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Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 M175c McShane, Steven L. Comportamento organizacional : conhecimento emergente, realidade global [recurso eletrônico] / Steven L. McShane, Mary Ann Von Glinow ; tradução : Francisco Araújo da Costa. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-404-5 1. Comportamento organizacional. I. Von Glinow, Mary Ann. II. Título. CDU 005.32 McShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd iiMcShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd ii 28/07/14 13:4328/07/14 13:43 5 Bases da Motivação dos Funcionários O Standard Chartered Bank enfrentou a crise financeira mundial melhor do que a maioria dos outros bancos, em parte porque criou um ambiente capaz de formar uma equipe bastante engajada. “Se mais empresas investis- sem positivamente no envolvimento dos funcionários, acho que teríamos melhorias significativas em termos de produtividade e desempenho”, afirma Tim Miller, exe- cutivo sênior do Standard Chartered. Os negócios do banco londrino em Hong Kong foram premiados três ve- zes com o Gallup Great Workplace Award. Na Tailândia, Uganda, Índia (Scope International-India) e Coreia (First Bank Korea Ltd.) o banco também é reconhecido como empregador de alta qualidade em nível mundial ou nos respectivos países. Mais da metade dos funcionários do Standard Charte- red tem altos níveis de envolvimento, em comparação com apenas 25-30% na maioria das organizações. Os funcioná- rios do banco não foram sempre tão motivados, entretanto. Os índices de envolvimento dos funcionários do Standard Chartered mais do que dobraram durante a última déca- da, pois a empresa introduziu práticas específicas. Primei- ro, ela treinou seus gerentes para instruir mais ativamente os funcionários sobre indicadores-chave de desempenho (ICDs), feedback construtivo e formação de competências. Segundo, o Standard Chartered investiu mais no desenvol- vimento dos funcionários, a ponto de quase todos os mem- bros da equipe do banco entenderem suas funções e terem confiança na realização de seus objetivos. Terceiro, o Standard Chartered usa oportunidades de desenvolvimento de carreira e um programa de compra de ações para recompensar o desempenho. Quarto, o banco apoia interações sociais por meio de eventos de voluntariado em equipe e atividades divertidas e estrutu- radas no local de trabalho. Finalmente, o Standard Char- tered enfoca os pontos fortes dos funcionários, não seus defeitos. “Nossa cultura se baseia bastante no movimento da psicologia positiva de se concentrar nos pontos fortes”, explica Tim Miller. “Sabemos que quando as pessoas fa- zem o que gostam, elas são muito mais produtivas do que em funções nas quais têm menos interesse”. O foco do Standard Chartered no envolvimento dos funcionários está gerando resultados no bem-estar dos funcionários e também na rentabilidade da organização. “Usar esse foco [envolvimento dos funcionários] produ- ziu resultados espetaculares”, diz Miller. “Nossas agências mais envolvidas têm crescimento de depósitos significa- tivamente maior, razões custo/renda melhores e menos atrito do que as agências menos envolvidas”. 1 O estabelecimento de metas, o feedback baseado em pontos fortes, as recompensas e os diversos eventos de formação de laços sociais são projetados para manter e melhorar a motivação dos funcionários no Standard Chartered Bank. Essa motivação sustentou o desempe- nho da empresa durante toda a crise financeira mundial e transformou-a em um dos melhores ou mais admira- dos locais de trabalho em diversos mercados emergen- tes. Motivação se refere às forças internas da pessoa que afetam a direção, a intensidade e a persistência de seu comportamento voluntário. 2 Os funcionários moti- vados estão dispostos a exercer um determinado nível de esforço (intensidade) durante certa quantidade de tempo (persistência) rumo a uma meta particular (di- reção). A motivação é um dos quatro impulsionadores essenciais do comportamento e desempenho individual (ver Capítulo 2). Este capítulo introduz as teorias fundamentais da mo- tivação dos funcionários. Iniciaremos com uma análise do envolvimento dos funcionários, conceito cada vez mais popular associado à motivação. A seguir, explica- mos como impulsos e emoções são os principais fatores da motivação dos funcionários. Três teorias que enfo- cam impulsos e necessidades são introduzidas e avalia- das, a saber, a hierarquia das necessidades de Maslow, a teoria das necessidades aprendidas de McClelland e a teoria dos quatro impulsos. Depois, passamos nossa Motivação melhora desempenho. McSchane_05.indd 117McSchane_05.indd 117 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 118 PARTE II Comportamento Individual e Processos ENVOLVIMENTO DO FUNCIONÁRIO Hoje em dia, quando discutem a motivação dos funcionários, os executivos gostam de usar a expressão envolvimento do funcionário. Apesar da definição do termo ainda ser controver- sa,3 ele pode ser definido cautelosamente como a motivação emocional e cognitiva (racional) de um indivíduo, particularmente um esforço focalizado, intenso, persistente e intencional voltado para os objetivos relacionados ao trabalho. Em geral, é descrito como um envolvi- mento emocional, um comprometimento e uma satisfação com o trabalho. O envolvimento do funcionário também inclui um alto nível de absorção no trabalho, ou seja, a experiência de enfocar intensamente a tarefa, com consciência limitada dos eventos que estão além de tal trabalho. Finalmente, o envolvimento do funcionário muitas vezes é descrito