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Endemias Diversas
DENGUE
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• Doença febril aguda, sistêmica e dinâmica. De amplo espectro clínico, desde casos assintomáticos a graves.
• Agente Etiológico: Vírus DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4.
• Vetores: Aedes aegypti (fêmeas) e Aedes albopictus.
• O Aedes aegypti e também o Aedes albopictus pertencem:
- RAMO Arthropoda (pés articulados); - CLASSE Hexapoda (três pares de patas);
- ORDEM Diptera; - FAMÍLIA Culicidae;
- GÊNERO Aedes; - CLIMA: Tropical e Subtropical.
• Ciclo de vida do A. aegypti: 4 fases > ovo, larva (4 estágios – alimentação e crescimento; divide-se em
cabeça, tórax e abdômen; dura até 5 dias), pupa (divide-se em cefalotórax e abdômen; não se alimenta; dura de 2
a 3 dias) e adulto (reprodução e dispersão).
OBS 1: Sua maior vulnerabilidade é na fase larvária. Logo, ações de erradicação do A. Aegypti devem,
preferencialmente, atuar nesse estágio.
OBS 2: Quando o A. aegypti está infectado pelo vírus da dengue ou da febre amarela, pode haver transmissão
transovariana destes.
OBS 3: Os adultos de A. aegypti, na natureza, vivem em média de 30 a 35 dias.
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• Manifestações clínicas da fase febril: Febre, geralmente acima de 38°C, de início abrupto e com duração de 2
a 7 dias, associada a cefaleia, fraqueza, dor muscular, dor nas articulações e dor ao redor dos olhos, anorexia,
náuseas, vômitos e diarreia.
• Manifestações clínicas da fase crítica: Tem início com o declínio da febre, entre o 3° e o 7° dia. Marca o
início da piora clínica do paciente e sua possível evolução para choque por extravasamento plasmático (4° ou 5°
dia). Sinais de alarme: dor abdominal intensa, vômitos constantes, acúmulo de líquidos, letargia, aumento do
fígado.
• Fase de recuperação: Ocorre após as 24/48 horas da fase crítica. Melhora do estado geral do paciente.
• Crianças: O agravamento, em geral, é mais rápido que no adulto.
• Gestantes:Maior risco de óbito no terceiro trimestre de gestação.
• Idosos: Estão mais sujeitos à hospitalização e ao desenvolvimento de formas graves da doença.
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• Estratificação Municipal: Estrato I (municípios infestados) | Estrato II (municípios não infestados).
• Ações para Estrato I:
- Pesquisa Larvária Amostral, Bimestral ou LIRAa;
- Visita Domiciliar Bimestral em 100% dos Imóveis;
- Pesquisa Larvária nos PE’s, em Ciclos Quinzenais, com Tratamento Focal e/ou Residual (mensal).
• Ações para Estrato II:
- Pesquisa entomológica, preferencialmente com ovitrampas ou larvitrampas, em ciclos semanais;
- Pesquisa larvária em PE’s, em ciclos quinzenais, com tratamento focal e/ou residual;
- Delimitação de focos, quando detectada presença do vetor em PE, armadilhas ou em pesquisa vetorial.
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Endemias Diversas
OBS 4: Aplicações espaciais de inseticida a ultra baixo volume (UBV) devem ser utilizadas somente para
controle de surtos ou epidemias.
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• Tratamento focal: Aplicação de um produto larvicida nos depósitos positivos para formas imaturas de
mosquitos, que não possam ser eliminados mecanicamente. Ex: Temephós, Bacillus turinghiensis israelensis
(BTI), Metoprene.
• Tratamento perifocal: Aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas paredes externas dos
depósitos situados em pontos estratégicos, por meio de aspersor manual, com o objetivo de atingir o mosquito
adulto que aí pousar na ocasião do repouso ou da desova – complemento ao tratamento focal. Ex: Piretróides
(Cypermetrina).
OBS 5: Tratamento perifocal não será realizado em depósitos que armazenam água para o consumo humano.
• Tratamento a Ultra Baixo Volume (UBV): Aplicação espacial de inseticidas de pequenas partículas. Uso
restrito a epidemias de dengue ou de febre amarela. Redução rápida da população adulta de Aedes. Tem como
desvantagem a pouca ou nenhuma ação sobre as formas imaturas do vetor.
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Endemias Diversas
CHIKUNGUNYA
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• Agente Etiológico: Vírus CHIKV.
• Vetor: Aedes aegypti (fêmeas).
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OBS 1: Entre 75% a 95% de indivíduos acometidos por chikungunya apresentam manifestações clínicas.
• Manifestações clínicas da fase aguda: Febre alta de início súbito (>38,50° C) e surgimento de intensa dor em
várias articulações, geralmente acompanhada de dor na região torácica posterior, irritação na pele, cefaléia, dor
muscular e fadiga, com duração variável. Afeta todos os grupos etários e ambos os sexos. Dura de 5 a 14 dias.
• Manifestações clínicas da fase pós-aguda: A febre costuma desaparecer. Podem persistir as inflamações nas
articulações nas mãos e nos tornozelos. Alguns pacientes podem desenvolver fadiga, perda de cabelo ou pelo e
sintomas depressivos. Caso os sintomas persistam por mais de 3 meses após o início da doença, estará instalada
a fase crônica.
• Manifestações clínicas da fase crônica: Persistência ou recorrência dos sinais e dos sintomas, principalmente
dor articular, musculoesquelética e neuropática (dor nos nervos). A prevalência da fase crônica é bastante
variável, podendo atingir mais de 50% pacientes. Os principais fatores de risco para a cronificação são: idade
acima de 45 anos, doença articular preexistente e maior intensidade do quadro na fase aguda.
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• Formas graves: Todo paciente que apresentar sinais clínicos e/ou laboratoriais que indiquem a necessidade de
internação em UTI ou risco de morte deve ser considerado como forma grave da doença.
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• Gestantes: A infecção pelo CHIKV não modifica o curso da gravidez. Há raros relatos de abortamento
espontâneo. Mães acometidas por chikungunya no período perinatal podem transmitir o vírus aos
recém-nascidos no momento do parto. Ao que tudo indica, a cesariana não altera o risco da transmissão e o vírus
não é transmitido pelo aleitamento materno.
OBS 2: Formas graves são mais frequentes nos recém-nascidos, como surgimento de complicações neurológicas
e/ou hemorrágicas.
OBS 3: Infecções perinatais podem levar a sequelas neurológicas, com retardo do desenvolvimento
neuropsicomotor ou óbito.
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• Diagnóstico: Pode ser confirmado por critério laboratorial ou por critério clínico-epidemiológico.
OBS 4: Na impossibilidade de realizar confirmação laboratorial ou em casos com resultados inconclusivos,
deve-se considerar a confirmação por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente.
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Endemias Diversas
ZIKA
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• Causa de uma série de distúrbios neurológicos, incluindo a síndrome de Guillain-Barré (SGB) e anormalidades
em fetos e recém-nascidos, incluindo as malformaçõescongênitas, em que se destaca a microcefalia.
• Agente Etiológico: Vírus ZIKV
• Vetor: Aedes aegypti (fêmeas).
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• Transmissão: Vetorial, sexual, pós-transfusional ou vertical.
• Incubação: Varia de 2 a 7 dias. Geralmente, a doença é autolimitada, durando aproximadamente de 4 a 7 dias.
• Manifestações clínicas: Febre baixa (≤38,5°C) ou ausente, exantema de início precoce, conjuntivite não
purulenta, dor e inflamação nas articulações, cefaleia, inchaço nas glândulas, fraqueza e dor muscular.
