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ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS AGROPECUÁRIOS

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ELABORAÇÃO 
E ANÁLISE DE 
PROJETOS 
AGROPECUÁRIOS
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/755
N964 Núcleo de Educação a Distância. AFONSO, Juliana Franco.
Elaboração e Análise se Projetos Agropecuários / Juliana
Franco Afonso. - Florianópolis, SC: Arqué, 2023.
240 p.
ISBN papel 978-65-6083-337-1
ISBN digital 978-65-6083-338-8
1. Projetos Agropecuários 2. Análise 3. Elaboração 4. EaD. I. Título. 
CDD - 338.10981
Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.
Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Impresso por:
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Designer Educacional
Lilian Vespa
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Juliana Duenha
Qualidade Textual
Felipe Veiga da Fonseca
Ilustração
Bruno Pardinho
02511509
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17299
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Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
Professora Dra. Juliana Franco
Doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2017), 
mestra em Economia pela mesma instituição (UEM/2006) e graduada em 
Economia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2002) . Atualmente, 
é professora titular do Centro de Ensino Superior de Maringá, consultora de 
empresas - Economy Consultoria e Assessoria Empresarial e professora titular 
da Faculdade Cidade Verde. Tem experiência na área de economia empresarial 
com ênfase em análise e elaboração de projetos de inovação tecnológica, 
pesquisa de mercado, avaliação econômica de empresas e treinamento de 
equipes para inovação. É pesquisadora na área de produtividade, econometria 
espacial e indicadores de gestão pública. Atualmente, é Diretora do Conselho 
de Desenvolvimento Econômico de Maringá - Codem e ganhadora do XXIII 
Prêmio Brasil de Economia, Categoria “Tese de Doutorado”, em 2017.
http://lattes.cnpq.br/4882579117919191.
SEJA BEM-VINDO!
Olá, caro estudante, meu nome é Juliana Franco. Seja bem-vindo à nossa disciplina Ela-
boração e Análise de Projeto Agropecuários. Você sabia que um projeto é transformar 
ideias em ações, ou seja, é um empenho temporário empreendido para criar um produ-
to ou serviço? Como são temporários, possuem início e fim definidos, planejados, exe-
cutados e controlados, possuem recursos limitados e são realizados por pessoas. Dessa 
forma, a elaboração de um projeto começa pelo “coração”, ou seja, a definição real do 
objeto do trabalho, a finalidade, os objetivos e uma visão clara das dificuldades que se 
quer resolver com a efetivação da ideia.
Para transformar ideias em ações, é necessário ter capacidade técnica, ou seja, ter com-
petência, criatividade e comprometimento para desenvolver uma excelente estratégia 
de como materializá-la. Criar é empreender, assumir risco e antecipar o futuro.
Caro(a) aluno(a), a realização de um projeto é uma atividade empreendedora, pois exige 
criatividade e previsões em um mercado dinâmico, que muda constantemente. Você 
deve estar se perguntando: “nossa, não sou empreendedor(a), nem criativo(a), como 
vou realizar um projeto, então?”. A resposta é que justamente nessa disciplina você en-
contrará um material diferenciado, elaborado com a preocupação de proporcionar as 
bases necessárias para que você possa aprender a essência de um projeto e entender 
como fazer previsões com base no ambiente em que a empresa se encontra, pois o su-
cesso das organizações ocorre à medida que elas conseguem se antecipar às mudanças 
do mercado.
Antecipar o futuro não é tarefa fácil, não existem bolas de cristal, e não há uma maneira 
de simplificar os acontecimentos futuros. Para minimizar os riscos de dúvidas quanto 
ao futuro e propiciar ferramentas que promovam a definição de estratégias, utilizam-se 
técnicas prospectivas que serão discutidas no decorrer do livro.
Iniciaremos este livro falando sobre o conceito de empreendedorismo e as característi-
cas do setor agrário. Empreender é criar, assumir risco e antecipar o futuro. Desta forma, 
o empreendedor pode utilizar a metodologia de elaboração de projetos para reduzir o 
risco de seu investimento. Ao tomar a decisão de investimento em um determinado se-
tor, é necessário ter conhecimento técnico e mercadológico dele, por isto apresentarei 
as especificidades do setor rural já no início de nossos estudos.
Para realizar um projeto de investimento, é necessário estar atento às ferramentas utili-
zadas no planejamento estratégico de uma empresa. Pois, muitas vezes, como consulto-
ra, me deparei com empresas que precisavam de um projeto de viabilidade econômico-
-financeira, mas não tinham sequer um planejamento da própria empresa.
Caro(a) aluno(a), para um projeto se transformar em uma proposta de financiamento e 
ser aprovado por algum órgão financiador, esta precisa compreender o programa que 
a empresa pretende realizar, ou seja, precisa perceber a importância do investimento 
e as possibilidades de êxito. Assim, necessita-se que a instituição financiadora acredite 
nas metas da empresa e veja que os objetivos seguem no mesmo rumo, assim como as 
APRESENTAÇÃO
ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 
AGROPECUÁRIOS
chances de sucesso. Para isso, é necessário realizar um planejamento durante a elabora-
ção do projeto, um conjunto de atividades a serem executadas:
 ■ Inicialmente, precisa-se definir o projeto: o que queremos fazer? 
 ■ Todo projeto precisa de um plano de trabalho: como agir?
 ■ O andamento do projeto: como avaliar, tirar conclusões e disseminar resultados?
 ■ Orçamento: quanto custa?
Os projetos de viabilidade econômico-financeira são destinados a auxiliar o empreen-
dedor na sua decisão de investimento, seja para a ampliação de uma empresa já existen-
te, seja para a compra de novos equipamentos, a implantação de uma nova empresa ou 
a instalação, a mudança de ramo de atividade, entre outros objetivos.
Com as fortes pressões competitivas que as empresas estão sofrendo, eleva-se a impor-
tância da elaboração deprojetos de viabilidade econômico-financeira, visto que muitas 
organizações acabam falindo antes mesmo de completar um ano de existência por falta 
de planejamento e preparo dos empresários.
Investir é realizar desembolsos, esperando benefícios futuros, assim, os empresários e 
administradores, ao tomarem uma decisão de investimento, esperam que os resultados 
da empresa sejam melhores do que seu custo de oportunidade (ou alternativa de inves-
timento), visando a aumentar o valor da empresa quando esta já existe, ou que o novo 
empreendimento seja lucrativo. Assim, quando entramos em um negócio sem analisar 
o mercado, é como entrar em um quarto escuro, não sabemos a direção, aonde iremos 
parar e os obstáculos que enfrentaremos.
Existem diversos fatores que devem ser considerados na elaboração de projetos para a 
busca de financiamentos e que podem impactar a decisão de investimento e a liberação 
do recurso, pois estão baseados na avaliação atraente das estimativas.
Cabe ressaltar, meu caro(a) leitor(a), que cada projeto deve ser elaborado obedecendo 
às normas e peculiaridades de cada setor da economia. Além das especificidades já ci-
tadas, as quais o setor agropecuário possui e que devem ser levadas em consideração 
no momento do seu planejamento, há também a questão das normas a serem seguidas 
para a aprovação do crédito junto às instituições financeiras.
No meu ponto de vista, essa disciplina é um excelente campo de atuação do gestor de 
agronegócio, pois é uma oportunidade que os gestores têm de trabalhar e desenvolver 
atividades empreendedoras. Espero que, durante o decorrer deste livro, você obtenha 
o conhecimento inicial que se deve ter para o começo das atividades de elaboração e 
análise de projetos de investimentos. Vale destacar que, como cada projeto tem carac-
terísticas próprias de acordo com a atividade e setor no qual está inserido, a elaboração 
é um processo contínuo de estudo, pesquisa e aprendizagem. Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
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UNIDADE I
EMPREENDEDORISMO E CARACTERÍSTICAS DO SETOR AGRÁRIO
15 Introdução
16 Empreendedorismo e Projetos 
19 Conceito, Finalidade e Tipos de Projetos 
23 Especificidades do Setor Agrário 
37 Considerações Finais 
UNIDADE II
FASES DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
48 Introdução
49 Etapas de um Projeto 
64 Instrumentos de Planejamento 
68 Mapa Modelo de Negócios (Business Model Canvas) 
75 Considerações finais 
SUMÁRIO
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UNIDADE III
ESTUDO DE MERCADO E ENGENHARIA DO PROJETO
87 Introdução
88 O Estudo e Análise de Mercado 
95 Projeção de Demanda e Receita do Projeto 
104 Engenharia do Projeto 
119 Considerações Finais 
UNIDADE IV
INVESTIMENTOS E CUSTOS DO PROJETO RURAL 
131 Introdução
132 Levantamento dos Custos e Despesas do Projeto 
150 Amortização e Financiamento 
158 Orçamento do Projeto: Plano Financeiro 
167 Considerações Finais 
SUMÁRIO
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UNIDADE V
ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PROJETO E CRÉDITO RURAL
179 Introdução
180 Instrumentos de Análise EconômicA - Financeira de Investimento 
196 Crédito Rural e Condições Gerais Para Concessão do Crédito 
205 Operações de Crédito Rural 
209 Sistema Nacional de Crédito Rural e Principais Linhas de Financiamento 
222 Considerações Finais 
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Professora Dra. Juliana Franco
EMPREENDEDORISMO 
E CARACTERÍSTICAS DO 
SETOR AGRÁRIO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Abordar os conceitos e a finalidade sobre empreendedorismo e 
projeto.