em termos de autoeficácia, que é a crença de possuir capacidade, clareza de função e recursos para comple- tar o trabalho (ver Capítulo 3). O envolvimento dos funcionários é um tema muito discutido pelos líderes empresariais da atualidade, pois parece ser um bom preditor de desempenho para indivíduos e unidades de trabalho. O Standard Chartered Bank descobriu que as agências com maiores índices de envolvimento oferecem atendimento ao cliente significativamente melhor, têm rotatividade 46% menor e produzem crescimento da margem de lucro 16% maior do que agências com baixo envolvimento. Na JCPenney, as lojas que estão entre as 25% com maior envolvimento geram renda operacional 36% maior do que lojas de tamanho semelhante que estão entre as 25% com menor envolvimento. A varejista de eletrônicos Best Buy informa que um aumento de 0,1 (em uma escala de 0,0 a 5,0) no índice de envolvimento dos funcionários de uma loja está associada com um aumento de 100.000 dólares em sua rentabilidade anual. Um relatório recente do governo britânico concluiu que o envolvimento dos funcionários é tão importante para a competitividade internacional do país que o governo deveria promover a conscientiza- ção e apoiar as práticas de envolvimento em todos os seto- res da economia.4 Pelos estudos, nem sempre fica claro se o envolvimento dos funcionários causa o sucesso das empre- sas ou se empresas de sucesso conseguem envolver melhor seus funcionários. Entretanto, as intervenções do Standard Chartered, da Best Buy e de algumas outras organizações sugerem que o envolvimento dos funcionários leva aos bons resultados da empresa mais do que vice-versa. OA1 atenção para o popular modelo da decisão racional da motivação dos funcionários: a teoria das expectativas. A seguir, introduzimos a modificação do comportamento organizacional e a teoria social cognitiva, seguidas do estabelecimento de metas e feedback, considerados os conceitos e práticas motivacionais mais úteis e robustos nas organizações. O capítulo se encerra com o tema da motivação por meio da justiça organizacional, incluindo as dimensões e dinâmica da teoria da equidade e justiça procedimental. Objetivos de aprendizagem Após ler este capítulo, você deve ser capaz de: OA1 Definir envolvimento dos funcionários.OA2 Explicar a função dos impulsos e emoções na mo- tivação e no comportamento dos funcionários. OA3 Resumir a hierarquia das necessidades de Maslow, a teoria das necessidades aprendidas de McClelland e a teoria dos quatro impulsos, e discutir suas consequências para a motivação dos funcionários. OA4 Discutir a teoria das expectativas na prática, in- cluindo suas consequências práticas. OA5 Descrever a modificação do comportamento orga- nizacional e a teoria social cognitiva e explicar sua relevância para a motivação dos funcionários. OA6 Descrever as características do estabelecimento de metas e do feedback eficazes. OA7 Resumir a teoria da equidade e descrever manei- ras de melhorar a justiça procedimental. envolvimento do funcionário A motivação emocional e cog- nitiva de um indivíduo, particu- larmente um esforço focalizado, intenso, persistente e intencio- nal voltado para os objetivos relacionados ao trabalho. impulsos Características cerebrais fixas que corrigem deficiências ou mantêm um equilíbrio interno ao produzir emoções para estimu- lar os indivíduos. McSchane_05.indd 118McSchane_05.indd 118 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 5 Bases da Motivação dos Funcionários 119 O desafio dos líderes organizacionais é que a maioria dos funcionários simplesmente não é muito envolvida.5 Os números variam, mas o normal é que apenas cerca de 30% dos funcio- nários americanos estejam altamente envolvidos, o que é ligeiramente superior à média global. Cerca de metade de todos os funcionários tem envolvimento médio e cerca de um quinto tem envolvimento baixo ou ativamente negativo. Os funcionários com envolvimento ativamente negativo não estão simplesmente desmotivados para trabalhar, eles estão frustrados o suficien- te para causar problemas no local de trabalho e minar a motivação dos colegas. Os funcioná- rios de diversos países asiáticos (especialmente Japão, China e Coreia do Sul) e alguns países europeus (especialmente Itália, Holanda e França) têm os menores níveis de envolvimento, enquanto os maiores índices costumam ocorrer nos Estados Unidos, Brasil e Índia. O que nos leva à pergunta: o que impulsiona o envolvimento do funcionário? Estabeleci- mento de metas, engajamento, justiça organizacional, compreensão organizacional (saber o que acontece na empresa), oportunidades de desenvolvimento do funcionário, recursos suficientes e uma visão atraente da empresa são algumas das influências mencionadas com mais frequência.6 Em outras palavras, criar uma força de trabalho envolvida exige que seja colocada em prática a maioria dos tópicos deste livro, como o modelo MARS (Capítulo 2), a criação de um comprome- timento afetivo (Capítulo 4), as práticas motivacionais (Capítulo 5) e a liderança (Capítulo 12). IMPULSOS E NECESSIDADES DO FUNCIONÁRIO Para descobrir como cultivar uma força de trabalho mais envolvida e motivada, primeiro pre- cisamos compreender as forças motivacionais ou motivos principais do comportamento dos funcionários.7 Nosso ponto de partida são os impulsos (também chamados de necessidades primárias), que definimos como características cerebrais fixas que corrigem deficiências na tentativa de nos manter equilibrados. Para tanto, os impulsos produzem emoções que nos dão energia para atuar em nosso ambiente.8 Os impulsos estão recebendo cada vez