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Resistência dos Materiais Unidade 3 Práticas com torção, flexão e cisalhamento Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ANDREW SCHAEDLER AUTORIA Andrew Schaedler Sou formado em Engenharia Mecânica, com uma experiência técnico-profissional na área de Engenharia de Processos e Usinagem de Precisão de mais de 8 anos. Passei por empresas como a TDK multinacional japonesa, produtora de componentes eletrônicos; John Deere, multinacional americana produtora de equipamentos agrícolas e hoje sou sócio proprietário de uma metalúrgica especializada em usinagem de precisão, atendendo empresas de grande porte do ramo automotivo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Conceito de torção ..................................................................................... 10 Conceitos importantes ................................................................................................................10 Torque versus torção ..................................................................................................11 Torção em eixos maciços ....................................................................................... 14 Torção em eixos tubulares ....................................................................................16 Conceito de flexão ...................................................................................... 18 Diagrama de força e momento fletor ............................................................................... 18 Deformação devido à flexão ................................................................................................... 21 Fórmula da flexão ...........................................................................................................................24 Cisalhamento transversal ........................................................................27 Momento fletor .................................................................................................................................27 Entendendo o cisalhamento transversal .......................................................................28 Fórmula do cisalhamento transversal .............................................................................. 31 Tensão de cisalhamento em vigas de seção transversal retangular ........32 Problemas resolvidos envolvendo torção - flexão e cisalhamento ............................................................................................... 35 Torção ......................................................................................................................................................35 Exercício 1 ..........................................................................................................................35 Exercício 2 ......................................................................................................................... 36 Flexão.......................................................................................................................................................37 Cisalhamento Transversal ........................................................................................................ 39 7 UNIDADE 03 Resistência dos Materiais 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade vamos continuar aprendendo sobre a área de conhecimento de resistência dos materiais. Começaremos a unidade aprendendo sobre a torção, veremos sua definição e entenderemos como atuam seus efeitos sobre os materiais expostos a ela. Vamos compreender o que é a flexão, como ela atua sobre os materiais expostos a cargas, especialmente as vigas e iremos definir seu conceito e avaliar seus efeitos sobre os materiais que se encontram sob sua influência. Também veremos as consequências do cisalhamento, sua definição e como esse fenômeno atua sobre os materiais que estão sujeitos a esforços. Para finalizar, vamos treinar nossos conhecimentos resolvendo exercícios práticos sobre os fenômenos da torção, flexão e cisalhamento. Iremos utilizar as equações necessárias para mensurar esses fenômenos. Bacana, não é mesmo? Estamos entrando na área prática de resistência dos materiais, mantenha o foco e vamos em frente! Resistência dos Materiais 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 03. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender e definir o que é torção e quais os seus efeitos físicos sobre os materiais. 2. Compreender o fenômeno físico da flexão sobre os materiais, definindo seu conceito e avaliando seus efeitos. 3. Identificar as consequências do fenômeno do cisalhamento transversal sobre materiais, conceituando o fenômeno e avaliando seus efeitos. 