 ■ Conhecer os conceitos de empresa rural e as suas características.
 ■ Apresentar as principais especificidades do setor agrário e os seus 
componentes mercadológicos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Empreendedorismo e projetos
 ■ Conceito, finalidade e tipos de projetos
 ■ Especificidades do setor agrário
INTRODUÇÃO
Caro estudante, na primeira unidade, irei introduzir o conceito de empreendedo-
rismo. O empreendedorismo é importante, pois, por meio das inovações geradas 
por ele, possibilita a geração de renda e melhora a competitividade, possibili-
tando o crescimento econômico de forma organizada. Assim, o empreendedor 
é o indivíduo que detém uma forma especial e inovadora de se dedicar às ativi-
dades de organização, administração e execução, com capacidade de gerar um 
novo método de seu próprio conhecimento.
A atual conjuntura econômica do Brasil, com altas taxas de juros e carga 
tributária elevada, inserido num contexto de um mundo globalizado, levanta 
a importância da elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira. 
Visto que muitas empresas acabam falindo antes mesmo de completar um ano de 
existência por falta de planejamento e preparo dos empresários. Assim, os pro-
jetos são destinados a auxiliar o empreendedor na sua decisão de investimento, 
seja para ampliação de uma empresa já existente, seja para a compra de novos 
equipamentos, a implantação de uma nova empresa ou instalação, a mudança 
de ramo de atividade, entre outros.
A decisão de investimento é uma das mais importantes da empresa ou do 
futuro empreendedor, estando baseada na avaliação atraente das estimativas do 
projeto. Podemos dizer que o desenvolvimento de um projeto é uma atividade 
empreendedora, pois exige criatividade e previsões em um mercado dinâmico. 
Quando desenvolvemos um projeto, colocamos no papel todos os recursos 
materiais e humanos necessários para a realização de uma atividade produtiva e 
analisamos a sua viabilidade. Além disto, devemos saber qual o tipo de projeto 
que estamos desenvolvendo e conhecer as características do setor para o qual 
ele está sendo desenvolvido e, assim, reduzir os riscos na formulação das estra-
tégias de compras, vendas, armazenagem e distribuição do produto ou serviço. 
Assim, nesta unidade, você irá aprender sobre os conceitos de empreende-
dorismo e projetos, no entanto, será dada maior ênfase às características do Setor 
Agrário, visto que são tomadas como base para todos os estudos de modelos de 
previsão, tanto de receitas como de custos e, assim, da rentabilidade do negócio.
Introdução
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EMPREENDEDORISMO E PROJETOS
Caro leitor, este item vai falar sobre empreendedorismo, que tem origem no termo 
empreender, que significa executar, ou seja, é o estudo voltado para o desen-
volvimento de competências e habilidades relacionadas à criação e à execução 
de um projeto, pode ser científico, técnico e empresarial. Além disso, o empre-
endedorismo nomeia os estudos relativos ao empreendedor, como suas origens, 
perfil, sistema de atividades e seu universo de atuação.
De acordo com McCraw (2007), o conceito de “empreendedorismo” foi 
popularizado a partir da teoria da destruição criativa, desenvolvida por Joseph 
Schumpeter, em 1945, definindo o empreendedor como alguém versátil, possui-
dor de habilidades técnicas para a produção, alguém que sabe captar recursos 
financeiros, organizar operações internas e realizar vendas para a empresa. 
Schumpeter introduz a habilidade de gerar inovação ao conceito de empre-
endedorismo, afirmando que o empreendedor é a pessoa que destrói a ordem 
econômica existente graças à introdução, no mercado, de novos produtos/servi-
ços, de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais 
Empreendedorismo e Projetos
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e tecnologia, assumindo riscos em uma economia em constante transformação 
e crescimento (CHIAVENATO, 2007, p. 18).
Segundo Schumpeter (apud MEDEIROS, 2007), o empreendedor tem um 
papel essencial no processo de inovações, sendo que a figurado empreendedor 
ganhou importância na ciência econômica. Dessa forma, o seu método abrange 
atividades, funções e ações relacionadas com a criação de novos produtos, pro-
cessos e negócios, ou até mesmo, a introdução de novos conceitos e ideias.
Vale destacar que existem os intraempreendedores, que trabalham dentro 
dos limites de uma organização já estabelecida. As grandes empresas vêm bus-
cando incentivar os funcionários com o objetivo de acelerar as inovações dentro 
das organizações. 
De acordo com Leite (2000), os empreendedores se destacam em qualidades 
pessoais como iniciativa, visão, coragem, firmeza, decisão, atitude de respeito 
humano, capacidade de organização e direção. Assim, o empreendedor está dire-
tamente ligado à inovação, que é o processo que compreende o desenvolvimento 
de novos produtos ou processos produtivos.
Logo, o empreendedorismo, juntamente com a inovação que ele gera, são 
aspectos essenciais para o processo criativo, no sentido de promover o crescimento 
econômico, com o aumento da produtividade e a geração de empregos. Segundo 
Castro (2006), o conhecimento passou a ter um papel central no desenvolvimento 
econômico, tornando-se o fator principal no processo de inovação e no aumento da 
competitividade. Assim, a inovação está ligada diretamente com o conhecimento.
O conhecimento é uma concepção ampla que abrange todas as técnicas de 
informações que o empreendedor deve dominar, pois é fundamental, para o 
desenvolvimento de um projeto de investimento, o conhecimento do produto 
ou serviço, seu processo de produção, aspectos administrativos e organizacio-
nais da empresa e do projeto.
Projeto é um empenho transitório empreendido para criar um produto ou 
serviço, normalmente, são autorizados como resultado de uma ou mais importân-
cias estratégicas. Pode ser um avanço tecnológico, um requisito legal, a solicitação 
de um cliente ou uma demanda de mercado.
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Reprodução proibida. A
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A figura do empreendedor está diretamente ligada com a elaboração de 
projetos, pois é o indivíduo que detém uma forma especial e inovadora de se 
dedicar às atividades de organização, administração e execução, com capaci-
dade de gerar um novo método de seu próprio conhecimento. 
Dessa forma, a realização do projeto está diretamente ligada com a figura do 
empreendedor, pois cada um tem suas peculiaridades próprias de acordo com a 
atividade ou o setor em que a empresa está inserida. O empreendedor precisa se 
antecipar às necessidades do mercado e conhecer o ambiente em que a empresa 
atua. Para isso, vamos discutir, a seguir, como planejar estrategicamente um 
negócio por meio da elaboração de um projeto.
O que devo fazer para ser um empreendedor?
Conceito, Finalidade e Tipos de Projetos
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CONCEITO, FINALIDADE E TIPOS DE PROJETOS
Caro leitor, um Projeto de Viabilidade é uma ferramenta utilizada para minimi-
zar os riscos do investimento. Tem como finalidade planejar todos os aspectos 
do empreendimento antes dele ser instituído, a fim de prever as dificuldades que 
serão enfrentadas, bem como analisar a viabilidade ou não de sua implantação. 
O Projeto de Viabilidade tem como objetivo orientar o empreendedor 
sobre a sua própria ideia, visto que a falta de visão ordenada do que precisa ser 
feito, isto é, a falta de um planejamento, pode ser um fator que leve a investi-
mentos errados ou à estagnação da empresa. 
Este tipo de projeto tem como uma de suas principais funções servir como 
ferramenta de gestão para o planejamento e o desenvolvimento inicial de um 
empreendimento, servindo como instrumento de captação de recursos finan-
ceiros junto a potenciais investidores ou credores.
Quando uma empresa toma a decisão de investir, o gestor deve caracterizar os 
diferentes tipos de investimentos que a empresa pode realizar. Segundo Lapponi 
(1999), há vários tipos de investimentos e podem ser dividido em três grupos:
 ■ Investimentos em ativos fixos: infraestrutura, máquinas etc.
EMPREENDEDORISMO E CARACTERÍSTICAS DO SETOR AGRÁRIO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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 ■ Investimentos em ativos financeiros: ações, debêntures, renda fixa etc.
 ■ Investimentos em ativos intangíveis: marcas, patentes etc.
As decisões de investimento são influenciadas por um grande número de fatores 
que, analisados em conjunto, permitem ao empreendedor traçar as diretrizes de 
seu projeto. Segundo Simonsen e Flanzer (1987), esses fatores são:
 ■ Fatores de ordem jurídica: estar atento à legislação ambiental, trabalhista, 
comercial, sanitária, além de aspectos como a necessidade de assinarem 
contratos de fornecimento de matérias-primas, de pagamento de royal-
ties, de assistência técnica, benefícios fiscais do governo etc.
 ■ Fatores de ordem administrativa: novos investimentos podem levar a 
uma reorganização na estrutura administrativa da empresa, como a cria-
ção de novos turnos de trabalho, a introdução de um novo departamento, 
treinamento de pessoal etc.