OBS 1: A infecção pelo vírus Zika pode ser assintomática ou sintomática.
OBS 2: Gestantes infectadas, mesmo as assintomáticas, podem transmitir o vírus ao feto. Essa forma de
transmissão da infecção pode resultar em aborto espontâneo, óbito fetal ou malformações congênitas.
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• Tratamento: Ainda não existe antiviral disponível para tratamento da infecção pelo vírus Zika. Para os
quadros sintomáticos, é recomendado repouso, ingestão de líquidos e paracetamol ou dipirona em caso de dor
ou febre (veto para aspirina).
• Monitoramento: Devem ser obrigatoriamente investigados 100% dos casos suspeitos de manifestações
neurológicas e óbitos por dengue, chikungunya e Zika.
• Notificação: Dengue, chikungunya e Zika são doenças de notificação compulsória. Os óbitos suspeitos por
essas arboviroses são de notificação compulsória imediata para todas as esferas de gestão do SUS, via Sinan.
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• Síndrome Congênita (SCZ): Conjunto de sinais e sintomas apresentados por conceptos que foram expostos à
infecção pelo vírus Zika durante a gestação, que pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento
neurocognitivo, motor, sensorial e odontológico, e levar a incapacidades ou à morte.
OBS 3: Estudos não identificaram a replicação do vírus em amostras do leite humano, sendo recomendada a
manutenção do aleitamento materno.
• Suscetibilidade: O embrião ou feto é suscetível durante todo o período gestacional. Entretanto, quanto mais
precoce for a infecção gestacional, mais graves tendem a ser os desfechos adversos.
• Manifestações clínicas: Um dos principais sinais é a microcefalia. Fetos, recém-nascidos e crianças com a
SCZ podem apresentar outras manifestações clínicas e neurológicas, como: retardo do crescimento intrauterino,
convulsões e atraso no neurodesenvolvimento.
• Tratamento: Quanto mais precoces forem a detecção e a intervenção, seja clínica, cirúrgica ou reabilitadora,
melhor será o prognóstico da criança.
• Notificação: A SCZ é um agravo de notificação compulsória em todo o território nacional.
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Endemias Diversas
FEBRE AMARELA
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• Doença infecciosa febril aguda de evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas
formas graves. Existe vacina.
• Importância epidemiológica: Decorre da gravidade clínica, da elevada letalidade e do potencial de
disseminação e impacto, sobretudo no ciclo urbano.
• Agente etiológico: Flavivírus (Fam. Flaviridae).
• Vetor urbano: Aedes aegypti (fêmeas). • Vetor silvestre: Haemagogus e Sabethes.
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• Reservatórios:Mosquitos podem ser reservatórios. Uma vez infectados, permanecem assim durante toda vida.
• Hospedeiros silvestres: Primatas não humanos são os principais.
• Hospedeiros urbanos: O ser humano é o principal hospedeiro. Não registrado no Brasil desde 1942.
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• Transmissão: Não ocorre de pessoa a pessoa. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos infectados.
Neles, a transmissão também ocorre de forma vertical.
OBS 1: No ciclo urbano, a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos infectados. No ciclo silvestre, os
transmissores são mosquitos com hábitos predominantemente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e
Sabethes os mais importantes na América Latina.
OBS 2: A viremia humana dura em torno de 7 dias, que se inicia entre 24 e 48hs antes do aparecimento dos
sintomas e estende-se de 3 a 5 dias após o início da doença, período em que o homem pode infectar os
mosquitos transmissores.
• Incubação: Varia de 3 a 6 dias, e, em situações esporádicas, considera-se que pode se estender por até 15 dias.
• Suscetibilidade: É universal. A infecção confere imunidade duradoura, podendo se estender por toda a vida.
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• Manifestações clínicas: Variam desde formas leves, infecções assintomáticas (40% a 60% dos casos) até
quadros graves e fatais (até 40% dos casos). Caracteriza-se pelo início súbito de febre alta, cefaleia intensa,
ausência de apetite, náuseas e dores musculares. O sinal de Faget (bradicardia acompanhando febre alta) pode
ou não estar presente.
OBS 3: Nas formas leves e moderadas, os sintomas duram entre 2 e 4 dias, que geralmente são aliviados com
tratamento sintomático, antitérmicos e analgésicos.
OBS 4: Nas formas graves e malignas a evolução para o óbito pode ocorrer entre 20% e 50% dos registros. Nas
formas graves, cefaleia e dores musculares ocorrem com maior intensidade e podem estar acompanhadas de
náuseas e vômitos frequentes, pele amarelada, diminuição da urina e manifestações hemorrágicas. A evolução
para o óbito ocorre de 7 a 14 dias.
OBS 5: O quadro clínico típico caracteriza-se por manifestações de insuficiência hepática e renal.
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• Notificação: Doença de notificação compulsória e imediata (Sinan).
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Endemias Diversas
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
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• Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial. Acomete pele e mucosas.
• Agente Etiológico: Protozoário Leishmania.
• Vetor: Flebotomíneos (fêmeas) do gênero Lutzomyia (mosquito palha).
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• Transmissão: Pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa.
• Reservatórios: Apesar de ocorrer infecção em animais domésticos, não há comprovação do papel desses
animais como reservatórios das espécies de leishmanias, sendo considerados hospedeiros acidentais da doença.
Há comprovação de ocorrência em animais silvestres.
• Incubação: No ser humano, em média de 2 a 3 meses. Pode ser mais curta (duas semanas) ou longa (2 anos).
• Imunidade: A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.
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• Manifestações clínicas: Em sua forma cutânea, apresenta uma úlcera, geralmente indolor. Já a forma mucosa
caracteriza-se pela presença de lesões destrutivas localizadas na mucosa.
• Tratamento: É necessária a confirmação do diagnósticopor critério clínico-laboratorial para ser iniciado ou,
quando este não for possível, por critério clínico-epidemiológico.
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• Prevenção e controle: Uso de repelentes; limpeza de quintais e terrenos; poda de árvores, de modo a aumentar
a insolação, a fim de se diminuir o sombreamento.
• Notificação: Doença de notificação compulsória em que todo caso confirmado deve ser notificado, via Sinan.
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Endemias Diversas
LEISHMANIOSE VISCERAL
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• Doença crônica e sistêmica que, quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.
• Agente Etiológico: Protozoário Leishmania. Na América, a saber, Lu. longipalpis e Lu. cruzi (MS, MT e GO).
• Vetor: Flebotomíneos (fêmeas) do gênero Lutzomyia (mosquito palha).
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• Reservatório: Na área urbana, o cão é fonte de infecção. No ambiente silvestre, são as raposas e os
marsupiais.
• Transmissão: Pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa.
• Incubação: No homem, é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses. No cão, varia de 3 meses a
vários anos, com média de 3 a 7 meses.
• Suscetibilidade: Crianças e idosos são mais suscetíveis.
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• Manifestações clínicas: Febre de longa duração, perda de peso, diminuição da força física, fraqueza muscular,
aumento do fígado e do baço e anemia.
• Tratamento: Hidratação, administração de antitérmicos e antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional.
• Notificação: Doença de notificação compulsória em que todo caso confirmado deve ser notificado, via Sinan.
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• Vigilância: É caso suspeito todo cão proveniente de área endêmica ou onde esteja ocorrendo surto, com os
sintomas: febre irregular, apatia, emagrecimento e úlceras na pele – em geral no focinho, orelhas e extremidades
–, conjuntivite, paresia do trem posterior, fezes sanguinolentas e crescimento exagerado das unhas.
