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Cauê Maiellaro de Almeida – N°3
Trabalho de Geografia – Estudo sobre os Povos Indígenas no Brasil
Ano: 7°A
Introdução
Os povos indígenas são, várias vezes, esquecidos e pouco se ouve falar sobre eles. São grupos que possuem diferentes culturas, rituais e tradições e são considerados estranhos por muitas pessoas, pela falta de informação desses costumes. Apenas ouvimos falar dos indígenas em reportagens sobre manifestações por suas terras ou por mortes. Nesse trabalho, vamos abordar sobre a cultura e rituais de dois grupos indígenas e conhecer sua história e importância para construção do Brasil atual.
Povos Indígenas no Brasil – Povo Potiguara
Não há um acordo do significado da grafia de Potiguara e a escrita pode variar também. Às vezes, quando se utiliza a grafia potiguaras, é traduzido por "comedores de camarão", e quando usado pitiguaras e potiguar é traduzido como "mascador de fumo". Eles utilizavam a linguagem da família Tupi-Guarani e hoje falam somente o português. 
As quatro Terras Indígenas dos Potiguara são Potiguara,  Jacaré de São Domingos, Mundo Novo/Viração e Potiguara Monte-Mor. Estão localizadas na Paraíba. As aldeias ficam localizada próxima aos rios, riachos ou córregos
O primeiro contato dos indígenas com os colonizadores aconteceu nas primeiras tentativas de colonização e de comércio com a América do Sul. Os colonizadores caracterizavam os Potiguaras como “gentios bravos” e por isso deviam ser domados e controlados, através disso foram explorados e escravizados pelos portugueses e capitães-donatários franceses. Os embates entre os franceses e Potiguara eram bem frequentes por conta das capitanias, esses combates frequentes impediram o sucesso das expedições e ocupações das capitanias. 
Por estarem localizados sempre próximo a rios, a economia é voltada a lavoura, pesca, a coleta de crustáceos e moluscos, na criação de animais em pequena escala e no extrativismo vegetal. É utilizado dois tipos de terrenos para as atividades agrícolas: um mais elevados com vegetação rasteira, que são chamados de ariscos, eles realizam a coivara, que é um tipo de desmatamento e queimada da terra para a limpeza do terreno. Nesse tipo de terreno é plantado mandioca, feijão e milho, é realizado entre os meses de dezembro e janeiro. Essa vegetação rasteira também é caracterizada pelo solo argiloso, chamado de massapê, sendo capaz de potencializar e acelerar o cultivo da cana-de-açúcar. 
O outro tipo de terreno é o localizado nas campinas e várzeas, o solo e a vegetação são um contraste dos ariscos, por conta de sua umidade por estarem em margens de rios e córregos. Durante períodos de chuva, essa área fica muito molhada, o que impede o plantio de milho e feijão. Nesses terrenos, mesmo nessa época, são cultivadas hortaliças como alface, repolho e coentro, além de bananeiras e coqueiros. Em estações mais secas se planta mandioca, feijão e milho.
Nas aldeias moram famílias monogâmicas com um casal e seus filhos, Muitas vezes, temporariamente, há outro casal na residência quando uma filha se casa. Os casais donos das residências são chamados de casal-chefe e é comum que após os filhos se casarem eles construírem suas casas ao redor da residência do casal-chefe. Nas relações, tudo depende se o parceiro é ou não índio: se o parceiro não é índio, o casal deve morar com o casal-chefe ou deve construir a sua própria casa próxima da casa do pai da esposa, se o parceiro é mora na aldeia também e é índio, é comum que a esposa vá morar perto do pai do esposo.
Os taxauas ou regentes eram escolhidos pelo grupo seguindo 3 fatos: se a pessoa mora na aldeia e se ele é reconhecido como “caboclo legítimo”. Mas esse tipo de organização política é cada vez menos comum. 
Nos dias atuais, ainda existem os caciques das aldeias, que são escolhidos pelos moradores, ele é um mediador da aldeia, administra e evita a entrada de brancos. Também existe o cacique geral que toma conta dos caciques das aldeias e é responsável por acordos com órgãos públicos.
A maioria das aldeias possuem uma Igreja e um santo padroeiro. Porém a Igreja não é um lugar frequentado todos os dias. Uma vez por mês os moradores vão a missa para a realização da festa do padroeiro e no dia de finados. No dia de finados, eles vão ao cemitério ou acendem velas dentro e fora da Igreja.
