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Direitos coletivos 
dos Trabalhadores
SST
Scholze, Martha Luciana
Direitos coletivos dos Trabalhadores / Martha Luciana 
Scholze 
Ano: 2020
nº de p.: 11
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
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Direitos coletivos 
dos Trabalhadores
APRESENTAÇÃO
Nesta unidade, estudaremos que os direitos coletivos do trabalho devem ser 
compreendidos como decorrência das históricas lutas dos trabalhadores em 
prol de melhores condições laborais. Trata-se da segunda dimensão dos direitos 
fundamentais e que se concretizam a partir de políticas públicas por parte do 
Estado. Veremos que a chamada Reforma Trabalhista, aprovada pela Lei nº 13.467, 
ocasionou mudanças significativas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) – 
ao todo, quase 200 itens tiveram algum tipo de modificação.
Serão pontuadas, ainda, as principais modificações em decorrência da mutação 
normativa e, por fim, destacaremos alterações relacionadas aos sindicatos, novos 
modelos de contrato e possiblidades de mudanças na jornada de trabalho, além do 
disciplinamento da modalidade de trabalho home office.
DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
Amplamente divulgada nos canais de comunicação, a reforma trabalhista, 
aprovada em 2017, traz mudanças visíveis nas relações trabalhistas entre patrões 
e empregados, além de diversos questionamentos, muito em razão de que a 
aplicabilidade de alguns pontos da reforma ainda é duvidosa e porque os tribunais 
ainda não conferiram decisões sobre todas as alterações.
O tema originou estudos que traçam comparativos dos artigos da CLT antes e 
depois da reforma, assim como apontamentos sobre alguns artigos julgados que já 
foram sentenciados aos olhos da reforma. Sendo assim, nesta trilha, discutiremos 
alguns desses comparativos.
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Organização sindical
Fonte: Deduca (2020).
Vejamos alguns apontamentos sobre a organização sindical. A CLT, estabelecida 
por meio do Decreto-Lei nº 5.452, previa situações específicas para o sindicato e o 
trabalhador que estivesse ocupando posição de líder sindical ou funções correlatas. 
Nesse sentido, o art. 576 previa que:
[...] o imposto sindical é devido por todos aqueles que participarem de uma 
determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão 
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou 
profissão ou inexistindo este na conformidade do disposto no art. 581 
(BRASIL, 1943).
A matédia sindical também foi estabelecida pela CFRB/88, que em seu art. 8º 
prevê que é livre a associação profissional ou sindical. Ademais, o artigo ainda 
estabelece que a lei não pode exigir autorização do Estado para a fundação de 
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a 
interferência e a intervenção na organização sindical (BRASIL, 1988).
Documentário: A Constituição da Cidadania
Sinopse: Relata os movimentos sociais em 1988
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yDRPI0a3uZQ
Saiba mais
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Com a reforma trabalhista, o art. 579, passa então a conter a seguinte redação:
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à 
autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada 
categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em 
favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão 
ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta 
Consolidação (BRASIL, 2017).
Podemos perceber que essa é uma mudança bastante considerável, pois 
transforma a contribuição sindical, de valor obrigatório, em facultativo, o que 
dependerá de autorização expressa e prévia do destinatário, tornando necessária a 
manifestação do trabalhador para que tal cobrança ocorra.
A alteração relativa à contribuição sindical representa mudanças 
financeiras significativas aos sindicatos, visto que os valores 
devidos pelas categorias de trabalhadores só poderão ser 
descontados com expressa autorização do trabalhador.
Atenção
As consquências dessas normas podem ser incalculáveis para o trabalhador, visto 
que o sindicato tem função singular na defesa dos direitos trabalhistas. Assim, a 
atividade sindical corre sério risco de extinção ou mesmo de redução, diante da 
queda de arrecadação em razão do caráter facultativo da contribuição.
NORMAS COLETIVAS
O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é um ajuste entre a entidade sindical de 
trabalhadores e uma definida empresa. Já as Convenções Coletivas podem ser 
compreendidas como um acordo entre dois sindicatos, sendo um representante dos 
trabalhadores e o outro do empregador.
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Acordos
Fonte: Deduca (2020).
Em relação às convenções e acordos coletivos de trabalho, podemos apresentar 
as seguintes mudanças na negociação coletiva, conforme art. 611 da CLT. Na 
prática, a alteração do art. 611 significa que alguns direitos, que antigamente eram 
considerados rígidos, podem ser negociados entre o empregado e empregador. 
Como exemplo, tem-se a modificação da redação do art. 444, que passa a 
estabelcer que empregados com nível superior e salário maior ou igual a duas 
vezes o teto da previdência podem livremente definir as condições contratuais, em 
especial, as do art. 611-A (BRASIL, 2017).
Comparação do art. 611 da CLT
Art. 611
Antes da reforma Depois da reforma
As convenções e os acordos 
coletivos podem estabelecer 
condições de trabalho 
diferentes das previstas 
na legislação apenas se 
conferirem ao trabalhador 
um patamar superior ao 
que estiver previsto na lei 
(BRASIL, 1943).
As convenções e acordos 
coletivos poderão prevalecer 
sobre a legislação. Assim, os 
sindicatos e as empresas 
podem negociar condições 
de trabalho diferentes das 
previstas em lei, mas não 
necessariamente em um 
patamar melhor para os 
trabalhadores (BRASIL, 1943).
Fonte: Elabora pela autora (2020).