mais atenção porque pesquisas recentes da neurociência destacam o papel central das emoções nas deci- sões e comportamento dos seres humanos. Não existe uma lista amplamente aceita dos im- pulsos humanos, mas vários são identificados com bastante consistência nas pesquisas, como os impulsos de interação social, competência ou status, o de saber o que está acontecendo ao nosso redor e o de defesa contra danos fisiológicos e psicológicos.10 Os impulsos são inatos e universais, o que significa que todos os têm e que eles existem desde o nosso nascimento. Além disso, os impulsos são os motivos principais do comporta- OA2, OA3 A B&Q, a terceira maior varejista mundial de materiais de cons- trução e decoração, possui uma das equipes mais engajadas do mundo. A empresa britânica trei- na, envolve e recompensa seus funcionários, mas, mais do que isso, ela encoraja atividades diver- tidas nas quais a equipe satisfaz seu impulso de se vincular. Por exemplo, os funcionários de todas as 330 lojas da B&Q participaram de uma dança de cinco minutos simultânea em todas as lojas. O evento filantrópico tentou quebrar o recorde de maior flash mob do mundo. “Nossa equipe fica sorri- dente, e espero que isso se tradu- za em excelente atendimento para o cliente”, um gerente de loja da B&Q explicou sobre a flash mob.9 McSchane_05.indd 119McSchane_05.indd 119 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 120 PARTE II Comportamento Individual e Processos mento, pois geram emoções que por sua vez colocam as pessoas em um estado de prontidão para atuar em seu ambiente. As emoções têm um papel crucial na motivação.11 Na verdade, ambas as palavras (emoção e motivação) têm origem no mesmo termo em latim, movere, que significa “mover”. A Figura 5.1 mostra como os impulsos e as emoções se traduzem em necessidades sen- tidas e em comportamentos. Os impulsos, e as emoções que produzem, geram necessidades humanas. Nós definimos necessidades como forças voltadas para objetivos. Elas são forças motivacionais de emoções direcionadas a determinados objetivos para corrigir deficiências ou desequilíbrios. Como explica um importante neurocientista, “os impulsos se expressam diretamente nas emoções subjacentes e acabamos nos conscientizando de sua existência por meio de sentimentos subjacentes”.12 Considere o exemplo a seguir: você chega no trabalho e descobre um estranho sentado em sua mesa. Essa situação produz emoções (preocupação, curiosidade) que o motivam a agir. Essas emoções são geradas por impulsos, como o de defender e o de conhecer. Quando são fortes o suficiente, eles o motivam a agir em relação à situação, nesse caso tentando desco- brir quem é essa pessoa e talvez buscando confirmação junto aos colegas de que seu emprego ainda está seguro. Você sente a necessidade de saber o que está acontecendo, de se sentir seguro e possivelmente de corrigir a sensação de violação pessoal. Observe que suas reações emocionais ao ver o estranho sentado em sua mesa representam as forças que o perturbam, mas é você que canaliza essas emoções em direção a objetivos específicos. Diferenças individuais nas necessidades Todos têm os mesmos impulsos, que são parte fixa da nossa neurologia criada pela evolução, mas cada um desenvolve diferentes intensidades de necessidades em determinadas situações. A Figura 5.1 explica por que essa diferença ocorre. O lado esquerdo do modelo mostra que o autoconceito do indivíduo (assim como personalidade e valores), as normas sociais e a ex- periência pregressa amplificam ou suprimem emoções baseadas em impulsos, gerando assim necessidades mais fortes ou mais fracas.13 As pessoas que se definem como muito sociáveis costumam sentir uma forte necessidade de interação social se ficam sozinhas por um tempo, enquanto as pessoas que se consideram menos sociáveis sentiriam uma necessidade menos intensa de se socializar durante o mesmo período. Essas diferenças individuais também ex- plicam por que as necessidades podem, em parte, ser “aprendidas”. A socialização e o reforço podem forçar as pessoas a alterarem um pouco seus autoconceitos, gerando necessidades mais fortes ou mais fracas de interação social, realização, e assim por diante. Analisaremos as necessidades aprendidas em uma parte posterior deste capítulo. O autoconceito, as normas sociais e a experiência pregressa também regulam as decisões motivadas e o comportamento de uma pessoa, conforme ilustra o lado direito da Figura 5.1. Considere o exemplo anterior do estranho sentado à sua mesa. Provavelmente, você não iria até a pessoa e exigiria que ela saísse imediatamente da sua mesa porque tal comportamentorude é contrário às normas sociais na maioria das culturas. Funcionários que se conside- ram francos poderiam abordar o estranho diretamente, enquanto aqueles com autoconcei- tos diferentes ou que tiveram experiências negativas com o confronto direto provavelmente coletariam mais informações junto aos colegas antes de abordar o estranho. Em suma, seus impulsos (de conhecer, defender, vincular, etc.) e as emoções resultantes deles dão a você Autoconceito, normas sociais e experiência pregressa Impulsos (necessidades primárias) e emoções Necessidades (secundárias) Decisões e comportamento FIGURA 5.1 Impulsos, necessidades e comportamento. McSchane_05.indd 120McSchane_05.indd 120 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 5 Bases da Motivação dos Funcionários 121 energia para agir, enquanto seu autoconceito, normas sociais e experiência pregressa dirigem essa energia para comportamentos direcionados por objetivos. A Figura 5.1 fornece um modelo útil para