Durante o calendário agrícola, eles festejam santos para que protejam suas plantações realizando rituais de fertilidade e fartura. Nove dias antes das festas, as fazem homenagens aos santos padroeiros. 
Eles comemoram as festas juninas com fogueiras, balões, fogos de artifício e forró. Essa festa tem vários tipos de dança como a do coco de roda e de ciranda. A dança do coco-de-roda pode ser vista como um ritual de fertilidade e de união. Essas festas da colheita são realizadas na casa de farinha, que é um espaço de trabalho e um ponto de encontro da família e de amigos, como a festa de Santana e a “festa de Nascimento” onde os moradores aumentam a produção da mandioca e realizam a dança do coco-de-roda. 
O cacique da aldeia faz o convite para o início das festas e tem como objetivo doações para o santo, que podem ser objetos como velas, fogos e balões ou dinheiro.
Existem três principais festas para os indígenas: as de 29 de setembro que são a festa de São Miguel na Vila de São Miguel e na aldeia São Francisco, São Miguel é conhecido como o padroeiro dos Potiguara e o dono do nosso território e o protetor e guarda dos índios, e na Vila de Monte-Mór acontece a festa de Nossa Senhora dos Prazeres. A festa de Nossa Senhora da Conceição, que é a padroeira da aldeia São Francisco, Jacaré de César e Silva do Belém, acontece no dia 8 de dezembro. Nossa Senhora da Conceição junto a São Miguel é a protetora dos Potiguara. É celebrado pelos Potiguara seus padroeiros e protetores.
Eles possuem um ritual importante chamado toré, é um ritual sagrado para celebrar a amizade entre aldeias diferentes. É uma dança que é aberta com o discurso do cacique explicando a importância do toré. Então, eles se ajoelham e abaixam a cabeça para rezar o pai-nosso cristão. Logo após isso, se posicionam em um círculo menor, no centro onde tocam zabumba e a gaita e aqueles que começam a cantar as cantigas, em um outro círculo, que é um pouco maior, ficam as crianças e os adolescentes dançando e no maior círculo fica os índios vestidos ou não com trajes do Toré, dançando, cantando e tocando o maracá.
O cacique geral fica entre os círculos, enquanto os caciques das aldeias podem fica tanto no terceiro círculo, quanto estarem com o cacique geral, com maracás na mão, dançando e cantando, sempre com movimentos circulares no sentido horário. É realizado no dia do índio.
Povos Indígenas no Brasil – Povo Matis
	Antes de adotarem o nome Matis, esse grupo indígena era conhecido como matses. O nome foi dado pela funai e foi aceita por eles. Matis significa “ser humano” ou “pessoa”, também é usado para denominar um grupo de parentes de um indivíduo. É importante destacar que matses também é a denominação de um povo culturalmente parecido com os Matis: os Matses ou Mayoruna, como são conhecidos também.
Dentro dos Matis ainda há distinções que são necessárias fazer, por conta dos diferentes sentidos e contextos: os matis kimo são os que se é mais próximo, com quem se tem um forte laço social, aqueles que são “gente verdadeira”, já os matis utsi é traduzido como “outra gente”.
Eles também possuem outras duas denominações: mushabo e deshan mikitbo. O primeiro, mushabo ou wanibo, significa “os tatuados”, esse faz ligação ao compartilhamento em comunidade e independente da origem todos os matis são considerados mushabo. Deshan mikitbo significa “gente à montante” ou quem está rio acima, serve para diferenciar dos Korubo, que estão rio abaixo e são adversários tradicionais dos Matis.
A língua dos Matis pertence a família linguística Pano e é usado no dia a dia da aldeia, porém para as negociações comerciais alguns homens entre 17 e 35 anos sabem falar um pouco de português, assim como algumas mulheres.Alguns deles também sabem falar uma língua muito parecida com Pano, que é usada pelos Marubo. Também entendem as línguas usadas pelos Kulina, Mayoruna e Korubo.
A Terra Indígena dos Matis fica no sudoeste do Amazonas, perto da fronteira do Brasil com o Peru. A Terra Indígena Vale do Javari, onde habitam os Matis,  Kanamari , Marubo,  Mayoruna, Kulina Pano e Korubo além de outros 8 grupos indígenas isolados, é considerada a segunda maior área indígena do Brasil. Os Matis ocupam a área do médio Ituí, passa pelo alto Coari e vai até o médio rio Branco.
Antes de 1970, não haviam registros dos Matis e em 1972 ainda eram confundidos com os Marubo pelos funcionários da Funai. A partir daí, com a criação de uma sede da Funai no Alto Solimões começou o processo de reconhecimento dos Matis, pelos servidores da Funai, não índios da região e órgãos brasileiros.