4. Resolver problemas envolvendo os fenômenos da torção, flexão e cisalhamento de forma combinada, aplicando as equações necessárias à mensuração de seus impactos sobre vários tipos de materiais, de modo a estabelecer padrões de níveis de segurança quanto aos indicadores desses materiais. Ficou curioso? Está pronto para entrar no aprendizado dessa área de conhecimento? Gosto de pensar que cada área de conhecimento que dominamos muda a forma como vemos o mundo! Vamos em frente. Resistência dos Materiais 10 Conceito de torção OBJETIVO: Neste capítulo iremos compreender os conceitos de torção, qual sua relação com o torque e onde temos a influência da torção em situações práticas de nosso cotidiano. Vamos em frente, ampliando nossos conhecimentos! Conceitos importantes Torque é um momento que tende a torcer um elemento em torno de seu eixo longitudinal. O efeito do torque é uma preocupação sempre presente em projetos de eixos ou eixos de acionamento utilizados em veículos, máquinas em geral e outras aplicações. Podemos ilustrar fisicamente o que acontece quando um torque é aplicado a um eixo circular considerando que esse seja feito de um material com alto grau de deformação, por exemplo uma barra de borracha. Figura 1 - Exemplo de barra onde um torque é aplicado Fonte: Adaptado de HIBBELER (2014, p. 125). Na figura 1 podemos ver a situação de uma barra antes e depois da aplicação de um torque. É possível visualizar que as linhas longitudinais da grade marcada na barra tendem a distorcer após a aplicação do torque, figura 1 (b). Observando essas distorções, é possívelver que os círculos continuam a ser círculos, porem as linhas longitudinais se deformam lembrando uma hélice. As linhas longitudinais interceptam os círculos Resistência dos Materiais 11 formando ângulos iguais. Outro ponto interessante a observar é que as faces das pontas da barra continuam planas. Devido a essa observação, podemos chegar à conclusão que se a rotação da barra for pequena ela irá manter seu comprimento e diâmetro originais antes da aplicação do torque. Para entendermos o que é a torção, vamos analisar uma barra rígida, engastada em uma de suas extremidades e torcida na outra extremidade por um torque (momento de torção) T = Fd aplicado em um plano perpendicular ao eixo da barra. Agora essa barra está em torção, como podemos ver na figura 2. Figura 2 - Exemplo de barra em torção Fonte: Adaptado de Nash (2014, p. 62). Esse momento de torção, também poderia atuar ao longo do comprimento de um eixo. Esse esforço é definido, para qualquer seção ao longo da barra, como a soma algébrica dos momentos aplicados que se situam em um dos lados da seção em análise. A escolha de um dos lados é arbitrária e conduz ao mesmo resultado. Torque versus torção É importante termos bem definidos os conceitos de torque e torção para compreender o que é a torção e como ela atua nos materiais. • Torque: o torque trata-se de um momento que irá tentar torcer uma peça em torno do seu eixo longitudinal. O efeito do torque é bastante analisado em projeto de eixos, por exemplo, eixos de Resistência dos Materiais 12 acionamento em veículos ou máquinas. É importante termos bem claro o conceito de que o torque é um esforço que irá tender a deformar as peças ao longo de seu eixo longitudinal e também que o torque é um momento. Momento = Força x Distância • Torção é a deformação por efeito do torque. A torção está diretamente relacionada com o giro de uma barra que está sobre a atuação de momentos com vetores axiais ao eixo longitudinal dessa barra (torque = T). Isso significa que ocorre a rotação das seções sobre esse eixo. Quando temos uma peça sob ação de um torque e em estado de equilíbrio, podemos observar os seguintes efeitos: Existência de um deslocamento angular (θ) de uma seção transversal a outra, conforme observamos a figura 1. Existência de tensões de cisalhamento nas seções transversais da barra. Quando um torque é aplicado a um eixo, ele cria um torque interno no interior do eixo. Agora vamos ver a equação que relaciona esse torque interno com a distribuição da tensão de cisalhamento na seção transversal de um eixo ou tubo circular. Quando tivermos um material linear e elástico, sabemos que a lei de Hooke se aplica a ele, τ = Gy. Assim, a deformação por cisalhamento terá uma variação linear. Como consequência, também terá uma variação linear da tensão de cisalhamento correspondente ao longo do sentido radial na seção transversal. Dessa forma, na deformação por cisalhamento para um eixo maciço, a tensão τ irá variar de zero na linha central do eixo longitudinal a um valor máximo τmax na superfície externa. Podemos ver essa variação na figura 2, nas faces anteriores de vários elementos selecionados localizados em uma posição radial intermediária r e no raio externo c. Resistência dos Materiais 13 Figura 3 - Exemplo de como a tensão de cisalhamento varia linearmente ao longo de cada linha radial da seção transversal Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 127). Utilizando a lei de Hooke (τ = Gy) e pela Equação γ = (/c), podemos escrever: τ = (ρ/c) τmax A equação apresentada demonstra a distribuição da tensão de cisalhamento em função da posição radial r da peça em análise. Utilizando essa equação como base, iremos aplicar agora uma condição que exige que o torque produzido pela distribuição de tensão por toda a seção transversal seja equivalente ao torque interno resultante T na seção. Essa situação irá deixar o eixo em equilíbrio. Assim, veremos que cada elemento de área dA, localizado em p, está sujeito a uma força dF = τdA. O torque produzido por essa força é dT = ρ(τdA). Portanto, para toda a seção transversal, temos: τmax = Tc/J Onde: τmax = tensão de cisalhamento máxima no eixo que ocorre na superfície externa. T = torque interno resultante que age na seção transversal. J = momento polar de inércia da área da seção transversal. c = raio externo do eixo. Resistência dos Materiais 14 Observando as duas equações apresentadas também podemos expressar: τ = Tρ/J As duas equações citadas são chamadas de fórmula da torção. Importante lembrarmos que ela só é utilizada quando o eixo for circular e o material for homogêneo e comportar-se de uma maneira linear elástica, pois a dedução da fórmula tem como base o fato da tensão de cisalhamento ser proporcional à deformação por cisalhamento. Torção em