compreender como os impulsos e emoções são as principais fontes de motivação do funcionário e como as características individuais (auto- conceito, experiência, valores) influenciam o comportamento voltado para objetivos. Você verá partes dessa teoria quando discutirmos a teoria dos quatro impulsos, a teoria das expec- tativas, a teoria da equidade e outros conceitos neste capítulo. O restante da seção descreve as teorias que tentam explicar a dinâmica dos impulsos e necessidades. Teoria da hierarquia de necessidades de Maslow Sem dúvida nenhuma, a teoria da motivação humana mais conhecida é a teoria da hierarquia de necessidades de Maslow (ver Figura 5.2). Desenvolvida pelo psicólogo Abraham Maslow na década de 1940, o modelo condensa e integra a longa lista de necessidades e impulsos que foram estudados anteriormente em uma hierarquia de cinco categorias básicas (da inferior para a superior):14 fisiológicas (necessidade de comida, ar, água, abrigo, etc.), segurança (neces- sidade de segurança e estabilidade), pertencimento/amor (necessidade de interação e afeto com outras pessoas), estima (necessidade de autoestima e estima/status social) e autorrealização (necessidade de sucesso pessoal e concretização do próprio potencial). Além de desenvolver essas cinco categorias, Maslow identificou o desejo de saber e o desejo de beleza estética como dois impulsos inatos que não se encaixam na hierarquia. Maslow sugeriu que somos motivados simultaneamente por várias necessidades primárias (impul- sos), mas a fonte mais forte é a necessidade mais baixa não satisfeita no momento. À medida que uma pessoa satisfaz uma necessidade de nível mais baixo, a próxima necessidade mais alta na hierarquia se torna o motivador primário e con- tinua assim até que seja satisfeita. Limites e contribuições da obra de Maslow Apesar de sua popularidade, a teoria da hierarquia de necessidades de Maslow é rejeitada pela maioria dos especialistas em mo- tivação.15 Os estudos concluíram que as pessoas não evoluem necessidades Forças voltadas para objetivos que as pessoas sentem. Teoria da hierarquia de necessidades de Maslow Teoria motivacional das ne- cessidades dispostas em uma hierarquia, por meio da qual as pessoas são motivadas a sa- tisfazer uma necessidade mais elevada à medida que uma ne- cessidade inferior é satisfeita. Autorrea- lização Estima Pertencimento Segurança Fisiológicas FIGURA 5.2 Hierarquia de necessidades de Maslow. Fonte: Baseado em informações de A.H. Maslow, “A Theory of Human Motivation,” Psychological Review 50 (1943), pp. 370–96. McSchane_05.indd 121McSchane_05.indd 121 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 122 PARTE II Comportamento Individual e Processos por meio da hierarquia como prevê a teoria. A teoria da hierarquia das necessidades também sugere que as necessidades são atendidas por períodos prolongados, enquanto as evidências sugerem que o atendimento existe por períodos muito menores. Embora a teoria da hierarquia de necessidades tenha falhado no teste de realidade, Maslow merece crédito por trazer uma abordagem mais holística, humanística e positiva para o estudo da motivação humana:16 • Perspectiva holística. Maslow explicou que as diversas necessidades devem ser estuda- das em conjunto (holisticamente), pois o comportamento humano normalmente é ini- ciado por mais de uma delas ao mesmo tempo. Anteriormente, os especialistas em mo- tivação haviam dividido as necessidades ou impulsos em dezenas de categorias, cada uma das quais era estudada individualmente.17 • Perspectiva humanista. Maslow introduziu a ideia, então inédita, de que as necessidades de ordem superior são influenciadas por fatores pessoais e sociais, e não apenas pelos ins- tintos.18 Em outras palavras, ele foi o primeiro a reconhecer que o pensamento humano (incluindo autoconceito, normas sociais e experiência pregressa) afeta a motivação. Os especialistas anteriores em motivação haviam enfocado quase exclusivamente os instin- tos humanos, sem considerar que a motivação poderia ser influenciada pelo pensamento. • Perspectiva positiva. Maslow popularizou o termo autorrealização, sugerindo que as pessoas são naturalmente motivadas a atingir seu potencial e que as organizações e as sociedades precisam ser estruturadas para ajudá-las a continuar e desenvolver tal motivação.19 Essa visão positiva da motivação contrasta com a ideia dominante de que as necessidades são ativadas por deficiências, como a fome. Na verdade, Maslow é con- siderado um pioneiro do comportamento organizacional positivo. O CO positivo afirma que o foco nos aspectos positivos da vida, em vez de nos negativos, aumentará o su- cesso organizacional e o bem-estar individual (ver Capítulo 3). Em outras palavras, a abordagem defende a construção de qualidades e perspectivas positivas em indivíduos ou instituições em vez do foco em tentar corrigir o que eles podem ter de errado.20 O que há de errado com o modelo de hierarquia de necessidades? Em última aná- lise, a teoria de Maslow não conseguiu explicar a motivação humana, porque as pessoas não se encaixam numa hierarquia única de necessidades que é igual para todos. As evidências cada vez mais indicam que as pessoas possuem hierarquias diferentes. Algumas colocam o status social no topo da sua hierarquia pessoal; outras consideram o desenvolvimento e o crescimento pessoais uma prioridade permanente sobre as relações ou o status social. As ne- cessidades dos funcionários são fortemente influenciadas pelo autoconceito, pelos valores pessoais e pela personalidade.21 Se seus valores mais importantes envolvem estímulo