• Confirmação por critério laboratorial: Cão com manifestações clínicas e que apresente teste sorológico
reagente ou exame parasitológico positivo.
• Confirmação por critério clínico-epidemiológico: Cão proveniente de áreas endêmicas ou onde esteja
ocorrendo surto e que apresente quadro clínico compatível, sem a confirmação do diagnóstico laboratorial.
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• Prevenção e controle: Uso de repelentes; uso de mosquiteiro com malha fina; limpeza de quintais e terrenos;
saneamento ambiental; realização de exame sorológico para LVC antes da doação de animais e uso de coleiras
impregnadas com deltametrina a 4%.
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Endemias Diversas
DOENÇA DE CHAGAS
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• Antropozoonose de elevada prevalência e expressiva morbimortalidade. Apresenta curso clínico bifásico,
composto por uma fase aguda (clinicamente aparente ou não) e uma fase crônica, que pode se manifestar nas
formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
• Agente Etiológico: protozoário Trypanosoma cruzi.
• Vetor: Insetos (machos e fêmeas) da subfamília Triatominae, conhecido como barbeiro.
OBS 1: Não há transmissão transovariana do T. cruzi no vetor.
• Reservatórios: Centenas de espécies de mamíferos (silvestres e domésticos) presentes em todos os biomas do
Brasil podem ser consideradas reservatórios.
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• Transmissão vetorial: Contato do homem com as excretas contaminadas dos triatomíneos que, ao picarem os
vertebrados, costumam defecar após o repasto, eliminando formas infectantes do parasito, que penetram pelo
orifício da picada, pelas mucosas ou pelo ato de coçar. Incubação de 4 a 15 dias.
• Transmissão vertical: Via transplacentária em qualquer fase da doença (aguda ou crônica). Pode ocorrer
durante a gestação ou no momento do parto. Há possibilidade de transmissão pelo leite, durante a fase aguda da
doença.
• Transmissão oral: Ingestão de alimentos contaminados, seja com triatomíneo ou por fezes infectadas. Está
associada aos surtos da enfermidade. Incubação de 3 a 22 dias.
OBS 2: Resfriamento ou congelamento de alimentos não previnem a transmissão oral por T. cruzi, mas sim a
cocção acima de 45°C.
• Transmissão transfusional: Ocorre pelo sangue contendo as formas tripomastigotas de T. cruzi quando
transfundido em indivíduo sadio. Incubação de 30 a 40 dias ou mais.
• Transmissão por transplante de órgãos: Doação de órgão ou tecidos infectados (em qualquer fase da
doença) a receptor sadio.
• Período de transmissibilidade: A maioria dos indivíduos com infecção por T. cruzi alberga, durante toda a
vida, o parasita nos tecidos e órgãos e, em algumas situações, no sangue.
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• Fase aguda: Febre constante, inicialmente elevada (38,5° C a 39° C). Pode persistir por até 12 semanas.
• Fase crônica: Inicialmente assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo. Pode
apresentar-se das seguintes formas: indeterminada; cardíaca; digestiva; associada ou mista (cardiodigestiva).
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• Notificação: Casos suspeitos requerem imediata notificação para municípios e estados (até 24hs), via Sinan.
• Prevenção e controle: Intimamente relacionados à forma de transmissão. Para a transmissão vetorial
recomendam-se: práticas de manejo sustentável do ambiente, de higiene, e medidas corretivas em locais com
infestação e melhoria nas condições de moradia.
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Endemias Diversas
MALÁRIA
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• Doença infecciosa febril aguda. Elevada incidência na região amazônica. Gravidade clínica considerável.
• Agente etiológico: Protozoários do gênero Plasmodium. No Brasil, P. vivax (90%), P. falciparum e P.
malariae.
• Vetor:Mosquitos (fêmea) do gênero Anopheles. An. darlingi é o principal no Brasil.
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• Transmissão: Pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, quando infectada pelo Plasmodium.
OBS 1: Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa.
OBS 2: Formas de transmissão como transfusão sanguínea, compartilhamento de agulhas contaminadas ou
transmissão congênita também podem ocorrer, mas são raras.
• Incubação: Varia de acordo com a espécie de plasmódio.
OBS 3: Caso não seja tratado, o indivíduo pode ser fonte de infecção por 1 ano ou mais para malária.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------• Manifestações clínicas de malária não complicada: Calafrio, febre, sudorese, cefaleia, mialgia, náuseas e
vômitos.
• Manifestações clínicas de malária grave: Dor abdominal intensa, mucosas amareladas, redução do volume
de urina, qualquer tipo de sangramento, falta de ar, aumento da frequência cardíaca, convulsão.
OBS 4: Áreas que mantêm uma vigilância ativa e com ausência de casos autóctones por 3 anos consecutivos são
elegíveis para serem consideradas zonas livres de malária.
OBS 5: Indivíduos de áreas onde a malária não é endêmica apresentam risco elevado de manifestação grave da
doença.
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• Notificação: Doença de notificação compulsória, via Sinan. Em até 24hs na região extra-amazônica e em até 7
dias na região amazônica.
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• Controle químico de vetores adultos: Pode ser realizado por meio de borrifação residual intradomiciliar;
mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração e nebulização espacial (casos de surto e epidemias).
Ações de drenagem, aterro e modificação do fluxo de água
• Controle larvário: Ações de drenagem, aterro e modificação do fluxo de água.
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Endemias Diversas
ESQUISTOSSOMOSE
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• Doença parasitária. Conhecida também como xistose, barriga-d'água e doença dos caramujos.
• Agente Etiológico: Verme Schistosoma mansoni, um helminto pertencente à classe Trematoda.
• Hospedeiro intermediário: Caramujos aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e ao gênero
Biomphalaria.
• Hospedeiro definitivo: O ser humano é o principal. É nele que o parasita desenvolve a forma adulta e se
reproduz sexuadamente, gerando ovos que são disseminados no meio ambiente, por meio das fezes, ocasionando
a contaminação das coleções hídricas. Primatas, gambás, ruminantes, roedores, lebres e coelhos são hospedeiros
permissivos ou reservatórios.
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• Transmissão: O ser humano adquire a esquistossomose por meio da penetração ativa da cercária na pele.
Após a infecção, as cercárias se desenvolvem para uma forma parasitária primária, que inicia o processo de
migração, via circulação sanguínea e linfática, até atingir o coração e, em seguida, os pulmões, alcançando o
fígado, em que evoluem para as formas adultas.
• Incubação: De duas a seis semanas após a infecção.
• Transmissibilidade: A pessoa infectada pode eliminar ovos de S. mansoni a partir de 5 semanas após a
infecção e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar a até mais de 20 anos.
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• Manifestações clínicas da forma aguda assintomática:Maioria dos portadores é assintomática.
• Manifestações clínicas da forma aguda sintomática: Febre, cefaleia, anorexia, dor abdominal, etc.
• Manifestações clínicas da fase tardia: Progressão da doença em diversos órgãos, a partir dos 6 meses após a
infecção. Pode levar a hipertensão pulmonar, ascite, ruptura de varizes do esôfago.
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• Controle: Aterro, drenagem ou retificação de coleções hídricas; esgotamento sanitário e melhoria da
infraestrutura sanitária.
• Notificação: Casos provenientes de áreas não endêmicas são de notificação compulsória, via Sinan.
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Endemias Diversas
LEPTOSPIROSE
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• Doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro clínico pode variar desde um processo assintomático
até formas graves. Torna-se epidêmica em períodos chuvosos.