eixos maciços Se o eixo tiver uma seção transversal circular maciça, o momento polar de inércia J pode ser determinado por meio de um elemento de área na forma de um anel diferencial de espessura d θ e circunferência 2πr. Veja a figura 4: Figura 4 - Exemplo de secção em eixo maciço sob efeito de torção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 128). Assim podemos expressar: J = π/2 c4 Onde: J = momento polar de inércia da área da seção transversal. c = raio externo do eixo. π = O número π (PI) representa o valor da razão entre a circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro. Seu valor para efeito de cálculo é 3,14. Observe que J é uma propriedade geométrica da área circular e é sempre positivo. As unidades de medida comuns para J são mm4 ou pol4. Resistência dos Materiais 15 Vimos que a tensão de cisalhamento varia linearmente ao longo de cada linha radial da seção transversal do eixo. Ao isolarmos um elemento de volume do material na seção transversal, tensões de cisalhamento iguais também devem agir sobre quatro de suas faces adjacentes. Figura 5 - Exemplo de secção em eixo maciço sob efeito de torção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 128). Dessa maneira, o torque interno T, além de desenvolver uma distribuição linear da tensão de cisalhamento ao longo de cada linha radial no plano da área de seção transversal, também desenvolve uma distribuição da tensão de cisalhamento ao longo de um plano axial. Figura 6 - Exemplo de secção em eixo maciço sob efeito de torção, onde a tensão de cisalhamento varia linearmente ao longo de cada linha radial da seção transversal. Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 128). É interessante salientarmos que, devido a essa distribuição axial da tensão de cisalhamento, eixos feitos de madeira tendem a rachar ao longo do plano axial quando sujeitos a um torque excessivo. Resistência dos Materiais 16 Figura 7 - Rachadura em eixo de madeira submetido a torção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 128). Isso acontece devido à madeira ser um material anisotrópico. A resistência ao cisalhamento desses materiais atua de forma paralela a seus grãos ou fibras. Assim, ela fica direcionada ao longo da linha central do eixo, dessa forma a resistência ao cisalhamento é muito menor do que a resistência perpendicular às fibras, direcionada no plano da seção transversal. Torção em eixos tubulares Na situação onde um eixo possui uma seção transversal tubular, com um raio interno ci e raio externo c0, então, será possível determinarmos seu momento polar de inércia da seguinte forma: J = π/2 (c0 4 - c 1 4 ) Da mesma forma que no eixo maciço, a tensão de cisalhamento distribuída pela área da seção transversal do tubo varia linearmente ao longo de qualquer linha radial. Além do mais, a tensão de cisalhamento varia ao longo de um plano axial dessa mesma maneira. A figura 8 mostra exemplos da tensão de cisalhamento atuando sobre elementos de volume de um eixo tubular. Figura 8 - Exemplo de secção em eixo tubular sob efeito de torção, onde a tensão de cisalhamentovaria linearmente ao longo de cada linha radial da seção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 129). Resistência dos Materiais 17 Bastante similar ao caso do eixo maciço, não é mesmo? Apenas temos que prestar atenção na fórmula correta para a subtração do volume interno do eixo. RESUMINDO: E então? Aprendeu tudo o que lhe ensinamos até aqui? Nesse capítulo falamos sobre a torção e seus efeitos em eixos e tubos. Vimos que na situação onde um eixo com seção transversal circular há um torque atuando nele. A seção transversal permanece plana, porém as linhas radiais irão girar. Isso irá causar uma deformação por cisalhamento no interior do material. Essa deformação irá variar de forma linear, ao longo de qualquer linha radial, possuindo o valor zero na linha central do eixo a um valor máximo em seu contorno externo. Também aprendemos que, quando um material for homogêneo com comportamento linear elástico, com base na lei de Hooke teremos a tensão de cisalhamento ao longo de qualquer linha radial do eixo variando de forma linear. Por fim chegamos à fórmula da torção. Essa fórmula tem como base o requisito de que o torque resultante na seção transversal seja igual ao torque produzido pela distribuição linear da tensão de cisalhamento em torno da linha central longitudinal do eixo. É necessário que o eixo ou tubo tenha seção transversal circular e que o material seja homogêneo e de comportamento linear elástico. Bastante coisa, não é mesmo? A área de resistência dos materiais realmente possui bastante conteúdo e muita física. Vamos em frente ampliando nossos conhecimentos! Resistência dos Materiais 18 Conceito de flexão OBJETIVO: Neste capítulo iremos estudar a flexão. Veremos como a carga em elementos retos de seção prismática, também chamados de vigas, atuam ao longo de toda a sua extensão. Essa carga faz com que o material tenda a se deformar. Vamos agora entender como ela atua e como podemos calcular a deformação causada por essa carga. Diagrama de força e momento fletor Vigas e eixos são importantes componentes estruturais e mecânicos usados em diversos projetos de engenharia. Vamos entender agora como a tensão atua nesses elementos por conta da flexão. Peças finas como barras quando estão em uma situação onde suportam peso são chamadas de vigas. Podemos descrever as vigas como barras longas e retas com a mesma área transversal ao longo de toda sua extensão. Podemos classificar as vigas na forma como elas são apoiadas, veja