e autodi- recionamento, você provavelmente presta mais atenção às necessidades de autorrealização. Se poder e conquista dominam seu sistema de valores, as necessidades de status provavelmente estão no alto de suas necessidades. Essa ligação entre os valores e as necessidades sugere que uma hierarquia de necessidades é única para cada pessoa e que possivelmente pode mudar ao longo do tempo, assim como os valores mudam ao longo da vida.22 Teoria das necessidades aprendidas Mais no início deste capítulo, foi afirmado que os impulsos são inatos, enquanto as neces- sidades são moldadas, ampliadas ou suprimidas pelo autoconceito, pelas normas sociais e pela experiência pregressa. Maslow observou esse fato quando escreveu que as características individuais influenciam a força das necessidades de ordem superior, como a necessidade de pertencer. O psicólogo David McClelland investigou mais a fundo a ideia de que a força da necessidade pode ser alterada pelas influências sociais. Em especial, ele reconheceu que as ne- cessidades de uma pessoa podem ser fortalecidas mediante reforço, aprendizagem e condições sociais. McClelland examinou três necessidades “aprendidas”: realização, poder e afiliação.23 Necessidade de realização As pessoas com forte necessidade de realização (nRea) que- rem atingir objetivos razoavelmente difíceis por meio de seu próprio esforço. Elas preferemtrabalhar sozinhas em vez de em equipes e escolhem tarefas com um grau moderado de risco (nem tão fáceis e nem impossíveis de concluir). As pessoas com alta nRea também desejam feedback e reconhecimento inequívocos por seu sucesso. O dinheiro é um motivador fra- McSchane_05.indd 122McSchane_05.indd 122 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 5 Bases da Motivação dos Funcionários 123 co, exceto quando está associado a feedback e reconhecimento.24 Os funcionários com baixa nRea, por outro lado, executam melhor o seu trabalho quando o dinheiro é utilizado como incentivo. Os empreendedores de sucesso tendem a ter uma alta nRea, possivelmente porque estabelecem objetivos difíceis para si próprios e prosperam quando enfrentam concorrência.25 Necessidade de afiliação A necessidade de afiliação (nAfi) refere se ao desejo de buscar a aprovação das outras pessoas, estar de acordo com seus desejos e expectativas, e evitar o con- flito e a confrontação. As pessoas com uma forte nAfi tentam projetar uma imagem favorável de si mesmas. Elas tendem a apoiar ativamente as outras pessoas e a colocar panos quentes nos conflitos de trabalho. Os funcionários com alta nAfi geralmente trabalham bem em papéis de coordenação para mediar conflitos e em posições de vendas, em que a tarefa principal é culti- var relações de longo prazo. No entanto, tendem a ser menos eficazes na alocação de recursos escassos e na tomada de decisões com potencial para gerar conflitos. As pessoas em posição para tomar decisões devem ter uma necessidade de afiliação relativamente baixa para que suas escolhas e ações não sejam influenciadas por uma necessidade pessoal de aprovação.27 Necessidade de poder As pessoas com uma alta necessidade de poder (nPod) querem exercer controle sobre as outras e se preocupam em manter sua posição de liderança. Elas se baseiam frequentemente na comunicação persuasiva, dão mais sugestões nas reuniões e tendem a avaliar publica- mente as situações com mais frequência. McClelland ob- servou que existem dois tipos de nPod. Os indivíduos que desfrutam do poder para o seu próprio bem, e o usam para promover os interesses pessoais, além de ostentá-lo Adriana Cisneros (direita) demonstrava uma forte necessidade de realização muito antes de começar a trabalhar no império latino-ameri- cano de mídia e entretenimento. “Ela é muito motivada. E é incansável. Tem excelentes ideias e quer transformá-las em realidade”, afirma Gustavo Cisneros (esquerda), pai de Adriana e CEO do Cisneros Group em Coral Gables, Flórida. Adriana, diretora de estratégia e vice- -presidente da empresa, afirma que sua necessidade de realização é ao mesmo tempo aprendida e genética. “A educação é uma parte importante dessa história”, ela sugere. “Meus pais sempre deram todo o apoio quando os filhos tinham ideias malucas”.26 necessidade de realização (nRea) Necessidade aprendida segun- do a qual as pessoas querem cumprir metas razoavelmente difíceis e desejam feedback e reconhecimento inequívocos por seu sucesso. necessidade de afiliação (nAfi) Necessidade aprendida segun- do a qual as pessoas buscam a aprovação das outras, querem estar de acordo com os desejos e expectativas delas e evitar o conflito e a confrontação. necessidade de poder (nPod) Necessidade aprendida segun- do a qual as pessoas querem controlar o ambiente, incluindo os recursos humanos e mate- riais, para se beneficiarem (po- der personalizado) ou às outras pessoas (poder socializado). McSchane_05.indd 123McSchane_05.indd 123 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 124 PARTE II Comportamento Individual e Processos como um símbolo de status, têm poder personalizado. Outros têm principalmente uma alta necessidade de poder socializado porque desejam o poder como um meio de ajudar as outras pessoas.28 McClelland argumenta que os líderes eficazes devem ter uma alta necessidade de poder socializado em vez de personalizado, ter um alto grau de altruísmo e responsabilidade social e se preocupar com as consequências das suas próprias ações sobre as outras pessoas. Necessidades de aprendizagem McClelland acreditava que as necessidades podem ser aprendidas (mais exatamente, fortalecidas ou enfraquecidas), e os programas