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Influência dos Pais nos Relacionamentos

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Podcast 
Disciplina: Psicossexualidade 
Título do tema: O complexo de Édipo e o desenvolvimento psicossexual 
Autoria: Allyne Evellyn Freitas Gomes 
Leitura crítica: Cleber José Aló de Moraes 
 
Abertura: 
Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar sobre a influência da relação dos 
pais e/ou cuidadores da criança na escolha dos futuros parceiros amorosos na 
vida adulta. 
Infelizmente, uma importante influência são as experiências de agressões na 
infância e de abandono paterno. Na clínica atual é comum atender mulheres 
que se queixam de relacionamentos abusivos. Vou apresentar para vocês um 
caso fictício que se constitui como uma junção de histórias de diversas 
mulheres que acompanho, e em seguida vamos refletir sobre essa construção. 
Maria tem 30 anos de idade e chega ao consultório de psicanálise mobilizada, 
muito angustiada, dizendo que a história de vida dela não era possível ser 
resolvida com psicoterapia, pois suas demandas eram relativas a traumas 
vividos em relacionamentos dos seus pais, que ela repete na atualidade. Na 
história de Maria, temos uma mulher muito bem resolvida, concursada, 
independente, mãe e com casa e carro próprios. Ela, além de concursada, 
ainda é empresária e possui um salão de beleza. Seu marido, porém, detesta 
essa vida de empresária da esposa; não apoia seu negócio, não ajuda nas 
contas da casa e vive dizendo que ela vai falir; que deveria assumir o lugar de 
mãe e mulher e cuidar da casa, do filho e não deixar uma empregada em casa 
fazendo “o que ela deveria fazer”. Em 10 anos de casamento esse 
companheiro já bateu e ameaçou Maria por diversas vezes; contudo ela não 
consegue por um fim definitivo no relacionamento. As amigas não entendem, 
pois sabem que ela é uma mulher forte e independente financeiramente e não 
precisa do marido. Contudo, ela não consegue se manter separada desse 
companheiro nas diversas tentativa de separação realizadas. Em algumas 
sessões a paciente diz : “eu devo ser doente pois ainda sinto muita falta dele e 
gostaria de voltar pra nossa família, sei que a forma que ele me tratava é 
porque ele me ama e certamente só queria me punir pois esse meu jeito de ser 
acaba deixando-o muito inseguro mesmo, afinal tenho muitos amigos e isso 
provoca ciúmes em qualquer homem não é mesmo Dra.?” 
Maria vem de uma família onde a mãe criou ela e a irmã sozinha, pois o pai 
nunca assumiu a família, nunca se casou com ela nem tampouco custeava as 
despesas das filhas. Com muita dificuldade, a mãe de Maria, dona Josefa, 
sustentou as filhas e hoje ainda se mantém como “namorada” do pai das 
meninas, já que ele vive com outras mulheres. Maria nunca cresceu num lar 
com ambos os pais, nunca presenciou a mãe recebendo um carinho ou com 
um namorado que lhe fizesse bem. E infelizmente acompanha todas as 
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humilhações e brigas entre a mãe e as diversas namoradas de seu pai. Desta 
forma temos um padrão de referência familiar para pensar o caso da paciente 
Maria. Em sua opinião, qual a relação entre a história de vida da paciente e sua 
dificuldade na idade adulta de sair de um relacionamento que ela mesma 
nomeia como abusivo? 
As relações abusivas comumente são repetições de padrões de 
relacionamentos vivenciados pelas figuras parentais das pacientes, 
relacionamentos esses que enquanto criança elas acabam internalizando e 
inconscientemente tomando como referencial de amor e normalidade. 
Os pais são importantes na formação do psiquismo e através deles as crianças 
acabam vivenciado experiências traumáticas relacionadas aos papeis paternos 
e/ou maternos. Vivências essas que se repetem em relacionamentos quando 
adultos. 
Assim, os tipos de relacionamentos abusivos vivenciados predominantemente 
são repetições de uma experiência vivenciada na infância em que a criança 
cresceu acompanhando esse modelo de relação afetiva. E infelizmente a 
escolha dos objetos de investimento libidinal da fase adulta tomam como 
referência os modelos das figuras parentais, mesmo que sejam modelos 
negativos e relacionados a violências, humilhações e maus tratos físicos e 
psicológicos. Portanto percebemos que as figuras parentais interferem e 
muito no desenvolvimento psicológico, na formação do psiquismo e nas 
escolhas dos parceiros sexuais. 
Desta forma, as pacientes não conseguem finalizar os relacionamentos 
abusivos e buscam tratar os traumas que trazem em si para assim elaborar 
tais traumas e conquistar a força e autonomia necessárias para sair desse ciclo 
de violência. Logo, enquanto pais e mães é importante uma reflexão: quais 
padrões de relacionamento afetivo estamos transmitindo para nossas crianças? 
Pois eles serão as referencias para as relações futuras. 
Fechamento: Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!