• Agente etiológico: Bactéria do gênero Leptospira. L. interrogans é a principal espécie patogênica.
• Reservatórios: Roedores das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de
telhado ou rato-preto) e Mus musculus (camundongo ou catita).
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• Transmissão: A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados.
Penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele íntegra imersa por longos
períodos em água contaminada.
OBS 1: Outras modalidades de transmissão possíveis são por meio do contato com sangue, tecidos e órgãos de
animais infectados e ingestão de água ou alimentos contaminados.
OBS 2: A transmissão pessoa a pessoa é rara, mas pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e
tecidos de pessoas infectadas.
• Transmissibilidade: Animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou
por toda a vida.
• Incubação: De 1 a 30 dias (média de 5 e 14 dias).
• Suscetibilidade: Geral.
• Imunidade: A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar-específica.
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• Manifestações clínicas: Variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves,
associados a manifestações fulminantes.
• Manifestações clínicas da fase precoce: Febre, cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos. Pode não ser
diferenciada de outras causas de doenças febris. Dura entre 3 e 7 dias.
• Manifestações clínicas da fase tardia: Icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.
Pode ocorrer na primeira semana após a infecção ou após esse período.
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• Controle: Controle da população de roedores.
• Prevenção: Manutenção de terrenos, públicos ou privados, murados, limpos e livres de mato e entulhos.
Limpeza da lama residual das enchentes.
• Saneamento ambiental: O efetivo controle de roedores e da leptospirose depende das melhorias das
condições de saneamento ambiental e de habitação.
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Endemias Diversas
RAIVA
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• Antropozoonose transmitida ao ser humano pela inoculação do vírus presente na saliva e nas secreções do
animal infectado, principalmente pela mordedura ou lambedura. Caracteriza-se como encefalite progressiva e
aguda que apresenta letalidade de aproximadamente 100%.
• Agente etiológico: Vírus Rabies lyssavirus, pertencente à família Rhabdoviridae e ao gênero Lyssavirus.
• Reservatório: Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva. No Brasil, caninos e
felinos são as principais fontes de infecção nas áreas urbanas. Morcegos são os responsáveis pela manutenção da
cadeia silvestre. Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como bovinos, equinos e outros.
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• Transmissão: Penetração do vírus contido nasaliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, e,
mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.
• Transmissibilidade: Nos cães e nos gatos a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do
aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença. A morte do animal acontece, em
média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas. Morcegos podem albergar o vírus por longo período.
• Incubação: Variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano. Em crianças, tende a ser
mais curto que no indivíduo adulto.
• Suscetibilidade: Todos os mamíferos são suscetíveis.
• Imunidade: Conferida por meio de vacinação, acompanhada ou não por soro. Logo, pessoas que se expuseram
a animais suspeitos de raiva devem receber o esquema profilático.
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• Manifestações clínicas: Duram em média de 2 a 10 dias, e os sinais clínicos são inespecíficos: mal-estar geral,
pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade,
inquietude e sensação de angústia.
OBS 1: O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e os sintomas até o óbito é, em
geral, de 2 a 7 dias.
• Vacinação de cães: A cobertura vacinal deve ser acima de 80% da população canina estimada. Os cães devem
ser vacinados a partir dos 2 meses de idade, com a orientação de 1 dose de reforço após 30 dias.
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• Notificação: Todo caso humano suspeito de raiva é de notificação compulsória e imediata nas esferas
municipal, estadual e federal, via Sinan.
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Endemias Diversas
HEPATITES VIRAIS
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• Doenças causadas por diferentes vírus que atacam as células do fígado. As características epidemiológicas,
clínicas e laboratoriais são distintas. Têm distribuição universal, com diferenças regionais conforme o agente
etiológico.
• Agente etiológico: HAV, HBV, HCV, HDV e HEV.
• Reservatório: O ser humano é o reservatório de maior importância epidemiológica.
OBS 1: Na hepatite E, suínos, roedores e aves, entre outros animais, também podem ser reservatórios. Logo,
alguns dos genótipos da hepatite E a tornam uma zoonose.
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• Transmissão A e E: Pela via fecal-oral e estão relacionadas às condições de saneamento básico, higiene
pessoal, relação sexual desprotegida (contato boca-ânus) e qualidade da água e dos alimentos.
• Transmissão B, C e D: Pelo sangue (via parenteral, percutânea e vertical), pelo esperma e por secreção
vaginal (via sexual). Pode ocorrer pelo compartilhamento de objetos contaminados.
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• Manifestações clínicas da hepatite aguda pré-icteríca: Sintomas inespecíficos: anorexia, náuseas, vômitos,
diarreia ou, raramente, dificuldade em evacuar, febre baixa, cefaleia, mal-estar, diminuição da força física e
fadiga, aversão ao paladar e/ou ao olfato, dor muscular, sensibilidade à luz, desconforto na parede abdominal
direita, urticária, artralgia ou artrite, e exantema papular ou maculopapular.
• Manifestações clínicas da hepatite aguda icteríca: Os sintomas são: icterícia, doloroso aumento do fígado,
com ocasional aumento do baço.
OBS 2: A recuperação ocorre após algumas semanas. A fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses.
• Hepatite crônica: Está relacionada aos vírus B, C, D e, com maior raridade, ao vírus E. Caracterizada pela
detecção de material genético ou de antígenos virais por um período de 6 meses após o diagnóstico inicial.
OBS 3: Pode cursar de forma assintomática ou sintomática (raramente). Nessas situações, a evolução tende a ser
benigna. Contudo, o vírus ainda pode ser transmitido, o que constitui fator importante na propagação da doença.
• Hepatite fulminante: Insuficiência hepática aguda, caracterizada pelo surgimento de icterícia, sangramentos e
complicações cerebrais em um intervalo de até 8 semanas. Condição rara e potencialmente fatal, cuja letalidade
é elevada (40% a 80% dos casos). Todos os 5 tipos de hepatites virais podem causar hepatite fulminante.
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• Prevenção A (imunoprevinível) e E: Medidas de cuidado em relação à água de consumo, à manipulação de
alimentos e às condições de higiene e de saneamento básico junto à comunidade e aos familiares.
• Prevenção B (imunoprevinível – não tem cura), C (tem cura) e D (não tem cura): Orientação sobre o não
compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente e materiais
de manicure e pedicure.
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• Notificação: As hepatites virais são doenças de notificação compulsória regular (em até 7 dias), via Sinan.
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Endemias Diversas
ANIMAIS PEÇONHENTOS – ARANEÍSMO
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• Animais peçonhentos: aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em
presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão,
entre outros.
• Prevenção: Animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos e são encontrados em matas
fechadas, trilhas e próximo a residências com lixo acumulado. Manter a higiene do local e evitar acúmulo de
materiais é a melhor forma de prevenir acidentes.
• Medidas em caso de acidente:
- Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lavar o local da picada com
água e sabão; manter a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro.
- Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retirar acessórios que possam levar
à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
- Não amarrar (torniquete) o membro acometido e, muito menos, cortar e/ou aplicar qualquer tipo de substância
(pó de café, álcool, entre outros) no local da picada.
• Notificação: Devido ao alto número de notificações, esse tipo de agravo foi incluído na Lista de Notificação
Compulsória do Brasil. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente.
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• Araneísmo: Acidente causado pela inoculação de toxinas, por intermédio do aparelho inoculador de aranhas,
podendo determinar alterações locais e/ou sistêmicas.