 ■ Fatores de mercado: é necessário ter a informação sobre a distribuição 
regional do mercado, as projeções de demanda, o estudo sobre produ-
tos similares, os preços praticados pela concorrência, de exportação etc.
 ■ Fatores de ordem técnica: trata-se de se escolher a tecnologia adequada 
ao projeto, verificar a disponibilidade da tecnologia, fatores logísticos 
da empresa (vias de acesso, proximidade de outras indústrias e centros 
consumidores, escoamento da produção, obtenção de matérias-primas), 
projeção de layout etc.
 ■ Fatores de ordem econômica-financeira: levantamentos dos investi-
mentos em ativos fixos e capital de giro, fontes de captação de recursos, 
cronograma de aplicação de recursos, estimativa dos custos de produção 
dada a escala de produção e das receitas.
De acordo com Lapponi (1999), no que diz respeito à classificação orientada para 
criação de valor, os projetos de investimento podem ser divididos em dois grupos: 
Conceito, Finalidade e Tipos de Projetos
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1. Projetos para criação de valor: incluem os projetos de expansão de 
produtos existentes; de lançamentos de novos produtos; de inovação de 
produtos existentes; de pesquisa e desenvolvimento; de redução de custos.
2. Projetos para manter o valor: são os projetos de substituição de equi-
pamentos ou instalações e projetos de informatização.
Com relação ao agronegócio, os projetos de viabilidade de investimentos podem 
ser direcionados para a implantação de uma nova atividade ou produção em uma 
determinada propriedade rural, como para mensurar a viabilidade econômica da 
mudança em uma atividade já existente, denominado de projetos incrementais.
Além disto, os projetos podem ser classificados em públicos ou privados, 
sociais ou econômicos e horizontais ou verticais (HOFFMAN et al., 1987):
 ■ Projetos públicos: o agente executor é um órgão ou instituição pública.
 ■ Projetos privados: o agente executor é uma pessoa jurídica ou física de 
direito privado.
 ■ Projetos sociais: envolvem decisões extraeconômicas provenientes de 
políticas socioeconômicas de um país.
 ■ Projetos econômicos: quando o objetivo principal do projeto é a maxi-
mização do lucro ou da riqueza.
 ■ Projetos verticais: o objetivo do projeto é a produção de um determi-
nado bem de consumo.
 ■ Projetos horizontais: o objetivo é criar infraestrutura.
Os projetos são realizados de acordo com um período de tempo, são realizadas 
estimativas de custo de produção, demanda dos produtos, preços dos fatores 
de produção e dos produtos, reações dos consumidores, desenvolvimentoda 
oferta, possíveis inovações técnicas, variações nos gostos dos consumidores etc. 
Por trabalhar com prospecção futura de variáveis, os projetos possuem um 
risco, que é a probabilidade ou não de as previsões estarem corretas e o sucesso 
ou o fracasso de um projeto pode depender da exatidão dessas previsões.
EMPREENDEDORISMO E CARACTERÍSTICAS DO SETOR AGRÁRIO
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Devido ao risco, os projetos de investimentos envolvem várias etapas, as 
quais devem ser bem elaboradas e pesquisadas, a fim de dar consistência aos 
métodos de avaliação que serão utilizados. 
Existem diversos modelos de projetos de viabilidade, variando de acordo com 
os autores e/ou especialistas que os elaboram, com a finalidade e com o tipo de 
empresa e investimento, visto que cada negócio possui características próprias, 
dificultando uma padronização. 
Diante de uma variedade de projetos que podem ser implementados em 
uma empresa ou entidade, é necessário fazer uma seleção das prioridades de 
acordo com os objetivos.
Projetos sociais, que derivam de programas global, nacional ou local, a seleção 
terá como prioridade a elevação do bem - estar social. Assim, dada uma restrição 
dos recursos para a implementação dos projetos, os selecionados são aqueles que 
terão maior impacto social, ou seja, terão abrangência maior sobre a sociedade. 
Os projetos setoriais possuem como objetivo a resolução de problemas apre-
sentados por determinado setor da economia. Neste caso, a prioridade na seleção 
tem que considerar os projetos que melhor resolvem os problemas do setor.
Já os projetos privados terão um critério de seleção puramente econômico, 
visto que o objetivo é a maximização do lucro do projeto ou o retorno do inves-
timento. É neste tipo de projeto, no qual o conteúdo deste livro se concentra, 
e as metodologias de avaliação de projetos que serão estudados na Unidade IV.
Entre no site http://www.empreendedorrural.com.br/, para conhecer como 
funciona o concurso “Melhor Projeto Empreendedor Rural”. No regulamen-
to do concurso tem o anexo 01, que fala dos critérios para julgamento dos 
projetos.
Especificidades do Setor Agrário 
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ESPECIFICIDADES DO SETOR AGRÁRIO 
Cada projeto deve ser elaborado obedecendo às características de cada setor da 
economia. O setor agropecuário possui especificidades que devem ser levadas 
em consideração no momento de seu planejamento. Assim, o empreendedor 
rural deve pesquisar, em primeiro lugar, os fatores de produção tradicionais ou 
modernos que determinam a sua produção rural.
Os fatores de produção que possuem baixo grau tecnológico são aqueles 
considerados Fatores de Produção Tradicionais, como: terra, clima, sementes 
e mudas, ferramentas e equipamentos rudimentares, animais de tração, técni-
cas tradicionais de manejo e de irrigação, adubação verde, materiais orgânicos 
usados como fertilizantes, como cinzas, esterco, restos de lã, resíduos de aves e 
peixes, calcário, misturas de areia e de calcário. 
Por outro lado, os fatores de produção que possuem alto grau de inovação 
tecnológica são considerados Fatores de Produção Modernos, como: fertilizan-
tes químicos, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, sementes e mudas melhoradas 
por meio da biotecnologia, melhoramento genético de animais, irrigação mecâ-
nica, máquinas e equipamentos agrícolas, como tratores, colheitadeiras, aviões 
agrícolas, entre outros. Estes fatores geram significativos ganhos de produtivi-
dade da terra e do trabalho, tornando o setor mais competitivo a nível mundial.
EMPREENDEDORISMO E CARACTERÍSTICAS DO SETOR AGRÁRIO
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Também podemos classificar os fatores de produção do setor agrário como:
1. Recursos Naturais: terra, água.
2. Trabalho: mão de obra permanente, temporária, técnica e administrativa.
3. Bens de Capital: capital físico ou permanente e capital circulante.
Quando falamos de Recursos Naturais, temos que a terra é o principal fator de 
produção do setor agrário, pois é nela que são combinados capital, insumos e tra-
balho para obter a produção. Antes de qualquer atividade agrícola, o solo deve 
ser preparado de acordo com os padrões biológicos e técnicos para produzir 
colheitas abundantes, lucrativas, com alta produtividade. Desse modo, o empre-
sário rural deve se preocupar com o desgaste do solo em cada ano safra, pois a 
perda de nutrientes, a erosão, entre outros fatores, e que são consequências do 
desgaste, impactam a capacidade produtiva da terra. Assim, uma das primeiras 
atividades do produtor é fazer o estudo do solo para saber quais medidas corre-
tivas são necessárias, antes de começar o plantio. 
O conjunto de bens colocados sobre a terra e que aumenta a produtividade 
do trabalho é denominado de capital físico. São eles: 
1. Máquinas e implementos agrícolas.
2. Benfeitorias (galpões, casas, instalações etc.).
3. Animais de produção (bovinos de cria e de leite, suínos, aves, cavalos).
4. Insumos agropecuários (adubos, mudas, sementes, corretivos, fertilizan-
tes, defensivos agrícolas e pecuários, ração animal etc.).
Os capitais físicos podem ser classificados de permanente e circulante. 
Classificamos como capital circulante aqueles que são totalmente consumi-
dos no processo produtivo, como sementes, mudas, adubos etc. Por outro lado, 
o capital permanente é aquele que permanece em uso na empresa por vários 
ciclos produtivos e é passível de depreciação (desgaste pelo uso), como as ben-
feitorias, as máquinas e os implementos agrícolas. 
Os capitais permanentes possuem um valor de investimento elevado e, por 
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isto, devem contribuir para a produção pelo maior tempo possível, por exemplo, 
um trator deve trabalhar, no mínimo, 10.000 horas, ou seja, cerca de 10 anos; uma 
construção de alvenaria deve durar mais de 50 anos. Muitos destes capitais perma-
necem ociosos em determinadas época do ano, justificando o seu aluguel ao invés 
da compra. Por isto, é importante o empresário rural calcular a viabilidade técnica 
da compra destes bens, este ponto será estudados mais adiante, na Unidade IV.
É importante ressaltar a diferença entre ano agrícola e ano fiscal. O ano fis-
cal é o período de 1° de janeiro a 31 de dezembro, já o ano agrícola corresponde 
ao período de 12 meses, o que engloba o início do cultivo até a colheita das prin-
cipais culturas da região. Assim, uma Empresa Rural deve considerar o seu ano 
agrícola para a realização do orçamento e dos cálculos financeiros a fim de veri-
ficar a sua rentabilidade.