de treinamento que desenvolveu apoiavam essa ideia. Em seu programa de motivação para a realização, alunos escreviam histórias voltadas para a realização e praticavam comportamentos voltados para a realização em jogos de negócios. Eles também concluíam um plano de realização detalhado para os próximos dois anos e formavam um grupo de referência com outros alunos para apoiar sua nova motivação para a realização.29 Os participantes desses programas de motivação para a realização fundavam mais novos negócios, tinha maior envolvimento com a comunidade, investiam mais na expansão de seus negócios e empregavam o dobro dos funcionários em relação a uma amostra empareada de não participantes. Para aumentar a motivação para a realização, os programas de treinamento alteravam os autoconceitos dos participantes e re- forçavam experiências, amplificando emoções relacionadas geradas por impulsos inatos. Na redação de planos de realização, por exemplo, os participantes eram encorajados (e apoiados por outros participantes) a vivenciarem a emoção do sucesso que esperavam no futuro. Teoria dos quatro impulsos Uma das mensagens centrais deste capítulo é que as emoções desempenham uma função importante na motivação do funcionário. Essa visão é apoiada por uma série de novas pes- quisas em neurociências, mas está quase completamente ausente das teorias de motivação contemporâneas em comportamento organizacional. Os cientistas sociais de diversos campos (psicologia, antropologia, etc.) cada vez mais concordam que os seres humanos possuem vá- rios impulsos fisicamente conectados, incluindo a interação social, a aprendizagem e o suces- so. Uma das poucas teorias motivacionais a aplicar esse conhecimento emergente é a teoria dos quatro impulsos.30 Desenvolvida pelos professores Paul Lawrence e Nitin Nohria, da Harvard Business School, a teoria dos quatro impulsos afirma que todos temos o impulso de adquirir, vincular, aprender e defender: • Impulso de adquirir. É o impulso de buscar, pegar, controlar e reter objetos e experiên- cias pessoais. O impulso de adquirir vai além do básico dos alimentos e da água; inclui melhorar o autoconceito de uma pessoa por meio do status relativo e do reconhecimen- to na sociedade.31 Desse modo, é a base da concorrência e também da nossa necessida- de de estima. A teoria dos quatro impulsos afirma que o impulso de adquirir é instável porque o propósito da motivação humana é alcançar uma posição mais alta do que a das outras pessoas, não apenas satisfazer as necessidades fisiológicas. • Impulso de se vincular. É o impulso de formar relações sociais e desenvolver compro- missos de cuidados mútuos com as outras pessoas. Ele explica por que as pessoas for- mam identidades sociais alinhando seu autoconceito com diversos grupos sociais (ver Capítulo 3), além de por que indivíduos com pouco contato social tendem a ter mais problemas de saúde graves.32 O impulso de vincular motiva as pessoas a cooperarem e, consequentemente, é um ingrediente fundamental no sucesso das organizações e no desenvolvimento das sociedades. • Impulso de aprender. É o impulso de satisfazer a nossa curiosidade, conhecer e com- preender a nós mesmos e ao ambiente à nossa volta.33 Quando observamos algo que seja inconsistente com o nosso conhecimento atual, ou que esteja além da nossa com- preensão, vivenciamos uma tensão que nos motiva a preencher essa lacuna de informa- ção. Na verdade, estudos revelaram que as pessoas sem acesso a qualquer informação nova desejarão até mesmo as informações enfadonhas; o impulso de aprender gerou emoções tão fortes que os participantes do estudo acabaram ansiando por relatórios do mercado de ações com um mês de defasagem!34 O impulso de aprender está rela- cionadocom as necessidades de ordem superior do crescimento e da autorrealização, descritas anteriormente. McSchane_05.indd 124McSchane_05.indd 124 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 5 Bases da Motivação dos Funcionários 125 • Impulso de defender. É o impulso de nos protegermos física e socialmente. Provavel- mente o primeiro impulso a se desenvolver, ele cria uma resposta “lutar ou fugir” diante de um perigo pessoal. O impulso de defender vai além de nos protegermos fisicamente; ele inclui defender as nossas relações, nossas aquisições e nossos sistemas de crenças. Esses quatro impulsos são inatos e universais, o que significa que são partes inerentes de nossos cérebros e são encontrados em todos os seres humanos. Eles também são inter- dependentes. Não há uma hierarquia de impulsos, de modo que nenhum depende do outro ou é inerentemente inferior ou superior a outro. A teoria dos quatro impulsos também afir- ma que eles formam um conjunto completo, ou seja, o modelo não exclui nenhum impulso fundamental. Outra característica fundamental é que três dos quatro impulsos são proativos e que tentamos satisfazê-los regularmente. Apenas o impulso de defender é reativo, pois é desencadeado por ameaças. Assim, qualquer noção de satisfação dos impulsos é, na melhor das hipóteses, temporária. Como os impulsos influenciam a motivação dos funcionários A teoria dos quatro impulsos é derivada de pesquisas recentes em neurociências sobre o processo de marcadores emocionais e sobre como as emoções são canalizadas em decisões e comportamentos. Como descrevemos em capítulos anteriores, nossas percepções do mundo ao nosso redor são sinali- zadas de forma rápida e inconsciente com marcadores emocionais.35 De acordo com a teoria dos quatro impulsos, estes determinam quais emoções são ligadas aos estímulos recebidos. Pense em nosso exemplo