a figura 9. Figura 9 - Exemplo de classificação de vigas Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 181). Resistência dos Materiais 19 As vigas com certeza estão entre as mais importantes de todos os elementos estruturais. Vamos utilizar o exemplo de uma viga que é um dos elementos utilizados para suportar o piso de um edifício, a plataforma de uma ponte ou a asa de um avião. Também podemos citar como exemplos o eixo de um automóvel ou a lança de um guindaste. Devido à carga que atua sobre as vigas, elas desenvolvem uma força de cisalhamento interna, também chamada de força cortante e momento fletor que variam de ponto para ponto ao longo do eixo da viga. Para projetar uma viga corretamente, em primeiro lugar, é necessário determinar a força de cisalhamento e o momento máximo que age na viga. Podemos determinar esses valores expressando a força de cisalhamento V e o momento fletor M em função de uma posição qualquer x ao longo do eixo da viga. Assim, essas funções de cisalhamento e momento fletor podem ser representadas em gráficos. Esses gráficos chamamos de diagramas de força cortante e momento fletor. Nesses gráficos podemos identificar os valores máximos tanto de V quanto de M. Os diagramas de força cortante e momento fletor, possibilitam que sejam extraídas informações detalhadas sobre a variação do cisalhamento e do momento fletor ao longo da vida. Engenheiros e projetistas utilizam esses diagramas para determinar onde será colocada estrutura de reforço, por exemplo. Quando for preciso determinar V e M em função de x ao longo da viga, será preciso identificar a seção ou corte imaginário. Esse corte terá uma distância x em relação à extremidade da viga, então se formula V e M em termos de x. Assim a escolha da origem e direção positivas fica a encargo do projetista. Porém o mais comum é a origem estar localizada na extremidade esquerda da viga e a direção positiva ser da esquerda para a direita. Resistência dos Materiais 20 Figura 10 - Exemplo de viga com carga aplicada Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 182). Sendo assim, as funções de cisalhamento e momento fletor devem ser calculadas para cada região da viga. Como vemos na figura 2 as coordenadas x1, x2 e x3 terão que ser usadas para descrever a variação de V e M em todo o comprimento da viga. Essas coordenadas serão válidas somente dentro das regiões de A a B para x1, de B a C para x2 e de C a D para e x3. Para aprendermos o método de encontrar o cisalhamento, tomamos o momento em função de x e construímos um gráfico dos diagramas de força cortante e momento fletor. Precisamos estabelecer uma convenção de sinais. Assim, vamos definir a força cortante interna e momento fletor como “positivos” e “negativos”. Embora a escolha de uma convenção de sinal seja arbitrária, esta convenção é frequentemente utilizada na prática da engenharia. Figura 11 - Exemplo de convenção de sinais para a viga Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 182). Resistência dos Materiais 21 Na figura 11, as direções positivas são: a carga distribuída age para baixo na viga. A força cortante interna irá ocasionar uma rotação em sentido horário na viga e o momento interno causa compressão nas fibras superiores do segmento ocasionando uma flexão que irá reter água. Carregamentos opostos a esses são considerados negativos. Deformação devido à flexão Agora vamos ver as deformações que ocorrem quando uma viga, feita de um material homogêneo e área de secção simétrica, é submetida à flexão. Quando utilizamos como exemplo um material com alta capacidade de deformação, como a borracha, podemos visualizar fisicamente o que acontece quando uma viga reta e com secção prismática é submetido a um momento fletor. Como exemplo, vamos utilizar uma barra reta, que ainda não sofreu deformação. Essa barra possui uma seção transversal quadrada e marcada por uma grade de linhas longitudinais e transversais conforme a figura 12. Figura 12 - Exemplo de barra reta antes da deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 201). Quando um momento fletor é aplicado, as linhas da grade tendem a se distorcer seguindo um padrão observado na figura 13. No exemplo a seguir é possível visualizar que as linhas longitudinais ficam curvas e as linhas transversais verticais continuam retas, mas sofrem rotação. Resistência dos Materiais 22 Figura 13 - Exemplo de barra reta após deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 201). As barras deformáveis sujeitas a um momento fletor possuem um comportamento de forma que irão provocar um alongamento do material na parte inferior da barra. Já na parte superior o material irá sofre compressão. A consequência desse comportamento, entre a região inferior e superior é que irá existir uma superfície, chamada de superfície neutra como na figura 6. Nessa superfície não ocorrerá mudança nos comprimentos das fibras longitudinais do material. Figura 14 - Exemplo de barra reta após deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 201). Analisando e refletindo sobre as observações acima, podemos adotar três premissas em relação ao modo como a tensão deforma o material. Resistência dos Materiais 23 • Premissa 1: o eixo longitudinal x que se localiza no interior da superfície neutra (figura 14) não irá sofrer nenhuma mudança no comprimento. O que iremos observar é que o momento tenderá a deformar a viga de forma que essa linha se tornauma curva. • Premissa 2: todas as seções transversais da viga permanecem planas e perpendiculares ao eixo longitudinal durante a deformação. • Premissa 