Há divergências nos relatos dos primeiros contatos dos Matis, de acordo com a Campanha do Javari o primeiro contato foi em 25 de agosto de 1975 com uma mulher e uma criança de colo, já Júlio Cezar Melatti relata a data de 21 de dezembro de 1976. O que se pode afirmar é que, aproximadamente, neste período os Matis começaram a visitar o Posto Indígena de Atração Ituí para obter facões, machados, cachorros, galinhas, entre outros.
Em 1977, foram relatados os primeiros casos de gripe, que eles pegaram de funcionários do Posto, porém ninguém morreu. A partir de 1978, as visitas da Funai nas malocas dos Matis e o contato entre eles passaram a ser frequentes. Para que pudessem entender e se comunicar com os funcionários da Funai e do Posto, eles começaram a estabelecer relações com os Marubo como “intérpretes”, pois eles possuíam mais de um século de contato com a população não-índio. Isso fez com que os dois povos se aproximassem.
Entre suas atividades econômicas, a principal é a caça com o arco, com a zarabatana e com a espingarda, atividade muito valorizada entre os homens. Eles caçam animais com o caitetu, a queixada, a anta, a preguiça, o macaco aranha o macaco barrigudo, o macaco zogue-zogue, o macaco boca branca ou souim, o macaco parauacu, o jacaré, a arara, o mutum, o jacu, o cujubim, o nhambu-galinha. Eles usam armadilhas com veneno para pegar alguns animais.
A agricultura é realizada em áreas queimadas, conforme a diminuição de rendimento do cultivo nessas áreas, que são florestas derrubadas e queimadas, elas vão sendo abandonadas. Esses locais de plantio são chamados de roças e não são permanentes, cada roça só é cultivada uma- vez, mas como possuem diversas coisas plantadas, a colheita se estende por anos. Eles plantam macaxeira, banana, pupunha e milho. 
Na pesca, costumam fisgar peixes como o cará, o piau, o tamboatá, a traíra, o poraquê, o matipiri, a branquinha, o curumatã, o pacu e o pirarucu. Eles também capturam as tartarugas, tracajás e seus ovos. De frutas e sementes, eles coletam o patauá, o buriti, o puna, o cacau e o cupu.
Na organização social, há duas divisões: os ayakobo e os tsasibo. Mas atualmente os tsasibo anularam a existência dos ayakobo. Isso porque hoje não há equilíbrio entre as categorias, todos preferem apropriam-se do status de tsasibo e veem os ayakobo como inferiores, que são alvos frequentes de humilhações.
Porém nem todos os Matis são tsasibo. Muitas vezes se faz a relação de que os povos vizinhos, como os Marubo e Korubo, seriam ayakobo para eles. Alguns Matis, por causa de origens estrangeiras são descendentes de domados de guerra. Eles são descendentes de mulheres raptadas de grupos indígenas vizinhos. Mas esses raptos não acontecem mais, já que há mais de meio século não há conflitos. Apesar dos ayakobo terem um vínculo com estrangeiros, geralmente não possuem relações com outros grupos indígenas.
A casa comunal ou shobo kimo fica em direção ao montante assim como os moradores, deshan mikitbo. Ela é retangular com duas coberturas chamadas deshan ou “dois narizes”, uma em cada extremidade. Na tradição, uma aldeia de Matis é composta por uma grande casa comunal com plantações e pequenos abrigos não tão distantes ao redor, onde geralmente ficam descansando após o trabalho na roça ou confeccionando artefatos protegidos dos olhares alheios, da chuva e do sol.
Após o contato com a sociedade não-índio, as casas são construídas com palafitas, como a de ribeirinhos. Há também casas feitas de madeira takpan, são chamadas de nawan shobo ou casas dos brancos. Elas servem para depositar bens de origens não indígenas.
Atualmente, eles não vivem mais juntos em uma só aldeia, agora há grupos de famílias em diferentes aldeias.
Nas aldeias, ainda existem atividades de xamanismo. O sho é considerado uma substância de poder dos xamãs e de homens importantes. Ele pode ser benéfico ou não, transmitido por rituais, por meio de zarabatanas ou involuntariamente pela exalação. 
O sho possui dois sabores: bata sho que é doce e o chimu que é amargo. O bata sho é considerada uma essência feminina e de proteção, já o chimu é considerado masculino e perigoso. 