anterior: se chega ao trabalho um dia e vê um estranho sentado em sua cadeira, você pode sentir rapidamente preocupação, curiosidade ou ambos. Essas emo- ções são criadas automaticamente por um ou mais dos quatro impulsos. Nesse exemplo, as emoções produzidas provavelmente são fortes o bastante para exigir sua atenção e motivá-lo a agir com base nessa constatação. Na maior parte das vezes, não temos consciência das nossas experiências emocionais por- que elas são sutis e fugazes. No entanto, as emoções se tornam experiências conscientes quan- do são suficientemente fortes ou quando sentimos emoções conflitantes. Sob essas circuns- tâncias, nosso conjunto de habilidades mentais se baseia nas normas sociais, na experiência pregressa e nos valores pessoais para direcionar a força motivacional das nossas emoções para ações capazes de lidar com a situação (ver Figura 5.3). Em outras palavras, nosso conjunto de habilidades mentais escolhe os cursos de ação que são aceitáveis para a sociedade, são consistentes com nossa bússola moral e têm alta probabilidade de atingir o objetivo.36 Esse é o processo descrito no começo deste capítulo, a saber, de que os impulsos produzem emoções; nosso autoconceito, normas sociais e experiência pregressa as traduzem em necessidades vol- tadas para objetivos, e essas características individuais também traduzem as necessidades em decisões e comportamento. Impulso de adquirir Normas sociais O conjunto de habilidades mentais canaliza as forças emocionais criadas pelos impulsos Escolha e esforço voltados para objetivos Valores pessoais Experiência pregressa Impulso de se vincular Impulso de aprender Impulso de defender FIGURA 5.3 Teoria dos quatro impulsos da motivação. Fonte: Baseado em informações de P.R. Lawrence and N. Nohria, Driven: How Human Nature Shapes Our Choices (San Francisco: Jossey-Bass, 2002). teoria dos quatro impulsos Teoria da motivação baseada nos impulsos inatos de ad- quirir, vincular, aprender e defender que incorporam tanto as emoções quanto a racionalidade. McSchane_05.indd 125McSchane_05.indd 125 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 126 PARTE II Comportamento Individual e Processos Avaliação da teoria dos quatro impulsos Embora tenha sido introduzida recentemen- te, a teoria dos quatro impulsos se baseia em uma profunda base de pesquisa que remonta a mais de três décadas. Os impulsos foram identificados a partir de estudos psicológicos e antropológicos. Além disso, Shalom Schwartz escreveu recentemente que a teoria dos quatro impulsos corresponde bem às dez dimensões em seu modelo circumplexo de valores pessoais (ver Capítulo 2).37 A tradução dos impulsos em comportamentos voltados para objetivos tem sua origem em um considerável volume de pesquisa sobre as emoções e os processos neurais. A teoria explica por que as necessidades variam entre os indivíduos e evita o pressuposto de que todos têm a mesma hierarquia de necessidades. Observe também que a teoria dos quatro impulsos satisfaz dois dos critérios de Maslow para qualquer teoria motivacional: ela é holísti- ca (relacionada a todos os impulsos, não apenas a um ou dois) e humanista (reconhece o papel do pensamento humano e das influências sociais, não apenas o instinto). A teoria dos quatro impulsos também proporciona uma compreensão mais clara do papel da inteligência emo- cional na motivação e no comportamento dos funcionários. Os funcionários com inteligência emocional elevada são mais sensíveis às demandas concorrentes dos quatro impulsos, são mais capazes de evitar o comportamento impulsivo decorrente destes impulsos e podem julgar a melhor maneira de agir para satisfazerem essas demandas de impulso em um contexto social. Mesmo com seus alicerce sólido de pesquisa, a teoria dos quatro impulsos está longe de ser completa. A maioria dos especialistas argumentaria que existe um ou dois impulsos adicionais que deveriam ser incluídos. Além disso, as normas sociais, os valores pessoais e a experiência pregressa provavelmente não representam o conjunto total de características individuais que traduzem as emoções em esforço voltado para objetivos. Por exemplo, a per- sonalidade e o autoconceito provavelmente exercem uma função importante na tradução dos impulsos em necessidades e das necessidades em decisões e comportamentos. Consequências práticas da teoria dos quatro impulsos A principal recomendação da teoria dos quatro impulsos é garantir que os empregos e locais de trabalho proporcionem uma oportunidade equilibrada para que os quatro impulsos sejam satisfeitos.38 Na realidade, as recomendações são duas. A primeira é que os melhores locais de trabalho para a motiva- A Radialpoint, uma das empresas mais bem administradas do Ca- nadá, desenvolve tecnologias de ponta para a Verizon, a Bell Canada e outras gigantes da Internet. O CEO e cofundador Hamnett Hill acredita que equilibrar a satisfação dos impulsos dos funcionários é um fator por trás desse sucesso. “As pessoas querem um trabalho interessante que faça a diferença e seja recompensador”, Hill explica. Os 250 funcionários da empresa de Montreal satisfazem seu impulso de adquirir com o desenvolvimento pessoal, trabalhos desafiadores e recompensas por desempenho, mas eles também trabalham em uma cultura apoiadora, com for- mação de equipes e comunicação aberta. “Todos querem se sentir respeitados e valorizados, como se estivessem trabalhando com algo importante, e todos querem ter uma grande equipe ao seu redor”, afirma Hill.39 McSchane_05.indd 126McSchane_05.indd 126 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 5 Bases da Motivação