3: as deformações da seção transversal dentro de seu próprio plano serão desprezadas. Em particular, o eixo z, que se encontra no plano da seção transversal e em torno do qual a seção transversal gira, é denominado eixo neutro 7. Figura 15 - Exemplo de barra antes e após deformação e demonstração de seus eixos Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 202). Para entendermos como essa distorção deforma o material, vamos isolar um segmento da viga localizado à distância x ao longo do comprimento da viga com espessura ∆x antes da deformação, podemos ver esse segmento isolado na figura 15. Na figura 16, temos uma visão lateral desse elemento, nas situações antes e após a deformação. Resistência dos Materiais 24 Figura 16 - Vista lateral do segmento retirado da viga, antes e após a deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 202). Perceba que qualquer segmento de reta ∆x, localizado na superfície neutra não sofre alterações em seu comprimento, já os segmentos localizados na reta ∆s acima da superfície neutra, irão sofrer contração e se tornará ∆s após a deformação. A deformação normal ao longo de ∆s é determinada pela equação: ∈ = -y/ρ Essa análise nos mostra que a deformação normal longitudinal de qualquer elemento no interior de uma viga irá depender de sua localização y na seção transversal e do raio de curvatura do eixo longitudinal da viga no ponto. Fórmula da flexão Agora vamos aprender a equação que relaciona a distribuição de tensão longitudinal em uma viga e o momento fletor interno que atua na seção transversal da viga. Vamos assumir a situação onde o material se comporta de uma maneira linear elástica, de modo que a lei de Hooke se aplica, sendo ela (σ = E∈). Sendo assim a variação linear da deformação normal será a consequência da variação linear da tensão normal, conforme vemos na figura 17. Resistência dos Materiais 25 Figura 17 - Vista lateral de segmento de viga sob tensão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 204). Logo, assim como a variação da deformação normal, σ variará de zero no eixo neutro do elemento até um valor máximo de θσmáx, à distância c mais afastada do eixo neutro, como visualizado na figura 17. Na expressão a seguir, o momento de inércia da área da seção transversal, calculada em torno do eixo neutro é representado pela letra I. Assim temos que o σmáx será: θσmáx = Mc/I Onde: σmáx = tensão normal máxima que irá ocorrer em um ponto na área da seção transversal mais afastado do eixo neutro. M = momento interno resultante. I = momento de inércia da área da seção transversal calculada em torno do eixo neutro. c = distância perpendicular do eixo neutro a um ponto mais afastado do eixo neutro onde σmáx atua. Visto que σmáx /c = -σ/y, a tensão normal em uma distância intermediária y pode ser representada por uma equação semelhante à apresentada acima: σmáx = -My/I Observe que o sinal negativo é necessário, já que está de acordo com os eixos x, y e z definidos, σ deve ser negativa (compressão), uma vez que age na direção negativa de x. As duas equações apresentadas são denominadas fórmula da flexão. Resistência dos Materiais 26 Essa fórmula é usada para determinar a tensão normal em um elemento reto com seção transversal simétrica em relação a um eixo e momento aplicado perpendicularmente (90°) a esse mesmo eixo. Embora tenhamos considerado que o elemento seja prismático, na maioria dos projetos de engenharia também podemos usar a fórmula da flexão para determinar a tensão normal em elementos que tenham ligeira conicidade. Por exemplo, por análise matemática baseada na teoria da elasticidade, um elemento com seção transversal retangular e comprimento com 15° de conicidade terá uma tensão normal máxima real aproximadamente 5,4% menor que a calculada pela fórmula da flexão. Sendo assim, uma estimativa aceitável para análise de projetos. RESUMINDO: Conseguiu aprender todo o conteúdo? Muito interessante não é mesmo? Passamos por baixo de vigas quase todos os dias e não nos damos conta da quantidade de estudo e análise que elas necessitam. Nessa unidade aprendemos que as vigas são elementos longos e retos que suportam cargas perpendiculares a seu eixo longitudinal. Elas são classificadas de acordo com o modo como são apoiadas. Por exemplo, simplesmente apoiadas, em balanço ou apoiadas com uma extremidade em balanço. A seção transversal de uma viga reta permanece plana quando a viga se deforma por flexão. Esse fato provoca a tensão de tração de um lado da viga (normalmente o lado inferior) e a tensão de compressão do outro lado (normalmente o lado superior). Sempre importante lembrarmos que a deformação longitudinal varia linearmente, iniciando em zero no eixo neutro, até uma tensão máxima nas fibras externas da viga. Vimos também que a fórmula da flexão se baseia no fato de que o momento resultante na seção transversal é igual ao momento produzido pela distribuição linear da tensão normal em torno do eixo neutro. Também aprendemos sobre a deformação elástica, onde o corpo que sofreu uma variação em seu tamanho retorna ao tamanho inicial assim que a força atuante cessar. Muito interessante não é mesmo? Vamos em frente! Resistência dos Materiais 27 Cisalhamento transversal OBJETIVO: Neste capítulo iremos aprender como atua o cisalhamento transversal em uma viga. Começaremos vendo como as tensões do momento fletor em uma viga trabalham. Em seguida iremos compreender o cisalhamento transversal e sua fórmula matemática. Para finalizar, veremos o cisalhamento transversal em uma seção retangular e sua fórmula