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• Diagnóstico: Os quadros de dor local observados nos acidentes por aranha Phoneutria (aranha-armadeira,
aranha-macaca, aranha-da-banana) e escorpiônicos são indistinguíveis. Nesses casos, mesmo que o agente não
seja identificado, é realizado o tratamento sintomático e, se houver indicação de soroterapia, deve ser utilizado o
SAAr (soroantiaracnídico).
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Endemias Diversas
ANIMAIS PEÇONHENTOS – ESCORPIONISMO
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• Acidente causado pela inoculação de toxinas, por intermédio do aparelho inoculador (ferrão) de escorpiões,
podendo determinar alterações locais e sistêmicas.
• Agentes Causais: Os escorpiões de importância médica no Brasil pertencem ao gênero Tityus: T. serrulatus
(escorpião-amarelo); T. bahiensis (escorpião-marrom); T. stigmurus (escorpião-amarelo do Nordeste); T.
obscurus (escorpião-preto da Amazônia).
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• Manifestações clínicas: Em acidentes escorpiônicos clinicamente leves, não é necessário o tratamento
soroterápico, apenas o sintomático. O quadro de envenenamento é dinâmico e pode evoluir para maior
gravidade em poucas horas.
• Manifestações locais: A dor (instalação imediata em praticamente todos os casos) é o principal sintoma,
podendo se irradiar para o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese local. Em geral, o
quadro mais intenso de dor ocorre nas primeiras horas após o acidente.
• Manifestações sistêmicas: Após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três), podem surgir os
seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, babação, hipertensão
ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque. A
presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de
história de picada ou de identificação do animal.
OBS 1: Apesar de a intensidade das manifestações clínicas depender da quantidade de peçonha inoculada, os
adultos apresentam quadro local benigno, enquanto crianças constituem o grupo mais suscetível ao
envenenamento sistêmico grave.
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• Diagnóstico: Eminentemente clínico-epidemiológico. Quando não há histórico de picada e/ou identificação do
agente causal, o diagnóstico diferencial deve ser feito com acidente por aranha do gênero Phoneutria
(aranha-armadeira), que provoca quadro local e sistêmico semelhante ao do escorpionismo.
• Tratamento: Na maioria dos casos, em que há somente quadro local, o tratamento é sintomático e consiste no
alívio da dor por infiltração de anestésico. O tratamento específico consiste na administração do soro
antiescorpiônico (SAEsc) ou do soro antiaracnídico (SAAr) aos pacientes clinicamente classificados como
moderados ou graves.
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Endemias Diversas
ANIMAIS PEÇONHENTOS – OFIDISMO
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• Acidente causado pela mordedura de serpente peçonhenta, com ou sem envenenamento, utilizando as presas
inoculadoras de peçonha, podendo determinar alterações locais e/ou sistêmicas.
• Agentes causais: Os acidentes por serpentes peçonhentas de importância médica no Brasil são divididos em 4
tipos: botrópico (jararaca), é o de maior importância e distribuição no país; crotálico (cascavel); laquético
(surucucu; e elapídico (coral).
OBS 1: Acidentes causados por serpentes como a sucuri e a jiboia não causam envenenamento.
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• Manifestações clínicas locais do acidente botrópico: Dor, edema e equimose (manchas de sangue na pele) na
região da picada (pode progredir ao longo do membro acometido). Podem surgir áreas de necrose que,
juntamente à infecção secundária, constituem as principais complicações e podem levar ao déficit funcional do
membro e/ou à amputação.
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• Tratamento: Feito com a aplicação do antiveneno (soro) específico para cada tipo de acidente, de acordo com
a gravidade do envenenamento.
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Endemias Diversas
POLIOMIELITE
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• Doença infectocontagiosa viral aguda caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito.
Acomete, em geral, os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principais características a
flacidez muscular, com sensibilidade preservada, e arreflexia (ausência de reflexos) no segmento atingido.
• Agente etiológico: Poliovírus, sorotipos 1, 2 e 3, pertencentes ao gênero Enterovirus, família Picornaviridae.
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• Transmissão: Por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequente), por objetos, alimentos e
água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de
secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar).
• Incubação: De 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.
• Suscetibilidade e imunidade: Todas as pessoas não imunizadas são suscetíveis de contrair a doença. A
infecção natural ou a vacinação conferem imunidade duradoura para o sorotipo correspondente ao poliovírus.
Embora não desenvolvam a doença, pessoas imunes podem ser reinfectadas e eliminar o poliovírus, ainda que
em menor quantidade e por um período menor.
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• Forma assintomática: Sem manifestação clínica, podendo ser identificada apenas por exames laboratoriais
específicos. Ocorre em mais de 90% das infecções.
• Manifestações clínicas da forma abortiva: Sintomas inespecíficos: febre, cefaleia, tosse e coriza; e
manifestações gastrointestinais, como vômito, dor abdominal e diarreia. Como na forma inaparente, só é
possível estabelecer diagnóstico por meio do isolamento do vírus. Ocorre em aproximadamente 5% dos casos.
• Manifestações clínicas da forma paralítica: Sintomas específicos: instalação súbita da deficiência motora,
acompanhada de febre; flacidez muscular; paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da doença.
Acomete em torno de 1% a 1,6% dos casos.
OBS 1: Todas essas formas clínicas podem ser observadas, a depender do local de comprometimento do sistema
nervoso central, e, em alguns casos, podem apresentar quadro de paralisia grave e levar à morte.
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• Diagnóstico: A amostra de fezes constitui o material mais adequado para o isolamento do poliovírus.
• Tratamento: Não há.
• Prevenção: Vacinação, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses. Devem ainda ser
administradas duas doses de reforço, a primeira aos 15 meses e a segunda aos 4 anos de idade.
• Notificação: Todo caso de Poliomielite deve ser notificado imediatamente, via Sinan.
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Endemias Diversas
HANSENÍASE
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------• Doença infectocontagiosa de caráter crônico, com manifestações dermato-neurológicas e potencial
incapacitante, que pode acometer pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias.
• Agente etiológico: Bacilo Mycobacterium leprae. Pode infectar grande número de indivíduos (alta
infectividade), embora poucos adoeçam (baixa patogenicidade).
• Reservatório: O ser humano é a única fonte de transmissão.
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• Transmissão: Ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença e sem tratamento,
elimina o bacilo para o meio exterior, presente em gotículas emitidas pelas vias áreas superiores, infectando
outras pessoas quando há um contato mais próximo e prolongado. Ambientes fechados e com maior número de
pessoas aumentam as chances de transmissão da doença.
• Incubação: Dura em média de 2 a 7 anos.
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• Manifestações clínicas: Estão diretamente relacionadas ao tipo de resposta imunológica ao M. leprae. Podem
causar deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões nodulares na pele.
• Diagnóstico: Por meio do exame clínico e epidemiológico. É realizado através do exame da pele e dos nervos
para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos
periféricos, com alterações sensitivas e/ ou motoras e/ou autonômicas.
• Tratamento: É realizado no âmbito do SUS.
- Hanseníase Paucibacilar (PB): casos com até 5 lesões de pele (tratamento estará concluído com 6 doses
supervisionadas em até 9 meses);
- Hanseníase Multibacilar (MB): casos com mais de 5 lesões de pele (tratamento estará concluído com 12 doses
supervisionadas em até 18 meses).
• Notificação: Doença de notificação obrigatória, via Sinan.
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Endemias Diversas
CÓLERA
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• Agente etiológico: Enterotoxina (toxina produzida por microrganismo) da bactéria Vibrio cholerae.