dos Funcionários 127 ção e o bem-estar do funcionário ofereçam condições que ajudem os funcionários a satisfa- zerem seus quatro impulsos. Os funcionários buscam continuamente a satisfação dos seus impulsos inatos, então as empresas de sucesso fornecem níveis suficientes de recompensas, informações sobre eventos organizacionais, interação social e assim por diante para todos os funcionários. A segunda recomendação é que a satisfação dos quatro impulsos deve ser mantida em equilíbrio;isto é, as organizações devem evitar oportunidades demais ou de menos para sa- tisfazer cada impulso. O motivo dessa advertência é que os quatro impulsos se equilibram mutuamente. O impulso de se vincular equilibra o impulso de adquirir; o impulso de defen- der equilibra o impulso de aprender. Uma empresa que estimula o impulso de adquirir sem o impulso de se vincular pode causar confusão na política da organização e gerar conflito disfuncional. A mudança e a novidade no local de trabalho aumentarão o impulso de apren- der, mas, em excesso, desencadearão o impulso de defender a tal ponto que os funcionários se tornarão territoriais e resistentes à mudança. Desse modo, o local de trabalho deve oferecer oportunidades suficientes para manter os quatro impulsos em harmonia. Essas recomendações explicam por que o Standard Chartered Bank, descrito no início deste capítulo, tem uma equipe motivada e é considerada um dos melhores lugares onde tra- balhar no mundo. A empresa motiva os funcionários a buscarem objetivos desafiadores (im- pulso de adquirir), mas equilibra essa motivação com eventos sociais e recompensas igualitá- rias. A empresa encoraja novas ideias, mas também mantém uma certa estabilidade nas vidas profissionais da equipe e busca novas maneiras de melhorar o bem-estar dos funcionários. TEORIA MOTIVACIONAL DAS EXPECTATIVAS As teorias descritas até agora explicam principalmente as origens internas da motivação do funcionário. Mas como esses impulsos e necessidades se traduzem em esforço e comporta- mento específicos? A teoria dos quatro impulsos reconhece que as normas sociais, os valores pessoais e a experiência pregressa direcionam nossos esforços, mas não oferece mais detalhes. A teoria das expectativas, por outro lado, oferece um modelo elegante baseado na lógica para prever a direção escolhida, o nível e a persistência da motivação. Essencialmente, a teoria afirma que o esforço do trabalho é direcionado a comportamentos que as pessoas acreditam que levarão aos resultados desejados. Em outras palavras, somos motivados a alcançar ob- jetivos com a maior previsão de retorno.40 Como vemos na Figura 5.4, o nível de esforço de OA4 teoria das expectativas Teoria motivacional baseada na ideia de que o esforço de trabalho é direcionado para comportamentos que as pes- soas acreditam que levarão a resultados desejados. Resultado 3 DesempenhoEsforço +/– Resultado 2 +/– Resultado 1 +/– Probabilidade de que um nível de esforço específico resulte em um nível espe- cífico de desempenho. Expectativa E para DExpectativa E para D Probabilidade de que um nível de desempenho espe- cífico resulte em um nível específico de resultado. Expectativa D para RExpectativa D para R Satisfação prevista para o resultado. ValênciaValênciaExpectativa E para D Expectativa D para R Valência FIGURA 5.4 Teoria motivacional das expectativas. McSchane_05.indd 127McSchane_05.indd 127 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 128 PARTE II Comportamento Individual e Processos um indivíduo depende de três fatores: expectativa de esforço para desempenho (E-para-D), expectativa de desempenho para resultado (D-para-R) e valências de resultado. A motivação do funcionário é influenciada pelos três componentes do modelo da teoria das expectativas. Se qualquer um dos componentes enfraquecer, a motivação se enfraquece. • Expectativa E-para-D. Trata-se da probabilidade percebida pelo indivíduo de que seu esforço resultará em um determinado nível de desempenho. Em algumas situações, os funcionários podem acreditar que conseguem realizar a tarefa de forma inquestionável (uma probabilidade de 1). Em outras situações, esperam que até mesmo o nível mais elevado de esforço não resultará no nível de desempenho desejado (uma probabilidade de 0). Na maioria dos casos, a expectativa E-para-D fica em algum ponto entre esses dois extremos. • Expectativa D-para-R. Trata-se da probabilidade percebida de que um determinado comportamento ou nível de desempenho levará a um determinado resultado. Em ca- sos extremos, os funcionários podem acreditar que realizar uma determinada tarefa (desempenho) resultará definitivamente em um determinado resultado (uma proba- bilidade de 1) ou podem acreditar que o desempenho bem-sucedido não terá nenhum efeito sobre esse resultado (uma probabilidade de 0). Em geral, a expectativa D-para-R cai em algum ponto entre esses dois extremos. • Valências de resultado. A valência é a satisfação ou insatisfação prevista que um indiví- duo sente em relação a um resultado. Ela varia entre negativa e positiva (o intervalo real não importa, podendo ser de – 1 a +1 ou de – 100 a +100). Uma valência de resultado representa a satisfação prevista de uma pessoa com o resultado.41 Os resultados têm uma valência positiva quando são consistentes com nossos valores e satisfazem nossas necessidades; eles têm uma valência negativa quando se opõem a nossos valores e ini- bem a satisfação da necessidade. McSchane_05.indd 128McSchane_05.indd 128 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Página em branco
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