Outra forma de classificação dos fatores de produção é a realizada por 
Hoffman et al. (1987), em que podem ser considerados fatores de produção 
externos e internos à empresa rural. Os fatores de produção externos são 
aqueles em que o produtor rural não possui controle direto, como as condições 
climáticas, as políticas agrícolas adotadas pelo governo, o comportamento do 
mercado, a logística, entre outros. Já os fatores de produção internos são aqueles 
em que o empresário rural consegue controlar, como tamanho do empreendi-
mento, volume da produção, eficiência da mão de obra e máquinas, rotação de 
culturas e combinação de linhas de exploração etc.
Assim, caro estudante, o produtor rural, após definidos os fatores de produção 
que serão utilizados no processo produtivo, deve conhecer as demais característi-
cas do setor rural que, segundo Accarini (1987), podem ser listadas como se segue: 
• Dispersão do espaço rural: o espaço rural é constituído pelas áreas de 
terras efetivamente cultivadas com lavourastemporárias, permanentes, 
pastagem para produção animal e com a exploração de plantas extrativas 
vegetais. A dispersão do espaço rural, meu caro leitor, gera algumas difi-
culdades para os produtores rurais, como: maiores custos de transporte, 
dificuldade no acesso ao crédito, na compra de fatores de produção e na 
venda dos produtos. Além disto, quanto mais dispersa e distante a região 
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produtora dos centros consumidores, menores tenderão a ser os ganhos 
efetivamente recebidos pelos produtores, decorrentes dos maiores custos 
de transporte e armazenagem, sem poderem ser repassados via preços, 
visto que são determinados pelo mercado, independentemente do local 
onde foram produzidos. 
• Descontinuidade do fluxo de produção: as atividades rurais se concen-
tram em épocas específicas no ano, não possuindo um ciclo de produção 
contínuo. Isto ocasiona uma demanda concentrada por fatores de produção 
nas épocas do plantio, que leva a aumentos do preço e, consequentemente, 
dos custos. Em outras épocas, há a ociosidade de fatores de produção 
como terras, armazéns, tratores, colheitadeiras e outros itens de capital 
que possuem um alto valor de investimentos. Assim, o produtor rural 
deve decidir se deve investir na compra destes bens de capital ou se os 
aluga. Com relação à contratação da mão - de - obra, pode ser dispensada 
em período de menor produção, dependendo do contrato de trabalho 
firmado entre o trabalhador e o empregador. Por outro lado, nas épocas 
de safra, o preço das mercadorias tende a cair e os armazéns, os meios 
de transportes e os portos ficam congestionados, aumentando o valor do 
aluguel, dos fretes e outros custos. 
• Duração do ciclo produtivo: diferentemente do que acontece em outros 
setores da economia, no setor agrícola, a duração do ciclo produtivo é 
bastante rígida, ou seja, não há o ajustamento rápido da oferta às altera-
ções de mercado. Dependendo da atividade, este ajustamento pode ser 
superior a um ano. Quanto mais longa a espera produtiva, maior o custo 
dos recursos empregados na produção. Por exemplo, o ciclo produtivo da 
soja é, em média, de 140 dias do plantio até a colheita, e o do boi gordo 
varia de 2 a 4 anos, dependendo do cruzamento de raças e alimentação.
• Perecibilidade dos produtos: os produtos agroalimentares são mais 
perecíveis, exigindo do produtor rural um planejamento adequado da 
produção, desde a colheita até o transporte da mercadoria. Estas ativida-
des devem ser realizadas com técnicas apropriadas, no momento certo 
e com rapidez para evitar a perda da qualidade do produto e reduzir os 
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custos de armazenamento e conservação. Os produtos alimentícios com 
maior grau de perecibilidade, como frutas e hortaliças, devem ter a sua 
produção concentrada ao redor dos centros urbanos para evitar perdas 
e, no caso das frutas, perto das agroindústrias.
• Especificidades biotecnológicas: os tipos de solo e clima determinam o 
tipo de atividade agrícola que é desenvolvida em cada região. No entanto, 
o progresso da biotecnologia tende a ampliar a possibilidade de cultivo de 
determinada variedade de planta em regiões que não eram consideradas 
as mais apropriadas. Para isto, é importante os investimentos em pesquisa 
para o desenvolvimento de mudas e sementes, que se adaptam em dife-
rentes regiões, podendo, assim, ampliar a fronteira agrícola. 
• Risco bioclimático: estes riscos estão relacionados com os impactos das 
condições climáticas sobre as plantações e criações de animais, como os 
efeitos das estiagens prolongadas, de chuvas excessivas, de altas tempera-
turas, geadas, ventos fortes ou ataques inesperados de pragas. Os fatores 
climáticos podem causar os seguintes danos ao setor rural: 
a. Reduz o retorno econômico das atividades rurais, pois tendem a elevar 
os custos de produção e contribuem para deprimir preços de venda, tor-
nando mais lenta a recuperação dos investimentos realizados. 
b. Elevação do risco de mercado decorrente das reduções bruscas de preços 
na época da colheita e dos riscos associados às possibilidades de quebra 
da produção decorrente dos fatores bioclimáticos.
Caro estudante, outra importante característica do setor agrícola é a sua forma 
de comercialização, sendo esta definida como um processo social que envolve 
um conjunto de atividades que buscam transferir a propriedade de bens e ser-
viços de um agente econômico, denominado de produtor, para outro, chamado 
de consumidor, por intermédio de instituições apropriadas.
O mercado é a instituição onde é realizado grande parte das comercia-
lizações do setor rural. Barros (2006) define o mercado como o “local” onde 
ocorre a transferência da posse de mercadorias entre vendedores e comprado-
res. Este mercado pode ser à vista ou a termo. O mercado à vista ocorre quando 
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a transferência de posse da mercadoria ocorre de forma simultânea à mudança 
de propriedade, e o mercado a termo ocorre quando esta transferência de posse 
se dá somente após certo período de tempo. Neste mercado, são negociados con-
tratos de compra e venda de commodities, onde são definidos a quantidade, o 
preço e a qualidade, sendo um compromisso de entrega futura da mercadoria. 
A evolução dos contratos a termo deu origem aos contratos de mercado futuro, 
negociados na Bolsa de Valores que, no Brasil, é realizada na BM&FBovespa. No 
entanto, tratar deste assunto foge do escopo deste material. 
A seguir, apresentarei alguns pontos que caracterizam a comercialização 
agrícola:
OS TIPOS DE MERCADOS AGROALIMENTARES 
Com relação aos tipos de mercados agroalimentares, Hoffman et al. (1987) os 
classificam em três níveis: o Mercado Primário, o Terminal e o Secundário. A 
figura a seguir apresenta o fluxo de bens e serviços no sistema de comercializa-
ção do agronegócio:
Figura 1 - Fluxo de bens e serviços no sistema de comercialização
Fonte: adaptada de Hoffman et al. (1987).
Mercado primário: é o mercado do interior, também conhecido como mercado 
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local. Nele, os agricultores oferecem seus produtos, in natura, aos intermediários, 
que são representados pelas cooperativas, transportadoras ou outros agentes, que 
adquirem as mercadorias e as reúnem nos centros consumidores. Este mercado 
se caracteriza pela concentração dos produtos.
Mercado terminal: é neste mercado onde ocorrem as transações entre inter-
mediários – atacadistas e varejistas, sendo representado pelo mercado atacadista 
central, onde se tem maior concentração do fluxo de transações dos produtos, 
isto é, vendas em grande quantidade para empresas Assim, é neste mercado em 
que se termina a concentração e se inicia a distribuição dos produtos. 
Neste mercado, os compradores adquirem as mercadorias para revender no 
mercado varejista; para produzir outros bens; ou usar para fins institucionais, 
como em restaurantes.
O mercado atacadista, geralmente, está localizado nos grandes centros e 
nele atuam agentes do mercado nacional e internacional. No Brasil, o estado de 
São Paulo concentra boa parte do mercado atacadista de produtos agrícolas, em 
especial na capital.
Mercado secundário: representa o último elo da cadeia de comercializa-
ção. Tem como característica a distribuição dos produtos até o consumidor final, 
sendo representado pelo mercado varejista, que pode assumir as seguintes formas: 
 ■ Mercado especulador:compra em grandes quantidades para a venda em 
lotes menores, sem mudança na forma do produto, tem-se, como exem-
plo, os supermercados.
 ■ Mercado de fábricas: distribuição de produtos agrícolas industrializa-
dos, por exemplo, as distribuidoras de alimentos.
 ■ Mercado varejista: o comprador é o próprio consumidor final. É o varejista 
que conhece de perto as necessidades do consumidor por estar direta-
mente em contato com ele. Em vista disto, é ele que percebe as mudanças 
na demanda por determinado produto e transmite este conhecimento aos 
demais participantes da cadeia de comercialização, até chegar ao produ-
tor, que irá ajustar a sua produção.