• Reservatórios: Seres humanos (portadores assintomáticos) e ambiente aquático.
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• Transmissão: Via fecal-oral. Pode ser direta, pela contaminação pessoa a pessoa; ou indireta, pela ingestão de
água ou alimentos contaminados.
OBS 1: A maioria das pessoas infectadas permanece assintomática (75%). Daquelas que desenvolvem a doença,
a maioria apresenta sintomas leves ou moderados. Apenas de 10% a 20% desenvolvem a forma severa, que, se
não for tratada prontamente, pode levar a graves complicações e ao óbito.
• Incubação: De 2 a 3 dias, variando de 12hs a 5 dias.
• Transmissibilidade: Enquanto houver eliminação do agente etiológico nas fezes (1 a 10 dias após a infecção).
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• Manifestações clínicas: Diarreia e vômito com diferentes graus de intensidade. Febre não é comum. Nos
casos graves, o início é súbito, com diarreia líquida, abundante e incontrolável, com inúmeras dejeções diárias.
• Tratamento: Rápida reidratação dos pacientes por meio da administração de líquidos. Pacientes
diagnosticados com desidratação grave requerem administração de fluidos intravenosos.
• Prevenção: Tratamento da água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de
hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar).
• Notificação: Todo caso suspeito ou confirmado de cólera deverá ser notificado de forma imediata (em até
24hs), via Sinan.
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19
Endemias Diversas
TÉTANO ACIDENTAL
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• Doença infecciosa aguda não contagiosa, prevenível por vacina, causada pela ação de exotoxinas.
• Agente etiológico: Exotoxinas produzidas pela bactéria Clostridium tetani, um bacilo esporulado, semelhante
à cabeça de um alfinete. Produz esporos que lhe permitem sobreviver no meio ambiente por vários anos.
• Reservatório: Normalmente encontrado na natureza, sob a forma de esporo. Pode ser identificado em pele,
fezes, terra, galhos, arbustos, águas putrefatas, poeira das ruas, trato intestinal dos animais (especialmente do
cavalo e do ser humano, sem causar doença).
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• Transmissão: Ocorre pela introdução de esporos em solução de continuidade da pele e de mucosas
(ferimentos superficiais ou profundos de qualquer natureza).
• Incubação: Varia de 3 a 21 dias. Quanto menor o tempo de incubação, maior a gravidade e pior o prognóstico.
• Suscetibilidade: Universal.
• Imunidade: Vacinação. Indica-se a vacina penta, para crianças de 2 meses a menores de 1 ano de idade. A
doença não confere imunidade. Os filhos de mães imunes apresentam imunidade passiva e transitória até 2
meses de vida.
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• Manifestações clínicas: Sintomas iniciais costumam ser a dificuldade de abrir a boca e de andar. Nas formas
mais graves, ocorre taquicardia, sudorese profusa, hipertensão arterial, bexiga neurogênica e febre.
• Diagnóstico: Essencialmente clínico e não depende de confirmação laboratorial.
• Tratamento: A hospitalização deverá ser imediata, preferencialmente UTI.
• Notificação: Deve ser feita à equipe de vigilância epidemiológica do município e registrada no Sinan.
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20
Endemias Diversas
RUBÉOLA
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• Doença infecciosa, transmitida por vírus, que causa uma infecção aguda. É comum em todo o mundo, mas a
incidência é maior em áreas com sistemas de saúde precários. Enfermidade altamente contagiosa. Em pessoas
não imunizadas, a infecção pode resultar em complicações graves, como artrite, meningite, encefalite e defeitos
congênitos em bebês nascidos de mães infectadas.
• Agente etiológico: Vírus do gênero Rubivirus e da família Matonaviridae.
• Reservatório: Afeta apenas seres humanos.
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• Incubação: Varia de 12 a 23 dias.
• Transmissão: Através do contato direto com secreções respiratórias de indivíduos infectados, incluindo tosse
e espirros. Por meio de objetos contaminados com secreções respiratórias, como copos e talheres. Pode haver
transmissão vertical.
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• Manifestações clínicas: Caracterizada por uma erupção cutânea, que começa no rosto e se espalha para o
corpo. A erupção é geralmente rosa avermelhada e pode durar de 1 a 5 dias. Outros sintomas incluem: febre
baixa, dor de cabeça, inflamação dos gânglios linfáticos, principalmente na região do pescoço, conjuntivite,
coriza e tosse seca.
OBS 1: Embora a rubéola seja geralmente uma doença leve e autolimitada, a infecçãodurante a gravidez pode
levar a complicações fetais, incluindo aborto espontâneo, parto prematuro, deficiências visuais e auditivas, além
de retardamento mental.
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• Diagnóstico: Baseado na clínica da doença, incluindo a presença de manchas de rubéola e o histórico de
exposição recente ao vírus. A confirmação pode ser através de testes de laboratório.
• Tratamento: A terapia é sintomática, envolvendo a administração de medicamentos para reduzir a febre e a
dor, e recomendações para repouso e hidratação adequada. Em casos de infecção congênita durante a gravidez, o
tratamento pode incluir cuidados com o recém-nascido.
• Imunização: A vacinação pode ser feita em qualquer idade. É especialmente recomendada para mulheres em
idade reprodutiva devido ao risco de infecção durante a gravidez.
• Controle: O isolamento de pacientes infectados, especialmente em áreas de alta densidade populacional, pode
reduzir a propagação da doença. Além disso, a implementação de medidas de higiene, como lavagem das mãos
e uso de máscaras, pode ajudar a reduzir a propagação do vírus.
• Notificação: Doença de notificação obrigatória, via Sinan.
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21
Endemias Diversas
SARAMPO
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• Doença viral, infecciosa aguda, potencialmente grave, transmissível, extremamente contagiosa.
• Agente etiológico: Vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.
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• Transmissão: Ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar
ou respirar. Daí a elevada contagiosidade da doença.
• Incubação: Entre 7 e 21 dias, desde a data da exposição até o aparecimento de irritação generalizada na pele.
• Transmissibilidade: Inicia-se 6 dias antes da irritação generalizada na pele e dura até 4 dias após seu
aparecimento.
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• Manifestações clínicas: Febre alta, acima de 38,5°C, irritação generalizada na pele e manchas sobre ela, tosse
seca (inicialmente), coriza e conjuntivite não purulenta.
• Complicações (encefalite – rara): Maiores em crianças menores de 5 anos, gestantes, pessoas com
comprometimento da imunidade, adultos maiores de 20 anos, pessoas desnutridas ou com deficiência de
vitamina A, e pessoas que residem em situações de grandes aglomerados.
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• Diagnóstico:Mediante confirmação laboratorial.
OBS 1: O laboratório tem 3 funções principais na vigilância do sarampo: monitorar a circulação do vírus por
meio da confirmação de casos; confirmação de surtos; e identificação das variantes genéticas.
• Tratamento: Não existe tratamento específico. Para os casos sem complicação, deve-se manter a hidratação, o
suporte nutricional e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam de 4 a 8 semanas para recuperar o
estado nutricional.
• Controle: No plano individual, o isolamento social diminui a intensidade dos contágios.
• Notificação: Notificar imediatamente todo caso suspeito em até 24hs (via Sinan) e investigar em até 48hs da
notificação.
• Vacinação: População de 12 meses a 29 anos de idade: duas doses; população de 30 a 59 anos de idade: uma
dose; trabalhadores da saúde: duas doses.
OBS 2: A vacinação de crianças de 6 a 11 meses de idade (dose zero) é indicada nas localidades que mantêm a
circulação ativa do vírus do sarampo e quando há elevada incidência da doença em crianças menores de 1 ano.
