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Podcast 
Disciplina: Psicossexualidade 
Título do tema: A psicossexualidade na teoria freudiana 
Autoria: Allyne Evellyn Freitas Gomes 
Leitura crítica: leitor, insira aqui seu nome 
 
Abertura: 
Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar do conceito de desenvolvimento 
psicossexual na obra freudiana e descrever o desenvolvimento psicossexual de 
acordo com a abordagem da psicanálise. 
Você já deve ter ouvido falar que para psicanálise tudo se resume a sexo, será 
mesmo? Sigmund Freud, o pai da psicanálise, é acusado por muitos de reduzir 
toda a dimensão do desenvolvimento humano à sexualidade. Contudo cabe 
perguntar: qual a visão de Freud sobre o que é sexualidade? Será apenas o 
ato sexual em si? 
Em seu polêmico texto de 1905, intitulado “Os três ensaios sobre a teoria da 
sexualidade”, Ele descreve as diversas manifestações do desenvolvimento 
psicossexual. Uma das questões mais polêmicas desta obra, está na 
apresentação da existência da sexualidade na infância. Segundo Freud, nossa 
amnésia infantil na verdade está relacionada com a nossa recusa em 
reconhecer as primeiras experiências sexuais vivenciadas em nossa primeira 
infância com nossa figura materna. Cabe ressaltar que em psicanálise as 
funções maternas e paternas enquanto tal não quer dizer necessariamente a 
figura biológica, mas sim aquela pessoa que exerce as funções de cuidado e 
afeto, sendo responsável nos primeiros anos de vida pela alimentação e 
higiene do bebê. 
Através da satisfação das necessidades, de alimentação e higiene, a criança 
vai se conhecendo e descobrindo o prazer em determinadas áreas do corpo, as 
chamadas zonas erógenas. 
Um outro conceito inovador na teoria freudiana é a ideia de pulsão. Enquanto 
seres humanos nos diferenciamos dos animais pois nosso objetivo não se trata 
apenas da reprodução da espécie, mas sim do prazer. Você já imaginou um 
cachorro se recusando a cruzar com uma cadela por ela ser gordinha ou estar 
com um perfume que ele não gosta? Claro que não, né?! Pois entre os animais 
estamos falando de instinto e enquanto instinto o animal busca apenas 
satisfazer necessidades do corpo. Já entre nós, os seres humanos, falamos de 
corpo e de mente também. Ter pulsões então é estar entre o psicológico e o 
físico. 
As pulsões se caracterizam assim como energias que nos impulsionam para 
vida ou para finitude das coisas, a pulsão de morte. Elas são assim uma 
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modalidade de energia que tem uma origem, um objetivo, uma direção e um 
objeto. 
Vamos pensar juntos, quando você deseja muito se alimentar você poderia 
comer qualquer coisa para satisfazer sua fome não é mesmo? Quem sabe uma 
ração para humanos?! Não? Por quê? Porque somos seres de desejo, de 
pulsões e ao pensar em se alimentar seu organismo que está com fome 
certamente escolhe mentalmente seu prato favorito: uma macarronada por 
exemplo; para acompanhar você não deseja um copo d'água que seria o 
básico, você deseja um suco maravilhoso ou um refrigerante. Através da sua 
condição desejante você vai explorando o mundo e descobrindo os prazeres 
que ele te proporciona. Visando recriar as primeiras experiências e satisfação. 
Os primeiros tratam-se de experiências auto eróticas em que a criança vai 
reconhecendo áreas de prazer do seu corpo, à medida que vai satisfazendo 
suas necessidades. 
Boca, anus, região genital e pele. Todo o corpo humano é uma grande zona 
erógena, e já nos primeiros anos de vida essas zonas erógenas vão demarcar 
as experiências de prazer. Em contextos de angústia poderá ocorrer porém 
uma fixação, como uma espécie de trauma, que marca o corpo naquela fase, 
afetando assim o desenvolvimento na fase adulta. 
Freud, baseado em referências da mitologia grega, utiliza-se das metáforas de 
Eros e Thanatos, para representar vida e morte em nossa formação subjetiva. 
Porem Freud chegou a descoberta da pulsão de morte posteriormente, no 
estudo da experiência de relações e vivências masoquistas, que mesmo em 
meio ao sofrimento os pacientes não desejavam abrir mão de seus sintomas, 
afinal para alguns indivíduos é possível sentir prazer com tais sintomas. 
Enquanto psicanalista acompanhei diversos pacientes com fixações em etapas 
do desenvolvimento psicossexual e suas consequências físicas e psíquicas na 
vida adulta. Um exemplo trata-se de uma paciente que por volta dos 14 anos 
apresentava episódios de bulimia, a mesma vem de um histórico familiar de 
lutos onde seu um importante policial e admirado por ela acabou sendo preso e 
consequentemente ela não teve a presença dele em sua infância, além das 
implicações socioeconômicas desta prisão. Ela e sua mãe não tinham uma 
relação afetiva saudável, a mãe entrou em depressão quando o esposo foi 
preso e não conseguia cuidar das filhas ou trabalhar. Consequentemente, a 
jovem começa a apresentar os episódios de bulimia como uma manifestação 
de seu mal estar frente aos seus lutos. Aos 22 anos a mesma iniciou um 
processo psicoterapêutico visando tratar a bulimia, que nesse contexto é 
apenas um sintoma de algo maior, ou seja, suas angústias e traumas infantis 
em relação a suas figuras parentais. 
Uma outra paciente apresenta uma estrutura psicológica neurótica obsessiva, 
estrutura essa resultante do seu conflito edípico, por ter uma mãe 
extremamente castradora e ditadora, que retirava do pai o lugar da função 
paterna – função da lei na instância familiar. A partir de sua logica estrutural a 
analisanda trás um histórico de fixação na fase anal, inclusive com episódios 
 
 
recorrentes de crises de hemorroidas. O movimento de controlar e soltar as 
fezes se assemelha à necessidade do obsessivo de controlar os fenômenos a 
sua volta para conseguir suportar suas angústias através do mecanismo de 
defesa do controle. Após um período de avanços em sua análise, a mesma não 
tem mais crises de hemorróidas e também consegue lidar com experiências 
complexas e que escapam ao seu controle sem necessariamente produzir 
traumas e angústias incontroláveis. 
Esses e outros casos podem ser pensados à luz do desenvolvimento 
psicossexual humano que se constitui como um importante momento de 
estruturação da personalidade a partir da leitura psicanalítica. Por isso cabe ao 
estudante e futuro psicanalista conhecer bem cada fase do desenvolvimento 
psicossexual e suas implicações, caso aconteça alguma fixação em 
determinada etapa do desenvolvimento. 
Fechamento: Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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