Ao conhecer todas estas características do mercado agrícola, você deve definir, 
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no projeto, qual é o mercado que irá vender os seus produtos e qual é o mercado 
o qual você pertence. Desta forma, você irá conseguir determinar, com menor 
margem de erro, o seu preço de venda e a quantidade que deve produzir e vender.
OS TIPOS DE PRODUTOS AGROALIMENTARES 
Outra característica que o empreendedor rural deve conhecer é como os produ-
tos agroalimentares estão classificados em termos de método de conservação. 
Desta forma, podemos classificá-los em: 
 ■ Primeira geração: o estado é bruto (in natura) e o prazo de validade curto.
 ■ Segunda geração: são os produtos enlatados, cujo seu estado é apertizado 
(método de conservação de alimentos pelo calor). Os produtos alimentícios 
são acondicionados em latas, onde são lacrados por meio de recravadei-
ras e encaminhados às autoclaves para a aplicação do tratamento térmico 
superior a 100 ºC. O prazo de validade é de mais de um ano. 
 ■ Terceira geração: o estado do alimento é supergelado, utilizando um 
método de conservação pelo uso do frio, como refrigeração, congelação 
e supergelação. O prazo de validade, normalmente, é superior a um mês.
 ■ Quarta geração: o estado é cru, pronto para uso, e o prazo de validade 
é de quatro a seis dias.
 ■ Quinta geração: o estado é cozido, pronto para servir, e o prazo de vali-
dade é de 42 dias. 
O melhor método de conservação deve ser aquele que garante a qualidade e que 
menos altera as condições naturais dos produtos. Diante disso, caro(a) aluno(a), 
saber a classificação dos produtos é importante para que você possa determinar 
o tempo de estocagem e o levantamento dos custos de conservação que deve-
rão fazer parte do projeto. 
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PREÇOS 
Os preços dos produtos agrícolas sofrem variações que podem ser diárias, sema-
nais, mensais ou seculares, pois, como são determinados no mercado, sofrem 
influências de todos os fatores que impactam a demanda e a oferta, como renda, 
hábito e costumes do consumidor, volume de produção, entre outros fatores. 
O preço é definido, por Batalha e Silva (1995), como a quantidade de dinheiro 
que um vendedor exige para transferir um produto ou serviço ao consumidor. 
Além da demanda de mercado e do volume de produção (oferta regional, 
nacional e mundial do produto), a variável preço para produtos agroalimentares 
sofre influências dos custos de produção da empresa, bem como das alterações 
climáticas e das questões de safra e da legislação governamental vigente, como 
políticas de preços mínimos, subsídios etc. 
A escassez de um determinado produto em uma região, em decorrência de 
uma geada ou seca, pode valorizar o produto de outra região. Outro fator que 
também leva a alterações no preço e que deve ser levado em consideração é a 
perecibilidade, que influi nos custos de armazenamento, transporte e distribui-
ção, tendo impacto no preço do produto final. 
Determinação do Preço de Venda: deve-se levar em consideração os preços 
praticados pelos concorrentes, o preço que os consumidores estariam dispostos 
a pagar, o custo de produção e o mark-up. No entanto, no caso dos produtores 
dos bens agropecuários, esses são passivos à formação de preços, sujeitando-se 
ao que se estabelece no mercado, principalmente no mercado atacadista.
O comportamento dos preços dos produtos agrícolas estão sujeitos a varia-
ções temporais e podem ser classificados, segundo Hoffmann et al. (1987), como: 
 ■ Variações de Curto Prazo: são variações de preços que se repetem em 
período menor que um mês, decorrente de hábitos e costumes de ven-
dedores e consumidores no mercado. Isto ocorre, por exemplo, porque a 
demanda se concentra mais em determinados períodos do mês. 
 ■ Variações Estacionais: são variações de preços decorrentes dos períodos 
de safra, em que o preço é relativamente mais baixo, e de entressafra, onde 
o preço é relativamente mais alto. Na média, espera-se que o aumento 
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do preço na entressafra seja igual ao custo adicional de produzir o bem 
fora da época base, ou igual ao custo de armazenamento do produto. O 
conhecimento da variação estacional do preço é de extrema importância 
para a orientação dos produtores agrícolas e dos comerciantes, em seu 
planejamento financeiro. 
 ■ Outras Variações Cíclicas: outro tipo de variação de preços agrícola é o 
decorrente da defasagem entre o estímulo de preço e a produção agrícola, 
por exemplo: se em um ano, a produção de um produto não é suficiente para 
atender ao potencial de demanda, o preço será alto. No ano seguinte, os pro-
dutores são estimulados a aumentar a produção deste produto, e os preços 
caem, desestimulando a produção para o próximo ano, e o ciclo se repete. 
 ■ Variações Seculares: são as variações de preços decorrentes de inova-
ções tecnológicas, aumentos de produtividade e custos de produção. Os 
dois primeiros fatores causam uma tendência decrescente nos preços, já 
o último termo causa uma tendência crescente. 
ARMAZENAMENTO 
É necessário conhecer as características de armazenamento do seu produto, 
visto que esse envolve um custo que deve ser considerado no projeto. No caso 
de produtos agrícolas, que possuem um ciclo de vida específico, as perspectivas 
de armazenamento surgem da possibilidade de se estocar o produto, sem dete-
rioração, para vendê-los na época de maior escassez a preços mais altos.
Segundo Hoffmann et al. (1987), os principais tipos de unidades armaze-
nadoras são:
 ■ Unidades a nível do produtor: são as que se localizam na empresa agrícola 
e prestam serviço a um único usuário que, normalmente, é o proprietário. 
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 ■ Unidades coletoras e subterminais: as unidades coletoras são localizadas 
em regiões estratégicas, próximas a vários produtores para atender a vários 
usuários, como as unidades armazenadoras das cooperativas agrícolas. Já as 
unidades denominadas de subterminais são unidades de armazenamento 
utilizadas para baldeação de mercadorias de um meio de transporte para 
outro (rodoviário para o ferroviário). Normalmente, são custeadas pelo 
governo, pelas instituições de economia mista ou empresas de logística. 
 ■ Unidades em zona de consumo ou terminais portuários: são localiza-
das nos centros de consumo ou em regiões portuárias, que são centros 
de exportação. 
DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE 
Como o próprio nome já diz, distribuição nada mais é do que o grupo de indiví-
duos que se encarregam de levar o produto ou o serviço ao local onde o cliente 
se encontra, no momento propício. 
Você deve determinar como será o escoamento físico da produção: como 
será feita a distribuição dos produtos (tipos de viaturas), devem ser medidas asdistâncias que unem o empreendimento aos centros consumidores e avaliados 
os custos de transportes, visto que o levantamento dos custos de transporte deve 
ser inserido nas planilhas financeiras do projeto. 
Desta forma, se torna importante o empreendedor rural definir os canais 
de comercialização existentes para o produto, que será desenvolvido. Segundo 
Hoffmann et al. (1987), os principais canais de comercialização são:
I. Venda direta de Produtor para Consumidor:
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II. Venda do Produtor para o Intermediário e este, para o Consumidor Final:
III. Venda do Produtor para o Atacadista, que vende para o Varejista e este, 
para o Consumidor Final:
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IV. Venda do Produtor para o Intermediário, deste para o Atacadista, que 
vende para o Varejista e este, para o Consumidor Final:
Segundo Hoffman et al. (1987), quanto maior o número de pessoas envolvidas 
no processo necessário de comercialização e de operações, maior será a comple-
xidade do canal de comercialização e o custo logístico da operação. No entanto, 
para o produtor, o custo logístico se reduz com a intensificação da especializa-
ção de atividades, como visto nos fluxogramas anteriores.
PADRONIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 
Os produtos provenientes do setor rural apresentam atributos qualitativos (colo-
ração natural, forma, grau de maturação etc.) e quantitativos (peso e tamanho) 
específicos. A padronização é o estabelecimento de padrões para estes atribu-
tos, que é estabelecido por órgãos nacionais ou internacionais. Já a classificação 
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é a comparação do produto com os padrões preestabelecidos para o enquadra-
mento futuro do produto em grupos, classes ou tipos.
Você deve verificar qual é a padronização e a classificação exigidas para o seu 
produto junto às instituições classificadoras, como bolsas de mercadorias, coope-
rativas, firmas exportadoras, empresas especializadas em classificações e órgãos 
públicos. Se o produto é destinado ao mercado externo, deve-se verificar os 
padrões internacionais para a comercialização do produto. 
Se cada negócio possui características próprias, que fatores podem impac-
tar as decisões de investimentos, qual a essência do projeto para que ele 
seja viável? 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Caro(a) aluno(a), a realização de um projeto é uma atividade empreendedora, 
pois exige criatividade e previsões, em um mercado dinâmico, que muda constan-
temente. É colocar no papel todos os recursos materiais e humanos necessários 
para a realização de uma atividade produtiva e analisar a sua viabilidade, base-
ada nos custos do investimento inicial e de seus possíveis retornos, os quais são 
identificados em uma pesquisa minuciosa sobre o comportamento presente e 
futuro do mercado relativo ao do bem que será produzido.