OBS 3: Vacinação seletiva dos contatos de caso suspeito ou confirmado de sarampo, de acordo com o
Calendário Nacional de Vacinação. O bloqueio vacinal deve ser operacionalizado até 72hs após a identificação
do caso suspeito ou confirmado – esse é o período máximo em que é possível interromper a cadeia de
transmissão da doença e evitar a ocorrência de casos secundários.
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22
Endemias Diversas
TOXOPLASMOSE
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• Zoonose causada por um protozoário. Distribuição geográfica mundial. Infecção de alta prevalência.
• Agente etiológico: Toxoplasma gondii.
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• Reservatório: Os hospedeiros definitivos são os gatos e outros felídeos. Todos os outros animais de sangue
quente, assim como o ser humano, são hospedeiros intermediários.
• Incubação: Em humanos, 10 a 23 dias após ingestão de cistos teciduais e 5 a 20 dias após ingestão de oocisto.
OBS 1: No humano, os parasitas formam cistos nos tecidos e podem permanecer durante toda a vida do
hospedeiro.
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• Transmissão (Vias Principais): Os oocistos são eliminados em grande número nas fezes do gato.
> Indireta
• Oral: consumo de alimentos e água contaminados com oocistos, ou carnes e derivados contendo cistos
teciduais.
• Vias raras: inalação de aerossóis contaminados; inoculação acidental; transfusão sanguínea; transplante de
órgãos.
> Direta ou Vertical
• Congênita: forma ativa do parasita transmitida por via transplacentária para o feto, quando a mãe adquire a
infecção durante a gestação.
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• Manifestações clínicas: Adquirida após o nascimento é uma infecção muito comum. A maioria das pessoas
infectadas não apresenta sintomas.
OBS 2: As gestantes são, geralmente, assintomáticas. Entre as consequências anatômicas e funcionais estão
morte fetal e prematuridade. As manifestações precoces e as sequelas incluem aumento do fígado e do baço,
icterícia, erupção cutânea, pneumonite, lesões de retina, calcificações cerebrais, hidrocefalia, microcefalia,
redução do bulbo ocular, estrabismo, perda visual, convulsões e retardo mental.
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• Diagnóstico: Por ser complexo, é baseado principalmente em métodos indiretos, como a sorologia.
• Tratamento: A toxoplasmose adquirida tem uma evolução geralmente benigna em indivíduos
imunocompetentes, sendo recomendado apenas o tratamento sintomático, exceto em infecção aguda durante a
gestação, a vigência de comprometimento de outros órgãos ou a evolução atípica da doença.
OBS 3: Os casos transmitidos pela via alimentar (inclusive em gestantes) são classificados como doença de
transmissão hídrica e alimentar (DTHA), podendo configurar um surto.
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• Prevenção: Promoção de ações de educação em saúde, incluindo a higiene alimentar, o consumo de água
filtrada ou fervida e o controle da exposição a fontes ambientais contaminadas.
• Notificação: Doença de notificação obrigatória, via Sinan.
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23
EndemiasDiversas
FEBRE MACULOSA
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• Doença febril aguda potencialmente fatal se não for tratada precocemente.
• Agente etiológico: Bactéria intracelular Rickettsia rickettsii, da família Rickettsiaceae.
• Vetor: Carrapato Amblyomma cajennense.
OBS 1: Esses carrapatos têm hábitos alimentares generalistas e picam tanto animais quanto seres humanos.
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• Transmissão: Através da picada do carrapato-estrela infectado, que vive em animais silvestres. O carrapato
adulto é o principal transmissor da doença, mas larvas e ninfas também podem transmitir. As pessoas são
infectadas quando entram em contato com o carrapato ou com seus dejetos, geralmente em ambientes com
vegetação densa. A infecção ocorre através da inoculação das bactérias presentes nas fezes do carrapato quando
ele se alimenta do sangue do hospedeiro infectado.
• Incubação: Aproximadamente 2 semanas.
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• Manifestações clínicas: Pode apresentar sintomas inespecíficos, como febre alta, dor de cabeça, prostração,
mal-estar geral, dor abdominal e muscular, náuseas, vômitos, diarreia e até mesmo manifestações neurológicas,
como convulsões e coma. Com o decorrer da doença, aparecem manchas vermelhas nas extremidades da pele,
como pés e mãos, que evoluem para lesões necróticas e podem levar a uma complicação chamada síndrome do
choque da febre maculosa, caracterizada por hipotensão arterial, hemorragias e insuficiência renal aguda.
OBS 2: Caso não haja tratamento rápido e adequado, pode haver evolução para o óbito em um curto período.
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• Diagnóstico: É feito através da avaliação clínica do paciente, associada a exames laboratoriais específicos. O
método mais comum é a detecção de anticorpos contra a Rickettsia rickettsii no sangue do paciente.
• Prevenção: Evitar áreas com grande presença desses artrópodes, como matas, pastos e áreas verdes.
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24
Endemias Diversas
AIDS
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• A infecção pelo HIV, sem tratamento, pode evoluir para aids, resultando em grave disfunção do sistema
imunológico, à medida que vão sendo destruídos os linfócitos T-CD4+, uma das principais células-alvo do HIV.
• Agente etiológico: HIV-1 e HIV-2, ambos retrovírus da família Lentiviridae.
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• Transmissão: Pode ser via sexual (esperma e secreção vaginal), sanguínea (via parenteral e gestação/parto
para a criança) e aleitamento materno.
• Transmissibilidade: A partir do momento em que a pessoa é infectada, ela pode transmitir o HIV.
• Incubação: O tempo entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e de sintomas da fase aguda,
denominada síndrome retroviral aguda (SRA), é de uma a três semanas.
• Latência clínica: Após a infecção aguda, o tempo de desenvolvimento de sinais e de sintomas da aids é em
média de 10 anos. Entretanto, sinais e sintomas de imunodeficiência associada à infecção pelo HIV, não aids,
podem aparecer com período de latência variável após a infecção aguda.
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• Manifestações clínicas: Conjunto de sintomas, denominado síndrome retroviral aguda (SRA). Os principais
incluem febre, cefaleia, astenia, adenopatia, faringite, exantema e mialgia. O aparecimento de infecções e
neoplasias é definidor de aids.
OBS 1: A SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e dos sintomas desaparece em 3 a 4 semanas. A
presença de manifestações clínicas mais intensas e prolongadas (por período superior a 14 dias) pode estar
associada à progressão mais rápida da aids.
OBS 2: À medida que a infecção progride, surgem sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal,
sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia,
sinusite) e lesões orais. A candidíase oral é um marcador clínico precoce de imunodepressão grave.
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• Tratamento: Objetiva melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida, em função da redução da carga
viral e da reconstituição do sistema imunológico.
• Notificação: Doença de notificação obrigatória, via Sinan.
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• Prevenção: A estratégia adotada no Brasil é de prevenção combinada, que abrange o uso simultâneo de
diferentes abordagens preventivas (biomédica, comportamental e estrutural), de acordo com as possibilidades e
escolhas de cada pessoa, sem excluir ou substituir um método de prevenção pelo outro.
OBS 3: A Profilaxia Pré e Pós Exposição é uma estratégia de prevenção para evitar novas infecções pelo HIV,
por meio do uso profilático de antirretrovirais após uma exposição de risco à infecção pelo HIV.
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25
Endemias Diversas
TUBERCULOSE
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• Doença infecciosa e transmissível. Afeta sobretudo os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e
sistemas.