Os mariwin são seres ancestrais espirituais onipresentes que tem como objetivo disciplinar crianças. Nas aldeias, chegam de máscaras e com varas, com movimentos e sons estranhos. As crianças são levadas até eles e apanham caso não consigam fugir. Existem dois tipos de mariwin: os vermelhos chamados de put e os negros chamados de wisu. Os vermelhos são aqueles que vivem mais próximos aos Matis, como em roças abandonadas. Os negros são aqueles que vivem mais longe como em buracos dentro dos bancos ou nas margens dos grandes rios. Por serem mais distantes, seus golpes fazem mais mal às crianças, pois eles a conhecem pouco e não precisam se preocupar em quanto batem nelas.
Os tapas dados com o mariwin tem função terapêutica e não tem o objetivo de fazer mal. Os chicotes são feitos de talo da palmeira daratsintuk, que é uma planta medicinal, e só é usado uma vez. São picadas terapêuticas. 
Quando a colheita vai mal, eles vestem seus ornamentos e vestes e batem nas plantas no jardim para ajudar no seu crescimento. Essa lógica é usada para as crianças, isso as prepara para o que virá, como perfurações de ornamentos, tatuagens e a ação dos mariwin.
Os Matis usam muitos ornamentos, faz parte de seus rituais e culturas. Com quatro a cinco anos, ocorre a primeira perfuração e se insere uma vareta bem fina chamada paut, que é um pingente de orelha. Com o passar do tempo, o diâmetro dos paus de madeira vai aumentando até o buraco tiver a medida de um dedo que é substituído por um disco circular, chamado de tawa. Então, há a abertura do septo nasal para inserir o pingente chamado detashkete, mais uma vez há o aumento progressista do alargamento, mas somente homens atingem o último estágio de alargamento das varetas e inserem o mais refinado detashkete, que é feito com uma parte da concha dos moluscos gastrópodes. 
Na puberdade ocorre a perfuração do lábio inferior. As mulheres usam o kwiot que é um enfeite labial de madeira clara. Nos homens, os enfeitos são menores e tem menos importância. Os chefes de família usam mais o enfeite labial feito de madeira negra. 
As primeiras tatuagens são feitas dois a três anos depois do primeiro kwiot. A primeira tatuagem é duas linhas paralelas sobre as têmporas e as bochechas e são desenhadas em um ritual, um momento importante na vida dos Matis. No segundo ritual de tatuagem, cada jovem é tatuado com seis a oito linhas paralelas na bochecha esquerda, e depois na direita. O número de linhas desenhadas sobre a bochecha não é o mesmo em cada lado do rosto. Alguns são tatuados nas têmporas e na testa, e os mais velhos são fazem a tatuagem nas bochechas, isso porque a tatuagem nas testas e têmporas são mais dolorosas.
Quando alguém morre, os Matis o sepultam em posição fetal e o envolvem numa rede dentro de seu recinto na maloca. A superfície da sepultura é nivelada com barro socado. A maloca é abandonada e queimada após alguns dias. Os pertences são sepultados com ele, sua rede é colocada sobre sua cabeça e a cova é fechada. Objetos como zarabatana, arco eflechas são queimados após o sepultamento. 
A cerimônia musha, é a cerimônia de tatuagem realizados com espinhos da palmeira da pupunha. As tatuagens dos Matis são uma forma de mostrar pertencimento a comunidade, isso faz com que todos os Matis se definam como mushabo. A cerimônia é a etapa de formação de um Matis. Ele pode durar até 15 dias. A tatuagem é feita com agulhas mergulhada em uma pasta negra, que é uma mistura de uma resina com mamon de jenipapo, wisute, e um composto extraído da queima das folhas de nimen e de timpa. O processo é realizado em meninos e meninas como uma prova difícil, dolorosa e perigosa, os rostos ficam ensanguentados e os jovens ficam orgulhosos, pois assim mostraram sua coragem para os matis e os mariwin.
CONCLUSÃO
É importante conhecermos um pouco mais da nossa história e cultura, e, principalmente, em como isso influenciou na formação do nosso país. Pude perceber que mesmo com muitas informações, todas elas são recentes e muitos povos indígenas ficaram séculos sem registros oficiais e sem serem reconhecidos como um grupo de características culturais próprias. Consegui entender a razão e importância dos ornamentos, rituais, festas e tatuagens para a cultura dos povos indígenas e, principalmente, aos jovens e nos períodos de colheita. Para que possamos respeitar um grupo e cultura, é preciso também a conhece-la. 
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