Assim, nesta unidade, você aprendeu o conceito de empreendedorismo e a 
importância de desenvolver um projeto antes de realizar um investimento. Você 
aprendeu que existem vários tipos de projetos: que criam valor, como o do lança-
mento de um novo produto; projetos cujo objetivo é manter o valor, como o de 
substituição de equipamentos; projetos voltados para criar infraestrutura, como 
os projetos horizontais; e voltados para a produção, como os projetos verticais. 
Entretanto, além de conhecer os diferentes tipos de projetos, você viu que 
é de extrema importância o empreendedor conhecer de forma aprofundada as 
características do setor no qual irá atuar. Principalmente no que diz respeito ao 
setor agrário, que possui especificidades que o tornam mais vulnerável do que 
outros setores da economia, como a rigidez do ciclo produtivo, que faz com que 
não haja o ajustamento rápido da oferta às alterações de mercado, sendo uma 
das causas da volatilidade dos preços dos produtos agrícolas. Outra caracterís-
tica que torna o setor vulnerável são os riscos bioclimáticos relacionados com 
os impactos das condições climáticas sobre as plantações e criações de animais, 
levando a impactos negativos na produção. 
Assim, esta unidade introduziu a você as problemáticas do setor agrário, o 
que eleva a importância desta disciplina no curso do agronegócio.
38 
1. O desenvolvimento de projetos de investimento tem como objetivo reduzir 
os riscos do negócio, auxiliando o empresário na tomada de decisões estraté-
gicas, para que não venha a ter prejuízo. Os projetos podem ser classificados 
segundo seu objetivo, podendo ser sociais, públicos, privados, horizontais e 
verticais. Sobre os tipos de projetos, leia as afirmações e assinale a alternativa 
correta. 
a) Os projetos ditos públicos são projetos que envolvem decisões extraeconô-
micas provenientes de políticas socioeconômicas de um país, envolvendo o 
setor privado em sua tomada de decisão.
b) Os projetos sociais é quando o agente executor é um órgão ou instituição 
pública, sem o envolvimento do setor privado.
c) Projetos horizontais são aqueles cujo objetivo principal do projeto é a maxi-
mização do lucro ou da riqueza.
d) Projetos para criação de valor: são os projetos de substituição de equipa-
mentos ou de instalações e projetos de informatização.
e) Projetos verticais são aqueles cujo objetivo do projeto é a produção de um 
determinado bem de consumo.
2. O setor agropecuário possui características que o diferenciam dos outros seto-
res da economia, por exemplo, a sua forte dependência a fatores climáticos e 
biológicos. Estas especificidades devem ser levadas em consideração no mo-
mento de seu planejamento. Sobre as características do setor agropecuário, 
leia as afirmações e assinale a alternativa correta.
a) O espaço rural é definido como a área de terras do meio rural, sendo cultiva-
da ou não, e inclui a área de florestas naturais e plantadas.
b) Os preços dos produtos agrícolas se mantêm praticamente constantes ao 
longo do ano, visto que não há muita alteração na oferta de alimento e nem 
no seu consumo.
c) As atividades rurais não possuem um ciclo de produção contínuo e se con-
centram em épocas específicas do ano. Assim, a duração do ciclo produtivo 
é bastante rígida, dificultando o rápido ajustamento da oferta às alterações 
de mercado.
d) Os produtos da área de alimentos têm vários níveis de perecibilidade, no 
entanto, quanto mais perecíveis, menor é o custo de armazenamento. 
e) Os fatores climáticos podem causar uma redução do retorno econômico das 
atividades rurais, mas não interferem no risco do mercado.
39 
3. A instabilidade de preços é uma das principais características do setor agrícola 
e também uma de suas principais dificuldades. Os produtos agrícolas estão 
sujeitos a variações temporais, que devem ser consideradas nas projeções de 
receitas. Sobre os tipos destas variações, leia as afirmativas e assinale a alterna-
tiva correta:
a) As variações de curto prazo são variações de preços decorrentes dos perío-
dos de safra, em que o preço é relativamente mais baixo, e de entressafra, 
em que o preço é relativamente mais alto.
b) Variações estacionais são as variações de preços decorrentes de inovações 
tecnológicas, de aumentos de produtividade e de custos de produção.
c) Um tipo de variação cíclica de preço é o decorrente da defasagem entre 
o estímulo de preço e a produção agrícola, por exemplo: se em um ano, 
a produção de um produto não é suficiente para atender ao potencial de 
demanda, o preço será alto.
d) Variações secularesde preços são variações de preços que se repetem em 
período menor que um mês, decorrente de hábitos e costumes de vendedo-
res e consumidores no mercado.
e) As variações de preços decorrentes de inovações tecnológicas, de aumentos 
de produtividade e de custos de produção são denominadas variações de 
curto prazo.
4. O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, com clima e solo diversi-
ficados, apresenta a atividade rural geograficamente dispersa. Com as inova-
ções tecnológicas do setor, possibilitando a abertura de novas fronteiras agrí-
colas, esta dispersão se intensificou, principalmente após a década de 80, com 
as políticas de Modernização da Agricultura. A dispersão da produção agrícola 
faz com que os produtores rurais enfrentem diversos problemas. Leia atenta-
mente as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
I. Dificuldade na compra dos fatores de produção.
II. Altos custos de transporte.
III. Dificuldade de acesso ao crédito.
IV. Dificuldade de venda da produção.
Assinale a alternativa correta:
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a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
5. O mercado é definido como o “local” onde ocorre a transferência da posse de 
mercadorias entre vendedores e compradores. Para qualquer tipo de merca-
doria, pode-se falar em diferentes níveis de mercado no qual o produto passa 
até chegar ao consumidor final. No caso de produtos do setor agropecuário, 
tem-se o Mercado Primário, o Terminal e o Secundário. Sobre estes três níveis 
de mercado, julgue as afirmativas em Verdadeiras (V) e Falsas (F) e assinale a 
sequência correta:
( ) O mercado primário é constituído pelo mercado do interior, onde os produ-
tores oferecem seus produtos in natura aos intermediários.
( ) O mercado atacadista central é denominado mercado terminal: é constituí-
do pelo mercado atacadista central, onde se tem uma maior concentração do 
fluxo de transações dos produtos, isto é, vendas em grande quantidade para 
empresas.
( ) O local onde ocorrem as transações entre intermediários, atacadistas e vare-
jistas é chamado de mercado primário.
( ) O mercado de varejo é denominado de secundário.
( ) O mercado que representa o último elo da cadeia de comercialização é o 
varejista.
 A sequência correta é:
a) V, F, V, V, F.
b) F, V, V, F, V.
c) F, F, F, V, F.
d) V, V, F, V, V.
e) V, V, V, V, V.
41 
ANÁLISE DO AMBIENTE EMPRESARIAL
O cenário ambiental influencia poderosamente os negócios, afetando-os com maior ou 
menor impacto, pois é constituído de todos os fatores econômicos, sociais, tecnológi-
cos, legais, políticos, culturais e demográficos que compõem um campo dinâmico, pro-
vocando instabilidade e mudanças, por decorrência da complexidade e da incerteza a 
respeito das situações e circunstâncias que são criadas.
Dessa forma, como o ambiente é mutável, qualquer alteração na organização pode alte-
rar ou mudar os fatos ambientais, como também qualquer alteração nesses fatores am-
bientais pode mudar ou alterar a empresa ou organização. Assim, o diagnóstico externo 
satisfaz o estudo dos diversos fatores e forças do ambiente externo, focando, principal-
mente, em identificar as oportunidades e/ou ameaças e localizar potenciais oportunida-
des e ameaças futuras.
De acordo com Chiavenato (2007), o diagnóstico se divide em analisar o ambiente contex-
tual, relacional. O contextual, também chamado de macroambiente, é a situação na qual a 
empresa está inserida, que pode ser definidapor meio de indicadores como:
1. Ambiente demográfico: nível de escolaridade; dimensão, densidade e distribui-
ção geográfica populacional; taxa de mobilidade da população e processo migra-
tório; taxa de casamentos, natalidade e de mortalidade; taxa de crescimento e 
envelhecimento da população; estrutura etária, familiar e residencial; composição 
étnica e religiosa.
2. Ambiente econômico: renda da população; aumento da renda; distribuição de 
renda; nível de emprego; padrão de consumo e poupança; globalização; taxa de 
câmbio, juros e inflação; mercado de capitais; distribuição de renda; Produto Inter-
no Bruto; reservas cambiais e balança de pagamentos.
3. Ambiente político e legal: política monetária, fiscal, tributária e previdenciária; 
legislação tributária, trabalhista, comercial e criminalista; política de relações in-
ternacionais; legislação sobre proteção ambiental; políticas de regulamentação, 
desregulamentação e privatização; estrutura de poder; legislação federal, estadu-
al e municipal.
4. Ambiente sócio cultural: crenças e aspirações pessoais; hábitos das pessoas em 
relação a atitudes e suposições; relacionamentos interpessoais e estrutura social; 
mobilidade entre classes; origem urbana ou rural e os determinantes de status; 
atitudes com preocupações individuais versus coletivas; grau variado de fragmen-
tação dos subgrupos culturais; composição da força de trabalho; situação socioe-
conômica de cada segmento da população.