• Agente etiológico: Bactéria Mycobacterium tuberculosis.
• Reservatório: O principal é o ser humano. Outros possíveis são gado bovino, primatas e outros mamíferos.
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• Transmissão: Ocorre a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, expelidos pela tosse, pelo
espirro ou pela fala de pessoas com TB pulmonar ou laríngea. Somente pessoas com essas formas de TB ativa
transmitem a doença.
OBS 1: Os bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em
aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão da doença.
• Transmissibilidade: Enquanto a pessoa estiver eliminando bacilos. Com o início do esquema terapêutico
adequado, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias de tratamento, encontra-se
muito reduzida. Na grande maioria das situações, já não ocorre transmissibilidade nessa fase do tratamento.
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• Suscetibilidade: Praticamente universal. No entanto, a maioria dos infectados resiste ao adoecimento após a
primoinfecção e desenvolve imunidade parcial à doença.
OBS2: Há maior risco de adoecimento em pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV),
além de menores de 2 anos de idade ou maiores de 60 anos de idade e pessoas desnutridas.
OBS 3: O adoecimento por TB não confere imunidade contra novas infecções nem recidivas da doença. A
vacina disponível, BCG, também não previne o adoecimento pela forma pulmonar, mas evita o desenvolvimento
das formas mais graves da doença (TB miliar e meníngea) em menores de5 anos de idade.
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• Manifestações clínicas da TB pulmonar: O principal sintoma é a tosse. Tosse com duração de 3 semanas ou
mais, acompanhada ou não de outros sinais e sintomas sugestivos de TB (febre vespertina, sudorese noturna,
emagrecimento e cansaço), deve ser investigada para a TB por meio de exames bacteriológicos.
OBS 4: A TB extrapulmonar tem sinais e sintomas dependentes dos órgãos e sistemas acometidos. Sua
ocorrência aumenta em pessoas vivendo com HIV.
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• Diagnóstico: A baciloscopia do escarro permite detectar a maioria dos casos pulmonares e, além disso, é
recomendada a realização de cultura para todos os casos.
• Tratamento: Dura, no mínimo, 6 meses.
• Imunização: A vacina BCG é prioritariamente indicada para crianças de zero a 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Recém-nascidos com peso igual ou maior que 2kg devem ser vacinados o mais precocemente possível.
OBS 5: Não se recomenda a revacinação com a BCG, mesmo na ausência de cicatriz, exceto para pessoas
contatos de hanseníase.
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Endemias Diversas
MENINGITE
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• Infecção bacteriana aguda.
• Agente etiológico: Bactéria Neisseria meningitidis (meningococo). Pertence à família Neisseriaceae.
• Reservatório: Ser humano, sendo a nasofaringe o local de colonização do microrganismo.
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• Transmissão: Contato direto pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias de pessoas infectadas,
assintomáticas ou doentes.
OBS 1: A transmissão por fômites (objetos inanimados que transportam microrganismos patogênicos podendo,
assim, servir como fonte de infecção) não é importante.
• Transmissibilidade: Em geral, o meningococo é eliminado da nasofaringe em até 24hs de antibioticoterapia.
• Incubação: De 3 a 4 dias, podendo variar de 2 a 10 dias.
• Suscetibilidade: Geral, entretanto o grupo etário de maior risco é formado por crianças menores de 5 anos,
principalmente as menores de 1 ano.
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• Manifestações clínicas: Variam desde febre transitória e bacteremia oculta até formas fulminantes, com a
morte do paciente em poucas horas após o início dos sintomas.
OBS 2: Em formas de evolução muito rápidas (meningococcemia), o quadro inicia com febre, cefaleia, mialgia
e vômitos, seguidos de palidez, sudorese, hipotonia muscular, taquicardia, pulso fino e rápido, queda de pressão
arterial, oligúria (diminuição da urina) e má perfusão periférica (comprometendo o fornecimento de oxigênio
para os capilares).
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• Tratamento: Antibioticoterapia. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de tratamento de
suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência.
• Imunização: O esquema vacinal consiste de 2 doses, aos 3 e 5 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre
as doses, mínimo de 30 dias. Uma dose de reforço é recomendada aos 12 meses de idade.
• Notificação: Doença de notificação compulsória em até 24hs (Sinan) para as Secretarias Municipais e
Estaduais de Saúde. Os surtos, os aglomerados de casos ou óbitos são de notificação imediata.
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Endemias Diversas
BOTULISMO
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• Doença neuroparalítica grave, não contagiosa. Apresenta-se nas formas de botulismo alimentar, botulismo por
ferimentos e botulismo intestinal.
• Agente etiológico: Bactéria Clostridium botulinum.
OBS 1: São conhecidos 8 tipos de toxinas botulínicas: A, B, C1, C2, D, E, F e G. Os tipos que causam doença
no ser humano são: A, B, E e F, sendo os mais frequentes o A e o B.
• Reservatório: Os esporos do C. botulinum são amplamente distribuídos na natureza, em solos e sedimentos de
lagos e mares. São identificados em produtos agrícolas, como legumes, vegetais e mel, e em intestinos de
mamíferos, peixes e vísceras de crustáceos.
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• Transmissão alimentar: Ingestão de toxinas presentes em alimentos previamente contaminados, que foram
produzidos ou conservados de maneira inadequada. Período de incubação de 2hs a 10 dias.
• Transmissão por ferimentos: Forma rara. É ocasionada pela contaminação de ferimentos com C. botulinum.
Período de incubação de 4 a 21 dias.
• Transmissão intestinal: Ingestão de esporos presentes no alimento, seguida da fixação e da multiplicação do
agente no ambiente intestinal, em que ocorre a produção e a absorção de toxina. Período de incubação
desconhecido.
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• Manifestações clínicas do botulismo alimentar: De instalação súbita e progressiva. Sinais e sintomas iniciais
podem ser gastrointestinais e/ou neurológicos. As manifestações gastrointestinais mais comuns são náuseas,
vômitos, diarreia e dor abdominal, e podem anteceder ou coincidir com os sinais e os sintomas neurológicos. Os
primeiros sinais e sintomas neurológicos podem ser inespecíficos, tais como cefaleia, vertigem e tontura.
• Manifestações clínicas do botulismo por ferimentos: Semelhante ao do botulismo alimentar. Contudo, os
sinais e os sintomas gastrointestinais não são esperados. Pode ocorrer febre.
• Manifestações clínicas do botulismo intestinal: Inicialmente, ocorre constipação e irritabilidade, seguidas de
sinais e de sintomas neurológicos e paralisias bilaterais descendentes, que podem progredir para
comprometimento respiratório.
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• Tratamento: Deve ser feito em unidade hospitalar que disponha de UTI. Através de tratamento específico,
busca-se eliminar a toxina circulante e sua fonte de produção por meio do uso do soro antibotulínico (SAB) e de
antibióticos.
• Notificação: Todo caso suspeito de botulismo exige notificação à vigilância epidemiológica local
imediatamente (em até 24hs), via Sinan.
OBS 2: Devido à gravidade da doença e à possibilidade de ocorrência de outros casos resultantes da ingestão da
mesma fonte de alimentos contaminados, um caso é considerado surto e emergência de saúde pública.
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Endemias Diversas
FEBRE TIFÓIDE
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• Infecção sistêmica que ocorre predominantemente em locais associados a precárias condições de higiene e à
falta de saneamento básico.
• Agente etiológico: Bactéria Salmonella Typhi.
• Incubação: Entre uma e três semanas.
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• Transmissão: Ocorre de forma direta (pelo contato direto

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