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Todavia, é preciso lembrar que tais alterações devem observar o estabelecido 
na CFRB/88, em seu art. 7º, que estabelece o princípio ao retrocesso (BRASIL, 
1988). Assim, nas negociações trabalhistas que tratarem da redução de jornada 
de trabalho ou de salário, deverá haver uma cláusula protegendo os empregados 
contra demissão durante o prazo de vigência do acordo, a fim de que o trabalhador, 
caso seja demitido na vigência do acordo coletivo, não seja prejudicado.
Documentário: O Germinal
Sinopse: Mostra um espaço em que não há possibilidade de 
articulação dos direitos trabalhistas
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kIKlxby-Z_Q
Saiba mais
O prazo de validade das normas coletivas, antes da reforma, só podia ser 
modificado ou anulado por novas negociações coletivas e, geralmente, tinham 
vigência de um ano, com as assembleias sendo realizadas antes do seu término, 
para que quando iniciasse o novo período, as alterações passassem a valer 
imediatamente. Na prática, algumas categorias, quando não se chegava a um 
acordo, ficavam muito tempo sem receber o ajuste, aguardando muitas vezes a 
decisão da Justiça do Trabalho para ter seu direito garantido.
Agora, com as novas regras, o que for negociado não precisará ser inserido no 
contrato de trabalho, com as empresas e os sindicatos podendo estabelecer os 
prazos de validade dos acordos e das convenções coletivas. Caso a validade seja 
expirada, novas negociações poderão ser realizadas, conforme a nova redação do 
art. 614, § 3º, da CLT (BRASIL, 1943). Ademais, não será permitido estipular duração 
de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo 
vedada a ultratividade.
Uma questão muito importante que não sofreu alteração na reforma trabalhista foi 
da ordem de credores, quando há pedido de recuperação extrajudicial das empresas. 
A prioridade de pagamento das verbas trabalhsitas estabelece-se no fato dessas 
terem um caráter alimentício, ou seja, o trabalhador depende necessariamente dos 
seus vencimentos para sobreviver.
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Com a modificação das normas alimentares, os credores preservados da 
recuperação extrajudicial são os titulares de créditos derivados da relaçãoempregatícia ou do acidente de trabalho.
HOME OFFICE
A reforma trabalhista levanta muitas questões nos vários nichos sociais e, dentre os 
argumentos daqueles que a criticam, está o fato de que não houve tempo suficiente 
para a sua real discussão.
Home office
Fonte: Deduca (2020).
De fato, o ordenamento jurídico não pode ficar alheio às modificações sociais e, 
devendo buscar adequação necessária a essa nova realidade, passou a disciplinar o 
trabalho em home office, por meio do art. 75-C que dispõe:
Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá 
constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará 
as atividades que serão realizadas pelo empregado (BRASIL, 2017).
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Com o avanço da relação social, novas formas de trabalho surgem. 
Você já pensou como era a sua atividade profissional quando 
surgiu e como é agora? Quais mudanças você nota?
Curiosidade
Dentre as inovações normativas, está a modalidade de trabalho home office, antes 
inexistente na legislação brasileira e que agora começa a ser regulamentada. Como 
regra, o trabalhador cumpre a jornada de trabalho em sua residência e, para tanto, 
conforme previsto na CLT, é preciso um acordo mútuo.
Sabemos que com os avanços tecnológicos e o surgimento de novas profissões, 
muitas podem ser desempenhadas por meio do trabalho home office e os 
trabalhadores que compõem essa classe trabalhista passam a ter direitos, levando 
em consideração suas especificidades.
Ainda há muito o que se analisar sobre a reforma dos direitos dos trabalhadores, 
porém, só o tempo poderá dizer quais as consequências trabalhistas e até 
mesmo judiciais que a reforma poderá desencadear, visto que uma mudança tão 
significativa gera anseios e expectativas, ainda mais quando se refere a direitos que 
garantem o sustento dos trabalhadores de um país.
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FECHAMENTO
Nesta unidade, vimos que a CFRB/88, desde sua redação originária, buscou 
conceder uma proteção ao trabalhador, considerando a sua situação de 
hipossuficiente em relação ao empregador. Ou seja, não paridade de forças em uma 
relação contratual trabalhista, devendo o Estado agir para garantir o mínimo de 
equiparação.
Ainda foi possível fazer uma reflexão crítica sobre a reforma trabalhista, envolvendo 
as modificações que afetam a relação sindical e devem ser examinadas 
com cautela, uma vez que tais entidades possuem poder de articulação da 
classe trabalhadora e poder de negociação, em situações específicas, com os 
empregadores.
Apesar da norma não ter estabelecido de fato a extinção dos sindicatos, é previsto 
que passem por sérios problemas de arrecadação financeira, o que pode prejudicar 
diretamente a execução de suas atividades. Na prática, a fragilização do sindicato 
afeta uma parcela do poder de negociação, articulação e negociação do trabalhador. 
Carece destacar que os acordos e convenções coletivas figuram como uma 
oportunidade de negociação entre a classe dos trabalhadores e os empregadores 
e que uma possível redução da atividade sindical pode ser prejudicar diretamente 
essa classe.
Por fim, verificamos que a legalização do trabalho em home office é o 
reconhecimento de uma relação de trabalho que na prática já existia e que se 
trata de garantir direitos específicos a esses trabalhadores, além de viabilizar que 
tenham mínimas para executar suas atividades laborais com dignidade.
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Referências
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis 
trabalhistas. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452compilado.htm. Acesso em: 18 set. 2020.
______. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 set. 2020.
______. Lei nº 13.467, de 13 de julho 2017. [2017]. Altera a Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis 
n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de 
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, 
DF: Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 18 set. de 2020.

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