5. Ambiente tecnológico: processo de destruição criativa; passo tecnológico; 
atenção em novos campos da ciência; nível e programas em pesquisa e desenvol-
vimento (P&D); identificação dos padrões aceitos; manifestações em relação aos 
avanços tecnológicos; velocidade das mudanças tecnológicas atualizadas no país; 
aquisição, desenvolvimento e transferência de tecnologia; proteção de marcas e 
patentes; incentivos governamentais ao desenvolvimento tecnológico.
42 
6. Ambiente dos recursos naturais; custo da energia; escassez de matérias-primas; 
aquecimento global; novas ameaças e doenças, catástrofes naturais; poluição am-
biental; sustentabilidade.
Já o microambiente, também chamado de ambiente relacional, envolve um conjunto de 
fatores competitivos, como concorrentes, fornecedores, clientes e agências reguladoras:
 ■ Ameaça de novos entrantes.
 ■ Fornecedores e poder de barganha de compradores.
 ■ Produtos substitutos e o grau de intensidade e rivalidade entre concorrentes.
Encontrar uma posição estratégica é um desafio, do setor qual a empresa possa influen-
ciar convenientemente os fatores competitivos ou se proteger da influência deles. Assim 
é importante fazer uma análise do setor, que permite examinar e conhecer a conjuntura 
em que a empresa está atuando, e dessa forma avaliar as oportunidades e ameaças, 
identificando possíveis convergências que possam ter impacto na organização. É im-
portante analisar os produtos, serviços, tecnologia, estrutura, dinâmica e crescimento, 
concorrência, fornecedores, clientes e canais de distribuição.
Deste modo, a análise setorial permite avaliar o crescimento e a maturidade do produto 
ou serviço, conhecer o comportamento e antecipar as tendências do sector, reconhecer 
as estratégias vitoriosas, identificar os intervenientes, encontrar novas oportunidades e 
até prever e evitar riscos.
Portanto, na hora de analisar a viabilidade de um projeto, não devemos esquecer, de 
fazer um diagnóstico externo a fim de conhecer o macro e o microambiente. Pois é ne-
cessário compreender que o ciclo econômico é um padrão repetitivo de recessões e 
recuperações da economia, e que nem todos os setores são iguais.
Fonte: Chiavenato (2007).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Administração Rural: Teoria e Prática 
Roni Antonio Garcia Silva 
Editora: Juruá
Sinopse: Administração Rural - Teoria e Prática é uma parte da 
Administração de grande importância em qualquer tipo de atividade 
voltada para o agronegócio, seja uma criação de animais, seja no 
cultivo de cereais, leguminosas , plantas frutíferas ou hortícolas. 
Para ter sucesso em qualquer uma dessas atividades, o empresário 
rural deverá lançar mão de conhecimentos da Administração Rural. 
Embora seu campo de atuação seja bastante amplo, neste trabalho, 
procuramos enfocar os principais aspectos da Administração, visando 
o uso racional dos fatores de produção e objetivando o aumento da 
produtividade por meio da adoção das principais práticas agrícolas, sob a coordenação deuma sólida 
base administrativa.
REFERÊNCIAS
ACCARINI, J. M. Economia Rural e Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1987.
BARROS,EG. S. C. Economia da Comercialização Agrícola. Piracicaba: Cepea/LES-
-ESALQ/USP, 2006.
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Marketing & Agribusiness. Um enfoque estratégico. Re-
vista de Administração de Empresas. São Paulo, 1995.
BUARQUE, C. Avaliação Econômica de projetos. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
CASTRO, A. C. Produção e Disseminação de Informação Tecnológica: A atuação 
da INOVA - Agência de Inovação da Unicamp. 2006. 97 f. Dissertação (Mestrado) – 
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 
Pós-Graduação em Ciência da Informação, Campinas 2006. 
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 2. ed. 
rev. e atualizada São Paulo: Saraiva, 2007.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando Ideias em Negócios. Rio de 
Janeiro: Campus, 2001.
HOFFMANN, R. et al. Administração da empresa agrícola. 5. ed. São Paulo: Pionei-
ra, 1987.
LAPPONI, J. C. Projetos de Investimento: Construção e Avaliação do Fluxo de Caixa. 
São Paulo: Lapponi, 1999.
LEITE, E. O fenômeno do empreendedorismo: criando riquezas. 3. ed. Recife: Ba-
gaço, 2000.
McCRAW, T. K. Prophet of Innovation. Cambridge: Harvard University Press, 2007.
MEDEIROS, R. L. Inovações Tecnológicas e o Processo de Desenvolvimento Eco-
nômico. Disponível em: http://www.desempregozero.org.br/artigos/RAN_2007.
pdf. Acesso em: 20 maio 2018.
SIMONSEN, M. H.; FLANZER, H. Elaboração e Análise de Projetos. São Paulo: Suges-
tões Literárias, 1987.
GABARITO
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1. A.
2. C.
3. C.
4. E.
5. D.
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Professora Dra. Juliana Franco
FASES DA ELABORAÇÃO DE 
PROJETOS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar a metodologia de elaboração de projetos, definindo suas 
fases ou etapas de elaboração.
 ■ Mostrar alguns instrumentos de planejamento para a concepção do 
objeto do projeto.
 ■ Apresentar a metodologia do Business Model Canvas como 
instrumento de planejamento. 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Etapas de um projeto
 ■ Instrumentos de planejamento
 ■ Mapa Modelo de Negócios (Business Model Canvas)
INTRODUÇÃO
Caro estudante, antes de dar início a qualquer atividade empresarial, seja ela 
agrícola ou não, é importante planejar todas as ações que deverão ser executadas 
ao longo de um determinado período, visando a aumentar a eficiência e eficá-
cia das atividades realizadas e reduzir o risco de imprevistos. Quando as ações 
envolvem recursos financeiros, o planejamento se torna mais importante, visto 
que devem gerar o retorno do capital investido. 
O planejamento estratégico é um método gerencial de formulação de obje-
tivos para sua implementação, levando em conta o ambiente externo à empresa 
e a evolução esperada. É no planejamento que definimos as estratégias empresa-
riais para o relacionamento da empresa com o ambiente econômico no qual ela 
faz parte. Apesar de ser um método gerencial, usamos alguns pontos - chave do 
planejamento estratégico na hora de desenvolver um projeto de investimento.
Todo projeto é analisado conforme a viabilidade econômica de uma ideia. 
Portanto, tudo começa com a ideia do empreendedor, seguida pela realização de 
um projeto embasado em planejamento estratégico estruturado. Desta forma, os 
projetos podem ser definidos como o planejamento de todas as atividades que 
deverão ser realizadas, o levantamento de todos os recursos materiais, humanos e 
financeiros que deverão ser contratados para a implantação do projeto e o estudo 
de viabilidade, a fim de prever a lucratividade e a rentabilidade do investimento. 
Como são temporários, possuem início e fim definidos, são planejados, 
executados e controlados, têm recursos limitados e são realizados por pessoas. 
Geralmente, são resultados estratégicos de demanda de mercado, necessidade 
organizacional, avanço tecnológico, solicitação de um cliente ou requisito legal.
Portanto, caro estudante, nesta unidade, vou mostrar alguns pontos - chave 
do planejamento estratégico e as principais etapas de elaboração de um projeto 
para que você aprenda a analisar o ambiente empresarial, pois, muitas vezes, o 
empresário tem uma ideia, quer investir, mas não sabe como planejar e não tem 
conhecimento do mercado que irá atuar. Boa leitura!
Etapas de um Projeto
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ETAPAS DE UM PROJETO
Caro estudante, nesta aula, iremos aprender que os projetos obedecem a um cclo 
de vida, com começo, meio e fim, que vai desde a concepção da ideia até a imple-
mentação. A metodologia de projetos serve para facilitar o amadurecimento da 
ideia, quando ela passa para a etapa do planejamento. É sobre estes dois assun-
tos que iremos nos aprofundar agora.
CICLO DE VIDA DO PROJETO
Segundo Keeling (2002), os projetos são compostos por fases que vão desde a 
concepção até a conclusão, e cada fase possui um grupo de atividades, com neces-
sidades e características próprias. 
Keeling (2002) afirma que o gestor do projeto (pode ser o próprio empre-
sário rural ou alguém contratado) deve compreender o ciclo de vida do projeto, 
pois é por meio dele que se tem o entendimento da sequência lógica dos even-
tos, em que podemos avaliar o andamento e perceber o que ainda deve ocorrer.
FASES DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E50
O ciclo de vida de um projeto é composto por quatro fases: conceituação, 
planejamento, execução e conclusão, conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 - Ciclo de vida de um projeto
Fonte: adaptada de Keeling (2002).
1. Conceituação: é a fase onde é definido o que será empreendido. Esta etapa 
consiste na identificação de necessidades e/ou oportunidades, podendo 
utilizar a Matriz de SWOT como ferramenta; priorização e seleção das 
necessidades e/ou oportunidades que serão transformadas em proje-
tos; definição do problema; determinação dos objetivos e metas a serem 
alcançados; análise do ambiente econômico do que será empreendido, 
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realizado pela análise de mercado; análise dos recursos disponíveis; esti-
mativa dos recursos necessários; elaboração e apresentação da proposta. 
