isto é, um estilo atribucional negativo, avaliações negativas, distorções cognitivas, crenças irracionais), então a terapia deve também tentar melhorá-las e retificá-las. Basicamente, é importante ensinar os pacientes a reconhecer certas situações como problemas e classificá-las como tais. Classificar com precisão um problema como problema, serve para ajudar a pessoa a inibir a tendência de agir de forma impulsiva ou automática, como reação à situação. Também facilita a motivação para encará-lo, em contraste com o comportamento de evitação, dada a importância de entender o problema para enfrentá-lo de forma eficaz. Como parte deste treinamento, ajuda-se os pacientes a identificar as formas específicas em que experimentam as emoções em geral. Isto incluiria a ativação fisiológica e as mudanças somáticas (p. ex., sensações de cansaço), mudanças afetivas ou do estado de ânimo (p. ex., estado de ânimo triste ou ansioso) e os pensamentos (p. ex., “Sinto que não vai mudar nada”). Ensina-se aos pacientes que voltem a focalizar estas reações, passando de um “estado emocional angustiante” a um sinal de que “algo vai mal” (isto é, a luz vermelha do semáforo lhes alertam que “parem e pensem”). Então, volta a dirigir a atenção ao(s) problema(s) que o indivíduo está experimentando, com o objetivo imediato de continuar envolvendo-se nas tarefas restantes de solução de problemas. O propósito deste processo de solução de problemas consiste em avaliar a natureza da situação-problema e identificar um conjunto de objetivos ou metas realistas. O treinamento deste componente centra-se nas cinco tarefas seguintes: 30 Ao definir e formular problemas ensina-se os pacientes, além disso, a planejar objetivos específicos que gostariam de alcançar. Estes objetivos se especificam em termos concretos e sem ambiguidade, a fim de minimizar, novamente, a confusão. Orienta-se também os pacientes para que estabeleçam objetivos realistas que sejam realmente alcançáveis. Frequentemente, ocorre a identificação de uma série de sub-objetivos que proporcionam os passos para alcançar o objetivo geral da solução de problemas. 31 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Transtornos de Personalidade. In: ____. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014 APA. (1995). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV. Porto Alegre: Artes Médicas. BECK, A. T., FREEMAN, A.; DAVIS, D. D. (2005). Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade. Porto Alegre: Artmed. BECK, A. T.; ALFORD, B. A. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 2000. Disponível em: <http://www.docfoc.com/aaron-beck-o-poder- integrador-da-terapia-cognitiva>. 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