matemática. Pronto para entender mais essa parte da área de conhecimento de resistência dos materiais? Então vamos em frente! Momento fletor Para entendermos como as tensões e o momento fletor atuam em uma viga é interessante imaginar que uma viga seja formada por um número infinito de fibras longitudinais. Considera-se que cada fibra longitudinal atue independentemente de todas as outras fibras. Quando analisamos o exemplo de viga na figura 18, podemos observar que ela fletirá para baixo e as fibras da parte inferior da viga sofrerão um alongamento, enquanto as fibras da parte superior serão encurtadas. Essas variações no comprimento das fibras dão origem a tensões nas mesmas. Figura 18 - Exemplo de viga simples sob efeito de uma carga P Fonte: Adaptado de Nash (2014, p. 101). Resistência dos Materiais 28 As fibras que são alongadas estão submetidas a tensões de tração na direção do eixo longitudinal da viga, enquanto as que são encurtadas estão submetidos a tensões de compressão. (NASH, 2014). Superfície neutra Existe sempre um plano na viga que contém fibras que não sofrem nem alongamento nem encurtamento e, portanto, não estão submetidas à tensão de tração ou de compressão. Essa superfície é chamada de superfície neutra da viga. A interseção da superfície neutra com as seções transversais da viga, perpendiculares a seu eixo longitudinal, é chamada de linha neutra. Todas as fibras que se situam em um dos lados da linha neutra estão submetidas à tração, enquanto aquelas situadas do lado oposto estão submetidas à compressão. Momento fletor A soma algébrica dos momentos das forças externas de qualquer um dos lados de uma determinada seção transversal da viga, em relação a essa seção, é chamada de momento fletor da seção. Entendendo o cisalhamento transversal Já aprendemos que, de uma forma geral, as vigas suportam cargas de cisalhamento e também de momento fletor. O cisalhamento V é o resultado de uma distribuição de tensão de cisalhamento transversal que atua na seção transversal da viga, figura 19. Devido à propriedade complementar de cisalhamento, observe que tensões de cisalhamento longitudinaisassociadas também irão atuar ao longo dos planos longitudinais da viga. Resistência dos Materiais 29 Figura 19 - Elemento retirado de um ponto interno da seção transversal está sujeito a tensões de cisalhamento transversal e longitudinal Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 262,). Para entendermos a atuação em planos longitudinais dessa tensão de cisalhamento de uma maneira física, vamos imaginar que uma viga é composta por três tábuas. Se as superfícies superior e inferior de cada tábua forem lisas e as tábuas estiverem soltas, a aplicação da carga P fará com que as tábuas deslizem uma sobre a outra e, assim, a viga sofrerá a deflexão, podemos observar essa deflexão na figura 20. Figura 20 - Três tabuas soltas sob a ação de uma carga P Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 262). Agora, na situação em que as tábuas estiverem unidas, as tensões de cisalhamento longitudinais entre elas impedirão que uma deslize sobre a outra e, dessa forma, a viga agirá como um elemento único. Resistência dos Materiais 30 Figura 21 - Três tabuas unidas sob a ação de uma carga P Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 262). Devido à tensão de cisalhamento dessa situação, iremos observar tensões de deformação, que tenderão a distorcer a seção transversal de uma maneira bastante complexa. Para entendemos melhor essa situação, vamos analisar uma barra feita de um material com alto grau de deformação e marcado com uma grade de linhas horizontais e verticais conforme a figura 22. Figura 22 - Barra com grade de linhas horizontais e verticais, antes da deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 263). Quando é aplicado um cisalhamento V, as linhas da grade irão se deformar de acordo com o padrão visível na figura 23. A distribuição não uniforme da deformação por cisalhamento nas secções transversais da barra fará com que ela se deforme perdendo sua planicidade. Figura 23 - Barra com grade de linhas horizontais e verticais, após a deformação Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 263). Resistência dos Materiais 31 É importante salientar que no desenvolvimento da fórmula da flexão, consideramos que as seções transversais devem permanecer planas e perpendiculares ao eixo longitudinal da viga após a deformação. Embora essa regra não seja cumprida quando a viga é submetida a cisalhamento e também a flexão, normalmente, podemos considerar que a distorção da seção transversal, como vimos acima, é pequena a ponto de ser desprezada. Essa situação é bastante realista para os casos de uma viga esbelta. Uma viga esbelta é uma viga que possui sua largura pequena em comparação com seu comprimento. Fórmula do cisalhamento transversal A distribuição da deformação por cisalhamento ao longo da largura de uma viga, no caso do cisalhamento transversal, não pode ser expressa facilmente em termos matemáticos, pois ela não é uniforme nem linear para seções transversais. A equação a seguir é conhecida como fórmula do cisalhamento. Temos: τ = VQ/It Onde: τ = tensão de cisalhamento no elemento no ponto localizado à distância y’ do eixo neutro (figura 24). Consideramos que essa tensão é constante e, portanto, média por toda a largura t do elemento. V = força de cisalhamento interna resultante, determinada pelo método das seções e pelas equações de equilíbrio. I = momento de inércia da área da seção transversal inteira, calculada em torno do eixo neutro. t = largura da área da seção transversal do elemento, medida no ponto onde t deve ser determinada. Q = ∫ A'ydA' = y θA', onde A’ é a porção superior (ou inferior) da área da seção transversal do elemento, definido pela seção onde t é medida e y’ é a distância até o centro de A’, medida em relação ao eixo neutro. Resistência dos Materiais 32 Para entendermos melhor as variáveis da equação vamos analisar a figura a seguir. Figura 24 - Seção de uma viga Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 264). Visto que a equação da fórmula do cisalhamento é derivada indiretamente da fórmula da flexão, é necessário que o material se comporte de uma maneira linear elástica e tenha o mesmo módulo de elasticidade quando estiver sob tração e sob compressão. Tensão de cisalhamento em vigas de seção transversal retangular Para colocarmos em prática o método de aplicação da fórmula de cisalhamento e também discutir algumas de suas limitações, vamos aprender agora as distribuições de tensão de cisalhamento em vigas com seção transversal retangular. Considere que a viga tem uma seção transversal retangular de largura b e altura h. Figura 25 - Viga de seção retangular Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 265). Resistência dos Materiais 33 A distribuição da tensão de cisalhamento pela seção transversal pode ser determinada pelo cálculo da tensão de cisalhamento a uma altura qualquer de y em relação ao eixo neutro, como vemos na figura 26. Figura 26 - Viga de seção retangular Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 265). Aqui, a área sombreada colorida escura A’, será usada para calcular . Assim temos a fórmula de cisalhamento transversal em uma seção quadrada, como: τ = 6V/bh3 (h2/4 - y2) Esse resultado indica que a distribuição da tensão de cisalhamento na seção transversal é parabólica. Como podemos visualizar na figura 27. Figura 27 - Viga de seção retangular demonstrando a distribuição parabólico do cisalhamento Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 265). Resistência dos Materiais 34 A intensidade varia de zero nas partes superior e inferior, y = ±h/2, até um valor máximo no eixo neutro, y = 0. RESUMINDO: Gostou do conteúdo aprendido até aqui? Nesse capítulo aprendemos que as forças de cisalhamento em vigas provocam distribuição não linear da deformação por cisalhamento na seção transversal ocasionando uma distorção na viga. Devido à propriedade complementar da tensão de cisalhamento, a tensão de cisalhamento desenvolvida em uma viga age na seção transversal e também em planos longitudinais. Vimos que a fórmula do cisalhamento é usada para elementos prismáticos retos feitos de material homogêneo e que tenham comportamento linear elástico. Além disso, a força de cisalhamento interna resultante deve estar direcionada ao longo de um eixo de simetria para a área da seção transversal. Para uma viga com seção transversal retangular, a tensão de cisalhamento varia parabolicamente com a altura. A tensão de cisalhamento máxima ocorre ao longo do eixo neutro. Muito interessante não é mesmo? Seguimos em frente aprendendo mais sobre essa fascinante área de conhecimento que é a resistência dos materiais! Resistência dos Materiais 35 Problemas resolvidos envolvendo torção - flexão e cisalhamento OBJETIVO: Neste capítulo iremos analisar quatro exercícios resolvidos e comentados sobre torção, flexão e cisalhamento transversal. Dessa forma acreditamos que iremos fixar e compreender a utilização prática de nossos estudos sobre resistência dos materiais. Vamos em frente ampliando e consolidando nosso aprendizado. Torção Para fixarmos o conteúdo aprendido sobre torsão, vamos agora analisar um exercício resolvido sobre o tema. Exercício 1 A distribuição de tensão em um eixo maciço foi representada em gráfico ao longo de três linhas radiais arbitrárias, como mostra a figura 28. Determine o torque interno resultante na seção. Valor de π = 3,14. Figura 28 - Exemplo de barra para exercício resolvido Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, pg. 130). Resistência dos Materiais 36 SOLUÇÃO: O momento polar de inércia para a área da seção transversal é: J = π/2 (50mm)θ4 = 9,82 x 106 θmm4 Aplicando a fórmula da torção com τmáx = 56MPa = 56N/mm2, como podemos observar na figura 27, temos: τmáx = Tc/J 56N/mm2 = T(50mm)/9,82 x 106 mm4 = 11,0 KN.m Assim chegamos no valor do torque. Exercício 2 O tubo é feito de bronze C86100 e tem seção transversal retangular, como mostrado na figura 29. Se for submetido aos dois torques, determinea tensão de cisalhamento média no tubo nos pontos A e B. Figura 29 - Modelo de tubo para exercício resolvido de torção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 160). SOLUÇÃO: Tensão de cisalhamento média: se tomarmos as seções do tubo nos pontos A e B. Conforme conseguimos ver na figura 29, o torque interno é 35 N · m. Como podemos ver na figura 30, a área Am é: Am = (0,035m)(0,057) = 0,002m2 Resistência dos Materiais 37 Figura 30 - Modelo de seção do tubo para exercício resolvido de torção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, pg. 160). Quando utilizamos a equação da tensão para o ponto A, ta = 5mm, temos que: τA =T/2tAm = 35 N . m / 2(0,005m)(0,002m2) = 1,75MPa E para o ponto B, tb = 3 mm, temos que: τB = T/2tAm = 35 N . m / 2(0,003m)(0,002m2) = 2,92MPa Assim temos os resultados nos pontos A e B. Flexão Para aprendermos e fixarmos o conteúdo sobre flexão, vamos analisar um exercício resolvido a seguir. Represente graficamente os diagramas de força cortante e momento fletor para a viga mostrada na figura 31. Figura 31 - Modelo de seção de viga para exercício resolvido de flexão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 183). SOLUÇÃO: Reações nos apoios: as reações nos apoios foram determinadas como mostra a figura 32. Resistência dos Materiais 38 Figura 32 - Reações de apoio em viga para exercício resolvido de flexão. Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 183). Funções de cisalhamento e momento fletor: A viga foi seccionada a uma distância arbitrária x do apoio A, estendendo-se pelo interior da região AB; o diagrama de corpo livre do segmento esquerdo é mostrado na figura 33. Figura 33 - Diagrama de corpo livre em viga para exercício resolvido de flexão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 183). As ações das incógnitas V e M são indicadas no sentido positivo na face direita do segmento de acordo com a convenção de sinal pré- estabelecida. Aplicando as equações de equilíbrio, temos: Resistência dos Materiais 39 + ↑ ΣFy = 0; V = P/2 (1) ↓ + ΣM = 0; M = P/2 x (2) Um diagrama de corpo livre para um segmento esquerdo da viga que se estende até a distância x no interior da região BC é mostrado na figura 34. Figura 34 - Segmento de viga, região BC, para exercício resolvido de flexão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 183). Como sempre, as ações de V e M são mostradas no sentido positivo. Por consequência, temos: O diagrama de força cortante é uma representação gráfica das equações 1 e 3 e o diagrama de momento fletor é uma representação gráfica das equações 2 e 4 (figura 31). Assim temos a representação do diagrama de corpo livre do exercício demonstrado. Cisalhamento Transversal Vamos agora analisar um exercício resolvido sobre cisalhamento transversal. A viga mostrada na figura 35 é feita de madeira e está sujeita a uma força de cisalhamento (cortante) vertical interna resultante V = 3 kN. Determine a tensão de cisalhamento na viga no ponto P. Resistência dos Materiais 40 Figura 35 - Modelo de viga para exemplo de exercício resolvido Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 269). SOLUÇÃO: Propriedades da seção. O momento de inércia da área da seção transversal calculado em torno do eixo neutro é: I = 1/12 bh3 = 1/12 (100mm) (125mm)2 = 16,28 x 106 mm4 Traçamos na seção uma reta horizontal que passa pelo ponto P e a área parcial A’ corresponde à porção sombreada na figura 36. Figura 36 - Modelo de viga para exemplo de exercício resolvido Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 269). Assim temos: Q = yA' = [12,5mm + 1/2 (50mm)] (50mm) (100mm) = 18,75mm x 104 θmm3 Resistência dos Materiais 41 Tensão de cisalhamento: a força de cisalhamento (ou força cortante) na seção é V = 3 kN. Aplicando a fórmula do cisalhamento, ficaria: Visto que τρ contribui para V, ela age para baixo em P na seção transversal. RESUMINDO: Interessante, não é mesmo? Bastante matemática também, não é? A matemática e a física andam lado a lado com o estudo de resistência dos materiais. Afinal de contas é através da linguagem matemática e conceitos físicos que chegamos aos resultados procurados e respondemos perguntas como: essa viga irá suportar o peso e esforço exigido para a construção em questão? Nesse capítulo aprendemos a calcular o torque de uma barra que está sujeita à torção. Também vimos como representar graficamente os diagramas de força cortante e momento fletor para a viga onde temos um peso atuando. E encontramos a tensão de cisalhamento na viga em um ponto P. É possível ver a importância e utilidade destes conceitos não é mesmo? Vamos seguir em frente aprendendo mais sobre a área de resistência dos materiais. Resistência dos Materiais 42 REFERÊNCIAS ALLEN III, J. H. Mechanics of Materials for Dummies. Indianapolis: Editora For Dummies, 2011. BEER, F. P.; JOHNSTON Jr. R. Resistência dos materiais. São Paulo: Makron Books, 1996. BUENO, C.; VENTAVOLI, F. Princípios de Resistência dos Materiais. Publicação digital: livro eletrônico, edição kindle, 2016. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. São Paulo: Pearson, 2014. MARK, J.; WAQAR, A. Surface Engineered Surgical Tools and Medical Devices. São Paulo: Springer, 2007. MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. São Paulo: Editora Érica, 2002. NASH,W.; POTTER, M. C. Resistência dos Materiais. São Paulo: Bookman, 2014. PINHEIRO, A. C. F. B.; CRIVELARO, M. Fundamentos de resistência dos Materiais. Rio de Janeiro: LTC, 2017. Resistência dos Materiais _Hlk61592932 _Hlk67923452 _Hlk61593007 _Hlk61593014 _Hlk67925716 _Hlk67925703 _Hlk67926141 _Hlk67926100 _Hlk67926387 _Hlk67942194 _Hlk67943267 _Hlk67943424 _Hlk67943321 _Hlk67928511 _Hlk67929077 _Hlk67929211 _Hlk67929065 _Hlk67930448 _Hlk67930461 _Hlk67930505 _Hlk67929638 _Hlk67929756 _Hlk67929826 _Hlk67939630 _Hlk67939676 _Hlk67939811 _Hlk67939861 _Hlk67939892 _Hlk67940055 _Hlk60588205 _Hlk67940209 _Hlk67940291 _Hlk67940422 _Hlk67940625 _Hlk67940683 _Hlk67941692 _Hlk67942271 _Hlk67942309 _Hlk67942440 _Hlk67942448 _Hlk67942458 _Hlk67942476 _Hlk67942494 _Hlk67942525 _Hlk67942550 Conceito de torção Conceitos importantes Torque versus torção Torção em eixos maciços Torção em eixos tubulares Conceito de flexão Diagrama de força e momento fletor Deformação devido à flexão Fórmula da flexão Cisalhamento transversal Momento fletor Entendendo o cisalhamento transversal Fórmula do cisalhamento transversal Tensão de cisalhamento em vigas de seção transversal retangular Problemas resolvidos envolvendo torção - flexão e cisalhamento Torção Exercício 1 Exercício 2 Flexão Cisalhamento Transversal