2. Planejamento: nesta fase, é necessário que a equipe de desenvolvimento 
esteja abastecida de todas as informações necessárias para levar o pro-
jeto adiante. Deve-se planejar a estrutura e a administração do projeto, 
selecionar o gerente e a equipe de especialistas. Além disto, elaborar os 
planos de atividades, o cronograma físico – financeiro do projeto –, aná-
lise da viabilidade e decisão quanto à execução do projeto.
3. Execução: mostra a realidade do projeto na implementação e os seus 
resultados sobre o que foi planejado.
4. Monitoramento e controle: esta etapa garante que os objetivos propos-
tos sejam alcançados.
5. Conclusão: fase com que se chega ao objetivo proposto, ou seja, o pro-
jeto está concluído, replicando o que foi planejado e executado. Deve se 
comparar se o que foi planejado está de acordo com o ocorrido. 
Assim, caro estudante, devido às mudanças potenciais, segundo o PMBOK 
(2015), o projeto é interativo e passa por uma elaboração progressiva no decorrer do 
ciclo de vida, envolvendo melhoria contínua e um maior detalhamento de informa-
ções, conforme o projeto evolui e as estimativas mais exatas tornam-se disponíveis.
ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PROJETO
Entendido o ciclo de vida de um projeto, que são as macrofases, podemos nos con-
centrar em aprender quais são as etapas de elaboração do projeto. Primeiramente, 
devemos saber que a elaboração dele está inserida na primeirae segunda fases 
do Ciclo de Vida do Projeto. Já as etapas de sua elaboração podem ser divididas 
em, pelo menos, nove etapas, as quais estão apresentadas na Figura 2. 
FASES DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E52
Figura 2 - Etapas de elaboração de projetos
Fonte: a autora.
 ■ Etapa 1: o que projetar
Todo projeto tem início com a determinação do empresário de investir certa 
quantidade de capital na produção do bem ou serviço, na melhoria de proces-
sos, na abertura de um novo negócio ou na substituição de cultura no interior de 
uma área agrícola. Além disto, o fator motivador do investimento pode ser pro-
veniente de uma necessidade da empresa ou de uma oportunidade de mercado. 
Desta forma, na definição de qual deve ser o objeto do projeto que justi-
fique o investimento, podemos utilizar alguns instrumentos de planejamento. 
Estes vão auxiliar a concepção e definição da ideia, que se transformará em um 
projeto de investimento. Os principais instrumentos de planejamento utilizados 
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pelos projetistas são: análise de SWOT, matriz BCG, Ciclo de Vida do Produto, 
Matriz Produto/Mercado e Canvas.
 ■ Etapa 2: pré-análise de viabilidade
Definido o que será desenvolvido no projeto, ou seja, se será de implantação do 
cultivo de milho ou criação de vaca leiteira, por exemplo, devemos verificar uma 
série de fatores que podem impactar na efetiva implantação. 
Por exemplo, antes de fazer um projeto de viabilidade para a instalação de 
uma indústria de água mineral, é necessário verificar se há a licença ambien-
tal, se já foi tirada a lavra do terreno no Ministério de Minas e Energia para 
comercializar a água, se não descumpre questão relacionadas à mata ciliar, entre 
outros. Assim, na pré-análise, busca-se identificar os aspectos ligados à legislação 
comercial, ambiental e sanitária, em caso de descumprimento, pode ter impacto 
negativo no empreendimento em longo prazo. 
 ■ Etapa 3: diagnóstico
Após a definição de qual será o investimento realizado pelo empresário, a pro-
posta do que projetar começa a ser estudada. Esta fase envolve pesquisa, coleta, 
registro e análise de informações sobre a empresa e o projeto. 
O Diagnóstico Empresarial corresponde a um retrato atual da empresa, antes 
de qualquer alteração a ser proporcionada pela implantação do projeto. É tam-
bém a análise da área urbana ou rural e dos aspectos socioeconômicos da 
comunidade estudada. Dessa forma, é dividido em: 
Figura 3 - Diagnóstico Empresarial
Fonte: a autora.
FASES DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E54
a. Caracterização do empreendedor: 
- Proponente do projeto: constituição social (produtor, cooperativa, empresa 
rural etc.), definir o porte (micro, pequena, média ou grande empresa) e o enqua-
dramento fiscal.
- Capacidade econômico-financeira: geralmente, em projetos de investimentos 
que necessitam de recursos advindos do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), 
solicita-se a comprovação de capacidade de pagamento por meio das Demonstrações 
Financeiras da Empresa e da Declaração de Imposto de Renda do empresário. Estas 
informações devem ser disponibilizadas pelo contador da empresa.
- Proposição: para os empresários que querem financiar o projeto, deve-se 
indicar a linha de crédito (crédito rural para custeio, por exemplo) e o valor do 
financiamento solicitado. 
- Autorização para funcionamento: caso haja lei específica incidente sobre 
a atividade, deve-se apresentar documento de autorização.
- Identificação do responsável técnico: descrever o responsável técnico 
pelo empreendimento.
b. Caracterização do empreendimento: 
- Objetivo: informações sobre o investimento pretendido no tocante à fina-
lidade, apresentando as características do ramo e as vantagens de mercado que 
justificam o empreendimento.
- Localização: apresentar a localização geográfica e os motivos que determi-
naram tal localização, como proximidade com o mercado consumidor, redução 
de custos na obtenção do insumo básico desse processo produtivo etc. A localiza-
ção para projetos que envolvem empresas integradoras, cooperativas e atividades 
ligadas ao setor sucroalcooleiro é definida levando em conta o cálculo do custo 
de transporte. 
- Capacidade de produção: relatar as condições edafoclimáticas, como tipo 
de solo, topografia, declividade, temperatura e insolação, pluviosidade, grau de 
umidade relativa, altitude etc.
- Capacidade de uso do solo: características físicas do solo, características 
químicas e fatores limitantes ou restritivos.
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- Capacidade de uso dos recursos hídricos: existência de rios e afluentes, 
possibilidade de exploração do lençol freático etc.
- Capacidade energética: se na área pode ser gerada energia eólica ou hidráu-
lica, cogeração com bagaço de cana etc.
- Resíduos: qual o tipo de coleta, destinação ou tratamento dos resíduos 
sólidos e líquidos gerados pelo empreendimento; eventual contribuição do 
empreendimento para a poluição ambiental (queimadas, desmatamentos e eutro-
fização da água).
- Incentivos fiscais: se há isenção, desoneração de impostos, transferências 
de recursos, subsídios para o produto e/ou região abordados no projeto.
- Outras características do empreendimento: disponibilidade de transporte; 
disponibilidade de energia elétrica; disponibilidade de mão - de - obra; capaci-
dade de armazenagem na propriedade e na região; e demonstrar se há facilidade 
de expansão do empreendimento.
Por meio desta análise de Diagnóstico Empresarial, busca-se identificar os 
recursos necessários ao projeto: financeiros, humanos, materiais, tecnológicos etc.
c. Levantamento Patrimonial da empresa:
Depois de identificado o empreendimento, deve-se realizar o Levantamento 
Patrimonial da empresa proponente do projeto. A descrição e avaliação patri-
monial da empresa compreendem em:
1. Capital natural.
2. Descrição da área do empreendimento.
3. Capital físico disponível.
4. Capital humano disponível.
- Capital natural: é o termo utilizado para a reserva de recursos naturais, 
de onde se originam os recursos e benefícios úteis aos meios de vida. Há uma 
enorme variedade de recursos que forma o capital natural, desde recursos intan-
gíveis, como a atmosfera e a biodiversidade, até recursos tangíveis utilizados 
diretamente para a produção. São eles: florestas nativas; reflorestamento; reserva 
FASES DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
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legal (reserva permanente + mata ciliar); capoeiras; cerrado (caracterizar); ter-
ras ocupadas com benfeitorias e grau de utilização das terras (GUT).
- Descrição da Área do Empreendimento: compreende a descrição dos 
seguintes itens:
- Área total do empreendimento.
- Área por atividade (rateio entre as atividades).
- Valor da terra (com base no valor da terra nua tributável – VTNt).
Para facilitar o seu entendimento, o Quadro 1 e a Tabela 1, a seguir, apre-
sentam um exemplo de como elaborar uma planilha que define a ocupação da 
terra e a ocupação da propriedade por atividade produtiva.
ESPECIFICAÇÃO
TIPO DE SOLO 
PREDOMINANTE*
ÁREA 
PRÓPRIA
ÁREA 
ARRENDADA
ÁREA 
TOTAL
Sede e benfeitorias        
Estradas/carreador        
Culturas temporárias        
Culturas permanentes 
(1)
       
Pastagens nativas        
Pastagens formadas (1)        
Florestas nativas        
Reserva permanente        
Mata ciliar        
Outros usos (2)        
TOTAL        
VTNt (3)    
VALOR DA TERRA  
Quadro 1 - Ocupação

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